o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
sexta-feira, setembro 30, 2005
anúncios, filhos de agências e clientes nem sempre iguais a eles.
Na área nacional, lembro-me de que conheci mais de um diretor e/ou dono de agência que faziam absoluta questão de que, em suas empresas, só se usassem os produtos das marcas dos clientes - claro, daqueles de quem a agência tinha conta. Um chegava ao ponto de obrigar os funcionários a usar os produtos dos clientes em suas casas! No que pese o autoritarismo, a mensagem era clara: se anunciamos os produtos e serviços dos nossos clientes, é porque se tratam de bons produtos e serviços.
Entrei nessas divagações nesse último domingo, enquanto lia - estereoscopicamente - de um lado o Caderno Propaganda & Marketing dos 40 anos e, do outro O Globo - página "Defesa do Consumidor". De um lado, lembrava-me de episódios como os relatados acima, enquanto do outro... bem, vamos ver: Falta de energia irrita clientes da Ampla (Ampla? É a empresa que substituiu a Light, no Rio); a Losango oferece às pessoas cartões de crédito Petrobras e depois não aprova o crédito; a Gol Linhas Aéreas Inteligentes, agora que tem mais clientes, comporta-se de forma cada vez menos inteligente; a Americanas não consegue corrigir um êrro nos seus computadores - contra o cliente (quem consegue?); o Ponto Frio não entrega o que prometeu entregar; McDonald's não dá troco de mais de R$ 3 no ticket; Bradesco faz confusão de tarifas com o cartão de crédito do cliente; a Vivo oculta e sonega informações pelo telefone e pela internet sobre a sua distribuição; a Cia Estadual de Gás demora a fazer a religação; a GE explica ao mundo que não é responsável pela fabricação de todos os componentes eletrônicos dos produtos com sua marca e não se sente responsável por eles; a Empresa de Correios perde o pacote do leitor...
Não pretendo uma pesquisa completa, nem justa. Meu ponto é: está ficando cada vez mais difícil, para os publicitários brasileiros, encontrar clientes honestos para quem possam criar e veicular anúncios honestos (e criativos). Será problema do país, da cidadania, da cultura - sei lá.
O fato é que, sem dúvida nenhuma, já não se fazem clientes como - digamos - há 40 anos.
J. Roberto Whitaker Penteado
quinta-feira, setembro 29, 2005
roskoff
desperdício
O dono da agência ficou furioso com a minha proposta. Eu tinha percorrido o percurso que possíveis compradores tinham de fazer, visitei o ponto de venda e constatei: não havia nada no caminho – freqüentado, diga-se a propósito, por centenas de pessoas de alto poder aquisitivo - que orientasse os prospects para o local da obra. Por outro lado, o stand era de uma pobreza franciscana e de um mau gosto inaceitável para alguém que teria de desembolsar uma grande soma para comprar ali um apartamento de altíssimo luxo. A conclusão foi simples: eventuais compradores estavam perto, mas era preciso motivá-los; e eles, ao chegarem ao ponto de venda, precisavam sentir-se com a importância que realmente tinham. Entendi, então, que era preciso, de imediato, resolver isso.
“Você está louco”, rugiu o dono da agência. “Precisamos faturar, e o que você propõe não dá nada para a agência”. Chamou a mídia, mandou fazer um plano com bastante mídia de massa. Chamou a criação e encomendou uma campanha farta de anúncios.
Peguei o meu boné e fui pra casa: aquela agência não precisava de mim.
Fiquei sabendo depois que o cliente, que de bobo não tem nada, percebeu o engodo, não aprovou a campanha e deixou a agência.
Pouco tempo depois, sem cliente, ela reduziu drasticamente a operação.
2. A questão do desperdício de verba tem de ser olhada, permanentemente, pelas agências que, de fato, desejam ficar no mercado e crescer. Não estou me referindo ao esbanjamento que até a década de 80 caracterizava a maioria das produções de comerciais. Nessa área, as produtoras ganharam a consciência de que o custo de uma peça pode ser drasticamente reduzido se planejado com cuidado.
Mas gostaria de discutir a mídia.
3. Olha o que acontece com os jornais. Dê uma olhada nos principais de S. Paulo e do Rio de Janeiro. Aos sábados, por exemplo. Você vai encontrar lá anúncios imobiliários de página inteira, dupla, tripla, etc, cujo índice de leitura, tenho certeza, é baixíssimo.
Por que?
Porque ninguém compra jornal para ler anúncio, a não ser que se esteja de fato interessado em comprar determinado produto. Só que para esses existem os classificados.
Então, o leitor comum – que poderia ser apanhado pela peça publicitária – simplesmente passa por ele.
Fico-me perguntando: será que ninguém percebeu que melhor do que página inteira é o formato, que assegura um número maior de leitores, é o rouba-página?
4. Agora vamos para o meio TV. Você, eu e o mundo sabemos que o controle remoto é o grande inimigo da publicidade. Dificilmente o telespectador comum resiste à curiosidade de, durante o intervalo do programa, dar uma espiadinha nos outros canais de TV. Ou à vontade de dar uma volta na cozinha ou no banheiro.
Pois bem: não se vê o menor esforço da criação no sentido de enfrentar esse problema. E é muito fácil uma solução: basta colocar, em um canto da tela, a marca que se está anunciando. Assim, quando o telespectador acionar o controle remoto, ele, no mínimo, sabe quem ou o que está sendo anunciado.
Venho propondo essa saída há vários anos e ninguém me deu bola. Quem deu, alegou que a presença da marca desde o começo do comercial polui a tela – um argumento que cai por terra quando a gente vê as emissoras de TV fazendo isso. Já ouvi, também, que quando se coloca a marca logo no começo, estraga-se a surpresa porque o telespectador fica sabendo quem anuncia antes do fim. Maluco, esse argumento.
5. Enfim, as revistas. Passe os olhos nessa aí, que você tem à mão. Olhe criticamente cada anúncio. Com certeza que você vai perceber, ali, que a idéia de vários deles – senão a maioria - cabe em um espaço menor. Ou melhor: se a criação não foi suficientemente competente para criar um anúncio para página dupla, tripla ou quádrupla, coloque-o em página simples, dupla ou tripla. Não fique esticando, fica ruim. Ruim e na cara que o negócio é faturar. Que se lixe, o cliente.
6. Hoje, com o olhar mais cuidadoso do cliente. Com a exigência de resultados imediatos. Com a aceleração do processo de segmentação. Com a perda de prestígio dos meios de massa, as agências e os profissionais não podem vacilar. Porque mais do que nunca cada centavo investido em comunicação de marketing precisa voltar multiplicado.
eloy simões, again.
a leitura dos classificados imobiliários aos domingos em permanbuco chamaria a atenção do eloy. páginas e páginas, duplas inclusive, produzidas por agências que se dizem bam-bam-bam de planejamento, com finas preocupações de maximizar e otimizar o investimento do cliente(sic) e que contam com experimentados diretores e consultores de criação, isto sim desperdício. domingo é dia de depositar com cheiro de tinta nova formatos ratos de bolor, numa linguagem modernoszazinha muito da sem-vergonha. mas como no nordeste a maioria das contas está nas agências por outras inplicações, pode-se estender a rede na pousada repousando cabelos em rolos outros.
palavras de rei, principe
maquiavélico? açodar o post ao príncipe potyguar ? ora, como se o lenilson não soubesse.
sindrome de angelica
num momento em que os telejornais locais usam e abusam de imagens e palavras sobre a septicemia dos hospitais publicos, onde de tudo falta, vergonha dos governantes nunca existiu, a sensibilidade real vem com um tom de mertiolhate diluído falar da soberania da sua eficácia e excelência do seu atendimento e tecnologia. incluindo depoimento armorial de ariano suassuna, mas nem de leve esterelização sobre papel social.
no velho e esgarçado estilo de roxas imagens de equipamentos e pessoas a medicar, o hospital português deixa um recado sub e liminar: quem tem grana, continua com bigodes. quem não tem, raspa a indigência.
choque anafilático, o que em comunicação também pode ser mortal.
quarta-feira, setembro 28, 2005
visto de entrada
antônio carlos de brito, poeta(1914-1987).
quarta a portuguesa: o BV faz parte da vergonha nacional. mas so da nossa ?
agora o marinho, credibilidade chancelada por seu lugar especial no ônibus azul, enfia o dedo na ferida sem tirar o blazer. talvez por ter escrito sem tirar nem por, o blazer ? fomos ignorados no blue bus. mas publicou-o o www.acontecendoaqui.com.br e o observatório da imprensa o observa.
por outro lado, alguns amigos, inimigos e indecisos, confundem frontal expressão de opinão com desabafo, auto-destruição ou auto-promoção.
a mim não me parece nada disso. o problema do mundo da propaganda de uns tempos pra cá é que a exceção tornou-se regra. e a regra, exceção.
mas isto tudo é culpa da vidinha sem-vergonha que todos consentimos em levar. ou não ? afinal, se ter os tomates no sítio não é sair se expondo, também os guardar na boca não é coisa de sensatos.
"Um furacao está se formando ao norte do continente americano. Se chegar a estas paragens com força máxima, pode até mesmo demolir os diques de contençao usados para manter o mercado sob controle. No olho deste furacao, se encontra a investigaçao que sofre hoje o grupo Interpublic, por irregularidades na sua gestao contábil. Em bom português, parece que as contas nao fecham. Na 6a feira, o The Wall Street Journal publicou uma notícia, replicada aqui no Blue Bus, dando conta de que parte do problema poderia estar sendo causado por uma tal bonificaçao de volume, dinheiro que algumas agências do grupo na América Latina e em partes da Europa recebem dos veículos, ao atingir determinada meta de 'investimentos'.
Por que só agora os gringos se preocupam com o nosso BV, o maior segredo de polichinelo tupiniquim? É que as companhias americanas precisam se ajustar a uma nova lei, a Sarbanes-Oxley, criada depois dos escândalos do tipo Enron, para tornar mais transparentes as finanças de suas empresas. Isso significa que todas as operaçoes das agências do Interpublic no Brasil precisam ser contabilizadas e documentadas, receitas e despesas, incluindo os pagamentos feitos pelos veículos em funçao do BV. Isso tornaria público e conhecido o grosso volume repassado as agências sob o olhar complacente dos anunciantes. E olha que eles ainda nem começaram a falar de BV em gráficas, produtoras de comerciais, empresas de eventos etc e tal.
Mas agora isso tudo deve mudar. A matéria do WSJ afirma que a atençao sobre o Interpublic pode pressionar outros grupos a rever a prática do BV no mundo. Ou seja, as principais agências multinacionais no Brasil talvez sejam obrigadas a buscar novas formas ou caminhos de remuneraçao e sobrevivência, já que muitas dependem fortemente das bonificaçoes de fornecedores para fechar no azul. Podemos estar testemunhando um momento histórico, com a aceleraçao no país da adoçao de estratégias de comunicaçao integrada e o crescimento das empresas chamadas 'below the line', travadas muitas vezes pelos incentivos financeiros dos tradicionais grupos de mídia.
Eu torço para que o BV acabe aqui também por um outro motivo. Estamos vivendo tempos difíceis, justamente porque a nossa sociedade está contaminada pela cultura do 'toma lá dá cá', presente nas denúncias de supostos mensaloes e mensalinhos, na prática de Governos, tanto os de direita quanto os de esquerda, de coincidentemente liberar verbas as vésperas de votaçoes importantes no Congresso, no discurso do 'para meus amigos tudo, para os inimigos a lei'. Na minha visao, o BV, apesar dos eufemismos utilizados por veículos, anunciantes, agências e fornecedores, é parte integrante e inseparável desta lastimável atitude".
Luiz Alberto Marinho
dicionario
um dicionário, sempre vem a calhar. até mesmo como gadget editorial. como tanto em portugal, como no brasil, nada que é oficial funciona, principalmente quando o objetivo é ajudar o zé povinho, também é bom ter dicionários de ambos os lados do oceano por perto, pra gerar colaborações inclusive.
tomates: testículos, ovos, culhões.
ter os tomates no sítio: ter coragem, tomar atitude, fazer o que deve ser feito(mesmo quando não se deve)
macho pra caralho: ter os tomates no sítio
vem a calhar: de forma apropriada, coincidente, concomitante, sopa no mel, na hora h, na hora certa, salvo pelo gongo,
entreato
edgar allan poe é jujuba, stephen king, sessão da tarde e alice no país das maravilhas, em nossas manhãs, comeu o coelho a tacos de colheres de sobremesa. e ainda cospe para ver se aumenta a audiência por um fio daquela que nem os baixinhos de ontem querem comer mais.
holiúdi, démodé, filma massacres de serras elétricas retrô, que revidamos com invenção pós-terceiro-mundanista do “micro-ondas”.
como a nossa economia, o “ micro-ondas” precisa só de um empurrãozinho e combustível. o resto pega no tranco, cresce no solavanco e se encaixa no sopapo. de quebra, as pernas, pra encaixar no pneu. avanço e tanto ao homem bala. este só fumaçava antes. no “ micro”, antes, durante e depois”. quando estaciona, serviço completo, não tem flanelinha.
não há terror que resista a nossa carnavalização. carnaval que dura quase um ano inteiro. dura até o momento em que as fantasias recozem-se na mutilação da realidade. a geografia do caos urbano brinca de esconde esconde com a nossa harmonia bossa nova. e se mostra, quando não se gosta, reorganizada a nos atirar mais que sangue cuspe, catarro e bosta. bala perdida não é venda perdida. sempre sobra mais uma alguém. nem melhor sorte quem leva bala da polícia, enferrujada.
no brasil, país de tantos altos e baixios, o céu é uma buraco mais embaixo. e, longe de ser abissal, o inferno fica sempre mais uma degrau acima. seja no morro ou no planalto.
nosso terror é terroir. roteiro exportação de uma realidade coreografada e cenografada em sangues e pudins, filmada em retículas de cocar e cocaína, e pós-produzida em bundas bronzeadas e tome parafina.
isto ainda vai dar noutra sessão. entrada franca de crianças, animais e velhinhos com direito a quebra-queixos sem anestesia.
nosso cateterismo social não passa de claquete.
o paraíso é aqui.
sim meus amigos portugueses, e não estou a fazer piada, “micro-ondas” é a instalação de um tipo alquebrado, geralmente a porradas, quando não é serrado à cru e incrustado dentro de um pneu. pneu logo besuntado de gasóleo, querosene, gasolina, simples ou aditivada, de qualquer octanagem. morro abaixo, rola aceso e sempre cai em falésias das veredas tropicais periféricas e limítrofes das searas do luxo ao lixo, crematório de outros horrores. no quase fim, lembra certo barril que não levava vinho, por volta da idade média, apesar da trajetória apagada deste. não, nem de longe similar. fogo faca de açoites sem pregos no “ micro-ondas” nada há que perfure e esvazie a vida antes da queima sentida de todos os poros.
sem provocações, poder-se-ia dizer que melhor sorte tiveram os primeiros portugueses cozinhados em panela de barro pelos índios. pelo menos a crença, e o tempero eram outros. não descascassem a pele a pelo, como tomates.
conceitos de crueldade, atenuados pelo barbarismo ? mais bárbarismo de quem ? invasor, invadido ou evadido?
a finalidade da história não é vingar. morre por aqui. quase açorda de palavras. nem sempre a tantos gostos apimentada. sentimentos enchidos atrás e a frente do balcão, a nossa ementa é de paz. vai se servindo quem quer. a casa tem livro de reclamações.
visto de saida
terça-feira, setembro 27, 2005
leve três pague nada
os sem canudo; o diploma do talento cultivado
Existe, porém, um diploma invisível. O do talento cultivado. E nem sempre cultivado nos limites da universidade ou do emprego estável, ou de outros sistemas aprovados, autorizados e reconhecidos. O talento, desde o dia em que se contou a tal parábola, pode até ser (e permanecer) enterrado em lugares tristes pelos mais convincentes motivos... Talento enterrado, mediocridade à vista. E ninguém está livre desse enterro em vida, ainda que ostente certificados, atestados, títulos, medalhas etc.
No campo do ensino e da comunicação – importante: ensino sem comunicação não ensina e comunicação que não ensina também não comunica –, no campo das artes (que ensinam!), no campo do esporte (que pode ensinar!), no campo da vida produtiva e criativa conhecemos pessoas cuja maestria não veio do céu, nem da terra. Veio de sua inteligência, e de seu corpo, de suas mãos, em estado de graça e em estado de luta.
Patrimônio histórico
Pelo que sei (corrijam-me se em algum caso eu estiver mal informado), Boris Casoy, que já dirigiu a Folha de S.Paulo, não tem diploma. Sérgio de Magalhães Gomes Jaguaribe, o Jaguar, um dos criadores do Pasquim, não tem diploma. Perdemos um grande arquiteto... Chico Buarque de Holanda. Ayrton Senna quase conseguiu um diploma em Administração de Empresas na FAAP – corria demais e por isso ultrapassou a formatura. O violeiro paulista Paulo Freire não tem diploma, nem precisa, pois o pacto com o demônio da música (e da palavra) é mais do que suficiente.
Manuel Bandeira, professor de literatura, sem diploma. Machado de Assis escrevia como ninguém, escrevia o que escreveu, escrevia para o jornal – não tinha diploma nenhum de coisa alguma. Jorge Amado não tinha diploma. Nelson Rodrigues é patrimônio histórico da imprensa brasileira, e não tinha diploma. Graciliano Ramos não tinha diploma. Juca de Oliveira não tem diploma (de Direito!). Noel Rosa (dá para imaginar a MPB sem Noel?), neca de diploma.
Millôr Fernandes não tem diploma; é dele a pergunta: "Por acaso a natureza consulta faculdades para fazer um ser humano competente?". A lista pode crescer. Gente sem diploma, com talento de sobra.
Gabriel Perissé Doutor em Educação pela USP e escritor; (www.perisse.com.br)
quem pechincha seu rabo espincha
esta é a coisa mais conflituosa na relação entre cliente e agência – esta sempre querendo ganhar mais e o cliente querendo pagar menos. ambos estão errrados, é preciso saber cobrar e o a anunciante deve saber remunerar justamente pelo trabalho recebido. a propaganda criativa e bem realizada traz muitos lucros para as empresas que anunciam. os clientes tem sempre a triste mania – fosse só esta – de pechinchar os orçamentos, as comissões, os preços dos fornecedores, pechincham o tempo todo em todos os cantos do mundo. por isso, tenho uma admiração descomunal por aqueles que sabem se valorizar, cobrar o correto pelo trabalho que realizam. francesc petit, in propaganda ilimitada, sexta edição, siciliano, 1991.
segunda-feira, setembro 26, 2005
paraolimpiada
puuuxa: como tem gente perneta nesse mundinho da publicidade.
a ignorância publicitária é política ? ou política também se faz com ignorância publicitária?
juntamente com presidentes da ABAP e FENAPRO, washington olivetto e nizan guanaes, na próxima quarta-feira, 28/09, às 10h00, estarão na comissão de educação do senado, em brasilia, audiência pública para discussão do projeto de lei que dispõe sobre o exercício da profissão de publicitário.
trio parada dura, com certeza. na defesa da profissionalização da profissão e, ainda que moral, da imagem do publicitário, não deixarão de ter olhos postos no maná das contas públicas. mesmo que olivetto não seja mandarim de agência chapa branca. e eloy, hoje mais afeito as atividades acadêmicas, estivesse levando algo mais na casaca da diplomacia dos argumentos de resultados.
a tal defesa, ainda que pelo contraponto do peso das figuras, não discuto necessária. mas a regulamentação sim, e será objeto do post de amanhã.
atrasada como briefing de campanha pro-bono, publicitários querem se fazer ouvir, ainda que à boca chiusa. ferramentas adequadas ? estranha-me o fato de nenhuma entidade, cheia de parágrafos, erres e esses e sedes monumentais, não tenha feito uma campanha de esclarecimento, bloqueando a cavalaria de um homem só que, apoiada por uma imprensa irresponsável – primeiro noticia, depois verifica, quando verifica. e se não bate, bate mais outros purês - fez estragos consideráveis já na pouca credibilidade do segmento, fazendo pior: vendendo unguento que em vez de emplastar o nervo distorcido, torcicolo deu a todos os nervos.
o próprio eloy já vinha alertando desta necessidade imperiosa, diante dos imbróglios marcos valerianos, que conpurscaram ainda mais a prática e o entendimento do que é ser publicitário, no que o nizam com seu comportamente noveau riche ou fase daslu, também, não ajuda muito. aliás, entre daslú, palco de peruas e galos emproados e rinhas outras, não sei sinceramente qual veículo pior.
boa parte disto, da sinonímia entre a agora alcunha, publicitário, e o correspondente marcos valério, e seus feitos, credite-se, a uns outros tantos da classe, mas, por excrescência, nesta fase, a ignorância de cpis, e por extensão de seus membros, na era da comunicação – e comunicação digital – que são umas verdadeiras bestas em matéria de conhecimentos básicos que envolvem estruturação e operação do ser publicitário e o ser das agências. tudo bem que ninguém saiba o que é um BV: tudo bem ? mas questões primárias de veiculação e licitação, deviam, nem que fosse via supletivo, ser do conhecimento de gente que está decidindo diretamente o destino de muitas gentes, indiretamente o nosso, inclusive.
assaz vexamosas foram as intervenções de heloisa helena, denise frossard, entre outros. que no afã de se mostrarem percucientes, tornaram-se grasnadeiras de discurso mal cheiroso por tantos deslizes. incluindo o toninho malvadeza neto. que está se saindo tal qual o avô - pai patrão de uma das nossas maiores agências chapa branca - apesar do número muito bem ensaiado, ou equivocado, de mostrar os dentes na caça aos publicitários como se todos fossem acarajé do mesmo dendê.
se generalista, pela própria esgrima da profissão, que vive de estocadas e não de duelos coreografados a exaustão, daí que seja paradoxalmente salutar que o publicitário seja em sua incultura geral “aquele que mais sabe tudo sobre nada”, o que lhe permite pinçar a sustentação de conceitos pertinentes de comunicação sem a necessidade imperiosa de ser um scholar, o que tem de gente falando, discutindo, interpelando, legislando, sobre publicidade com o conhecimento de quem lê a caras, está consegundo superar o mais ignorante dos publicitários.
porém, uma coisa é se ser um publicitário ignorante ou, que seja, alienado. afinal, assumindo-me jocoso, não eles “caras que fazem uns reclameszinhos de margarina e celular e que gostam de vender políticos como sabonetes”?
agora, imagine, um senador da república, ignorante o ser. e crasso. isto é o que é. ou não é ?
doc
in cultura de verniz, do roberto menna barreto, qualitymark editora
domingo, setembro 25, 2005
o post da semana
do stenzel, wundermann portugal, torcendo muito, por todos os motivos, para que o niubíssiness não seja de lá.
antecipemos
sábado, setembro 24, 2005
pedala robinho
no brasil até ela, recebe propina, a bola. a torcida, claro, pasta
tá explicado porque tem tanto buraco em qualquer gramado onde você vá.
tem muito apito pedalando solto por aí.
no placar não é mais índio que quer apito, é dirigente.
ala dos juizes, neste caso os de futebol, solfejam a marchinha: ei você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí.
em campeonatos onde o marketing aprimorou-se a tal ponte que criam-se torcidas organizadas, que de tudo perpetram, até serviço máquinas de matar, tudo inclui, não espanta algo mais organizado, fora o banco de reservas. de dirigente a juiz, até os resultados, cartolagem na área. gol contra na banheira da nossa nacionalidade. juiz tá marcando de mão grande no mais completo impedimento. bandeirinha não viu. mas a veja aprendeu com o roberto jeferson e bufou a ópera.
non stop
ao que parece, para a guanabara, idoso bom é idoso morto. e só.
as entidades de defesa do consumidor, lembram que na composição dos custos das passagem, está incluso o componente gratuidade, devidamente recompensado. fica a se imaginar, qual foi o gênio que conseguiu esta centimetragem gratuita, incluindo manchetão de primeira página, e nos benefícios que isto traz para a imagem de uma empresa que quer nos parecer tão moderna e dedicada aos seus clientes. o estomâgo dos velhinhos, e não só, agora tem mais um motivo para ficar revirado, incômodo causado não só pela buraqueira das estradas. você pode imaginar o que sentirá um idoso e os que se preocupam com eles ao sentar-se num destes ônibus sabendo que para a guanabara, se velhos, só interessa cús pagantes.
a sorte dos donos, administradores, e homens de marketing da guanabara, é que eles vão morrer cedo.
sexta-feira, setembro 23, 2005
e ao vencedor, o terceiro lugar
henrique szklo(pronuncia-se xczsqkclwóh) in só porque criou o mundo pensa que é deus, o milagre da criação publicitária, negócio editora segunda edição.
no jockey club
mais do mesmo szklo
prefacio da ex-mulher do autor
cá entre nós, nunca achei muita graça nele, e agora muito menos. se ele foi um péssimo marido, como escritor então que ele caprichou. vê se tem cabimento pedir para ex-mulher escrever um prefácio para o livro dele. e o que é pior: me ameaçou de não pagar pensão se eu não elogiasse. disse que se eu não ragasse contundentes elogios não me daria mais um centavo. um cara destes merece estar vivo ? fala a verdade. mas eu já devia imaginar. vindo dele até que não é de se estranhar.
mas só de birra resolvi falar a verdade. até porque é uma questão de consciência com os leitores. imagine eu dizer que o livro é bom, engraçado e tudo o mais e depois as pessoas virem me cobrar, dizendo que foram enganadas. não. se depender de mim eu vou ser a última pessoa que foi enganada por este farsante.mas por outro lado, se vender bastante livro, ele não vai poder dizer que não tem dinheiro para a pensão. e até que essa porcaria não é tão ruim assim.
Ibiden ou seja, prefácio do livro acima.
prefacio dos filhos do autor
agora ele lançou esse livro ridículo. tomara que faça pelo menos um pouco de sucesso. assim ele desencana da gente e larga o nosso pé. agora quem vai ter de rir das piadas idiotas dele é você. muito obrigado por nos salvar.
ib.
posfacio
quinta-feira, setembro 22, 2005
tio fanta
o melhor do brasil e o brasileiro, se for autoridade entao....
os caraminguás da nação não estão seguros. nem no banco central, que foi assaltado até por empilhadeira, nem na polícia federal, que engana-se ou nos engana até na hora de mostrar o cofre onde estavam os eurodólares. bufunfa cafungada de chofre como se fosse outra droga. na política jamantas, comboios, porta aviões de corrupção, extorsão, mensalão, mensalinho. severino chic-chic ao menos não comandava grupos de extermínio, quer dizer nunca se sabe. ainda mais com propaganda do inocêncio com aquela cara de oliveira. no pais dos economistas, doleiros rivalizam com o ministro da justiça o envio de dólares para o exterior ou nesta CPI tudo se improvisa, tudo se sabe nada se confirma. má distribuição de óleo de peróba causa o ressecamento, ressentimento, recantrafiamento de maluf. como sempre se soube, o amicíssimo da hebe, aquela que é a morena mais loura do país, isto é atestad de falsidade ideológica, o cara de pau duratex maluf mostra ao telefone – nem no telefone deixa de cuspir na cara do interlocutor - como se faz política no melhore estilo coronel do nordeste que os paulistas tanto condenam, aliás, paulista, eita povinho jeca. preconceito? quer coisa mais jeca do que a daslu? que sofreu a injustiça de uma devassa ora sim senhor. tanto barulho por nada ? se a polícia quisesse mesmo prender quem tem o que contar bastava prender dez por centos dos convidados para a festa de inauguração e já teríamos uma boa limpa, nem o nizam, já habituê do local, escapava. no país do tudo acaba em pizza, o nosso principal produto de exportação segue recheado de cocaína, imagine se contabilizassem a remessa? como nossa balança de exportação não iria melhorar? eita! país do agrindoce negócio da carne em pó. o melhor que é que tudo agora, não só acaba mas também começa em pizza. calabrezza e queijo ralado ao gosto das massas na rede que lavava o dinheiro de gente que acabava a noite no satyricon, nome melhor não poderia haver, coisa de publicitário ? no mais continuamos capacho da inglaterra, repetindo os tempos do reinado. metem não uma, mais meia dúzia de balas na cabeça de um brasileiro do condado de uai e tratamos o chefe da polícia britânica como se fossem um beatle. barão do rio branco pelo menos faria mise-en-scène mais convincente, of course, que o lafer, que é a cópia da cópia do MG. e ainda temos a coragem de ficar sacaneando o paraguai. no fundo, no fundo, os argentinos é que tem razão, afinal maradona é muito mais limpo e respeitável que o edson arantes do nascimento que vivia se escondendo debaixo do pelé. enquanto isso, em cenário bucólico, turistas tomam banho no hilton comendo das meninas da favela a outrora classe média que chupa pau por preço de um pacote de amendoim vendido no centro do recife. na mesma reza, misionários levam bala no crucifixo, e traficantes armas que a polícia não tem no país do referendo, contemplam o por do sol no vidigal a rocinha, da santa marta ao alemão, ao som de jobim versão tati-barraco, sem esquecer que o movimento bala mangue no recife já a torna a segunda cidade em mortes no país. mas fortaleza quer o título, salvador quer o título, vai acabar se criando uma nova modalidade para o panamericano. e corre gentalha que hoje tem arrastão na praia, no tunel, na câmara, e na bolsa de valores do povo que cada vez mais perde os sisos na rapadura do conto da honestidade. lula não passa de um cordel auto-enrolado .assim, não é à toa que nosso passaporte cada vez mais precisa de visto até nos países que fazem vista grossa. o melhor do brasileiro é miami ? mais logo agora que a globo não quer mais levar a equipe pra lá?
contrito
quarta-feira, setembro 21, 2005
quarta a portuguesa: millor fernandes, o senhor das palavras.
millôr é um gênio, não tenham dúvidas. que a entrevista não soube ou não pode captar.
para quem não teve a oporturnidade de vê-lo em ação, a começar do pif-paf, na revista o cruzeiro no auge dos anos 50 a 60, ou sob o fogo da ditadura no pasquim dos anos 70. sobra o millôr da biblia do caos, citado abaixo. resta ainda o millor do www.millor.com.br
e atualmente, de volta a revista veja.
millôr é indispensável para copies lusobrasilis ou brasilusos. E também para matar de raiva, as gargalhadas, atendimentos e afins que fincam-se no “ah! mais isto é brasileiro;isto é calão;ou isto não se usa em português ou o famoso: este texto tem que ser mais sério “.
sim, camões, bocage, pessoa, adorariam.
Em entrevista exclusiva, o tradutor recorda a carreira marcada pela inquietação com a linguagem e fala sobre sua vida, o humor e a tradução.
Millôr foi uma vítima da ortografia. Nasceu em 16 de agosto de 1923, no Rio, como Milton Viola Fernandes. Registrada depois (seu aniversário oficial é em 27 de maio de 1924), a certidão de nascimento foi grafada de tal jeito que o t de Milton parece um l seguido por um acento, e o n, um r. Foi assim que, aos 17 anos, Milton soube que seu nome era Millôr. Talvez por revanche, construiu uma carreira de rupturas com o português padrão, com vôos de imaginação lingüística que, a rigor, formam gramática própria. "Não passo um dia sem escrever." Fez de tudo: roteirista, ilustrador, dramaturgo, compositor, ator. Não bastasse, é tradutor de Shakespeare, Pirandello, Racine e outros clássicos em cujos idiomas foi autodidata. Seu raciocínio é tão ágil que as palavras se atropelam na voz gutural e o ar maroto dá um a mais de jovialidade à silhueta magra. Na cobertura em Ipanema, sentado, olha uma jogada do brasileiro Kaká, pela TV. "O futebol é o raro reduto da glória com mérito" Como se uma coisa chamasse outra, fustiga o escritor Paulo Coelho: "Vende muito, mas é merecidamente desprezado porque faz uma merda de literatura" Ligamos rápido o gravador.
Fazer humor é levar a sério as palavras ou brincar com elas?
Humor, você tem ou não tem. Pode ser do tipo mais profundo, mais popular, mas tem de ter. Você vai fazendo e, sem querer, a coisa sai engraçada. Dá para perceber quando a construção é forçada. Tenho uma capacidade muito natural de perceber bobagem e destruir a coisa. É o que hoje o pessoal da informática chama de "processar". Você coleta um monte de dados e processa rapidamente, antecipando o movimento da outra pessoa. Às vezes, para dar certo, bastam mudanças simples. Ano passado, o pessoal da televisão me pediu uma saudação para o dia dos namorados. Ia negar o pedido quando me veio o estalo: fiz dois corações bem normais e pus em cima o texto "Dia dos namorados - Eu quero que eles se fodam". A frase grosseiramente ofensiva tornou-se logo carinhosa. Há quem diga que trocadilhos, como os que o tornaram famoso, são uma forma infantil de humor. Na verdade, a frase clássica é "a forma mais baixa de humor". Quem diz isso não sabe o que diz. Um Shakespeare não existe sem trocadilho. Nem Cristo, e é só lembrar o reino que veio depois do "Pedro, tu és pedra". O cristianismo está todo fundado num trocadilho. O trocadilho foi a verdadeira graça de Deus.
Como você começou a fazer tradução?
Um tio meu, Antonio Viola, era chefe da gráfica de O Jornal, e me pegou um desenho, levou lá e depois me veio com dinheiro pago por ele. Em 1938, comecei na revista O Cruzeiro. Na época, os quadros eram pobres e todo mundo fazia de tudo. Fui contínuo, armador, ilustrador. E descia até a oficina pra mexer na linotipo [antiga máquina de composição gráfica]. Uma das minhas tarefas era dar conta das tiras em quadrinhos estrangeiras. Levava o dicionário e traduzia as legendas, botava as letras nos balões e isso era uma das dez coisas que eu fazia. Para traduzir um negócio qualquer, ia de 10 a 20 vezes ao dicionário. Aprendi a fazer tradução porque me encomendaram e foi assim desde então.
Como assim?
Sempre fui movido por forças exógenas, exteriores. Por minha iniciativa, fiz só uma exposição de desenhos, em 1957, no MAM, e uma peça de teatro em 1963, Flávia, Cabeça, Tronco e Membros. Todo o resto que fiz foi a pedido. O primeiro livro que traduzi foi Dragon Seed, de Pearl S. Buck, com o título A Estirpe do Dragão, em 1942. Nunca me senti tão roubado na vida, pois você traduz 300 páginas por uma mixaria. O livro era assinado por outros. Eu era um "laranja". No teatro, era diferente, a remuneração, tudo era vinculado à bilheteria. Assim, uma peça fracassa, a segunda vai melhor e de repente a terceira compensa todo o esforço.
Como foi seu aprendizado da língua? A escola ajudou ou atrapalhou?
Tive a grande sorte de trabalhar na imprensa com menos de 14 anos, em 1938. Havia deixado de estudar aos 10 [por causa da morte da mãe; o pai perdera quando tinha 1 ano de idade]. No primário, aprendi a gostar de estudar e a ler por causa de uma professora, Isabel Mendes. Nunca esqueci o dia em que ela me ensinou a ver as horas. Eu saía pelos corredores de olho nos relógios. Fiquei espantado em ver que um marcava 8 horas e o seguinte, 8h05. Foi quando percebi aquilo de mais banal na vida, a consciência de que o tempo está sempre à sua frente, faça você o que fizer. Passei dois ou três anos sem estudar. Quando eu ganhei o primeiro dinheiro, fui estudar no Liceu de Artes e Ofícios - curso de cinco a seis anos, que não cheguei a concluir porque já era "famoso" à época - com 20 anos já ganhava o maior salário da imprensa. Portanto, devo ter saído do colégio aos 18 anos. Portanto, tudo o que aprendi foi no primário. Depois de um primário sólido, você pode ser um autodidata. Foi a professora Isabel Mendes quem me ensinou a coisa mais importante em didática - a gostar de estudar.
Gostava de ler nessa época?
Não tinha livros em casa. Havia umas novelas da editora Vecchi, folhetins pra cozinheiras e domésticas. Eles mandavam dois ou três exemplares em cada endereço e, se a pessoa gostasse, mandavam cobrar as edições seguintes. Eram títulos muito melodramáticos, como Córsega em Chamas, Fausta Vencida, Nunzio Romanetti, ou policiais. Quando comecei a estudar na cidade, passei a ir com mais freqüência à Biblioteca Nacional. Ficava muito irritado quando havia feriado e a biblioteca fechava, pois ficava sem ler.
Com que língua mais gosta de trabalhar?
Não aprendi línguas até hoje (risos). Gosto de trabalhar com o português, embora inglês seja a que eu mais leio. Nunca tive temor de nada. Deve-se julgar as obras pelo que elas têm de qualidade, não por serem de fulano ou beltrano. Shakespeare fez muita besteira, mas tem três ou quatro obras perfeitas, e Macbeth é uma delas. Traduzi Shakespeare por ser do caralho, mas se me dessem algo ruim para traduzir, dizendo que era um pensamento dele ou de Confúcio, perguntaria se era mesmo dele ou de um completo idiota.
Nunca sentiu dificuldade na tradução por ter sido autodidata em línguas?
Ao traduzir, é preciso ter todo rigor e nenhum respeito pelo original. Você pega um Racine, que é em dodecassílabos, mas não entra nessa. No momento em que você se sujeita à rima, está perdido, porque a rima vai conduzir os seus pensamentos. Mas traduzir é sempre divertido. Uma vez fiz a tradução da peça The Sunshine Boys, do Neil Simon, a que dei o título de Os Palhaços de Ouro. Era sobre uma dupla de comediantes à antiga. Eles se odeiam depois de trabalhar juntos por décadas, mas são obrigados a conviver nos palcos. Numa cena, o mais velho dos dois bate à porta, o outro diz: "Enter!" O ator fica imóvel. "Enter! Enter!" E nada. O outro vai lá e pergunta porque ele não entrou. "Estou esperando você dizer coming!, como sempre se fez." Ora, enter e coming são expressões equivalentes em inglês, mas com aplicações diferentes. Por aqui, "entrar" já dá conta do recado. Para dar idéia do contraste que o original pedia, foi preciso dizer em bom português "penetra!"
Na sua opinião, quais as vantagens o português possui em comparação a outras línguas que você conhece?
A principal vantagem é a de ser a minha língua. Ninguém fala duas línguas. Essa idéia de um espião que fala múltiplas línguas não passa de mentira. Vai lá no meio do jogo dizer "salamê mingüê, um sorvete colorê..." ou "velho guerreiro". Os modismos da língua, as coisas ocasionais, não são acessíveis a quem não é nativo. Toda pessoa tem habilidade só no seu idioma. Você pode aprender uma, dez, sei lá quantas expressões de outra língua, mas ainda existirão outras mil - como é que se vai fazer? A língua portuguesa tem suas particularidades. Como outras também. Aprendi desde cedo a ter o cuidado de não rimar ao escrever uma frase. Sobretudo em "-ão".
Quais as normas mais loucas ou mais despropositadas da língua portuguesa?
Toda pesquisa de linguagem é perigosa porque tem o caráter de induzir o sentido. Não tenho nenhum carinho especial por gramáticos. Na minha vida inteira sempre fui violento [no ataque às regras do idioma], porque a língua é a falada, a outra é apenas uma forma de você registrar a fala. Se todo mundo erra na crase é a regra da crase que está errada, como aliás está. Se você vai a Portugal, pode até encontrar uma reverberação que indica a crase. Não aqui. Aqui no Brasil a crase não existe.
Mas a fala brasileira é mutante e díspare, cada região tem sua peculiaridade. Como romper regras da língua sem cair no vale-tudo?
Se não houver norma não há como transgredir. A língua tem variantes, mas temos de ensinar a escrever o padrão. Quem transgride tem nome ou peito que o faça e arque com as conseqüências.
Mas insisto que a escrita é apenas o registro da língua falada. De Machado de Assis pra cá, tudo mudou. A língua alemã fez reforma ortográfica há 50 anos, correta. Aqui, na minha geração, já foram três reformas do gênero, uma mais maluca que a outra. Botaram acento em "boemia", escreveram "xeque" quando toda língua busca lembrar o árabe shaik, insistiram que o certo é "veado" quando o Brasil inteiro pronuncia "viado". Chamar viado de "veado" é coisa de viado. Quando chegaram a tais conclusões? Essas coisas são idiotas e cabe a você aceitar ou não. Veja o caso da crase. A crase, na prática, não existe no português do Brasil. Já vi tábuas de mármore com crase errada. Se todo mundo erra, a crase é quem está errada. Se vamos atribuir crase ao masculino "dar àquele", por que não fazer o mesmo com "dar àlguém"? Não podemos.
Você já escreveu certa vez um texto em "lusitol" e o traduziu para o "brasilol", mostrando o abismo de linguagem que existe entre Portugal e o Brasil. O nosso país caminha para a constituição de uma língua própria?
É muito difícil fazer esse tipo de previsão. As influências hoje em dia são tão interativas, tão permutantes, que não sei se o Brasil vai formar uma língua tão diferente de Portugal, porque o inglês também está batendo à porta deles. O mundo inteiro hoje busca aproximação por meio do inglês. É um idioma que teve muita sorte - quando o império britânico começou a decair, surgiu o americano. O inglês tem inúmeras línguas, mas continua inglês. Assim também, há uma língua portuguesa com variantes, dialetos e idioletos.
Mas as diferenças não pesam?
Nem sempre é fácil entender um português e há filmes portugueses que só conseguimos ver com legendas. O que acontece é que temos dificuldade de entender o português de Portugal mais pela eufonia e pela prosódia que pelos vocábulos em si mesmos. Não sei se os portugueses passam pelo mesmo problema, mas o fato é que, até os anos 30, todo ator brasileiro imitava sotaque português para ser respeitado e, hoje, nossa influência em Portugal é total. A telenovela entra lá, e não adianta o intelectual português ficar contra, porque o povo acha engraçado o jeito de a gente falar, e termina copiando. Já usam expressões como "estou a dar a volta por cima, o pá!", lá do jeito deles, com sotaque, mas usam.
O estrangeirismo empobrece a língua portuguesa?
De maneira nenhuma. Antigamente, tivemos palavras como porta-seios, uma coisa muito feia, que felizmente foi substituída pelo galicismo "sutiã". Toda língua é invadida e, como mulher, fecundada.
De vez em quando a nossa leva na bunda, mas nada que, lavada, não fique novinha. Houve tempo em que o galicismo era uma aberração. Não se podia escrever "amante", mas "amásia". Era assustador.
Uma vez, era menino, escrevi um conto em que um cara sai pela rua gritando: "Assassinato! Assassinato!" Quiseram que eu colocasse, por respeito à língua, "assassínio", pra evitar o "galicismo"... Quem sai à rua gritando "Assassínio!" é bicha.
Os excessos, como sale, delivery ou 50% off não incomodam a você?
O estrangeirismo não me incomoda. É evidente que essa coisa pouco natural de importar outra língua é muito Barra da Tijuca [bairro da elite carioca], é esse negócio de Estátua de Liberdade de gesso colocada na frente da porta. Pode haver a penetração que quiser, mas é preciso fazer as coisas que nos são naturais. O cara que use delivery com as nega dele. Eu, por exemplo, escrevo aquilo que chega até mim, naturalmente. Devo ter sido a primeira pessoa a escrever whisky na forma "uísque". E ficou. Uso "saite" no lugar de site, que já está consagrada. Os portugueses usam "sítio" e é legítimo. A língua é assim, arbitrária. Se dependesse só do meu arbítrio, aí eu faria uma moção pros órgãos oficiais. Não há porquê do Banco do Brasil usar home delivery quando poderia simplesmente fazer "entrega em domicílio". Os órgãos oficiais brasileiros não podem fazer esse tipo de coisa.
Qual o caminho para escrever bem?
Escrever bem é expressar-se. Usar sujeito, verbo, predicado e, a partir daí, fazer todas as variações. Não deixo margem a dúvida quando digo "um homem de terno branco atravessava a rua num dia de domingo". Mas jamais escreveria a frase pomposa do Machado de Assis que está lá na Academia [Brasileira de Letras]. Nem improvisada foi, pois estava num poema dele. "A glória que fica eleva, honra e consola". As palavras não têm a menor hierarquia. Quando se diz "a glória que fica" já acabou a frase, já se sabe que é com a ABL, ela está se referindo às glórias literárias. "Eleva" e "honra" são dispensáveis e nem dá para saber o que uma glória consola: da tremedeira das mãos, de doença? Veja, no entanto, um escritor como Camões. Ao se dirigir ao rei Dom Sebastião, o poeta afirma que "a disciplina militar prestante / não se aprende, senhor, na fantasia, / sonhando, imaginando ou estudando, / senão vendo, tratando e pelejando". Repare que ele não diz "tratando, pelejando e vendo" - pois seria o caso de um sujeito que sai na porrada sem pensar. Quem não sabe escrever não cria esse tipo de hierarquia, pouco importa. Quando uma hierarquia não é tão precisa entre as palavras, o sujeito quebra a cara. Nenhuma palavra é gratuita. Um texto, por exemplo, não pode "condenar" algo quando na verdade seu autor pretendia dizer "evitar". Não.
É possível escrever bem sem ler muito?
Não!
Mas é possível desenvolver um instinto natural para escrever bem?
O instinto pode levar a escrever, mas uma pessoa simplória tende a ter um discurso simplório. Quando escrever, fará um texto simplório. Quanto mais formas de escrita você conhecer, mais habilidade terá em sua própria escrita. Sei que há quem nos desminta. Outro dia, peguei dois volumes de Rubem Braga. Um feito quando ele tinha 25 anos e outro aos 40, já embaixador no Chile. Ambos são de uma precisão, mesmo em 20 linhas. Eu, que não gosto de enfeiar com sinais gráficos o que escrevo, por vezes vejo que as coisas que faço vão ficando complexas e sou obrigado a usar travessão e intercalações para deixar tudo mais claro. Rubem Braga não faz nada disso. É de uma densidade de quem não quer nada.
Quem se expressa bem, falando, no Brasil?
Ninguém que supere o Carlos Lacerda [jornalista e político da antiga UDN, 1914- 1977]. Hoje, falam que um Pedro Simon é um grande orador e eu me escandalizo. A retórica dele é feita de gritos, de berros. Lacerda, não, trazia tudo alinhavado, com uma capacidade de argumentação impressionante. Nem locutores de TV, que lêem tudo mastigado no teleprompter [monitor de caracteres], sabem falar. Você pega o [apresentador do 'Jornal Nacional'] William Bonner, fala "errado" o tempo todo, porque enfatiza as palavras indevidamente ou enfatiza demais a frase. De todos, o [jornalista] Franklin Martins é o melhor, diz tudo de maneira correta. Veja o Carlos Nascimento. A televisão deixa o cara dar palpites, que são no mínimo conservadores, quando não reacionários - e ele nem percebe.
Dos nossos ex-presidentes e do atual - Sarney, FHC e Lula - quem se expressa melhor em português?
Que parada! Fernando Henrique diz besteiras o tempo todo. Como um cara inteligente diz que o povo deveria fazer checkup e que tem o pé na cozinha? Teria o pé na África e olhe lá. Ao dizer "pé na cozinha", é pejorativo. Fernando Henrique é empolado demais da conta. Já o Lula diz bobagens do tipo "as mulheres são desaforadas". Diz também sem saber o que está dizendo. Pensa que está elogiando, sendo engraçadinho, mas não tem noção das palavras. Ocorre que ele tem pronúncia até melhor que o FHC, mesmo engolindo palavras. Já Sarney é o Lula em barroco. Escreve um romance débil mental e passa a ser considerado uma revolução nas letras nacionais.
É atribuído a você um texto que circula na internet, uma apologia ao palavrão. Terem acreditado que se tratava de um texto de sua autoria o ofendeu em que medida?
É a pior coisa pegarem um texto que não é seu, que você escreveria melhor, e atribuir a você. Já escrevi muito sobre palavrão, e não para fazer gracinha. Em 1978, quando fiz a tradução de A Volta ao Lar, do Harold Pinter, O Globo veio em cima, dizendo que eu inseri palavrões para torná-la picante, comercial ou subversiva. Escrevi um artigo enorme contestando. Tudo que penso sobre o assunto está lá. Não preciso fazer gracinha com a questão. Mas internet é terra de ninguém. Não fiquei ofendido, nem fui lá reclamar. Isso me mata de tédio.
alguns exemplos de millor mordendo a língua**
Quando os eruditos descobriram a língua, ela já estava completamente pronta pelo povo. Os eruditos tiveram apenas que proibir o povo de falar errado.
No princípio era o verbo. Defectivo, naturalmente.
Entre o porque e o por quê há mais bobagem gramatical do que sabedoria semântica.
Por quê? É filosofia. Porque é pretensão.
Está bem, lingüista, se dois é ambos,
por que três não é trambos?
As palavras nascem saudáveis e livres, crescem vagabundas e elásticas, vivem informes, informais e dinâmicas. Morrem quando contraem o câncer do significado definitivo e são recolhidas ao CTI dos dicionários.
Devemos ser gratos aos portugueses. Se não fossem eles estaríamos até hoje falando tupi-guarani, uma língua que não entendemos.
Que língua, a nossa!
A palavra oxítona é proparoxítona.
**Extraído do Livro:Millôr Definitivo - A bíblia do caos
Porto Alegre: LP&M, 2000, 524 páginas
* thanks ao amândio cardoso, fcb portugal, que nos enviou a entrevista, extraida da Revista Língua Portuguesa, número 01, Ano 01 - Agosto de 2005 . Por Luiz Costa Pereira Junior e Marco Antonio Araujo
visto de saida
mas pelo amor dos gases meus filhos, metanol não é gás venenoso. é peido. e atrás de peido só vem merda.
terça-feira, setembro 20, 2005
botando boneco
zaragata
amanhã, tem mais millor e nadinha de zanattas.
full-agency
escolham as armas. será que ainda tem mercado ?
Assuntos de interesse dos profissionais, das agências, dos meios de comunicação, dos fornecedores e dos anunciantes eram, ali, debatidos intensamente. Aí, ele levantou o braço e, com ar superior, pediu a palavra ao presidente da Mesa:
"Essa discussão toda não leva a nada, porque não há mercado para tanta gente."
Na platéia, lotada de estudantes de comunicação, houve um silêncio geral. Ninguém entendeu porque ele tinha trazido à baila um assunto que desviava completamente do que era tratado até então ali. Na mesa, ao lado do presidente, ele sorria feliz. Tinha conseguido o que queria: aparecer.
Volta e meia alguém levanta a questão do "não tem mercado para tanta gente", pregando um susto na garotada que investe tempo e dinheiro "embora muitas vezes este saia dos bolsos do pai, da mãe ou de outro alguém" em um Curso de Comunicação.
Puro sadismo. Ou desconhecimento do que está ocorrendo por aí. É só dar uma olhada.
Diz pra mim: quantas empresas você conhece ou ouviu falar que não tem alguém para tratar da sua imagem, da sua comunicação?
Quantas empresas você conhece, que tem um péssimo trabalho de comunicação porque é atendido por amadores ou incompetentes, ou trabalha diretamente com veículos?
Quantas empresas você conhece que trabalha empiricamente com outras ferramentas de comunicação, e nunca ou quase nunca com m mídia?
Quantas vezes você deu uma volta pelo interior do Estado e descobriu, surpreso, uma empresa que faz produto de excepcional qualidade mas que nunca se preocupou em se comunicar corretamente?
Quantas vezes você se preocupou em analisar as dificuldades que emissoras de rádio e jornais regionais e locais enfrentam porque não dispõem de um só profissional de comunicação capaz de planejar, criar e produzir anúncios e campanhas de boa qualidade?
Tudo isso é espaço que precisa ser ocupado, se quisermos fortalecer o negócio da comunicação como um todo. E ocupado por gente preparada, entusiasmada, talentosa, jovem, disposta a criar sua própria empresa ou a desenvolver um trabalho profissional ou vier a trabalhar.
do eloy simões, em outubro de 2003.
ao que parece, pelas próprias palavras do eloy, vê-se que não há mesmo mercado. o espaço já foi ocupado. e como a supremacia numérica da quantidade de calhordas, incompetentes, lambe-cús, coroneiszinhos é muitíssimo maior que a qualidade dos poucos profissionais, seja no markekting, na publicidade, no jornalismo, ocupar espaço é uma tarefa que exige destes mesmo profissionais muito mais que tutano e dedicação. escolham as armas. e logo porque o referendo vem aí.
preconceito
roberto menna barreto in criatividade no trabalho e na vidam, summus editorial.
bem, conheço muita gente que padece de preconceito igual e outros tantos. mas a música que fazem - ou ouvem - não ultrapassam o bregaxé(pimbabundamusic) mas não seria isto também um preconceito ?
segunda-feira, setembro 19, 2005
memoria de elefante
e o que as agências fizeram:?
justamente o contrário.
agências pululam de estagiários cuja remuneração não dá para comprar rolos para metade do mês.
os elefantes não esquecem, não se esqueçam.
neovox
valores da unisul. para agência que atende, elocubrações, a julgar por outras palavras.
follow-up
em cada corpo o reflexo
do que eu queria ter sido.
no fundo do sexo eu buscava
o meu desejo perdido.
acabei achando outro
que em mim mesmo destruí.
foi fácil reconhecê-lo:
de tudo que vi em seu rosto
somente o ódio era belo.
esse morto adolescente
implacável e virginal
não me perdoa a desfeita
não faz mal. eu sigo em frente
nem tudo que fui se aproveita.
paulo henriques brito
domingo, setembro 18, 2005
frase da semana, do mes, do ano, de toda uma vida.
post da semana
sábado, setembro 17, 2005
o que diria a criaçao no seculo passado ?
se uma coisa aprendi nos meus tempos de amestrado, cadeira de metodologia de pesquisa das ciências sociais, é que as pessoas dão respostas socialmente aceitáveis. mas ninguém precisa amestrar-se ou socorrer-se de emplastos de estudiosos para corroborar esta opinião. uma das qualidades fundamentais de um bom publicitário é ser bom observador. quem observa e vai onde o consumidor está – ou desejaria – certamente não precisa de pesquisas para achar um conceito, formato ou tom de comunicação mais preciso. são coisas que o tempo aperfeiçoa, desde que você continue confiando no seu instinto e encostando a barriga no balcão. mas nunca cometa a tolice de afirmar isto para um atendimento. você vai ouvir o desfiado da estupide racional, leia-se boçal, calçada pela pesquisa que nem ainda foi feita. mas vamos ater-nos as opiniões de fim de século.
“ a melhor pesquisa de desempenho que existe é a venda. demora mais, mais ainda é o melhor termômetro. acho que pré-testar os comerciais é complicado. ás vezes nem é feito com a campanha finalizada e isso compromete muito. acredito que a pesquisa deve ser feita antes do processo de criação para dar idéia principalmente sobre o produto. É claro que toda regra tem exceção, mas uma idéia nova, ou que vai chocar os consumidores ao ser exibida na televisão, muitas vezes acaba sendo prejudicada ou mesmo recusada após uma pesquisa de desempenho”. luiz toledo, diretor de criação da DDB needhan.
tenho arrepios com a palavra pré-teste. primeiro porque é um grupo pequeno de pessoas em relação ao volume que será atingido com uma veiculação normal e segundo, porque a postura crítica dessas pessoas será mais acentuada na pesquisa que em suas casas. o que ocorre é que o pré-teste, dependendo da forma como for conduzido, dificulta a possibilidade de ser aceitos novos conceitos, formatos e abordagens para vender os mesmos produtos de sempre.é desejável que as pessoas gostem de um comercial, mas o problema da pesquisa é que ela não leva em consideração a mídia programada e o impacto. tudo tem de ser levado em consideração para que as opiniões dos supostos consumidores não sejam histriônicas. conheço comerciais que chamam a atenção e as pessoas odeiam, e mesmo que as pessoas adoram, mas não lembram o nome do produto anunciado. ou seja a idéia transmitida também depende da frequência. do mesmo modo, uma peça pode ser agradável, persuasiva e informativa mas não ser impactante. o raciocínio diante dos dados de pesquisa deve ser mais do que matemático”. Fábio fernandes, sócio-diretor de criação da f, nazca S&S
“ tenho medo dos pré-testes, ainda mais se eles forem realizados em animatics, storyboards, e mesmo o teste apenas das idéias, sem estar finalizado. por mais que se desenvolvam os métodos para os criativos é abominável este tipo de avaliação de desempenho dos comerciais. o pré-teste em cima do filme pronto é sempre útil para levantar alguma lebre para a criação. mas os departamentos de pesquisa da maioria das agências têm o vício de achar que o que alguém falou no teste é lei. a agência não sabe interpretar e uma grande idéia acaba fiando na gaveta. a grande maioria dos filmes que estão no ar não foi pré-testada ou, se foi, serviu para enriquecer a idéia inicial. éclaro que nem tudo que a criação faz é bom, por isso alguns dados de pesquisa servem para indicar isso, mas tem de ser muito bem filtrado”. carlos rocca, diretor de arte, salles.
“ acho que a criação ainda tem medo de ter seus filmes pré-testados porque tudo é muito vago e no grupo um determinada pessoa pode influenciar positiva ou negativamente todos os outros elementos. tem pessoas que querem mudar a opinião dos outros, outra coisa é que todo mundo achar que entende de propaganda e faz aqueles comentários desnecessários. filme de clima, por exemplo, que é cempor cento luz, música e imagem, não dá para ser pré-testado. talvez se mudassem o conceito destas pesquisas,a forma de abordagem dos consumidores poderia ser mais impactante, tal qual é quando ele está em casa, vendo televisão “. celso alfieri, redator, salles.
“ quanto a essas pesquisas de avaliação de desempenho, a minha maior dúvida é em relação ao pré-teste. a pesquisa de recall não amedronta, porque é para saber se a pessoa lembra ou não do comercial. nos grupos formados para pré-testar alguns comerciais, o consumidor deixa de ser normal, ele se sente testado, então, para parecer mais inteligente, começa a fazer longos comentários, porque acha que é muito pouco dizer “ eu gostei “. quando as pessoas são convidadas sem saber que é para avalaliar um comercial de determinado produto, acredito que melhora a pesquisa. mas o mais importante mesmo é não considerar o resultado da pesquisa como um dogma. tem que haver raciocínio em cima dos conceitos. “ eugênio mohallem, redator, talent.
“ qualquer pessoa que sendo testada quer provar coisas que não é. vai extrapolar nos seus comentários e no nível de julgamento. ela sabe que está sendo analisada e vai querer provar que entende do negócio. as pesquisas são muito relativas, porque não colocam o consumidor em seu verdadeiro meio ambiente. tenho uma posição parcial em relação ao day after, mas o pré-teste é abominável poruqe não reproduz as condições idéias do impacto que o comercial exerce no consumidor, em sua casa” atilla francucci, redator, almap/bbdo.
“ o problema do pré-teste é que ele muitas vezes não testa o que está se querendo descobrir. a própria forma é que está errada. a propaganda deve ser testada no ar, em seu meio ambiente natural. já cansei de ver filmes que na primeira exibição não impressionaram e quando estão o ar acabam sendo elogiados. não existe propaganda sem riscos e não é nenhuma irresponsabilidade dizer isso, porque o publicitário quanto mais experiência e visão, mais acertos vai cometer. júlio ribeiro tem uma frase que é seguinte: “a propaganda é uma ato de fé”. e realmente é assim, é racional no que vai informar mas os formatos e os caminhos são infinitos. o cliente deve principalmente confiar no felling da agência. algumas polêmicas não estarias no ar se fossem pré-testadas. o que deve existir é a sensibilidade com critérios. Uma das responsabilidades do publicitário é ter a percepção de quando uma propaganda é boa ou não “. ruy linderberg, vp de criação da Y&R.
“acredito que tudo ajuda a entender o processo de criação e será sempre bem-vindo. o problema é exatamente o uso, a maneira que, às vezes, desvirtua o principal. acredito no pré-teste quando reproduz as condições ideais e mais próximas do que vai para o ar. as discussões em grupo são mais enriquecedora, não sou contra. mas cada caso é um caso. o melhor instituto de pesquisa que existe ainda é a sensibilidade. evidentemente, vão surgir casos, onde a pesquisa indicará a verdade. mas outros existirão, muitas vezes dúvidas. o importante é que ela não seja vista como inimiga. nem sempre haverá unanimidade, é preciso sempre correr riscos”
newton pacheco, diretor de criação , master/PAK
“ sou a favor das pesquisas de avaliação de desempenho dos comerciais. temos aqui na agência um departamento de pesquisa que consegue avaliar bem as respostas dos consumidores. sou favorável a pesquisa tanto antes como depois de finalizada a campanha “ cristiane maradei, sócia-diretora de criação, lowe,loducca e partners.
“ de maneira geral as avaliações são técnicas e não levam em consideração os valores subjetivos. outro ponto fundamental é que o ferramental técnico não leva em conta o objetivo da campanha. a análise tem ser mais qualitativa do que numérica. os pré-testes precisam ser feitos com sensibilidade para não obter resultados distorcidos. todas as peças arrojadas têm problemas no pré-teste. o que passa é sempre morno, sem sabor” . mauro perez, diretor de criação talent.
de pesquisas aprendi algo que conduz sempre meu raciocínio. um dos entraves da pesquisa é o tamanho da amostragem. pense nisso, quando ler estes depoimentos.
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sexta-feira, setembro 16, 2005
você acredita em papai noel ?
Para provar sua tese, citou uma experiência - depois de mostrar alguns pôsteres a um grupo, um pesquisador disse que as pessoas podiam escolher qualquer um deles e levá-lo para casa. Para outro grupo, o pesquisador mostrou os mesmos pôsteres e pediu que eles escrevessem numa folha de papel quais os que mais gostavam e porquê. Depois, podiam levar um destes para casa. Decorridos 6 meses, as pessoas do grupo que simplesmente escolheu um pôster continuavam com eles, enquanto os componentes do outro grupo, o que racionalizou os motivos da escolha, haviam se livrado dos seus pôsteres. Isso aconteceu porque, segundo Gladwell, ao buscar motivos concretos para uma escolha, nos distanciamos das nossas reais preferências. Em outras palavras, uma coisa é o que dizemos ou pensamos. Outra, bastante diferente, é o que fazemos ou sentimos. Muitas vezes o consumidor está apenas repetindo aquilo que se espera que ele diga. Por exemplo - 'Nao, neste Natal nao vamos consumir tanto quanto no ano passado. Sim, a publicidade continua influenciando nossas escolhas. Claro, nossas decisoes de compra acontecem, na maioria das vezes, no ponto de venda. É evidente que sao os preços que determinam quais marcas levamos para nossa casa'. Será que eles realmente sentem e fazem isso? Obviamente, nao defendo o fim das pesquisas. Apenas acredito que elas devam evoluir. Cerca de 80% das pesquisas apenas reforçam conclusoes ou crenças enraizadas nas empresas, segundo Rohit Deshpandé, professor da Harvard Business School. De acordo com Gerald Zaltman, autor do excelente 'Afinal, o que os clientes querem?', isso faz com que os roteiros dos grupos de discussao abordem superficialmente o que os consumidores pensam sobre o que as empresas acham que eles pensam. É aí que os erros acontecem. Um bom começo seria parar de tentar descobrir o que nossos clientes querem e começar a pesquisar como e porque se comportam de determinada maneira. Nossas decisoes, quase sempre, sao emocionais e inconscientes. E isso, pesquisas convencionais dificilmente conseguirao decifrar. marinho, no blue bus. amanhã publicamos algumas opiniões de encamisados, proferidas no fim do século passado, estos no século vinte moçada, no caderno de criação do meio&mensagem. pra já concordo -sempre - com o velho bill quando diz que os redatores e diretores de arte que tiverem talento conseguirão falar com as pessoas. os que não tem, empolam-se, empulham-se e empalam-se tentando subsidiar-se com elementos de pesquisa para dar o toque pseudo-científico de legitimidade as coisas mais chatas que vemos por ai. aliás, tenho a impressão, impressão não, certeza, de que o uso da pesquisa foi incrementado na propaganda por atendimentos de plantão, aqueles aspones de sempre que costumam grasnar pelo lado racional na propaganda.propaganda é atividade de risco. como a vida. quando mais tenta se prever mais ela nos reserva surpresas. por isso, quanto mais risco mais chance de chegar lá ou de afundar de vez e não ficar nesta meia bunda que tornou a propaganda um repetição de patterns, imagens, roteiros e tudo o mais que se vê por aí.quando se reúne talentos - e talento custa caro meus senhores - tem-se sempre soluções a mão. mas há quem queira tentar fazer o trabalho com estagiários e a tal da pesquisa para apontar caminhos.por outro lado, propaganda não é coisa de artista. nem ciência. é uma técnica de vendas que usa elementos de linguagem das artes e também( mais das vezes indevidamente) ferramentas das ciências sociais e até exatas. mas e preciso não confundir as coisas. sisudice e pesquisa no sovaco ou no meio das pernas não é seriedade. porra louquice não e descontração.e isto, é coisa que só o verdadeiro talento, que é raro meus amigos, muito raro, sabe desenvolver e resolver com desenvoltura tal , que faz tudo parecer descomplicadamente fácil e resultante, o que não deve, repito, ser confundido com bisonhices aleatórias e tampouco com verdades penhoradas pela pesquisa. e isto tanto é fato que até hoje estão fazendo pesquisas pra saber como é. pesquisas que obviamente vão dar em nada.ou será que é preciso de pesquisa para saber se uma idéia é boa ou não ?quem um comercial tem punch ou não ? que a piada tem graça ou não ?que o produto funciona ou não ? que o discurso é convicente ou não ? pesquisa é como peito de silicone. você jura que não é, mais é. ou jura que não, é mais é.portanto só sabe o que realmente é quem põe a mão.e quando o talento bota a mão, ele assedia mas não ofende. ele vende. haja peito então, inclusive para deixar o talento de fora.pesquisa não passa do decote.
novo páreo para o jean
agora será sucessor do cid moreira nos cds religiosos. acabou de gravar 12, narrando as vidas de santos - luzia, paulo, francisco, cristovao, aparecida, joao batista, sebastiao, antonio, josé, expedito, jorge e judas tadeu. sucede ao astro do segmento, hoje tamém no elenco do fantastico. bial lê ainda, como 1 brinde adicional, a oração oprincipal de cada um dos santos. os discos, com seus respectivos livretos, serao distribuídos no final do ano como 'anabolizantes' para crescer as vendas de alguns jornais que, no momento, na descida da ladeira, disputam a primazia do projeto.
e depois ainda falam do povaréu que concorre ao bbb como meio de vida.
nota do gente boa, copydescada do blue bus.
quinta-feira, setembro 15, 2005
mas soh os redatores ?
A serie terminou em 1998, mas a herança de Seinfeld na TV americana nao está apenas na reprise dos episodios. Comerciais de diferentes produtos - de carros de luxo a cerveja - nao deixam o publico esquecer bordoes ou personagens. A Chrysler, por exemplo, recrutou o ator Jason Alexander, o George Costanza. No filme ele contracena com um CEO rispido (Lee Iacoca, ex chairman da montadora) da mesma forma que na serie George se relacionava com seu patrao, CEO do New York Yankees. No mesmo filme, aparece o bordao 'Yada, yada, yada', que foi tema de um dos episodios do seriado. Referências a outros personagens e trechos de dialogos estao também em comerciais para a Associaçao Americanade Aposentados e para a cerveja Coors Light. O roteirista Peter Mehlman, que há 13 anos escreveu os episodios que 'inspiram' agora os filmes publicitários acha que os redatores das agências ficaram preguiçosos . nota do blue bus de ontem.
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baião de dois: cássio não entendeu o briefing e o millor o meio ou que anuncio mais piegas da almap
Paulo Francis já escreveu que quem não é jornalista e fica escrevendo para a imprensa não bate bem da cabeça.
Mas pela primeira vez, vou cometer essa insanidade e acho que por um motivo justo.
Na edição de 21 de agosto, o Estado de S.Paulo trouxe no caderno ?Aliás? uma excelente entrevista com Millor Fernandes.
Lá estavam seu raciocínio rápido, seu imenso talento e sua justa indignação com tudo o que está acontecendo nos esgotos de Brasília.
Mas, eis que perguntado sobre o envolvimento do publicitário Marcos Valério nos esquemas de corrupção que assolam o Planalto, o indignado Millor fuzilou:
?Não é por acaso. O jornalismo é uma profissão cujo objetivo ?filosófico? é trazer à tona coisas que as pessoas não sabem. Tem um compromisso com a verdade.
Agora, qual o objetivo ?filosófico? da publicidade? A mentira. É mentir sobre o sabonete, a maionese, a margarina, o político.?
E mais para a frente, conclui: ?Não tenho respeito pela publicidade.?
Doeu. Ainda mais vindo de um homem da integridade do Millor.
Mas considero tais colocações ofensivas e explico por quê.
Primeiro, como em toda profissão, há profissionais e profissionais.
O fato de que colegas, por mais holofotes que os cerquem, tenham faltado com a ética não é motivo para generalizações.
Sou diretor de criação de uma das maiores, mais sérias, respeitadas e a mais premiada agência do país, a AlmapBBDO.Que entre inúmeras qualidades, se dá o direito de não trabalhar com nenhuma conta de governo, nem de fazer campanha
para nenhum candidato.
Claro que a publicidade tem defeitos - citaria um dos mais graves o excesso de outdoors e backlights que infestam as ruas das grandes cidades.
Mas entendo que, ao posicionar o jornalismo como ?paladino da verdade? e a publicidade como?promotora da mentira?, Millor está sendo maniqueísta.
Primeiro, quem possibilita ao jornalismo ser independente, imparcial, apurador, de não depende de verbas públicas nem de favores de quem quer que seja para praticar sua independência é justamente a publicidade.
Ou sejamos mais diretos: a principal fonte pagadora do salário do jornalista é a publicidade, que sustenta o jornal, a revista, a televisão, o rádio.
Sem a publicidade, não haveria imprensa livre, como bem apregoa Roberto Civita, dono da revista que paga Millor por publicar seus brilhantes artigos.
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Portanto, tenha sim, Millor, respeito pela publicidade.
Sobre qual o objetivo ?filosófico? da publicidade, é muito simples: a publicidade existe para anunciar, promover e vender os produtos que anuncia.
Filosoficamente, funciona na mesma esfera do feirante que anuncia tomates maduros e do balconista da padaria que anuncia as qualidades da sua
empadinha.
E isso pode ser perfeitamente feito sem mentir,dignamente, como atesta o trabalho de nossa agência.
Não somos artistas. Somos, de fato e com muito orgulho, vendedores de sabonetes e margarinas e, na minha opinião, não deveríamos ser de políticos.
Ah, sim, também somos vendedores de livros. A Almap tem o orgulho de ter em sua carteira de clientes a Companhia das Letras e de já ter anunciado autores como
Paul Auster, José Saramago, Italo Calvino, Rubem Fonseca, Ruy Castro e, assim, ajudá-los a promover seus livros.
Não sejamos tão simplistas. Como não me orgulho da atitude de certos colegas, Millor certamente deve questionar seus pares que trabalham em órgãos de imprensa controlados por políticos poderosos, que manipulam a informação de acordo com suas conveniências, contribuindo assim para a perpetuação de seus patrões no poder.
Pergunte a um político do que ele prefere ser proprietário: de uma agência de publicidade ou de um jornal.
Ousaria dizer que o jornalismo foi muito mais responsável, por exemplo, em criar a imagem de Lula do que a publicidade. Como já havia feito com Collor e FHC.
Nesse raciocínio, ainda, imagino o desprezo que Millor deve sentir pelos milhares de colegas jornalistas que trabalham em assessorias de imprensa, que recebem um justo salário para, com seu talento, promover pessoas e empresas.
Mas voltemos à entrevista. ?Os caras ficam aí se gabando de que sabem fazer slogans e passam anos para criar coisas como ?Coca-Cola é isso aí?. De quantos slogans precisam? Faço dez agora.?
Péra aí. Mas então eu começo a entender: parece que Millor é contra a publicidade ruim, banal, que infelizmente é maioria.Ou talvez seja contra os publicitários ?ficarem se gabando?.
Convenhamos: de fato, muito espaço é inutilmente gasto para a autopromoção de publicitários. Ocupamos páginas de Caras demais e Exame de menos.
Mas então volto à minha agência: apesar de ser de longe a mais premiada do país, é provável que Millor nem soubesse da nossa existência. Nem nunca deve ter ouvido meu nome. Nem dos sócios da agência. Ótimo, estamos no caminho certo.
Enfim, gostaria de acreditar que tal generalização tenha sido mais fruto de uma indignação atropelada do que de um raciocínio coerente. Não sou defensor de minha classe nem tenho procuração para isso. Só resolvi escrever porque, ao terminar
de ler a entrevista, olhei para meus filhos Pedro e Maria brincando na sala,
e pensei no que um dia eles pudessem pensar de mim.
Cássio Zanatta é diretor de criação da AlmapBBDO
quarta-feira, setembro 14, 2005
visto de entrada
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quarta à portuguesa: não faço o que digo mas façam o que eu não faço. nizan guanaes à zé do pipo
Nesses últimos 40 anos, cobertos com competência pelo caderno, nós, publicitários, construímos coisas grandes e belas. Juntos fizemos o país gostar de propaganda.
E fizemos a propaganda brasileira ser admirada no mundo.
O povo brasileiro gosta de propaganda. E gosta da nossa propaganda. Tornamos os publicitários conhecidos e respeitados. Participantes da vida do país. Famosos além do muro da propaganda.
Entretanto, de alguns anos para cá, deixamos alguns mauricinhos, em seus ternos engravatados, tentarem tornar suas verdades cinzas em verdades nossas.
E tentam tornar essas meias-verdades em verdades absolutas. Lero-lero do tipo: Só no Brasil o publicitário tem a importância que tem.
Mentira. Lord Saatchi é publicitário. Virou Lord, tem uma das maiores coleções de arte do Reino Unido. E é parte atuante do stablishment inglês.
Assim como Sir Martin Sarell é hoje. E como Sir David Ogilvy foi no passado. Assim como Jacques Seguela tem participação atuante na política francesa. E James Carville é figura conhecidíssima nos Estados Unidos.
Todos com visibilidade, programa de TV, livro. Dizendo coisas geniais ou pisando no tomate como todos nós mortais. Mas, de tanto ouvir essas nulidades repetindo que nossas gravatas são extravagantes, que aparecemos demais, que somos barbies, estamos jogando na retranca.
E, com medo disso, ao preenchermos a ficha do hotel, nos denominamos empresários. Falamos agora todos iguais. Nos vestimos todos agora tom sobre tom. As nossas respostas são todas respostas de miss.
Está na hora de esse mercado ser um pouco mais ele mesmo. Estão faltando frescura, frivolidade, charme. É preciso ter pertinência, consistência, responsabilidade, mas não é preciso ser tão chato.
Propaganda é uma atividade de artista. É uma indústria séria como o cinema. Mas é também uma arte.
É uma arte cara, feita por pessoas especiais.Meio mmalucas. Não são patos. São cisnes.Que tiram idéias grandes de coisas banais. Que tornam um produto uma
marca. E que fazem fortuna para os outros. E que têm de ser, portanto, reconhecidos, bem pagos e ouvidos nessa sociedade como Isay Weinsfeld, os Irmãos Campana ou Fernando Meirelles.
E, se não são especiais, se não são interessantes, se não têm idéias inusitadas, não são publicitários. E, portanto, não merecem as regalias, a visibilidade e nem serem ouvidos.
Mas não podemos deixar os comuns tentarem nos envergonhar de termos nascidos diferentes.
Não seja um publicitário enrustido, amigo. Vamos lá. Vamos sair do armário. Sim, mãe. Sim, pai. Eu sou publicitário. Carrego dentro de mim essa gravata com estampa. Sim, eu tenho esse ego que dizem que é de
publicitário (mas que aparece também em médicos, políticos,engenheiros, arquitetos, atores de cinema).
E, apesar dessa meia vermelha, eu pago meus impostos e faço o paíscrescer. Gero empregos, fabrico riquezas e divisas. Sim, eu sou publicitário. Gosto de coisas com design, amo trocadilhos e frases de efeito. Mas os monges também têm seus jargões e seus tiques.
E, pelo fato de ser um cisne, não vou passar a vida me fantasiando de pato. Só para que os patos de nascença se sintam melhor. É claro que um texto como esse é um prato cheio para o rancor, para a lição de moral.Para os torquemadas que usam a falsa humildade para lançarem
pensamentos diferentes na fogueira.
Mas vamos lá, meus amigos. Chega de bancarmos os empresários. Detentarmos ser low-profile que nem banqueiros. Que os banqueiros sejam banqueiros, que os empreiteiros sejam empreiteiros e que nós sejamos nós. Artífices da palavra, espíritas de idéias. E, por sermos assim diferentes, a Rainha nos batizará como Lords. O povo cantará nossas músicas e contará nossos filmes.Sejam os publicitários como o nosso companheiro, o jornalista Roberto Marinho, foi sempre: jornalista Roberto Marinho. E, sendo jornalista e apaixonado por seu ofício, construiu um império.
Não, esse mercado não pode ser tomado por mauricinhos que não fazem anúncios. Só fazem lobby. Que ficam puxando o saco de empresários e imitando esses empresários como replicantes.
Nós somos o inconformismo. A voz da New Age. Os filhos de Aquários.Nós somos, perante a indústria e o comércio, a voz dos jovens, do povo.Nós somos o novo, o imprevisível, o diferente.Perante o banqueiro sisudo, o empresário que vive preso no seu escritório, no seu universo, no seu mundo, nós somos a voz das bichas
E dos chapados.Nós somos o ponto de interrogação nas organizações. A contramão. A provocação.
E, se deixarmos de ser isso, nosso espaço nessa sociedade será nenhum.Como aqueles que tendo nascido cinzas, chatos e mauricinhos querem. Que fiquemos todos iguais para sermos patos como eles.
Nizan Guanaes
Presidente
Africa Propaganda
sobre nizam muito já foi dito mas nada mais acertado do que no post de ontem sobre churrasco sem sal.
a passos da genialidade, quase o maior redator da publicidade brasileira e no top ten mundial, nizam enveredou pelo caminho que lhe encheu ainda mais a pança, mais que publicitariamente o esvaziou, salvo os rasgos na criação de modelos de negócio como a africa e os demais que em breve vamos conhecer.
não se trata de desmerecer o emprego do seu talento outrora empregado exclusivamente na criação de peças memoráveis e que agora monta-lhe o cerebelo na pele do empresário mídas.
talvez, por sermos publicitários e gostarmos de cisnes e não de patos – nem de patos bravo –ficamos a desejar o criativo nizam em vez do empresário nizan.
afinal, nizam, tornou-se o maior mauricinho da propaganda brasileira para desgraça do roberto justus.
e como lobbysta então, parece ter superado – e gostado – seu talento. tanto que escreve o texto como o nizan de ontem como se este ainda fosse o nizan de hoje.
talvez mais terreiro e menos daslu e ele baixe novamente dando o exemplo de como é terrível e maravilhosa toda e qualquer queda para cima.
vacas magras
Vendas abaixo das expectativas levaram a um corte paramanter rentabilidade. A Nestlé Portugal decidiu cortar em oito milhões de euros o seu investimento em comunicação para esteano.De acordo com o administrador-delegado da empresa, Bruno Le Ciclé, a medida foi tomada devido à perspectiva de um crescimento mais moderado das vendas
do que estava previsto inicialmente. O valor de 8 milhões corresponde a cerca de 1,2% do total de vendas da Nestlé emPortugal.
A empresa tinha um plano de investimento em comunicação que passava pela aplicação de 71 milhões de euros em 2005, mais cinco milhões do valor do ano passado. Com esta medida, o investimento da Nestlé, que trabalha com a Publicis e aWPP, será de 63 milhões
de euros, menos três milhões do valor de 2004. “O crescimento das vendas ficou aquém das
expectativas”, afirmou Bruno Le Ciclé, tendo subido 1% no primeiro semestre para os 345,1 milhões de euros.
Para este ano, a Nestlé Portugal estima crescer 2% face a 2004, ano que em que teve vendas de 693,3 milhões de euros. Inicialmente, a empresa apontava para uma subida de 3%. Os primeiros seis meses representam 40% das receitas totais, ficando o segundo semestre com um peso maior devido ao Natal.
Bruno Le Ciclé destaca que, mesmo com uma ligeira subida de 1% no primeiro semestre, este é “um bom resultado, devido às dificuldades económicas que o
país atravessa”. Face à conjuntura que limitou a subida das vendas, o
gestor optou por reduzir o investimento em marketing e publicidade para atingir
os objectivos delineados com a casa-mãe, nomeadamente em termos de níveis de
rentabilidade da Nestlé Portugal. De acordo com Bruno Le Ciclé, o investimento técnico
de 13,2 milhões de euros, orientado para os equipamentos ou unidades fabris,
será cumprido conforme o previsto. A empresa aplicou, por exemplo, um milhão de euros no
reforço da distribuição da unidade de Avanca, aumentando em 33% a capacidade
de armazenamento.
Esta medida permite vender o centro de distribuição de Alverca. A Nestlé terá um encaixe de 9 milhões de euros, já que esta unidade está a ser colocada no mercado por 10,5 milhões de euros.
Nestlé nas mãos da Publicis e da WPP
Em Outubro do ano passado, a Nestlé deixou a agência de meios Media Planning para passar a concentrar o seu planeamento e compra de meios nas agências Publicis e
WPP.
Com esta alteração, o grupo agro-alimentar “poderá tirar benefícios substanciais para a empresa, e garantirá mais eficácia a nível do marketing”, referiu a empresa, acrescentando que “apenas a Nestlé Japão continuará a trabalhar com a Dentsu”. Em Portugal, a
empresa pode escolher várias agências dentro dos grupos mundiais WPP e Publicis. Até Agosto do ano passado, a empresa em Portugal tinha investido 31,2 milhões de euros contra os 46 milhões do total de 2003. A conta global da multinacional suíça de produtos alimentares está avaliada em 1,3 mil milhões de euros.
no diário económico de ontem, matéria do luis villaslobo, colaboração do stenzel que sublinha, " antigamente isso só acontecia com cliente pequeno ".