Você lembra do cheiro de Flit? Aliás, você sabe o que é Flit? Andou de Aero Willys ou Gordini? Chegou a ler 'O amigo da onça' em algum exemplar de O Cruzeiro? Ainda sabe assobiar a música de abertura do Repórter Esso? E a do Vigilante Rodoviário? Fez pesquisa numa Barsa? Escreveu trabalhos de escola em papel almaço? Tem saudade dos drops Dulcora? Preferia de hortela ou sortido? Comprava Grande Hotel para ler fotonovela? Sim? Bem, nesse caso, você vai adorar o livro 'O mundo acabou', de Alberto Villas, uma gostosa compilaçao de lembranças para quem já passou dos 40.
O trabalho de Villas vem se juntar a sucessos editoriais, como o 'Almanaque dos Anos 80' e o recente 'Almanaque dos Anos 70', no que poderíamos chamar de ‘economia da nostalgia’, que impulsiona ainda festas temáticas, como a Ploc, dedicada à musica dos anos 80, e programas de TV dedicados a desenhos e seriados antigos, como 'Perdidos no Espaço' e 'Terra de Gigantes'.
Mas, afinal, por que nos prendemos tanto a marcas do passado? Seria apenas saudosismo? Vontade de voltar aos velhos e bons tempos, quando o mundo era mais seguro e o Flamengo ganhava sempre? Segundo o cientista norte americano Robert M Sapolsky, esse fenômeno nao seria consequência desses tempos amalucados em que vivemos, e sim uma característica da natureza humana. Para ele, depois de uma certa idade nos fechamos às novidades e simplesmente passamos a repetir padrões de comportamento.
Sapolsky chegou a essa conclusao depois de fazer uma pequena pesquisa para entender porque os jovens nao se fixam em gostos musicais, gastronômicos ou de vestimentas, variando constantemente de estilo. Estudando fenômenos tao prosaicos quanto a programação de emissoras de rádio voltadas para flashbacks, restaurantes japoneses e lojas de piercing, o cientista descobriu que nossas preferências se definem na juventude, quando testamos várias alternativas.
Depois dos 40 anos, na esmagadora maioria das vezes nos fechamos as novas experiências, limitando-nos a repetir os mesmos lugares, estilo de roupa, restaurantes, bandas e marcas. De certa forma, voltamos as origens, agindo como as crianças que nao vêem problemas em assistir incontáveis vezes ao mesmo desenho ou em ouvir as mesmas músicas.
O curioso é que Sapolsky não se deteve na análise das atitudes de consumo de jovens e adultos, extrapolando seu raciocínio também para o campo das idéias. Relembrando a trajetória de gênios, como Albert Einstein, que combateram ferozmente novas teorias que complementariam suas idéias, ele afirma que também as convicções, tanto técnicas quanto morais, se consolidam na juventude, dificilmente se modificando depois de determinada idade.
Moral da história - se você já passou dos 40, curta sem remorsos suas marcas e lembranças do passado. Mas tome cuidado para não fazer disso um obstáculo na hora de compreender os difíceis desafios do presente e as oportunidades do futuro.
coluna do marinho | e entao perdemos a vontade de mudar... publicada no blue bus, há mais ou menos 15 dias.
moral da história 2: pense nisso quando estiver produzindo propaganda antes e depois dos quarenta pra gente antes e depois dos quarenta.
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