quarta-feira, agosto 03, 2005

quarta à portuguesa: o direito de opinião

o publicitário é antes de tudo um “cuzco”. pelo menos um terço da sua atividade - estarei sendo eufemista? - é gasta falando dos outros. e geralmente mal. fala-se mal de tudo. da roupa, dos prêmios, das campanhas, do cliente, do diretor criativo, da moça do café, do seu dupla, da namorada dele, do cão dela. enfim não sobra mesmo muito espaço para falar bem de alguém que não seja ele mesmo, salvo quando tendo passado tudo em revista, toca o pau nele mesmo por falta de assunto. de bem, pouco ou quase nada.

no entanto, confrontado a opinar, omite-se sempre. cala-se, esquiva-se, camufla, nega e desmente. há um espécie de código neste caso incrivelmente respeitado. opinar, ainda mais certo, sobre qualquer assunto é mexer com um dos sprit de corps mais violentos que existe. pertencer a igrejinhas é assumir-se mudo, o que é bastante sensato para alguns. afinal, publicitário deve falar pouco e fazer muito. o que no mínimo é garantia de emprego, e aí, dizem as “más línguas” muito mais pelo mérito de “ser calado do que por ter calado”.

quando se descobre isso, geralmente se descobre que se abriu a boca demais. mas aí já é tarde. ninguém acreditará mesmo que você vai seguir em frente sem colocar de novo a boca no trombone.

deve ser por isto que publicitário adora tanto fotografia - alguém já atentou para isto ? - suas imagens não valem meia, quanto mais mil palavras. passaporte pefeito para se entrar no hall da fama mudo e sair calado como convém a quem quer se mantém ativo na profissão.

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