1. Viu o nome da Empresa dele no outdoor, ficou maravilhado. Orgulhoso, chamou os funcionários e fez com que cada um deles olhasse a placa colocada bem na frente do escritório. Embora todos elogiassem, sentiu a falta de entusiasmo deles, e ficou com a pulga atrás da orelha.
Não sei por que, mas acho que faltou sinceridade. Parece que só elogiaram para não perder o emprego.
Resolveu conferir. Passou a mão no telefone, abriu a agenda e começou a ligar pra todo mundo que conhecia. Ficou surpreso: todos disseram não ter visto a peça.
Não desistiu: entrou no carro, saiu pela cidade pra ver se as placas foram colocadas pelas exibidoras onde estavam programadas. Foram. Mas aí, percebeu: o pessoal da empresa não ficou entusiasmado e os amigos que consultou não viram a o nome da empresa porque, de carro, não dava pra ler mesmo – o outdoor tinha texto demais. A mensagem era ilegível. E a marca desaparecia. Além disso, era muito feio.
2. As coisas a que as pessoas prestam atenção são determinadas pelo que essas pessoas são enquanto indivíduos e pelas características culturais de suas comunidades de prática. Não é a intensidade ou a freqüência de uma mensagem que vai fazê-la ser ouvida por elas; é o fato de a mensagem ser ou não significativa para elas.
3. Extraí esse texto que acabo de reproduzir do livro As conexões Ocultas – Ciência para uma vida sustentável, de Fritjof Capra. Recomendo-o com entusiasmo. Ele trata, neste capítulo e nos próximos, do problema da comunicação nas empresas e sua influência na vida das pessoas. Não se refere, portanto, neste ponto, à publicidade. Muito menos sobre outdoor. Mas merece nossa reflexão. Se estivesse se referindo a esse meio, eu acrescentaria, apenas: só que a mensagem precisa ser lida.
4. Com isso na cabeça, dê uma volta por aí e observe os outdoors que estão sendo veiculados neste momento. Você vai ver quanto desperdício de dinheiro. Pior: como, além de jogar dinheiro fora, enfeiam a cidade.
Têm texto demais, o layout é horrível, as letras são pequenas, as cores esmaecidas impedem o acesso do consumidor. Uma tragédia.
5. O terrível desse assunto é que o outdoor é tão antigo quanto a publicidade. E nós – publicitários, anunciantes, os próprios responsáveis por esse meio – não aprendemos que ele tem uma linguagem própria.
E o outdoor é intransigente: se não respeitam a linguagem dele, ele tem o maior desprezo pelo investimento que fazem.
6. Pertenço ao grupo de pessoas que acreditam no diálogo. Por isso, minha sugestão aos responsáveis pela produção e veiculação do outdoor: é preciso dialogar.
É preciso chamar publicitários e anunciantes para uma grande reunião, a fim de lhes explicar, ensinar mesmo a eles, como se deve falar com o consumidor através do outdoor.
Não se trata apenas de um aprimoramento profissional e de aumento da eficácia desse meio. É, também, um exercício de cidadania, porque bons outdoors, ao invés de poluir – como aliás acontece hoje – embelezam a cidade.
(esse pobre outdoor, do eloy simões para o acontecendo aqui)
a operação mãos limpas, quer dizer, cidade limpa chega a cidade, em 2007 é dada a extrema unção ao outdoor e nem assim a macada aprende a fazer algo que preste, que não seja chupado sabor a limão.
Um comentário:
ACHO CERTÍSSIMO SEU COMENTÁRIO, O TEXTO MELHOR IMPOSSÍVEL.
TALVEZ SE ANTES AS EMPRESAS DE OUTDOOR, AS AGENCIAS DE PROPAGANDA
TRABALHASSEM MELHOR COM A ARTE E AS CONDIÇOES DAS PLACAS HOJE QUEM SABE CONTINUARÍAMOS COM A MÍDIA DO
OUTDOOR EM SP.INFELIZMENTE O QUE HOUVE FOI UMA INVASÃO DE PREDADORES
PREJUDICANDO AQUELES QUE SÃO PROFISSIONAIS
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