quinta-feira, setembro 14, 2006

o paradigma da educação não descoberto por cristovam

“criar uma nova cultura não significa apenas fazer individualmente, descobertas”originais”; significa, também, e sobretudo, difundir criticamente verdades já descobertas, “socializá-las”, transformá-las, portanto em base de ações vitais, em elemento de coordenação e de ordem intelectual e moral. o fato de que o povo seja conduzido a pensar coerentemente e de maneira unitária a realidade presente é um fato “filosófico” bem mais importante do que a descoberta, por parte de um “ gênio filosófico”, de uma nova verdade que permaneça patrimônio de pequenos grupos intelectuais.” gramsci.

muito bem observado por um dos participantes do canal livre. ganhar cristovam não vai. mas com ele a educação já ganhou, engrosso o coro eu, visibilidade e importância, status de prioridade nacional, abismo e pico, nem que seja tendo o guia como período. e ainda mais agora que todos os demais candidatos estão abusando da má educação de copiar as falas do cristovan ipsis literis.

cristovam é um candidato de discurso melífluo, embora de teor contudente. o que lhe atrapalha na reverberação da sua ironia, destilada na maior parte das vezes com propriedade e exatidão. principalmente quando elege a educação como projeto de vida irmanado que está ao projeto político, parecendo ambos verdadeiramente brotarem-lhe do fundo da alma.

contudo, há um “probrema” na sustentação e formulação da pedra filosal da educação como receita de panacéia ao brasil, evidenciada ao tireodismo pela clava da persistência de cristovão buarque, na sua luta inglória pela revolução pela educação. cristovam prega uma revolução silenciosa, numa terra de mal-educados crônicos, e crédulos no milagre das espertezas da santa mãe da ignorância. a qual são fiéis até a morte, e depois dela, até mais que a jesus. já a educação, é quase uma mitômana, também crônicamente desprestigiada e desacreditada. não grita, não agride, não mente, não trapaceia, não se vende, o que em tempos de ignáros, convenhamos, não entusiasma. como se não bastasse, grande complicador, ser a educação, uma semente de trabalhoso e dedicado plantio. e que só apresenta colheita a longo prazo, período letivo ao qual também somos mal educados, vivendo em época de premências e cobranças fast-food, não importa dor-de-barriga dos resultados.

e para complicar ao cume, o que já é complicado na base, cristovam também não explica muito bem o que é isso de educação? ou que tipo de educação sonha implantar, pelo menos start, pois teria no máximo oito anos, o que se tratando de educação é curto prazo, vai fazer esta revolução que colocaria o brasil na ponta de lança dos paises emergentes?

educação decoreba de datos e fatos, a maior parte deles adulterada em favor dos “bem-educados”?

educação de compra de diplomas e títulos, mixados para a conquista de posição e grana? (conquista no fundo só para os donos dos centros de ensino particulares, já que diploma hoje é mais gasto do que ganho)

educação que combate o analfabetismo tácito com o funcional?

ou:

uma educação que sirva ao social e não a necessidade individual?

uma educação que sirva desejum de conhecimento e não só merenda?

uma educação que não deseduque os professores?

ou melhor ainda: uma educação que seja informação operacionalizada como instrumento crítico à obtenção da realidade verdadeira e decifração da que nos é imposta?

a nossa falta de educação é irmã siamesa da nossa falta de memória e conservação. se hoje a educação brasileira universitária é um corpo decapitado – a primária é natimorta- que se tornou disforme a partir do plano urdido pelos militares para a destruição das camadas pensantes do país(quem tiver curiosidade descubra o documento" pensado pela inteligência dos golpistas que esmiuça corte e costura dos tendões do calcanhar ao pescoço de maneira a formar bonecos), pois já tivemos um projeto de educação de qualidade no período pré-64, onde as escolas públicas e as universidades federais, constituiam-se em difusores e disseminadores do saber com auto e pluri crítica, o que tornava a educação uma arma perigosa, de guerrilha até assim interpretada por alguns, que literalmente providenciaram a morte de seus estimuladores.

coincidentemente, ao revolver alfarrábios para o garimpo de artigos publicados na grande imprensa que estamos disponibilizando no hayquetenercojones.blogspot.com encontro:

(“a política nacional de cultura – atenção: universidade é cultura – desde 1970 iniciou o arranque definitivo para o investimento maciço em capital humano(educação). é necessária a criação da cultura nacional, da tradição cultural. o rosto cultural de um país é como um deus criando uma natureza a sua imagem e semelhança, para que este “ambiente” lhe dê credibilidade, consistência, naturalidade, para que não possa transformar a verdadeira realidade. nas universidades procurou-se então modernizar o ensino, isto é : torná-lo eficaz segundo as exigências do modelo econômico vigente, isto é procurando despolitizar as atividades de professores e alunos, numa produção massiva de tecnocratas, visando a massificação e não a emancipação através de um ensino que torna o aprendiz dependente e sem capacidade crítica”).

por essas e outra temos portanto, infelizmente, a falta de educação no guia do cristovam em relação aos tópicos relacionados acima, e no seu programa de governo, em que pese seu histórico, também pouco difundido, que por certo o identificaria mais com a modulação crítica, tomando como parâmetro seu trabalho de redemocratização na unb

o conceito de educação precisa ser lecionado no guia com o mesmo teor de educação que pretende implantar com mais clareza. caso contrário, a falta do entendimento da educação, enquanto educando e educado, torna-se uma deseducação, a única educação que nos tem sido oferecida como voto de saída.

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