quer saber a opinião verdadeira de um publicitário de pequeno, médio ou alto escalão, inclusive da criação? sobre a realidade atual do nosso negócio ? de viva voz? esqueça! só convocando a equipe de leitura labial do fantástico.
publicitários em geral não opinam em público, apesar de na privada serem capazes de crucificar o mais inocente dos pecadores pelos mais fúteis razões. nos bares, nas viagens, durante as filmagens, em festivais. não descansam nem nos banheiros. cada balançada é uma mijada em alguém. como diria millor: — quer saber no meio da turma quem é o jornalista? é aquele que está falando mal da profissão. publicitários sofisticados que são, sofisticaram ainda mais a coisa. quer saber quem é o publicitário da turma ? é aquele que está trabalhando a sua imagem, o tal marketing pessoal, realçando suas qualidades, principalmente pelo método infalível de fuder os outros, de leve ou para deixar qualquer um corcunda. nos lançamentos de livros, são capazes de pegar autógrafos sorridentes do livro escrito pelo colega que já defenestraram como bufão ou bundão por seu trabalho na agência. por isso, cuidado, são uns caras sociáveis até dizer basta. seguem a regra de não fechar portas, custe o que isso custar. pelo emprego tudo é pouco.
publicitários são pagos para fazer anúncios e não tergiversar. estes é que são os bons. diz a regra geral que não vale a pena desobedecer. ninguém contrata quem diz a verdade na lata. muito menos quem chuta o balde de merda que muitas vezes nos querem enfiar goela abaixo. é implícito que se você entra nesta atividade deve seguir as regras. e a regra não permite exceção. resolva problemas, não os cause, opinando, mesmo que esteja você ou quem quer que seja coberto de razão.
não demorou muito para chegar-mos ao paroxismo verificado nos tempos atuais, pelas distorções de oferta e demanda verificadas. pessoas e opiniões, ou pessoas com opiniões, são mais do que nunca descartáveis porque tem uma porrada de gente sem opinião pronta a lhe tomar o lugar.
acontece que este tipo de raciocínio e comportamento, seguido à risca dentro e fora das agências, que em sua maioria, são como matadores clandestinos, está fudendo o negócio, porque ninguém acredita em ninguém, ninguém confia em ninguém, ninguém é mais verdadeiramente amigo de alguém. ninguém toma partido de ninguém, por mais escandaloso que seja o procedimento. opininamos o que convém, quando convém e olhe lá. a idéia é manter a ética, a ética do silêncio para evitar a ética do despedimento, governada pela ética da vingança que decreta a ética da queimação ou da geladeira. e aí, ninguém balança pança por maior que seja a dança. o resultado é que sem ouvir verdades vamos construindo uma negócio de mentiras, sem ética de verdade. e isso nos fragiliza. não só ao ponto que chegamos como ao que vamos chegar. ora, se não praticamos a opinião contraposta dentro da agência sem maiores temores de desagradar, como método de garimpo e decantação, que tipo de opinião levamos ao cliente? a resposta está na remuneração que recebemos. uma remuneração de verdade, de mentira. que reflete-se na mentira com que também nos pagam.
chego a conclusão de que estamos viciados em fazer sexo oral. afinal estamos com a boca sempre cheia, mentindo que gozamos adoidado, doidos pra morder e partir. é claro que nem todas agências são assim, nem todos os publicitários. mas alguém tem dedos na mão para contar?.
mais do que uma "grande sacada", um título devastador(da concorrência), um leiaute de fazer um império ou da promoção catavento de rodízio ou ação viral sem anti-corpos, o silêncio é gold. é leão de ouro em nosso negócio, que a cada dia que passa exige não mais que se mate um leão por dia, mais vários, nem que seja motivado por vingança ética o que origina uma matança ética? segundo a ética da vingança.
enquanto isso as faxineiras agradecem. aliás, mesmo que quissessem não poderiam por nada na bôca, porque a concorrencia é desleal. assim, pois livres do papel que uns dias lhe coube na mesma base de imposição de cima pra baixo como é feito agora, descobrem que afinal, é possível ganhar gorjetas, de boca e mãos limpas, concluo, só fazendo limpezas.
alguma opinião em contrário ?
Um comentário:
Pois é caro Celso, sempre fui tachado de chato,ranzinza e reclamão. Isso, justamente por não conseguir calar diante de uma derrapada de marketing, um briefing monossilábico, um conceito manco, uma ideia pobre... Quantas vezes tive que ouvir a frase irritante "não me venha com problemas, mas com soluções!", quando queria problematizar algo que estava capenga e precisando de mais atenção. Só sei ser assim, meu caro, e pra completar não sei me vender, quem me conhece sabe disso. Então devo estar a caminho da extinção, já que não ajoelho pra fela da puta nenhum.
Um abraço
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