segunda-feira, setembro 03, 2007

esses moços, pobres moços ou não quero saber dos meus vinte e poucos anos


notinha quase perdida no bluebus registra que os 90, ele está voltando ao mercado - e define agora o que é importante.
a notícia? a volta, aos 90 anos, de arnold rosoff.
fundador da arnold worldwide. afastado da propaganda há 20 anos, retorna como chairman do board da holland mart, agência de boston que está sendo ressucitada(coisa que bem poderia ser feita, por exemplo com a italo, com ele ou apesar dele).
rossof declarou que apesar das mudanças tecnológicas que rapidamente revolucionaram o marketing, ter uma equipe leal ainda é uma alta prioridade.

istmo de tempo depois e mais outra notinha perdida: aos 82, ele está recomençando a carreira. stan rapp. que nos anos 60 fundou a rapp collins, acaba de abrir uma nova agência, unindo-se a um fundo de investimentos, a engauge. onde será chairman.
a agência, que planeja crescer por aquisiçoes, vai usar novas midias
para lançar campanhas que possam ser mensuradas. rapp comandou collins até 1988 e em meados dos anos 90 entrou para a mccann para liderar a nova divisao de marketing direto, hoje mrm worldwide. afastando-se em 2003.

por aqui retorno ao mercado – com cerca de pouco mais de metade da idade deles - após malafeita da 101º macaco, com as devidas proporções, também como “chairman” da www.massape.com. e, a pedidos, envio quase-teaser as listas do ccpe e ccnat.

no ccpe, a pegada do qual é a grande idéia, texto do teaser – título do livro de george lois com bill pitts editado há duas decadas – é recebido como um indicativo de endereço eletrônico com igual tema coisa que, com boa intenção ou não de engrossar temperar o caldo, soa a coisa do tipo, já-já ví antes, ói que a tirada é velha. a resposta é curta e grossa, com o humor que me é característico(para alguns mau, para alguns de ironia demasiado acre - eu me acho doce) e tome chorumelas do tipo vamos manerar, lista não é lugar de ofensar e outras peculiaridades, que fazem esta lista ter a cara do que tem bem ao fundo(de fralda fofa).

na lista do ccnat, a resposta vem em tom de blague. do vulgo ou seria vulgar modrack?(vulgar não é baixo, é coisa comum, corriqueira, quanto muito média, da raiz latina de médiocre) que pergunta, se a grande idéia, é o anúncio da minha aposentadoria? acho menos ofensivo do que a indicação balofa da anna terra. e, mais salutar. o piolho tem topete, soi disant, há que se falar. nada como provocateurs, mesmo de quinta, para despertar-me paixão desatinada do bom combate.

estes dois cri-cri episódios, coisa de 30 dias atrás, demonstram irrefutavelmente a caca de miolo de uma nova geração que já entrou para a profissão aposentada. ao contrário do que possa parecer em razão da tenra idade. carne pra canhão, anulam-se uns aos outros. existência que nem se pode chamar de digna profissionalmente. vilipendiados diariamente por imposições de trabalho acachapantes. salários idem. e nada mais tendo a dizer, masturbam-se no mundo do faz de conta do na pasta, dos novos do ccsp, das “tertúlias pseudo antenadas”, dos portfólios fantasmas e da mais vergonhosa das atitudes que se poderia esperar de uma geração formada(na verdade deformada) no supra-sumo do conhecimento academiado-googlelizado: completamente sem atitude ante o estado bulímico por tal vivência na profissão. última coisa que se poderia esperar de uma geração que sequer honra a tradição, agora vetusta, de fazer aquilo que se espera da juventude, antes assim predestinada: espírito de contestação, de mudança, de grita, de instatisfação, de iconoclastia, de redesenho, coisa que só exercem, e olhe lá, pelas costas ou à boca chiusa, em rodinhas e conversas de msns e orkuts.

exagero da minha parte? basta ver o teor das conversas e opiniões destas listas. evidentemente ninguém é obrigado a levantar a bandeira da transformação da situação genuflexória a qual se acostumou quase a totalidade do mercado, onde agências usam de torniquete em seus funcionários – tem agência levando visita do ministério público e da fiscalizaçao do mt. por pagamento de funcionários em cartão, não bastasse as famigeradas imposições de aberturas de micro-empresas - usando como alibi – com se houvesse alibi para isso – a pressão dos anunciantes por menores custos. onde então a capacidade de mobilização da abap e sindicato? academias de letras mortas ?

dois, três anos, e o ccpe sequer consegue colocar um site no ar. e olhe que reúne os cobrões do mercado que deitam opinião sobre tudo e todos sem ter sequer esta obra feita, quando mais as outras, com uma dor de corno miserábilíssima a tudo que não louva o que a igrejinha louva.

hay que tener cojones, coisa que esta geração decididamente não tem. aposentada que é por invalidez do caráter de nascença. se não de caráter, pela omissão sistematizada e cristalizada por ela própria, cheia de exemplares dos não-me-toques, isso-não-é-comigo ou praticante do humor band-aid.

triste tempos então, onde os revolucionários tem 82,90 anos(frases postada em abril de 2005, sobre o mesmo ítalo) e casos e casos há mais, vivi na pele, filmando no pais basco (o cinema espanhol de longa, mais desenvolvido, consegue viabilizar melhor certos filmes, ainda mais de automóveis, que o mercado português a época) arrotando juventude, apesar de já quarentão, onde fui atropelado por um diretor de fotografia inglês, de 84 anos, que pululava no set as 3 da madrugada afinando ele mesmo a luz, com uma disposição e um profissionalismo de fazer inveja. detalhe: ao contrário da maioria dos diretores de fotografia com quem trabalhamos(alguns não passam de impostores) ele não fazia a luz na base do vamos ver se dá ou o no que vai dá. mas sim, como mestre jogador de sinuca. cantando, bola 5 na caçapa, antes fazendo tabela 2, efeito rosca, e o que mais anunciava realizava de primeira. quando acionavam os disjuntores, estava lá tal e qual dito, sem meias-bôcas. e nem por isso chegava em cima da hora ou fazia uso de assistentes. sem nenhuma afetação, but, of course, com o velho sense of humour, em risinhos de olhos azuis que nos mandavam um recado claro e iluminado: não se deixa de trabalhar porque se fica velho. se fica velho porque se deixa de trabalhar.

picasso dizia que leva-se muito tempo para ser jovem. rodrigues, praguejava; jovens, envelheçam!

eu por exemplo estou tentando ser jovem, talvez como steve. falta muito tempo ainda, é verdade. mas pelo menos já consegui, e por toda uma vida, não ser a vida profissional perdida que tem e levam estes pseudo-jovens de agora que de tão moderninhos e chico-espertos, para além de borra-botas, já estão aposentados antes mesmo de começar.

mas há exceções, há exceções. há ? ou já se aposentaram também por outras comodidades?

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