semanas atrás postamos artigo onde a pièce de résistance era o famigerado BV. apesar dos holofotes clamarem pela cabeça do marcos valério, envolvido em procedimentos que mais fizeram o parecem o BV parecer gorjeta. o artigo também foi publicado, entre outros sites, no truca www.truca.pt de maneira que vários leitores da quarta, e não só, devem ter tomado conhecimento.
agora o marinho, credibilidade chancelada por seu lugar especial no ônibus azul, enfia o dedo na ferida sem tirar o blazer. talvez por ter escrito sem tirar nem por, o blazer ? fomos ignorados no blue bus. mas publicou-o o www.acontecendoaqui.com.br e o observatório da imprensa o observa.
por outro lado, alguns amigos, inimigos e indecisos, confundem frontal expressão de opinão com desabafo, auto-destruição ou auto-promoção.
a mim não me parece nada disso. o problema do mundo da propaganda de uns tempos pra cá é que a exceção tornou-se regra. e a regra, exceção.
mas isto tudo é culpa da vidinha sem-vergonha que todos consentimos em levar. ou não ? afinal, se ter os tomates no sítio não é sair se expondo, também os guardar na boca não é coisa de sensatos.
"Um furacao está se formando ao norte do continente americano. Se chegar a estas paragens com força máxima, pode até mesmo demolir os diques de contençao usados para manter o mercado sob controle. No olho deste furacao, se encontra a investigaçao que sofre hoje o grupo Interpublic, por irregularidades na sua gestao contábil. Em bom português, parece que as contas nao fecham. Na 6a feira, o The Wall Street Journal publicou uma notícia, replicada aqui no Blue Bus, dando conta de que parte do problema poderia estar sendo causado por uma tal bonificaçao de volume, dinheiro que algumas agências do grupo na América Latina e em partes da Europa recebem dos veículos, ao atingir determinada meta de 'investimentos'.
Por que só agora os gringos se preocupam com o nosso BV, o maior segredo de polichinelo tupiniquim? É que as companhias americanas precisam se ajustar a uma nova lei, a Sarbanes-Oxley, criada depois dos escândalos do tipo Enron, para tornar mais transparentes as finanças de suas empresas. Isso significa que todas as operaçoes das agências do Interpublic no Brasil precisam ser contabilizadas e documentadas, receitas e despesas, incluindo os pagamentos feitos pelos veículos em funçao do BV. Isso tornaria público e conhecido o grosso volume repassado as agências sob o olhar complacente dos anunciantes. E olha que eles ainda nem começaram a falar de BV em gráficas, produtoras de comerciais, empresas de eventos etc e tal.
Mas agora isso tudo deve mudar. A matéria do WSJ afirma que a atençao sobre o Interpublic pode pressionar outros grupos a rever a prática do BV no mundo. Ou seja, as principais agências multinacionais no Brasil talvez sejam obrigadas a buscar novas formas ou caminhos de remuneraçao e sobrevivência, já que muitas dependem fortemente das bonificaçoes de fornecedores para fechar no azul. Podemos estar testemunhando um momento histórico, com a aceleraçao no país da adoçao de estratégias de comunicaçao integrada e o crescimento das empresas chamadas 'below the line', travadas muitas vezes pelos incentivos financeiros dos tradicionais grupos de mídia.
Eu torço para que o BV acabe aqui também por um outro motivo. Estamos vivendo tempos difíceis, justamente porque a nossa sociedade está contaminada pela cultura do 'toma lá dá cá', presente nas denúncias de supostos mensaloes e mensalinhos, na prática de Governos, tanto os de direita quanto os de esquerda, de coincidentemente liberar verbas as vésperas de votaçoes importantes no Congresso, no discurso do 'para meus amigos tudo, para os inimigos a lei'. Na minha visao, o BV, apesar dos eufemismos utilizados por veículos, anunciantes, agências e fornecedores, é parte integrante e inseparável desta lastimável atitude".
Luiz Alberto Marinho
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