um dos problemas da propaganda moderna é que em dado momento a gramática fílmica reduziu a continuidade a pó. não sei se daí derivou-se um quase esquematismo que diz que sendo a propaganda uma linguagem de símbologias arremetidas de encontro ou fuga à realidade, um certo tipo de non sense do tipo tudo pode, tudo cola, tudo vai, tudo pega, vai que dá e por aí segue, eliminou o desenvolvimento da idéia com começo, meio e fim( e nalguns casos com pós-pack-shot que não seja por pós-pack-chute).
é certo que em alguns casos, a descontinuidade faz parte da narrativa, seja ela paralela, tripla ou não. assim como o velho recurso do deus ex-machina(é coisa dos tempos dos gregos cambadinha de pós- modernosos) que muita gente nem assim sabe ponderar como recurso a falta de idéia ou a idéia bem desenvolvida para ter no recurso o seu gran finale ou gimmick irresistível.
em suma: no vale tudo, alguns exageros fogem a realidade como se a realidade pudesse ser assim transformada. é claro que modernosos não sabem minimamente o que é a escola de frankfurt, e tampouco leram o ensaio de adorno sobre chaplin, onde muito bem colocado ele ressalta que a panelada que carlitos desfere na cabeça do ss não encontra suporte no impacto do gesto no real. quer dizer o tapa no real não encontra eco na história.
propaganda não quer dar jeito no mundo, nem mudar a história sob o ponto de vista de nenhuma escola. mas peraí, colocar um tanque de guerra para amofinar diante de um gol mil, já é um pouquinho de excesso de imaginação e de compromisso justamente com a capacidade da criação tornar o inverossimil um instrumento de cumplicidade e não de estranheza com a história, seja ela narrada por fala simbólica e ou metafórica ou não.
os excessos deste tipo de aproach barroco? refletem nada mais que falta. falta idéia, então valhei-me nosso senhor dos descalabros reticulares dos gelatinosos. a publicidade não deve ter compromisso com o real enquanto suporte da narrativa? certo! se assim, for bota então o gol de frente com o caveirão, mais adequado do que o tanque nos dias de hoje, e depois me conta a sensação da trombada.
o mal da propaganda de automóveis de hoje em dia é que esqueceu as velhas lições das sensações que um automóvel deve provocar: " Um carro que anda para a frente e para trás;anda depressa e devagar;sobe ladeira e desce ladeira;e ainda faz curvas, é de fato uma maravilha!. Você já pensou nisso ?" pelos vistos os romários da almap não ?
verdades sobre o gol mil? alguém as esqueceu de contar daquela maneira que a boa publicidade o sabe fazer. no mais todo o resto se tornou uma grande bobagem. o que é ainda pior do que qualquer mentira, que a narrativa simbólica pela hipérbole julga resolve, no script do exagero de situações intencionais, como se quanto mais exagerado mais se chegasse a simplicidade de outras conclusões de maneira não-aristotélica.
ou se quiserem, a almap é um tanque que se fez de gol para assegurar uma vaga no estacionamento do panteão da propaganda nacional ou vice-versa neste vale tudo que transforma até serpas em euricos?
quaquer semelhança com o gol mil de romário é meramente intencional?
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