houve um tempo em que eu amava
em cada corpo o reflexo
do que eu queria ter sido.
no fundo do sexo eu buscava
o meu desejo perdido.
acabei achando outro
que em mim mesmo destruí.
foi fácil reconhecê-lo:
de tudo que vi em seu rosto
somente o ódio era belo.
esse morto adolescente
implacável e virginal
não me perdoa a desfeita
não faz mal. eu sigo em frente
nem tudo que fui se aproveita.
paulo henriques brito
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