segunda-feira, agosto 01, 2005

a contra-agosto

no início todos temos um " guru" ou um leit-motiv para justificar o porquê da nossa maneira de ser e estar na profissão, para além da aura de glamour, quando havia. antes mesmo de definir o patamar dos nossos critérios que parecem sempre estar deslocados dentro da estrutura em que estamos trabalhando, salvo para alguns felizardos.

sempre achei que a propaganda era algo que devia ser vendedor sem ser entediante. alegro ma non troppo. bem cuidada, leia-se bem pensada ou sacada(a expressão não era pejorativa na época, muito pelo contrário)bem produzida e bem veiculada. um mínimo de verdade, o máximo de coerencia entre meio, mensagem e público alvo que hoje só chamamos de target. e fiz disso a linha mestra, a qual mesmo cambaleante tantas vezes, segurou-me a onda.

mas nada foi tão claro, suscinto, incisivo e impactante, como as palavras de um designer, que achei por acaso, quando procurava algo para colocar na entrada da agência( a ska tbwa) que imaginei clean, minimalista, less is more, of course, de maneira que antes de qualquer coisa os clientes, fornecedores, profissionais, tivessem bem claro, em todas as circunstâncias qual era a minha, da nossa agência, do nosso negócio.

não me arrependo da escolha. mas pago um preço até hoje de não encontrar um lugar onde a colocar para além da minha cabeça:

"a nossa filosofia baseia-se num conceito muito simples: criatividade e eficácia, bom-gosto e funcionalidade,devem ser, ao mesmo tempo, estéticos e acessíveis. é nossa obrigação profissional transformar o comum em algo especial e elevar o banal a categoria do sofisticado".

podem dizer o que disserem. mas eu consegui isso, por incrível que pareça, tantas vezes, mas em locais errados, o que me levou a mais profunda frustação e consequentemente demissão. porque o preço para permancer na estrutura ou " fazer sucesso" era abandonar este pensamento e colocar o rabo entre as pernas, fazendo o que noventa e nove por cento dos profissionais está fazendo. e creiam-me é detestáver ser visto como um idealista ou " revolucionário" quando você está simplesmente tentando apenas ser um profissional de publicidade o que não tem nada ver com os extremos: nem a merda que você viu ou vai ver hoje na televisão ou com o que está em cannes e archive.

estou falando do dia-à-dia que tentamos desvirar pelo avesso através do ato de publicitar a venda de produtos, bens ou serviços, que tornam-se melhores, e nem por isso mentirosos, cínicos ou calhordas, quando impregnados de bons valores, sejam estéticos sejam humanos, ainda que um tanto dandis.

a vida precisa mesmo de absintos. e como absinto é o que é. na dose exata, ao menos como aperitivo.

Um comentário:

benditadieta disse...

a nossa filosofia baseia-se num conceito muito simples: criatividade e eficácia, bom-gosto e funcionalidade, devem ser, ao mesmo tempo, estéticos e acessíveis. é nossa obrigação profissional transformar o comum em algo especial e elevar o banal à categoria do sofisticado”.


de quem é esta frase??

ericaccr@hotmail.com