domingo, setembro 24, 2006

quiz-resposta(finalmente): filme do lagarto ou apenas mais um camaleão ?

on air lançamento do idea adventure. automóvel que como o iguana que o estréia, tem a particularidade de parecer ser o que não é: agressivo, radical, off-road. enfim, lagarto capaz de proezas possíveis só com animação de computador, no caso do carro, nem com isto, credíveis.

filme da leo burnett,www.leoburnett.com.br onde não se escapa da indefectível, e dispensável, sacadinha de criação on line, que espouca foto das pessoas, leia-se board, e onde seguindo a indicação veja a última campanha do idea, finda não se vendo lagarto pelo caminho*. a procura que estava eu da ficha técnica. ainda que lá esteja o competentíssimo linderberg, não o charles, mas o ruy, que já deu asas a criações que também atravessaram o atlântico em asas que não eram de cera.

de uma certa maneira dois holandeses também cruzaram o atlântico com seu trabalho, só que para entrar de gaiatos na nossa praia. em 1996, diederick koopal, copy, 36 anos, sete em publicidade, e cor den boer, 38, diretor de arte. há quatro anos e meio trabalhando juntos, agora como criadores e diretores criativos da então ammirati puris lintas em amsterdã, seriam surpreendidos com um grand-prix para filme em cannes para o chocolate rolo. aquele em que um elefante se vinga de um homem que, 35 anos antes, não lhe dera um pedaço de chocolate “. ficariam surpresos vendo o filme brasileiro que tirou nacos do seu rolo, no rolo da léo?

esta altura só vou fazer a pergunta para dar corda a privada: o que os dois filmes teriam em comum, além da falta de memória, ou excesso, dos criadores do filme camaleão ?

troque o elefante, pelo iguana. o “ rolo” pelo idea - sem idea original , reafirmo . o lapso de tempo de um, marcado, antes de tudo pelo conceito coerente - elefantes nunca esquecem – por outro de conceito niente. e tem-se a receita bolofofa do filme da fiat. síndrome de uma publicidade espetaculosa que anda sendo praticada a rodo pelos modernos de plantão. compensação aguada da falta de idéia, e sobretudo da simplicidade tão depurada pelo homem das maças, que certamente não ofereceria largartos de papo para não fritar sua maça. simplicidade antes que me esqueça presente no filme do rolo, o que não implicou em empobrecimento da produção.

acessando www.leoburnett.com chega-se a um dos melhores sites de agência que conheço. o da leo internacional, e que marca em forma e conteúdo(big ideas come out of big pencils) a discrepância abissal em relação ao site da leo brasil, que também não tem conceito. só o depoimento burnett eternizado vale idas e idas. leo, um tipo quase clown, no figurino mais anti-publicidade que brasileiro conhece, é mais do que história. é publicidade viva, impactante, ética, moderna, criativa e eficaz. sua agência, que abriu as portas em 5 de agosto de 1935, em plena “década da ira”, na grande depressão, deve a seus valores a garantia de solidez num momento visionário do homem que afirmou: “ quando procuramos alcançar as estrêlas podemos não conseguir, mais pelo menos não ficamos com as mãos cheia de lama” que é onde estamos metidos hoje até o pescoço. num dos piores cenários econômicos da história, o homem que distribuia maçãs a porta da sua agência, profetizou: “quando você está no fundo do poço econômico, a única sáida é subir.” e, mais importante do que tudo, sua afirmação, que parece ter sido esquecida, pela leo brasil, que resumidamente diz o seguinte: quando vocês tiverem de abrir mão de nossos princípios para ganhar dinheiro, tirem antes meu nome da porta.

koopal e boer, os ganhadores do grand-prix recomendaram: “gastem o máximo dinheiro que puderem na idéia, contratem gente melhor”. a julgar pelo camaleão apresentado, a leo burnett brasil não andou economizando nos trocados. mas a economia a ser feita não era esta. pelos vistos, esbanjaram nos meios e economizaram na idéia. aquele dna resultado e resultante de talento e suor, que faz parir elefantes realizados pela idéia-força em todos os seus objetivos. ao contrário de um lagarto, que tinha já na imagem guia um diretor puxando cabo de vassoura como ponto para os atores num filme que é uma enrolação só. e que por isso mesmo apela para memórias genéticas de outra espécie findando incompleto e non-sense, o deus ex-machina de todos os momentos sem idéia, tão em voga.

se leo fosse vivo hoje, abrigaria sob lustro de seu nome na porta tal raro espécime?

mais para elefante do que para lagarto a sua memória não merecia isto.

pois é, desta vez? a memória da maça está literalmente bichada.



in tempo; todo mundo fala de internet, de ações virais, de ferramentas digitais, do caralho wired a quatro. mas a quantidade de sites de agências desatualizados é impressionante. cacete! nem o basicão? no caso da leo: se o filme é da agência, se a agência acredita no filme, esconde?
eu heim, viva o meu bodoque(isto é só uma analogia, ecologistas).

Um comentário:

Anônimo disse...

fala celso. cara, só agora vi o texto que vc escreveu sobre meu livro, há alguns meses, acredita? fiquei triste pq agora o calor da discussão já passou e não teremos a oportunidade de polemizar mais os seus pontos de vista em choque com os meus. grande pena. mas, enfim, como faço para te enviar um exemplar de "lítio"? quem sabe com o dito-cujo em mãos, não reacendemos este excelente bate-egos???