quinta-feira, fevereiro 23, 2006

finge que não é contigo

1. A comunicação de marketing passa, no Brasil, por uma fase complicada, pressionada que está por anunciantes, governo, parlamentares. Denúncias, projetos que atingem diretamente o setor, retorno das houses e vai por aí afora. Abap e Fenapro se mancam. Donos de agência se limitam a disputar o que resta. Publicitários fingem que isso não os atinge.

2. Regulamentação da profissão de publicitários (ou re-regulamentação, como quer Emílio Cerri; ou é desrespeitada, como afirma o Sindicato das Agências do Rio Grande do Sul) é assunto ignorado pela maioria. Donos de agência, e grande parte dos profissionais e estudantes estão pouco se lixando; cursos de comunicação e respectivos professores, fingem que ao é com eles. Não querem se comprometer. Enquanto isso, amadores e picaretas deitam e rolam. E os cursos de comunicação perdem prestígio e alunos.

3. Diretor de renomada escola de comunicação diz que estudantes, inclusive os formados por ela, não têm de ter direito nenhum; professor de ética em curso de jornalismo de faculdade famosa afirma ser contra o direito adquirido pelos jovens que se preparam para o exercício dessa profissão.

4. Empresários e Profissionais de comunicação de marketing não se reúnem para discutir conjuntamente seus problemas – que, aliás, se agravam. O assunto Congresso está proibido. Todos se calam, a maioria porque se julga esperta – e não quer se comprometer.

5. Festas se sucedem no meio publicitário. Todo mundo faz questão de fingir que está feliz.

6. A imprensa especializada só aplaude.

7. À pergunta “como foi o ano passado?”, empresários de comunicação de marketing afirmam que foi ótimo. À pergunta “como vai ser este ano?”, acentuam, “melhor ainda”. Enquanto fazem esse jogo para a platéia dispensam gente, comprimem salários, abusam dos estagiários (que por sinal se sujeitam, pacifica e “espertamente”, a essa situação constrangedora).

8. Os criativos se dizem felizes, enquanto a criação atinge o patamar mais baixo dos últimos anos. (Pra não dizer que só eu penso assim, faço questão de transcrever notícia veiculada no site Propaganda e Marketing: “A Fischer América divulgou, em seu site, um filme intitulado Bundalismo. A peça traz um professore que fala sobre a doença que, na visão da agência, afeta os profissionais de criação: o Bundalismo. O professor mostra como descobrir os sintomas desta doença, ao apalpar as nádegas de um paciente para detectar pontos flácidos. Segundo a agência, a intenção do filme é fazer uma crítica e colocar em discussão no mercado a falta de ousadia e a coragem nas criações feitas atualmente pela publicidade nacional”. A iniciativa é boa, mas, para variar, a peça é muito ruim.)

9. Nepotismo: embargadores e juízes resistiram – alguns, segundo notícias, ainda resistem – ao cumprimento de recomendação da justiça.

10. O Congresso Nacional tem dado exemplos vergonhosos ao país. Deputados e senadores não se envergonham em dizer que se orgulham desse desempenho. E muitos serão reeleitos.

11. Maluf ganha espaço gratuito na TV.

12. Depois de tudo o que foi revelado ano passado, tem petista feliz. E pesquisas mostram que Lula está na frente.Mário de Andrade continua com razão.

macunaíma está vivo, do eloy simões para o www.acontecendoaqui.com.br

Um comentário:

LC disse...

"É a Lei do Deixa-Que-Eu-Deixo que impera soberana na República do Faça-O-Que-Eu-Digo-Não-Faça-O-Que-Eu-Faço."

A vidência no Brasil, meu caro Celso, é um ato de evidência.