o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
segunda-feira, dezembro 13, 2010
desaconselhável para menores de tudo ou melhor que i-pad
Ele morreu na manhã do dia 4 de fevereiro de 1997, horas depois de exibir sintomas óbvios de infarto. Freqüentava um médico barato na capital americana da medicina. Caiu em casa, a um quarteirão de onde trabalhávamos da produção do Manhattan Connection.
Lembro daquela manhã em câmera lenta ― incredulidade misturada a gestos práticos, como manter segredo sobre o número do apartamento onde sua mulher Sonia Nolasco aguardava em choque a chegada do rabecão em companhia de Lucas Mendes. Um repórter ligou para a minha casa e tentou enganar minha filha para obter a informação.
Onze anos depois, ao passar pelo Brasil para comemorar os 15 anos do programa que existe graças, em parte, à estrela do Francis, sinto um certo descompasso entre o jornalista que se tornou meu amigo ao longo de anos de convívio diário e um fenômeno que, se não inventamos, emerge entre nós com uma freqüência triste. É a necrofilia de canivete suíço ― a memória dos mortos apropriada por sua múltipla utilidade. O Francis é um defunto conveniente, por mais de um motivo.
Sua coragem intelectual era baseada em décadas de experiência e pensamento crítico. Ele era produto de um Brasil hoje difícil de imaginar ― mais exatamente um Rio de Janeiro gentil e cosmopolita, onde o humor, a Bossa Nova, os escritores e a paisagem compunham um tableau irresistível. Depois de 23 anos de exílio voluntário, um dos meus prazeres secretos é ouvir a música do português falado por cariocas letrados com mais de 60 anos. Nenhum gerúndio idiota, o ritmo ondulante, os erres e esses macios mas não massacrados pelo surfês.
O ex-trotskista que, antes de morrer, tomou ódio de Fernando Henrique Cardoso numa guinada para a direita que, no final, parecia mais operática do que analítica, enfrentaria uma cobrança pós-11 de setembro. Como seria a coluna do Francis no quinto aniversário da brancaleônica invasão do Iraque? Como ele reagiria à ignorância analfabeta de George W.? Sofreria de cegueira ideológica ou, como seu recém falecido objeto de admiração e porta-voz conservador William Buckley Jr, escreveria sobre a estupidez criminosa que marcou a invasão?
Por pertencer a uma geração menos exposta ao comercialismo crasso travestido de maturidade empresarial, Francis foi poupado de rapazes imberbes com MBA's. Ele se consolidou como comentarista de TV numa época em que o então diretor da Central Globo de Jornalismo, Armando Nogueira, cujo crédito pela manutenção do comentarista no ar não é devidamente atribuído, o protegia da ira de seus inimigos com acesso a Roberto Marinho.
Fazemos um desfavor ao Francis quando o consideramos em termos absolutos e projetamos nele a carência por um pater famílias editorial. Toda a reação por e-mail à morte do Francis dirigida ao Manhattan Connection bateu primeiro no meu computador. Só o 11 de setembro entupiu mais a minha caixa de correio eletrônico. O volume era de tal ordem que concluí serem os missivistas não apenas espectadores ou leitores com preocupações sobre o fim da guerra fria ou um eventual impeachment de Bill Clinton. Inúmeras cartas expressavam um sentimento de orfandade, até entre pessoas que discordariam da maioria das opiniões políticas emitidas em suas colunas. É natural que a televisão desperte este tipo de reação. O clichê do desconhecido que se torna uma figura familiar por entrar na sua sala de visitas pode ser facilmente aplicado aqui.
Mas, no caso do Francis, o luto antecipava a realidade. Afinal, depois que ele nos deixou, o colunismo se tornou epidêmico na imprensa onde o modelo de negócio fez encolher os jornais e a opinião custa mais barato do que a reportagem.
A originalidade representada pelo Francis ― um intelectual que engaja o leitor mesmo quando expressa opiniões difíceis de sustentar ― foi substituída pelo que um observador brilhante definiu como o novo colunista: uma atitude em busca de oportunidade. Ou, como disse o editor Paulo Roberto Pires, ao evocar outras tradições da polêmica brasileira, o dardo que se promove à custa do alvo.
Francis era capaz de fazer generalizações truculentas sobre seus inimigos ideológicos ou estéticos. Não devemos esquecer que ele era um esteta e um iconoclasta. Podia irromper numa ária em meio a uma discussão sobre a queda da bolsa ou derreter-se ao descrever uma pintura de Pierre Bonnard. Ele era independente o bastante para voltar atrás e não transformava seu eventual extremismo num pacote marquetável. Eu o vi ser cordial e até carinhoso com pessoas que teria destruído por escrito.
"Ele era um conservacionista, não um simples conservador," corrige Sérgio Augusto, o jornalista cultural e colaborador do Estado de São Paulo. "Fui apresentado a ele pelo José Lino Grünewald, em meados dos anos 60 em frente ao cinema Vitória, na Rua Senador Dantas, um dos movie palaces do Rio de Janeiro", lembra o jornalista, que recebeu de Millôr Fernandes o merecido apelido de Sérgio Augoogle. "West Side Story foi lançado naquele cinema." Sérgio destaca a generosidade do Francis a quem deve dois empurrões que marcaram sua carreira ― os empregos no finado Pasquim e na Folha de São Paulo, de onde saiu, em 1996. Na ocasião, Francis lamentou a perda de Sérgio Augusto com uma frase que cada vez mais serve como mantra: acabou o asfalto.
Sérgio argumenta que o ex-colega defendia os cânones e seu amor à arte aplacava as incongruências políticas. E nota a ironia ― um dos mais famosos jornalistas da história da imprensa brasileira não era um estilista.
Várias vezes eu o testemunhei perplexa ditando o texto por telefone sem hesitação, seu leitor mal sabia que fazia o papel do psicanalista silencioso diante daquela copiosa associação livre. "Francis dizia que escrevia em alemão mal traduzido", conta Sérgio Augusto, divertindo-se com memórias de seu notório desprezo por checar fatos. "Quando a Ava Gardner morreu, Francis escreveu que ela havia se casado com um baterista débil mental. Ele confundiu Artie Shaw, o marido com o Gene Kruppa. Shaw era tão culto que a Ava se sentia obrigada a ler para acompanhá-lo."
Sei que o Francis vai ser lembrado por doses de misoginia. Mas, como trabalhei com ele todas as manhãs, de 1985 a 1990, no antigo escritório da Globo na Terceira Avenida, há que jogar luz sobre as outras faces. Conheci o colega mais velho que me puxou de lado, nos meus 28 anos, e fez um diagnóstico solidário dos desafios no casamento, na maternidade e na profissão que poucas amigas feministas teriam articulado então. Ele exibia um prazer genuíno e não angústia de castração ao ser apresentado a uma mulher inteligente. Adorava humor traquinas. Tinha uma dificuldade lendária de enfrentar manhãs e, como chegava ao escritório entre nove e meia e dez horas, acabava de acordar na pequena redação. Ao vê-lo entrar no escritório com um restinho de pasta de dentes no canto da boca e um ar ainda confuso, perguntando "O que está acontecendo?", eu o divertia com a provocação: a sua pergunta se refere ao mundo ou à minha vida sexual? "Primeiro a sua vida sexual, é claro!", ele exclamava.
Por que passamos tanto tempo falando de Paulo Francis, independente de termos desfrutado de sua companhia ou acompanhado sua trajetória com atenção?
A celebridade se tornou a perversa referência moral, existencial e política. Francis tinha se tornado personagem, como lembra Sérgio Augusto, ao citar o episódio do espectador que assistia ao Jornal da Globo num monitor da estação de trens e exclamou: "Este Chico Anysio é muito engraçado!" Mas havia substância por trás da fama.
Hoje Oprah Winfrey investe-se de autoridade para, ao mesmo tempo, combater a pobreza na África do Sul, discutir sexo entre adolescentes e encenar a humilhação pública nacional de um memorialista best-seller que fabricou fatos. Vivemos num lodaçal de platitudes servidas a consumidores da auto-ajuda.
Paulo Francis era um brasileiro germânico que jamais faltava ao trabalho, gravava seus segmentos quantas vezes fosse necessário. Tinha uma visão meritocrática e francamente elitista do mundo, enquanto mastigava um sanduíche letal em conversa animada com o motorista da Globo. Esta visão era mais generosa do que o pseudo-igualitarismo que grassa em tantos pastos da mídia contemporânea. O que diria Paulo Francis de tantos blogs, com fotos de gatinhos de estimação e recordações de viagens entediantes?
O populismo conservador, imagino, teria sido indigesto para o "Francês", como o chamava Paschoal Carlos Magno, responsável pelo apelido que nos poupou de enrolar a língua com o longo Franz Paul Trannim da Matta Heilborn.
Ao abrir o New York Times, numa manhã fria de março, e descobrir que Rupert Murdoch decidiu desfigurar a tradicional primeira página de um de seus diários favoritos, o Wall Street Journal, Francis teria se apegado como um oportunista ao conservadorismo de Murdoch? Ou teria esbravejado contra mais uma referência cultural destruída?
O mundo, segundo Rupert Murdoch, de programas como American Idol e America's Most Wanted seria tóxico para a constituição de Paulo Francis que proclamava, no ar, ao assistir a variados segmentos de cultura popular: "Estou tecnicamente morto!" Era seu grito de guerra, ou melhor, de frustração com a mediocridade, hoje fartamente representada pelo anti-intelectualismo conservador.
Paulo Francis não deixou herdeiros, e a idéia de que qualquer pessoa o substituiria, seja na reunião de condomínio ou em qualquer mídia, o faria explodir em palavrões. Ele era ciumento, zeloso do lugar que conquistara com sua história e não com sinergias. "Assim como Glauber Rocha deixou filhos bastardos, Francis deixou apenas imitadores", conclui Sérgio Augusto. "A 'esquerda cuecona'", a expressão é de sua lavra, "é tão burra que não é difícil demarcar seu território no outro extremo ideológico. Você já sabe o que estas pessoas vão escrever, ao contrário do Francis, que continuava a nos surpreender."
Desconfio que a memória do amigo saudoso, capaz de fazer uma imitação impagável do baiano malemolente, seria beneficiada por umas férias no litoral, longe da multidão insensata.
(meu amigo paulo francis, da lúcia guimarães, no digestivo cultural de tempos atrás publicando o texto gentilmente cedido pela autora que originalmente foi publicado na revista S.A.X., em abril de 2008).
p.s. os cursos de jornalismo hoje não valem sequer meio artigo do paulo francis, menos por suas estocadas e mais porque pior do que jornalista sem caráter(e culhões) é jornalista que não lê, até porquê o i-pad para esta geração diploma só vai servir para pendurar no pescoço)
quarta-feira, dezembro 08, 2010
autoajuda
Tom Bernardin, CEO da Leo Burnett.
(o medo é tanto neste mercado, que quando a oportunidade aparece há quem a veja como pura cagada).
segunda-feira, novembro 29, 2010
quando a decadência empata com a insurgência
Chamadas de consultoria de branding e planejamento para despistar o policialesco sistema brasileiro de controle sobre a livre iniciativa no setor de comunicação, essas empresas se multiplicam abastecidas por profissionais de inquestionável competência, optantes por dar à propaganda brasileira novos ares.
Sufocados por um sistema hegemônico que demoniza as iniciativas de alinhar o Brasil ao que há de mais moderno no mundo, como a adoção de outros modelos que não suportam a ineficiência das agências full service, esses publicitários conseguem empreender seus negócios por conta da miopia dos veículos controladores da mídia no Brasil.
É bem verdade que devemos esse cochilo ao Ministro Franklin Martins, atual alvo de preocupação das poderosas empresas de comunicação que perseguem o fantasma do controle da mídia representado pelo jornalista. Empenhados nessa inócua tarefa, os verdadeiros controladores da mídia no Brasil esquecem que as agências de planejamento representam ao modelo da propaganda brasileira o mesmo “risco” que as agências de mídia. Mas como não há risco algum em nenhuma das iniciativas e as agências de mídia só são vetadas no sistema brasileiro para que a hegemonia dos meios se perpetue, deixem os “meninos do planejamento” montarem suas estruturas.
As agências full service não dão mais conta do recado. São gigantescos birôs de mídia, travestidos de outros serviços e que agora não contam mais com a excelência do planejamento, cansado de ser coadjuvante em um cenário onde, verdadeiramente, só se pensa em mídia e incentivos. BV`s para os iniciados.
Se de fato conseguirem aproveitar o sono do gigante e prosperarem em seu objetivo de conferir aos anunciantes brasileiros um planejamento de qualidade desvinculado das estruturas de mídia em que se transformaram as chamadas agências convencionais, o mercado brasileiro da propaganda terá dado um grande passo para romper o preconceito.
Diante dessa perspectiva é estimulante prever que a proibição de funcionamento de birôs de mídia no Brasil provoca um fenômeno na contramão da história, mas de impacto similar: serviços como o planejamento e a criação tendem a migrar para estruturas autônomas e independentes, transformando as atuais estruturas em agências exclusivamente de mídia.
É a decadência do modelo brasileiro de propaganda. Ainda bem!
( a decadência do modelo brasileiro de propaganda, do andré porto alegre ).
como de decadência eu entendo mais do que muita gente decaída, reafirmo que é preferível o "velho modelo" full agency, tocado obviamente por gestores de talentos do que a fragmentação de planejamento e coisas do tipo 360 que não passam de muita merdance pra piniquinhos de mba´s. a questão não é o modelo. é a falta de caráter e consistência de quem desafina o modelo por questões outras que também são a atividade de traficância de espaço.
quarta-feira, novembro 24, 2010
cadernos de bacalhoada
o diário conseguiu enfim inovar uma velha máxima do jornalismo. aquela onde se diz que nada mais velho do que um jornal de ontem.
pois bem: o diário se reinventou: nada mais velho do que um jornal do amanhã enfim. é o que consegue com esta definição de posicionamento de jornal do amanhã. conceito mais do que ultrapassado. e que para piorar, é assinado por quem engrupa e comete estelionato a cada fim de semana(vende no sábado o jornal do domingo) contra os seus leitores e o próprio jornalismo em nome da rentabilização operacional que prefere servir peixe frio tratado no cardápio como frito. waal! o diário é a toyota dos jornais, com a diferença que seu just in time é uma completa inversão do conceito e do conceito de jornalismo. busca enxugar tanto os custos que cada matéria já vem com recall franzido, falando-se da edição dominical, onde outra inovação também faz registro: se jornal só serve para embrulhar peixe no dia seguinte, o jornal do domingo já no próprio pode ter a serventia, pois já é passado no presente que não tem futuro a não ser para quem tresanda a bacalhau mas nem isso, quedando-se pirarucu, que no caso dos filhotes(aqui pe) inova ainda mais vendendo como peixe do gosto popular o podre, sendo ele próprio conteúdo e envoltório.
assim, em lugar de tantos focos de artifício, menos. que se acendam mais velas de pesar a credibilidade destes 185 anos mais ladinos do que nunca.
segunda-feira, novembro 22, 2010
o zeca pagodinho das motos
o hulk subitamente deixou de ser amarelo para ser vermelhinho.
pudor de meter o nariz onde não devia?
parece que não. o garotinho propaganda responsável pelo lançamento das motos dafra no brasil - mais que isso da carga institucional da marca - agora resurge serelepe anunciando a fase verdinha da honda.
deste menino luciano ninguém tasca o troféu óleo de peroba. e o pior, é que o mais que nunca esverdeado ainda" vai de taxi pra casa".
p.s. no site reclameaqui, a dafra e o luciano estão mais sujos do que o óleo que andou vazando das motos. será por isto que ele mudou de cor? ah! então tá bom. o que seria do verde se todos gostassem do amarelo não é mesmo cambada?
sexta-feira, novembro 05, 2010
enfim um(publicitário)português de coragem ou a utopia sonhada vem à cabeça sim para ser praticada
DECLARAÇÃO DE INDEPENDÊNCIA
Depois de mais de uma década ao serviço dos grandes grupos publicitários deste mundo, Omnicom e WPP, chegou a altura de proclamar a minha independência.
Proclamo independência das estruturas de tonelagem superior ao sustentável, do trabalho em comité e das realidades pseudo-modernas onde até se sistematiza o uso do chinelo. Proclamo independência de processos inventados, e bem, por grandes homens como Bill Bernbach, que eram óptimos quando ainda nem se vislumbrava a possibilidade de existir tecnologia que nos liga a tudo e todos deste mundo. Proclamo independência de duplas e triplas e de reuniões placebo com equipas e 76.754 pontos de situação que não deixam a situação evoluir. Proclamo independência de pessoas que trabalham nesta área, mas não têm o talento indispensável para o fazer. Proclamo independência dos misteriosos senhores das folhas de Excel que decidem os nossos destinos de uma forma muito estranha e sempre irrefutável. Proclamo independência do servilismo que é insistentemente confundido com serviço ao cliente. Proclamo independência dos fees e dos overheads, das margens e das comissões de agência e de cobrar tudo menos o verdadeiro produto do nosso trabalho, que são as ideias. Proclamo independência de todos os negócios parasitas que se arrastam atrás destas imutáveis e imanobráveis comitivas. Proclamo independência da mediocridade, da falta de personalidade, dos posicionamentos todos iguais, do constante mais-do-mesmo e da dificuldade para fazer diferente. Proclamo independência da publicidade que não funciona, que apenas serve para encher o espaço inútil que o cliente pré-negociou para o ano inteiro. Proclamo independência da bullshit, das apresentações vazias e dos tão reais 360 graus, pelos quais tudo fica exactamente como estava. Proclamo independência de todos os que insistem em encarar esta actividade, que tem tudo para ser nobre, como um supermercado de clichés e de todas as cópias de loja do chinês que por aí vão aparecendo. Acima de tudo, proclamo independência de todas as complicações inventadas para cobrar o incobrável e para disfarçar a incrível falta de talento que tanto abunda neste nosso mundinho, que tem tudo para ser o melhor mundinho do mundo.
Adoro a minha actividade profissional e em todas as agências por onde passei fiz centenas de amigos para a vida, aprendi muito e passei momentos tão bons que não os trocaria por nada. Mas todos os que privaram comigo também sabem que, no meu entender, esta maravilhosa indústria tem vindo a cair num vórtice de inseguranças que não acompanham a saudável mudança que está a ocorrer no nosso mundo e na sociedade. Essas inseguranças e alguma gente com poder e sem talento – que, infelizmente, também existe na nossa actividade – têm vindo aos poucos a envenenar, temo que de modo irreversível, as grandes agências, heranças de pessoas geniais que decerto não gostariam nada de presenciar algumas situações que acontecem em empresas que ostentam os seus nomes.
Não proclamo independência de todas as pessoas e coisas boas que existem na indústria da publicidade. Só proclamo independência do mau para fazer crescer o bom e vou arriscar tudo e tentar fazer essa agência de publicidade onde sempre sonhei trabalhar e que só se podia chamar Lalaland.
Como gesto simbólico desta proclamação de independência, começo por leiloar o meu último cartão de visita da JWT em http://cgi.ebay.com/ws/eBayISAPI.dll?ViewItem&item=160499458245 e convido-vos para serem cidadãos honorários desta terra sem fronteiras e com poucas regras em www.facebook.com/lalalandpage e em breve em www.lalaland.pt
(enquanto isto no nordeste - e claro no centro-sul) a covardia sempre acoplada a mediocridade grassa como dengue. não é a toa que o publicitário do ano, "por exemplo", em pernambuco, é prócer de agência que se autodenomina como ampla mas faz," por exemplo", no varejo um trabalho mais restringido ao faturamento, e tão só, impossível. isso, só "por exemplo", é o pior exemplo ao que nos reduz a covardia que eleva a mediocridade a referência, que por sua vez nos que leva a falta de independência, que por sua vez mata, e marca, de forma indelével, a morte das idéias, e das imensas possibilidades de uma atividade que, por mais contraditória que seja, traz em sí o melhor dos mundos e o pior dos mundinhos).
domingo, outubro 24, 2010
josé rousseff
segunda-feira, outubro 04, 2010
é o fim ou seria o começo da picada?
terça-feira, setembro 28, 2010
inversamentes desproporcionais
Estava na semana passada ministrando aulas em um MBA quando um funcionário da instituição, bem desanimado, comentou que um primo dele tinha até doutorado e estava ganhando uma miséria fazendo bicos. Aguardava uma bolsa para estudar mais um pouco. Injustiça, né?
Mas será mesmo?
Sinceramente, acho que não. Pela descrição do perfil, parece que o rapaz é estudante profissional. Não há nada de mal nisso, mas que ninguém espere ganhar fortunas dependendo apenas de bolsas de estudo.
O problema é que algumas pessoas costumam levar ao pé da letra aquelas manchetes escandalosas publicadas nas capas de revistas de negócios dizendo que um curso de MBA pode aumentar seu salário em muitos porcento. Vejo gente fazendo as contas do investimento, computando a diferença entre a mensalidade e o incremento no contracheque que espera obter. O problema é que não acontece automaticamente, como muitas reportagens querem fazer crer; então, o que se vê por aí é uma legião de pós-graduados subempregados e reclamando da vida.
A questão é que, diferente do que possa parecer, o mercado não faz concursos nem paga mais para quem tem mais diplomas. O mercado remunera melhor quem consegue gerar mais valor, tendo ou não uma pilha de certificados. E é pior contratar uma pessoa sem noção, mas com diploma, pois essa pessoa não vai querer tirar xerox ou fazer serviços “menores”.
O diploma nada mais é do que um comprovante que você teve acesso a um conjunto específico de informações que lhe foram apresentadas de maneira estruturada e com orientação de outros profissionais, supostamente experientes e conhecedores da matéria. Você ganha esse pedaço de papel quando consegue provar para a instituição que o emitiu que conseguiu assimilar essas informações de maneira satisfatória. E só. Lá não tem nada dizendo que agora você é melhor que os outros, que ficou mais inteligente ou que merece um aumento. Pode procurar, garanto que não tem.
Então, como é que o diploma pode ter a ver com aumento de salário? As revistas estariam mentindo?
Não estão. É que, teoricamente, se você tem vários diplomas, teve acesso a vários conjuntos de informações específicas. Isso aumenta muito as suas chances de recombiná-las e criar algo que, de fato, tenha valor para o mercado. Que faça diferença na vida das pessoas. Que seja desejável a ponto de alguém poder pagar mais por isso. Quanto mais cursos, mais combustível e mais matéria prima para converter em excelência. Quem sabe aproveitar isso, ganha mais, claro.
Se, ao contrário, o sujeito pega o papel, emoldura ou então guarda na gaveta e esquece as tais informações, sem fazer nada de útil com isso, então, sinto informar, mas valeria mais a pena ter ficado em casa vendo novela. Seria mais barato e menos frustrante. Há alunos que estão claramente perdendo o seu tempo: pagando as prestações de um diploma que não servirá absolutamente para nada, uma vez que não estão interessados em gerar valor, mas em aumentar o salário.
Vejo um montão de gente por aí que apenas coleciona certificados; não aplica o que aprendeu (se é que aprendeu alguma coisa), não se interessa em fazer coisas novas e interessantes, não transforma o conhecimento em algo útil, e, pior, ainda sai por aí cheio de razão reclamando direitos.
Diploma, sem um profissional que o converta em valor que faça uso do que ele representa, é só um pedaço de papel. Igual àquele que embrulhava o pão antigamente, só que muito menos útil.
(diploma pra quê, da lígia fascioni, por acaso cheia de diplomas)
p.s. cá entre nós, diplomas ao que parece só tem servido para diminuir salários, vejam o caso dos publiciotários de antão. simplismo? relação causal furada? bom: proselicamente, fora do mercado, há quem ganhe bem mais do que muitos mbas candentes por aí que se entitulam profissionais. de diplomas?
quarta-feira, setembro 22, 2010
o outro lado da moeda ou seria das escutas? ou melhor das quebras e quebradas sigilos afora.
A quem interessa tornar a Carta Capital invisível?
Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal). Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.
Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.
Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha. Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.
Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.
Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não fazer nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor idéia.
Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.
terça-feira, setembro 21, 2010
o pior cego é aquele que não quer ouvir(os sessenta anos da televisão brasileira)
Não há muito o que comemorar dos sessenta anos da televisão brasileira. Isto se o considerado for a qualidade social, cultural e científica da maioria dos programas e a contribuição das emissões para o progresso intelectual das maiorias. Entretanto, há pelo menos quarenta anos este meio técnico de comunicação é o mais visto, o mais poderoso politicamente e o mais bem-sucedido economicamente, dentre os demais. Seu enorme sucesso está relacionado ao obscurantismo do tempo da ditadura militar e isto jamais poderá ser apagado. Marcada por isso, ela sobreviveu e se desenvolveu ainda mais nos últimos vinte anos.
Paradoxalmente, quanto maior se tornou, menos se cuidou de sua importância como agente cultural e educativo. As lógicas do entretenimento e da manipulação política e social cresceram enormemente com o passar dos anos. Pouco restou de qualquer função responsável pela possibilidade de contribuir na direção de dar acesso às maiorias as conquistas das artes e das ciências. Hoje, a televisão brasileira ostenta a posição de ser a mais importante referência popular no que se refere à formação dos sensos comuns e ao reforço das ancestrais tradições. Em outras palavras, ela dialoga com todos, fazendo circular no tecido social versões midiáticas de preconceitos e lugares comuns há muito acalentados. Sua função, de acordo com o modelo existente, situa-se muito mais na esfera da circulação do que na de produção de idéias.
Isto tudo não pode ser creditado ao meio, como, no passado, já se pensou. Vez por outra, aparecem no Brasil emissões que contestam o grotesco mercantil habitual. Estas demonstram que é possível uma televisão de qualidade, vinculada ao que há de melhor no conhecimento humano. Existem no mundo mil e uma experiências de emissões que dignificam o uso deste meio técnico de comunicação. O problema não é o meio, não é a técnica e não está necessariamente nos profissionais que lá trabalham. A questão é política. As empresas têm interesses a defender. Possuem aliados e servem, igualmente, a outros interesses empresariais e políticos. O que acaba prevalecendo, é a defesa que interessa ao campo de poder das empresas de televisão.
Este meio de comunicação transformou-se em um dos principais negócios do capitalismo do país. Estendeu-se por todo o território nacional, veiculando imagens, vozes e outros sons em escala nacional. Testemunhou e ao mesmo tempo omitiu vários aspectos dos principais fatos históricos ocorridos no período. Difundiu o fundamental do que se chama de cultura das mídias para a maioria da população, chegando, atualmente, a mais de 97% dos lares brasileiros. Através das suas telas, o brasileiro vê o mundo exterior e vê-se a si próprio, retratados de acordo com os filtros e pontos de vista acreditados pelos responsáveis das emissões. Continua sendo uma espécie de janela viva do que se passa aqui e por toda parte. Obviamente, o teatro de luzes e sons do passado e do presente vem obedecendo aos interesses dos sujeitos sociais que a comandam.
O projeto da televisão brasileira nasceu e permaneceu como fundamentalmente privado. Quase todas as emissoras pertencem a famílias que já estão, em alguns casos, na segunda ou terceira geração na posse das mesmas redes. O reino destas empresas é hereditário e o modelo empresarial é antiquado, remetendo às empresas do capitalismo anterior às sociedades anônimas. Elas possuem donos ou prepostos que as administram como bens de família. Nem tudo foi fácil na evolução histórica das empresas privadas. Algumas faliram ou foram assimiladas por outras, pelas mais diversas razões. O investimento externo é famoso no caso da mais importante das redes. Entretanto, o capital acumulado é principalmente local. Os projetos das emissoras públicas, até hoje, não conseguiram decolar, ficando com um pequeno nicho da audiência nacional. Porém, nelas há a garantia de melhor qualidade e a possibilidade de avanços serem obtidos.
A origem econômica das passadas e atuais redes brasileiras relaciona-se, principalmente, com o sucesso das empresas jornalísticas no Brasil do pós-Segunda Grande Guerra. O capital acumulado, que permitiu que elas existissem, veio da atividade de se produzir e se vender jornais, revistas e, secundariamente, livros. As empresas de televisão ‘engordaram’ rapidamente com os elevados lucros vindos da publicidade. Por isso, não é exagero dizer que elas cresceram como um subproduto do desenvolvimento do capitalismo no país e no exterior, bem como o grande crescimento do Estado no último meio século. O custeio das empresas e seus lucros abissais foram divididos meio a meio entre a propaganda governamental e a publicidade privada.
Ainda hoje, as empresas privadas são sustentadas pelos anúncios feitos pelas várias instâncias governamentais e pelas empresas que levam ao grande público seus produtos destinados às várias faixas de consumo da população. A televisão vende sabão em pó, automóveis, serviços bancários e uma miríade de outros objetos e serviços que sustentam a economia nacional. O que aparece nela facilmente se populariza. Os anunciantes não deixam, por isso, de pagar as altas somas pedidas pelas empresas que cobram por segundo de exibição. Nos preços do que é anunciado e consumido pelo público está contido o que a empresa contratante paga pela divulgação. Parte dos impostos governamentais transforma-se em dinheiro pago a estas empresas.
O negócio da televisão invadiu outras searas da comunicação nacional e das artes aqui praticadas. As indústrias fonográfica e cinematográfica tornaram-se capítulos das redes. As artes cênicas, a indústria da Internet, do jornalismo impresso, dentre outras, têm forte ligações com as mesmas redes. A propaganda política eleitoral mais ou menos gratuita tem nelas o seu canal mais poderoso de difusão. O fenômeno das igrejas eletrônicas encontrou neste meio de comunicação uma alavanca fantástica de manutenção e/ou de expansão. As empresas de televisão não são tudo, mas estão no centro da vida nacional. Nada indica, até o atual momento, que isto está para mudar.
A recente presença da televisão por assinatura, fortemente ligada, as velhas redes, pouco alterou a rotina das emissões. As principais mudanças foram: o aumento da difusão dos famosos “enlatados”, isto é, as séries e os filmes da indústria cultural que povoam os novos canais; a expansão de um telejornalismo destinado a vários públicos específicos das elites; o crescimento de uma programação de interesse segmentado das classes médias para cima; o aparecimento dos canais estrangeiros com programação na língua original.
A influência destas novidades na televisão aberta existe, porém, não foi capaz de mudar o sentido desta de produzir sistematicamente o denominado grotesco mercantil. Este empurra goela abaixo do grande público o “mondo cane”, como se a realidade humana fosse apenas a tragédia, a boçalidade e a incapacidade de se compreender o entorno social. Outra vertente, barroca, é de tentar convencer a todos que se vive em um mundo perfeito, onde o bem e o mal se digladiam. Neste, o mal sempre é derrotado e todos seres humanos flutuam entre a Lua e a Terra, jamais tocando o solo e as verdades da vida.
Um dos barões, donos de emissora, disse certa vez que dava ao povo o que ele gosta: o lixo. A formulação correta seria a de se perceber que este lixo de inspiração fascista foi tão banalizado que acabou corrompendo amplas faixas do público televisivo. De tanto vê-lo, muitos pensam que é natural e que nada pode ser feito. Depois de tantas décadas, é difícil convencer que é possível se fazer uma televisão que respeite os direitos humanos e, sobretudo, abra espaço para o saber artístico e científico. Confundiu-se o popular com o popularesco, a arte com o pastiche e o preconceito, as ciências com o misticismo e a impossibilidade de se pensar a realidade envolvente.
quinta-feira, setembro 16, 2010
e na bundinha, eleitor, quer dizer, na urna, não vai nada?
de cabo mandado agora ouso até vituperar que em meio a tantas promessas vendidas com cara de realização efetuada só falta agora aos candidatos oferecerem-me o cuzinho, para completar o welfare estate que se me apresentam.
mas encarar a dilma, a marina, o serra, o fidélix o plínio, eymael, ou na esfera local, por exemplo o jarbas, é tarefa que sexualmente ou coisa parecida não me atrevo tamanho buraco na urna que continua a ser o limbo entre a intenção e a negação da rarefação do presente.
domingo, setembro 12, 2010
eu não, indico
Por isso, vou dirigir esse texto na contramão. Não vou indicar.
Eu não indico você a exagerar o que está fazendo agora. Ficar na frente de um computador pode ser interessante, ainda mais quando esse aparelho dá acesso à Internet. É um mundo de informações, um mundo de conhecimento e, também, um mundo que você está deixando de viver, de verdade, lá fora.
Longe de mim entrar na cruzada contra a informática, mas o computador não pode interromper a sua conexão com a vida, pois existem certas coisas que a tecnologia ainda não conseguiu substituir. Ainda bem. Ler um romance, por exemplo, fica muito melhor virando páginas, do que descendo uma barra de rolagem. Coisa que a essa altura do texto você já deve estar fazendo.
Eu não indico longas jornadas de trabalho constantes. Uma vez ou outra, é normal. Mas você não trabalha em uma UTI para que todo dia seja uma emergência. Se for assim, logo, logo quem vai parar na emergência é você. E se é verdade que a publicidade se inspira na vida, não faz sentido sua vida ser só dentro da agência de publicidade.
Eu não indico intolerância e extremismo. Essa história de “não seja morno que eu te vomito” serve só como passagem da Bíblia. Tem horas que você vai precisar ser frio, em outras, quente e em outras, morno. O que dá vontade de vomitar mesmo é gente arrogante, insensível e agressiva.
Eu não indico seguir cegamente o que os outros indicam, e o que não indicam, também. Isso vale até para esse texto. Vale a pena pensar em quem está indicando, no que está indicando e buscar suas próprias indicações.
Eu não indico assistir sempre aos mesmos canais, ouvir sempre as mesmas músicas, ir à mesma prateleira da videolocadora e almoçar no mesmo restaurante todos os dias. Às vezes trocar o seu iPod, com todas aquelas músicas manjadas, por um rádio, em que o imprevisível comanda, pode levar você a se surpreender com boas novidades.
Fure sua bolha, conheça novos sabores, prove novas amizades, explore aquela rua que você nunca entra, acesse um site desconhecido. Enfim, contestar nossa própria noção de valores, e o seu comportamento diante da vida, não é uma heresia e não vai mudar a sua essência.
Eu não indico subestimar os mais velhos.
Eu não indico desrespeitar os mais jovens.
Eu não indico alimentar a incompetência. A nossa, nem a dos outros.
Eu não indico frituras.
Eu não indico a acomodação e a preguiça. Por mais que às vezes elas apareçam.
Eu não indico a prepotência, e muito menos a sua irmã mais pobre, a submissão.
Eu não indico fingir interesse.
Eu não indico fingir.
Eu não indico ler sempre a mesma revista semanal.
Eu não indico flores artificiais.
Eu não indico levar esse texto tão a sério.
Agora, entrando outra vez na contramão, eu indico. Eu indico que você desligue esse monitor, e vá bater um papo com quem estiver por perto. Nem que seja para falar mal disso tudo que acabou de ler
(do fernando cabral, no jornalirismo, que eu também não indico)
sábado, setembro 11, 2010
cutícula
terça-feira, setembro 07, 2010
já não se fazem modernos como antigamente
sexta-feira, agosto 13, 2010
dá para confiar?
O portal Exame divulgou pesquisa realizada pelo GFK onde são apresentadas as 9 profissões mais confiáveis no Brasil. A profissão de publicitário ficou com a 7ª posição enquanto a profissão mais confiável é a de bombeiro.
9. Instituições de Caridade;
8. Instituições Religiosas;
7. Publicitários;
6. Jornalistas;
5. ONGs de meio ambiente e pesquisadores de mercado;
4. Exército;
3. Médicos e Professores;
2. Carteiros;
1. Bombeiros.
( claro, claro, sete é a conta do mentiroso, já sabiam nossos avós)
segunda-feira, agosto 09, 2010
elixir da juventude
O médico saiu pra caminhar e viu essa velhinha da foto sentada num banco, fumando um cigarrinho.
Aproximou-se e perguntou: "Se nota que é tão feliz.....qual é seu segredo??
Ela respondeu:
"Sou publicitário, durmo às 4 da manhã fazendo planejamento, atendendo clientes, criando campanhas plantas e me levanto às 6 da manhã.
Nos fins de semana não pratico esportes, não me divirto.
Nos sábados, domingos, nos feriados, também.
Não tomo café, não almoço e nem janto porque não dá tempo.”
Apanhado de surpresa, o doutor exclamou:
- "Mas isso é extraordinário. Quantos anos a senhora tem??
- 39, respondeu-lhe a velhinha
2. Recebi, outro dia, o seguinte anúncio:
ESTÁGIO EM RELAÇÕES PÚBLICAS
Empresa de Tecnologia seleciona estagiário de Marketing com foco em relações públicas.
Requisitos: graduando do curso de Jornalismo a partir da 2ª Fase
Desejável: Conhecimentos em Microsoft Dreamweaver/ Conhecimentos em Lime Survey ; Conhecimentos em Inglês
Benefícios: bolsa de até R$ 450,00 (dependendo da fase) + Vale alimentação + Auxílio transporte
Carga Horária: 20:00h semanais
Período: a negociar
Trocando em miúdos: a empresa queria um Relações Públicas para estagiar em marketing que esteja estudando jornalismo a partir da segunda fase.
Confusão total!
3. Confusão, aliás é o que não falta no nosso terreno. Que, aliás, começa na área das agências, passa por outras empresas do setor e chega lá na ponta, onde os mais ou menos leigos não conseguem divisar quem é quem. Quem faz o que.
“E agora, pra onde vamos¿”, é o que mais se ouve.
Outro dia, o Rodrigo, dono de uma agência de Tubarão, deu uma luz:
“As agências estão seguindo o mesmo caminho dos médicos. Deixarão de ser generalistas para serem especialistas.”
Ele lembrou:
“Antigamente, era comum o médico da família, que atendia a todos sobre tudo. Raramente mandava consultar um especialista. Hoje a conversa é outra.”
4. Especialistas ou não, está na hora de as agências e os profissionais discutirem seriamente o seu futuro. Ao invés de “descobrirem” que o dono tem de ser um gestor – como aconteceu no evento do Rio de Janeiro realizado pela ABAP – encararem o futuro de frente. Corajosamente. E anteciparem-se a ele.
Já não dá mais para repetir que a publicidade é importante porque ajuda as empresas e o país a crescer. Isso já virou carne de vaca. Caiu no ridículo. Cansou.
5. O momento, nós sabemos, é atordoante. E para quem, como os profissionais e as agências, está no olho do furacão, é complicado ter uma visão total do processo. Mas tem muita gente que pode ajudar.
Agora, mais do que nunca, é preciso as agências enfiarem a mão no bolso. Contratarem uma consultoria. Ou uma Universidade. Eles têm condições de equacionar e propor solução para o setor.
Da mesma forma, é o momento de os profissionais deixarem de brincar com coisa séria. De se reunirem. De fortalecerem suas entidades para que elas tenham força de liderar esse processo de transformação.
Caso contrário, profissionais e agências vão ficar que nem a jovem da história. Trabalhando 24 horas por dia, mas completamente envelhecidos muito antes da hora.
(antes que seja tarde demais, do eloy simões, para o acontecendo aqui, ali e em todo lugar)
p.s. ou faça, como dizia aquele antigo cartaz da almap em obras: arranje um trabalho que você gosta e você nunca estará trabalhando. agora contratar universidade, não tenho dó, nem paciência.)
sábado, agosto 07, 2010
duro de roer ou não vou me adaptar
Sancho Pança é o fiel escudeiro do Dom Quixote. Muita gente sabe disso, mesmo sem ter lido o livro “O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de la Mancha”. O que muitos não sabem, pois isso escapa aos resumos dessa obra, é que Sancho, em suas falas, é muito dado à utilização de ditos populares, é um mestre das frases feitas, o que irrita profundamente a Dom Quixote, que é homem letrado e adepto dos longos discursos argumentativos – que, mesmo dentro do universo de sua loucura, são muito bem construídos e esbanjam força persuasiva.
(Abro parêntesis para comentar como vale a pena ler o Quixote. Embora os acadêmicos já tenham destrinchado e continuem destrinchando a obra-prima de Cervantes, sacando daí mirabolantes interpretações, o livro é de uma simplicidade exemplar. Aquém das teses dos estudiosos, que acabam conferindo ao livro a imagem de complexidade – infelizmente afugentando muitos leitores –, O engenhoso cavaleiro Dom Quixote de la Mancha pode também ser lido apenas como uma história divertidíssima de um maluco que pensa que é um nobre cavaleiro andante e que sai com seu escudeiro em busca de aventuras pelos confins de La Mancha, na Espanha).
Mas voltemos ao que eu estava falando antes. Sancho Pança é o cara das frases curtas e bem colocadas. Está sempre pronto para lançar a fala certa no momento certo. Tem sempre um pequeno texto que cai como uma luva em cada situação. E se o dito popular não se encaixa perfeitamente, ele o adapta. É o cara das “sacadas” rápidas, como se diria em uma agência. Mas, se Sancho Pança fosse um redator, ele se sairia bem? Em parte, pode ser que sim. Para títulos de anúncios, por exemplo, o estilo Pança poderia funcionar. Para outdoors também. Para qualquer peça que necessitasse uma sacada ágil e engraçadinha, justa pra o momento, o redator-Pança daria conta do recado.
Mas e se Sancho tivesse que pensar em um roteiro de um minuto ou em todo o conteúdo de um site? E se fosse convocado a participar de uma reunião pra discutir conceitos e estratégias de comunicação? E se nas mãos de Sancho caísse um briefing para um anúncio de jornal que necessitasse a concatenação de vários argumentos em dois ou três parágrafos? Aí talvez o redator-Pança tivesse que pedir ajuda ao redator-Quixote:
- Ô, Quixote, eu faço o título e você escreve o resto, tá?
Nas salas de aula dos cursos de publicidade (e nas agências também!) aparecem sempre muitos candidatos a redatores-Pança. No maior estilo repentista, o sujeito solta uma frase mágica e se dá por satisfeito, achando que o trabalho do redator acaba por aí. E o Quixote fica lá, trabalhando no “resto” do texto: constrói frases, destrói frases, as conecta de formas diferentes e tenta incansáveis outras opções de construção; troca palavras, lê em voz alta, percebe o ritmo e a sonoridade; tira dúvidas no dicionário e na gramática, consulta referências, ajusta a pontuação; enfim, trabalha para deixar seu texto enxuto, elegante e criativo, e certamente se orgulha do resultado, que entra pro seu portfólio e que vai encher os olhos de qualquer diretor de criação sério que analise a sua pasta.
Não critico os Sanchos Pança da vida, desde que se esforcem para ter a consistência dos redatores-Quixote. Mais do que ser engraçadinho, o redator tem que mostrar raciocínio coerente, capacidade de organização das idéias, domínio de sua ferramenta (o idioma) e visão estratégica. O ideal mesmo é que o redator incorpore as qualidades tanto de Pança quanto de Quixote: que tenha sim as fundamentais sacadas, mas que, depois, se debruce sem preguiça em seus textos para lapidá-los até que pareçam perfeitos. Quem sente prazer neste trabalho suado com o texto – não são muitos – são os que têm o verdadeiro perfil de redator.
(sancho pança, redator publicitário, do sérgio calderaro, no acontecendo aqui.artigo publicado originalmente no “Perdi Essa Aula” – www.perdiessaaula.com – em 07.06.10)
Sérgio Massucci Calderaro (São Paulo, 1971). Publicitário e escritor. Atuou no mercado de comunicação de Florianópolis durante 11 anos (Gás Multiagência, QUO Graphis, DZigual, Editora Insular, Editora Expressão, entre outras). Foi professor de Redação Publicitária da Faculdade Estácio de Sá. Atualmente vive na Espanha, onde é assistente de Imprensa e Divulgação da Embaixada do Brasil e cursa o doutorado "La lengua y la literatura en relación con los medios de comunicación", da Universidad Complutense de Madrid. |
Cassio Morais disse:
Sérgio,
até hoje sou um redator muito mais pança do que Quixote, talvez mais por causa do modelo de propaganda atual mesmo. Está difícil achar por aí consumidores que tenham curiosidade (vontade) de ler os textos com atenção até o final. Com a velocidade do mundo em que vivemos a maior parte das pessoas lê apenas os títulos mesmo e, se formos ver, é um grande desafio dizer tudo em uma linha. Trabalhei com um redator que já ganhou ouro em cannes e escrevia longos textos, para isso levava bastante tempo também - e consumia boa parte do layout tornando o visual desinteressante. Resultado: durou um mês aqui. No meu caso, hoje, pela prática, já sou muito mais Quixote do que era, mas continuo Pança na essência. E não vejo outro caminho: ou nos adaptamos ao mundo em que vivemos, ou ficamos lamentando. Os redatores estão perdendo um pouco a importância nessa sociedade da imagem. Como diria Woody Allen: a realidade é dura, mas ainda é o único lugar onde se pode comer um bom bife.
quinta-feira, agosto 05, 2010
de ratos a leões e seus vermes
o cada vez mais alto nível baixo da atividade publicitária em pernambuco estampa-se em toda sua maladie - de caráter e alma - no artigo de um "publicitário mala de sucesso", e lider de uma associação de propaganda que, diga-se de passagem, não se sabe a que veio, ou melhor, faz um mal imenso aos bons espíritos que preferem outras vias a quem lavadrazes de plantão costumam chamar de românticas, esquivando-se da chamada aptidão para o business is business que inclui a compra-venda-troca de prêmios, favores, prostituição no ato e no fato para muito mais além. comentários embevecidos ao tal artigo - pro domo sua - onde o tal, tal e qual, gaba-se de comprar leões em brexós de maças, big of course, colocando-os a disposição para a prática da apalpação não menos indébita da pernamcocada subdesenvolvida e rastejante, revela que a furunculose moral imiscui-se de vez nos valores já pra lá de baixios da chamada(digamos que sou eufemista) geração diploma.
se prêmio ganho com suor - fantasmas também suam - já não vale cêntimos da punhetação do espermatozóide peidão que o originou, o que dizer do espisódio?
p.s. publicitário com dor de cotovêlo, eu? bem, continuo pianista de bordel e tocando de ouvido, por que a partitura original - mas olha só que concidência - foi roída.
quarta-feira, julho 28, 2010
evidências da decadência
. Os dois velhinhos passaram a noite enchendo a cara. Como nos temos em que eram jovens. E como naqueles tempos, resolveram encerrar a noite na zona do meretrício. Mais pra lá do que prá cá, entraram numa daquelas casas com luz vermelha na frente e, excitados, foram direto à cafetina. “Vá aos dois primeiros quartos e coloque uma boneca de inflar em cada cama Não estou a fim de aturar velhos e bêbados. Nem de sacrificar minhas meninas com eles. Isso aqui não é asilo. No estado em que estão, eles não vão notar a diferença.” Ordem rigorosamente cumprida, os velhinhos foram encaminhados para os quartos. Lá, tentam fazer o dever de casa. Já na rua, de volta pra casa, eles se gabam do feito: “Acho que a mulher que estava comigo, quando viu a minha espada, enorme e dura, teve um enfarto e desmaiou.” “Ela ficou fria, não se moveu um instante, não falou nada enquanto eu comia ela.” “Pior aconteceu comigo”, disse o outro. “Acho que a mulher era uma bruxa!” “Uma bruxa!!! Por que cargas d'água você acha isso?” 890 estatuetas! Quando li essa notícia na capa da Meio & Mensagem do dia 05 deste mês,eu me lembrei. 3. Lembrei-me do encerramento do evento durante os anos – muitos atrás - em que freqüentei o Festival. Então, havia um Leão de Ouro em disputa. Acho que tinha também o de Prata e o de Bronze, não tenho certeza, além dos diplomas. E o nome da peça vencedora era guardado debaixo do mais absoluto segredo. Ninguém, nem mesmo os jurados, sabia quem era o vencedor. Você há de imaginar o suspense que nos dominava. As emoções e os fofocas que percorriam a platéia, antes e depois que o nome do premiado era revelado, em sessão de gala por ocasião do encerramento do evento. E tinha o orgulho de quem tinha vencido o certame. Era, pelo menos naquele instante, o campeão do mundo. Durante toda a semana do Festival, diariamente, a gente não despregava o olho do telão. Queria ver todos os comerciais inscritos, e para tanto enfrentava sessões que começavam logo cedo e terminavam no fim da tarde. Durante as sessões aplaudia os bons e vaiava os ruins. E à noite nos reuníamos em algum bar para discutir e tentar adivinhar quem seria o vencedor. 3. Li a notícia e fiquei triste: 890 estatuetas! O Festival de Cannes foi vulgarizado. O Leão deixou de ser a conquista inesquecível de um contra o mundo. Passou a ser mais um. Cannes cedeu à cobiça e se transformou em uma máquina de ganhar muito dinheiro. Em compensação perdeu o antigo valor. Agora é mais um prêmio. Uma pena. Agora, quem vai a Cannes age como os dois velhinhos bêbados: embriaga-se com a beleza da França e com as atrações do evento,e ao invés de transar gostosamente com o que há de melhor no mundo em talento, contenta-se com qualquer coisa. Aí, quando tem sorte - porque quem ganha pelo menos um de tantos prêmio só precisa de um pouco de sorte – e traz pra casa uma boneca, digo, um leão decaído, que já não tem o valor de outrora. Afinal, além dele outros 889 estão passeando por aí. Segurando os papéis de uma prateleira qualquer.
Que por sinal, justo naquela madrugada, não estava a fim de muita conversa. Chamou a “secretária” e cochichou:
“Desmaiou? Porque você acha isso?”
“Bem, eu estava nas preliminares e dei uma mordida na bunda dela. Daí, compadre, o caos tomou conta do quarto.”
“Ela peidou na minha cara e saiu voando pela janela com ainda a minha dentadura presa na bunda.”
2. “A performance histórica do Brasil no Festival de Cannes este ano, com 57 Leões conquistados, em boa parte reflete também um aumento significativo na distribuição de troféus nas 12 premiações do evento. Foram nada menos que 890 estatuetas, número 32% maior do que no ano anterior, diante de um aumento de apenas 7% nas inscrições.”
quinta-feira, julho 08, 2010
é o fim(ou seria um novo começo?)do que não é justo com as crianças
Bogusky argumenta que as crianças não estão prontas para lidar com a publicidade em função do estágio de desenvolvimento em que estão. "Seus cérebros são fundamentalmente diferente (dos adultos), a principal diferença é que o desenvolvimento do lado direito do cérebro não começa realmente antes dos 12. Isso é importante porque sem o lado direito envolvido, todas as decisões e conceitos são muito ou preto ou branco", descreve. As crianças dividem as coisas entre boas e ruins, diz ele, não entendem o cinza, e por isso não estão equipadas para entender a publicidade da mesma maneira que um adulto.
Segue imaginando o que aconteceria se a publicidade para crianças simplesmente acabasse. Sugere que o relacionamento entre pais e filhos melhoraria, já que não haveria mais a publicidade levando as crianças a fazer pressão para os pais comprarem isso ou aquilo. "Mais de 10% das crianças de 12 a 13 anos admitem pedir mais de 50 vezes aos seus pais para comprarem produtos que viram em anunciados. Só isso já basta para fazer todos os pais assinarem uma petição". Bogusky acredita também que sem a publicidade, as crianças melhoraria sua auto-estima. "Mais da metade das crianças pesquisadas (53%) disseram que comprar certos produtos fazem com que elas se sintam melhor sobre si mesmas", diz.
E o que aconteceria com, por exemplo, os canais de TV para crianças? Cartoon e Nickelodeon desapareceriam, imagina Bogusky. A garotada lamentaria, mas conseguiria conviver com isso. "As crianças seriam forçadas a levantar do sofá e pensar em novas maneiras de se divertir. Algumas dessas brincadeiras poderiam até mesmo incluir atividade física", propõe, sem esquecer que o computador e os videogames também seriam uma opção ("pelo menos têm um pouco de interação").
E o mercado publicitário, como fica? O dinheiro destinado a publicidade para crianças não some, ele migra para outras ações, prevê. Mas para quem tem negócio especializado em publicidade para crianças, Bogusky avisa - "seu negócio será uma baixa". Segundo ele, uma estimativa moderada de quanto o marketing para crianças movimenta chega a US$ 15 bilhões por ano. "É chocante descobrir que isso é 250% mais do que era em 1992. Para mim, esses números são assustadores". Cita os países europeus onde a publicidade para o público infantil foi proibida, em especial a Suécia, que tomou a decisão por considerar que anunciar para elas "não é justo" em função do estágio de desenvolvimento do cérebro. "Eu concordo", diz ele.
Bogusky passa pela questão da ética vs lucro e sugere que seria mais interessante para os lobistas da indústria do fast food defenderem a proibição da publicidade para crianças. Afinal, se for criada uma legislação nesse sentido, a indústria do fast food ganharia em imagem por estar "do lado certo" da questão. "Talvez nosso próprio mercado (publicitário) possa fazer lobby para isso. Deus sabe que os publicitários precisam aparecer positivamente na mídia", ironiza.
A proposta final de Bogusky é transformar em índice a maneira como as empresas lidam com a ética e o uso equilibrado da publicidade. Já que as companhia são avaliadas por seus impactos na saúde, sustentabilidade, ética no tratamento dos funcionários e até dos animais, por que não serem avaliadas também por sua ética em relação às crianças. "Qual sua pontuação na prática ética e justa da publicidade? Isso pode ser mensurado e quantificado e pode se tornar parte da decisão de compra. Não apenas para quem tem filhos, mas para todos os consumidores", defende.
Publicitário premiado, Bogusky encerra seu post afirmando que ganhar troféu por deixar de anunciar para crianças seria uma maneira de levar o mercado a defender essa idéia. "Minha esperança para o prêmio Cannes Crystal 2011 é que alguma agência trabalhe junto ao seu cliente para encerrar toda a publicidade para crianças e leve para casa o Cannes Crystal Grand Prix Lion em seu ano de estréia. E isso seria o fim da questão. Porque assim que passar a existir um prêmio para isso, todos nós publicitários estaremos brigando por ele".
(não é justo com as crianças, no crianças e mídia, da elisa araújo).
quarta-feira, junho 16, 2010
responda quem souber
Dentre as campanhas publicitárias dos anos 80 pontifica a da revista Rolling Stone que acabou sendo copiada, referenciada e multiplicada pelos quatro cantos do mundo.
Não obstante o enorme sucesso da campanha, muitas empresas não entenderam a verdade contida em seu tema: que no marketing, como na vida, a PERCEPÇÃO É A REALIDADE. As pessoas compram o que percebem e acreditam, e não, necessariamente, o que é, de verdade.
E assim caminhava a humanidade quando um articulista de FORTUNE fez um artigo primoroso oferecendo importante contribuição para o melhor entendimento do tema.
Ele se chama ANDREW FERGUSON, e inventou, com muito talento e sensibilidade, a LFM – Lei da Futilidade Marginal. Que é exatamente o oposto da Lei da Utilidade Marginal, ensinadas nos livros e escolas de economia.
A Lei da Utilidade Marginal é a satisfação adicional derivada do consumo de uma unidade adicional de produto ou serviço. Já a LFM – Lei da Futilidade Marginal é a satisfação adicional derivada do não consumo de uma unidade adicional de produto ou serviço.
Confiram agora como FERGUSON sacou, na época, sua Lei da Futilidade Marginal: “Meu primeiro contato com essa Lei foi no colégio, quando um colega rico me convidou para visitar sua casa. Era um verdadeiro palácio, com 8 suítes, 4 Jacuzzis, 2 cozinhas, 3 quartos para os empregados, e muito mais. Assim que chegamos na casa, e antes de entrarmos, meu amigo me disse que seus pais tinham acabado de redecorá-la, contratando o melhor decorador da cidade, pela bagatela de US$ 200.000. Aí entramos na casa e quase caí de costa. O decorador defendia e praticou o estilo “clean”. A casa estava praticamente vazia. Um pequeno lustre no centro da sala, uma cadeira num dos cantos, sem tapetes e cortinas. E o mesmo “despojamento” em todas as demais dependências. Ou seja, estavam pagando uma grana para quase ‘não decorarem’ a casa…”.
Segundo FERGUSON, uma boa definição da Lei da Futilidade Marginal é “Pagar mais, para ter menos”. Ou, mais custos, menos benefícios, e ampla e irrestrita satisfação emocional.
FERGUSON disse, também, que esse comportamento estava se disseminando pelo mundo inteiro, muito especialmente nos EUA: “Em nosso país as pessoas pagam 75 cents de dólar por uma mistura de água com gás, açúcar, e uma infinidade de outros ingredientes, embalados numa lata onde se apõe a marca COKE. Essas mesmas pessoas pagam 3 vezes mais só pela água com gás numa mesma lata onde se apõe a marca PERRIER.
E ainda conta que recentemente fez uma viagem com sua mulher e diante de duas alternativas de hotéis, uma por US$ 99 a diária com tudo, inclusive refeições, e outra de US$450 com nada incluído mas com uma linda vista e o oxigênio da montanha optou pela segunda… E que nos restaurantes da moda, hoje, “quanto menor a porção, maior o cheque”…
É isso amigo. Se na sua empresa ainda não entenderam que as pessoas compram percepções não realidades, tente fazê-los entender usando a divertida, criativa, e verdadeira LFM – Lei da Futilidade Marginal. Criada em 1984 e mais que válida até hoje.
( lei da futilidade marginal, do francisco madia)
p.s. quando clientes contratam agências, como as que temos no mercado, eles estão usando a LFM? (pagando para não ter nada mais que puxa saquismo, modorra e estupidez aloprada? ou a idéia é esta mesmo, pagar para receber uma trouxa de nada em troca. em vez de conteúdos? é sempre bom lembrar, para os que argumentam que paga-se muito pouco hoje em dia, que mesmo o quase nada é muito para quem o recebe em troca. como diria o júlio ribeiro, quem quer custo zero em propaganda acaba por ter o mesmo denominador como retorno- pessoalmente, acho que o estrago, para além do prejuízo, é ainda maior. mas, como diria o bardo, a inteligência tem limites, a estupidez não. e tome prêmio para as idéias fúteis, mas esta é outra história para outro dia ainda mais fútil, ou seria estúpido?
segunda-feira, junho 07, 2010
diferenças entre a puta idéia e idéia de puta ou o dia em que olivetto teve uma idéia de dunga
washington olivetto não é mais aquele? depois de andar mal das pernas, com a w mais parecendo banheiro de rodoviária, após malfadadas tentativas de globalizaçao, resurrge alvissareiro, " por cima da carne seca". braços dados com a mccann,marca que definitivamente não casa bem com a idéia de puta, seja ela puta ou não. como demonstra sua história de grandeza absoluta, construida com base numa visão formalizada da propaganda - com raras execeções de algumas unidades asiáticas, por exemplo - sempre pregou em nosso mercado o "futebol eficiência" e jamais se destacou pelo uso da criatividade, da tal puta idéia, como drible elástico que não outro para se encastelar no trono do faturamento que tanto exibiu como orgulho, e pela força do qual buscou tantas vezes empastelar agências criativas, tratando-as como peladeiros de subúrbio e, portanto, não capazes de participar do campeonato de atendimento de grandes contas.
já washington, de há muito perdeu o espírito do discurso que soa pra lá de fake após uma década de franca decadência criativa ou como diria um colunista observador, tornando-se mais encantado por restaurantes e futebolidades outras. aliás cada vez mais publicitários tem discurso para tudo, justificam tudo, menos a falta de puta idéias, como pode ver qualquer um mal ensaboado pela mediocridade que bate a nossa porta analogica ou digitalmente.
assim, com um discurso que não faz jus ao seu mais mediocre título washington usa e abusa do poder de geração de "factotuns", a começar do estardalhaço de festas de lançamento, onde a idéiaé o que menos conta e mais as "celebridades" e o show de ex-ministros, de proximidades conquistadas pelo lugar que ocupou graças as idéias, sejam elas putas ou não. fato concreto é que todos os nossos grandes criativos - assim como o nizan, o fábio fernandes - perderam-se num ideal de grandeza que transformou as sandálias do pescador nas tais sandálias de milhares de reais, coisa que só mesmo puta(de luxo usa). no fundo, é isto que todos ambicionam quando pregam pela puta idéia, apenas uma idéia de puta, voltada para a manutenção do faturamento rasteiro não importa a altura que ele atinja.
abaixo o artigo do olivetto entitulado de puta idéia,
" Neste mundo globalizado e digitalizado, para uma agência de publicidade ser realmente fora de série, ela precisa ser uma espécie de Maria Sharapova das agências: grande e sexy. Presente na maioria dos países, associada a uma das maiores redes, forte na América Latina, (no Brasil, principalmente) confiável para gerir contas locais, regionais e globais, com capacidade de monitorar as áreas de interesse dos clientes e descobrir o que pode trazer verdadeiras vantagens competitivas.
Mais do que isso, tem que saber detectar, testar e entender novas soluções e serviços, ter capacidade de criar encontros personalizados, trazendo os seus mais brilhantes talentos mundiais para junto dos clientes locais e buscar soluções inovadoras.
Deve também ser capaz de contar com uma plataforma que acione digitalmente os seus melhores cérebros, para gerar respostas rápidas a desafios que necessitem de uma solução imediata. A Maria Sharapova das agências tem ainda que ter especialistas em construção de marcas, planejamento de mídia, soluções digitais, ativação, eventos, pontos de venda e relações públicas.
Tem que ter uma ferramenta própria de ROI (Retorno sobre Investimento), que simule milhares de variáveis e saiba responder qual ponto de contato traz mais resultados entre todas as alternativas existentes e qual combinação de pontos de contato garante maior retorno.
Tem também que saber detectar os hábitos e valores dos públicos-chave, saber como se comportam os construtores de identidades (adolescentes), os construtores de carreira (jovens adultos), os construtores de família (jovens casais) e os construtores de uma nova vida (pessoas na maturidade). Saber as escolhas e preferências do consumidor de alta renda, descobrir para onde vai a classe C e antecipar quais são as novas tendências que estão prestes a virar comportamento de massa. Esses são, basicamente, alguns dos ingredientes para uma agência ser fora de série, mas só eles somados ainda não são suficientes.
Sem grandes criadores, capazes de gerar ideias surpreendentes, nenhuma agência chega a ser uma Maria Sharapova, mesmo contando com grande aparato intelectual e tecnológico. Chega no máximo, a ser uma Maria Vai com as Outras, particularmente aquelas outras que também são grandes, mas não são sexy. A verdade é que, apesar de todas as mudanças que aconteceram no quadro social e no universo da comunicação, uma coisa continua absolutamente igual. Só a grande ideia continua tendo o poder de seduzir, porque só a grande ideia é sexy.
Só a grande ideia é capaz de produzir "excelence in advertising". A grande ideia ("puta ideia", para os íntimos) é a origem e a razão dessa profissão. Foi assim na idade do "lay" lascado, é assim nestes tempos de iPads ambicionados e será assim no futuro, que a nós pertence."
sábado, junho 05, 2010
cada vez mais todo mundo chupando dedo
Depois, observou: ela não tirava os olhos dele. Era uma loira linda, muito sensual. Sem dúvida, a mais bonita do bar. E parecia estar dando bola pra ele. Então, terminou rapidamente o que estava fazendo e foi o lugar onde ela estava sentada.
“Pois não, senhorita.”
Ela não disse nada. Para surpresa dele, começou a acariciá-lo. Desabotoou-o ali mesmo, passou-lhe a mão pelo corpo. Depois, acariciou-lhe o rosto, e enfiou-lhe os dedos na boca. Ele sentiu um cheio esquisito, mas correspondeu, chupou-os. Estava bom demais. O bar estava completamente vazio e ela a cliente demonstrava uma baita tensão. Ele não viu nada demais em ceder.
Aí, ela puxou o rosto dele bem pra perto do dela. Ele estava excitadíssimo, achou que ia ganhar um beijo na boca. Então, ela sussurrou:“Você é o dono?”
Envergonhado, ele respondeu:
“Não, sou apenas o barman.”
“E o dono está aí?”
“Não, ele ainda não chegou.”
Nesse momento ela o afastou e deixou recado:
“Então, diga pra ele que o banheiro não tem papel higiênico e as torneirasestão secas.”
Aí ele percebeu de onde vinha aquele cheiro.
Não sei quantas vezes assisti – muitas até participei – das cenas:
. Primeira – O Cliente passa um brief para a agência.
. Segunda – Na Agência, a criação se mata para encontrar uma boa idéia e para convencer o atendimento a apresentá-la.
. Terceira – O cliente acha que entende de comunicação e começa a modificar o assunto: “ao invés dessa palavra, ponha....”; “aumente a assinatura”...; ‘. “diminua a ilustração”...; “o texto está muito grande...”; “acrescente......no texto.
. Quarta – O atendimento vai para a criação, layout todo rabiscado, e determina: “o cliente quer desse jeito.” A criação obedece. O anúncio fica com aquele cheirinho esquisito dos dedos da loira.
. Quinta – O cliente se lambuza, sem perceber a merda que lambeu.
( o cheiro da loura, do eloy simões)
sexta-feira, maio 28, 2010
propaganda tal e qual ou o design velho do primo novo
terça-feira, maio 25, 2010
o estágio atual da profissão
O mercado vive comentando o desempenho das agências de propaganda brasileiras nos prêmios internacionais. Mas por que não olhamos para nosso próprio umbigo? Longe dos holofotes, outra questão há muito se faz presente na rotina dos criativos. Cá entre nós, quem foi que inventou que estágio de propaganda é profissão não-remunerada?
É por essas e outras que o nosso país é um dos líderes em desigualdade social. Enquanto muitos diretores de criação vão para as agências dirigindo carros importados, pensando no próximo Leão, o famigerado e cobiçado prêmio, estagiários estão aí, sonhando apenas com um vale-transporte. E são os pais, quando há, que pagam o pato, e também a passagem, o almoço e até o cursinho de portfólio.
A Paris Hilton vestiu um microvestido, pegou uma cerveja na geladeira e ganhou mais de um milhão. A Tessália fez (supostamente) um polêmico blowjob em rede nacional e vai faturar uma bolada – sem duplo sentido – da Playboy.
Até quem doa sangue ganha pelo menos um lanchinho ao final. Só o maltrapilho do estagiário é que continua de mãos abanando. Tudo bem que alguns não fazem nada, mas sejamos francos: contratou, tem que pagar.
Tenho uma sugestão. Não é original, mas vai ajudar. Nossa própria seleção feminina de rúgbi já fez isso. Vamos juntar vários estagiários, de diferentes áreas, da criação, mídia, produção, atendimento, esta última, principalmente.
Com todos reunidos, faremos um calendário no melhor estilo “nu artístico”, recheado de peitos, bundas e outras coisas bem menos suntuosas. Assim, levantaríamos algum dinheiro e, de quebra, a galera da agência ganharia doze páginas bastante sugestivas para folhear.
No final do ano, faríamos uma promoção para queimar o estoque. Comprou um anuário, levou um calendário. Na época, um redator famoso ficaria encarregado de fazer um título sem essa rima pavorosa.
No ano seguinte, a mesma coisa. Centenas de recém-formados prontos para tirar a beca (só tomem cuidado quando forem jogar os canudos) e posar para as novas fotos que vão dividir as prateleiras com os anuários. Os estagiários finalmente vão poder mostrar em casa o que fizeram na agência. Mesmo que isso não seja nenhum motivo de orgulho.
Será que esse tal mercado da propaganda não tem condições de garantir o mínimo possível para seus estagiários? Será que as agências vão continuar adotando essa prática tão mesquinha e exploradora? Será que a única maneira de um profissional mostrar seu talento é ficando de barriga e bolsos vazios?
Chega de serás. Já passou da hora de mudar de atitude. Para terminar, quero deixar claro que minha intenção não é fazer nenhuma apologia à pornografia, mas trabalhar de graça, por si só, já é uma puta sacanagem.
(seguindo o exemplo, do marcelo fernandes, para o jornalirismo)
pessoalmente, acho que a grande sacanagem, nem é o estágio não ou mal remunerado. é que os estagiários agora vão aprender o quê, com quem? a fazer esta merda fofa que esta aí? a colect of truques e atalhos para pendrives de meio giga? antes não se ganhava nada, mas aprendia-se pra caralho, inclusive a hora climax de mandar donos de agência chupar outra tetinha. era a glória, por exemplo, lavar(sem sacanagem) os "pincéis do benício" - sim, antes de se denominar diretor de arte, o estagiário durante pelo menos um ano lavava pincéis, e olhe que já haviam "rafeado" arrôbas de leiautes, e arriscado mais pinturas que os dez primeiros volumes dos gênios da pintura. os redatores por sua vez, já haviam lido metade da biblioteca, dentro e fora da agência(sim, na agência havia biblioteca) e produzido quase dúzias de livros(que felizmente não lançaram). havia um aprendizado de sentido universal - a chamada cultura geral - que foi exterminada para e por pela geração diploma(de publicidade). não conto nos dedos da mão nomes de formandos que realmente tenham feito algo de relevante para a profissão(que está sepulta muito embora ainda a julguem catapulta. isso que está aí é enganação pura, sequer é punheta de propaganda, e estagiáriamente e profissionalmente falando, a começar do preço que paga-se pelo curso e pelo curso que a vida segue a partir deste mesmo curso, que formata o estudante a ser um eterno estagiotário, o que seria muito bem feito também para papais e mamães que, ou amam ou odeiam demais os filhos para darem-lhes fundos para tais faculdades se estas não tornassem, cada vez mais, o mercado esta mata de ralabundos soerguidos a bestas e pavões. e tome os mbas ou seriam amebas?