“Se você quiser, forme sua equipe. Contrate quem achar melhor. Posso, inclusive, para facilitá-lo, fazer uma limpeza antes da sua chegada: mando embora os que eu tenho lá”.
Eu não quis. Não sou adepto de demitir pessoas antes de lhes dar uma chance de provar que têm valor. Na agência que acabara de me contratar, por exemplo, encontrei dois garotos – um redator, um diretor de arte. Chamei-os, vimos juntos o que havia para fazer e pedi-lhes que me mostrassem o que já tinham realizado no job em andamento.
Tomei um susto. O trabalho era ruim demais.
Isso é o máximo que vocês podem fazer?, perguntei.
“Não”, foi a resposta, “mas o presidente não gosta de peças criativas. Disse que se tentássemos, ele nos demitiria”.
Tranqüilizei-os. Desafiei-os a ser criativos e me responsabilizei: se ele achar ruim, terá de me demitir.
A dupla se revelou. A partir daí e ao longo dos seis ou sete anos em que trabalhamos na agência, fez um monte de peças criativas e vendedoras. Ganhou um sem número de prêmios.
eloy simões, para o acontecendo aqui.
suposto acreditar que este tipo de factóide não acontece. é o que mais acontece para minha, e a de muita gente, desgraça. nada mais hodierno. seja em lisboa, porto, recife ou natal. também por isso é cada vez mais impossível sobreviver com dignidade mínima nesta profissão. falar é auto-demitir-se. calar é consentir, compactuar, ajoelhar-se.sigo de pé. apesar de todos infortúnios, por sempre manter-me ao lado da criação e nunca das conveniências. mas que grande estupidez a minha, disse-me hoje o açougueiro perguntando o que fazia eu em recife depois de cruzado o oceano. o " home do talho" era português.
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