quinta-feira, setembro 20, 2007

um simples comentario


18 de setembro Seis e meia da manhã. Enquanto tomo meu café, a TV me informa sobre uma palestra de Hans Donner na Assembléia Legislativa. Salvo a mensagem em algum arquivo temporário do meu cérebro e saio. Deixo meu filho na escola e vou pro trabalho “afinzão”, com vontade danada de fazer algo de relevante durante a jornada de 14 horas que está só começando. Checo na agenda eletrônica as tarefas do dia. Nada de extraordinário: um breve texto sobre os benefícios das vitaminas do Complexo B, um outro sobre o sabor duvidoso do leite produzido no Brasil, além da revisão de uma tese de mestrado que será transformada em livro. Lembro-me da palestra de Hans Donner e abro o site da Alesc para me inscrever. Como dizia aquele locutor da rádio Globo, o tempo passa, torcida brasileira! Nos 15 minutos que restaram de meu horário de almoço, mastigo qualquer coisa e vejo uma peça da campanha do governo federal sobre o consumo de álcool: TEM UM LADO DA BEBIDA QUE A PROPAGANDA NÃO MOSTRA. Na volta ao trabalho, entro no portal do acontecendoaqui para ver o que rola no mundo publicitário: me chama a atenção o debate sobre a restrição da propaganda de certos produtos. Fico intrigado com um evento que se realiza no Centro Cultural Banco do Brasil. A palestra de Nelson Lucero trata da psicologia comportamental de Skinner e tem como convidado especial Washington Olivetto. Então, fico me perguntando: o que a maior estrela da propaganda brasileira tem a ver com esses behavioristas que sobreviveram ao massacre feito por pensadores como Noam Chomsky & Cia? Será que esses sujeitos ainda não perceberam que o pensamento pós-moderno está muito mais preocupado com a linguagem do que com a psicologia? Às seis da tarde, deixo minha mulher na reunião de pais e levo meu filho para a aula de teoria musical. Lá descubro que haverá um concerto especial da Camerata justamente no dia da palestra de Hans Donner. É a sinfonia nº 9 de Ludwig Van Beethoven. Às nove da noite, quando finalmente chego em casa, vejo um comercial da campanha da ABP – TODA CENSURA É BURRA. Além das limitações do espaço de 30”, a sacada humorística não é das mais inteligentes. Perto da campanha pública pelo consumo responsável de bebidas alcoólicas, o comercial contra a censura parece ridículo. Vou dormir me perguntando: onde estão os velhos e bons apelos de mundo publicitário? A julgar pelo que se vê na mídia em termos de talento e criatividade, não tenho a menor dúvida: vou trocar a palestra de Hans Donner pelo o concerto da Sinfonia nº 9. Como dizia um adesivo de uma rádio FM de SP: Beethoven salva!

(o laertes rebello, pinçado, na página de comentários do acontecendoaqui)

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