sábado, abril 21, 2007

normas do empadão

se há um país conhecido por criar um conjunto de leis quase próximas à perfeição, não é a suíça, lamento dizer. sim, é o brasil.

se há um país sobejamente conhecido por não respeitar as leis que ele mesmo cria, não é a colômbia, o paraguai, o mogadício ou o haiti. sim, é o brasil.

e porque seria diferente nas leis, mecanismos, extensões, orgãos, criados para dar a retidão dos valores e ética a atividade publicitária? avançadíssimos, sim senhor. desrespeitadíssimos não senhor ?

o pior é que o mais gritante e acachapante é que o desrespeito é praticado por gente do meio, teoricamente e publicamente, responsáveis diretos pela moralização da propaganda e sua prática comercial. aliás, no brasil toda vez que se fala em moralizar alguma coisa, prepare-se: vai ficar pior do que já esta.

o cenp, conselho executivo das normas padrão, é mais uma destas iniciativas com uma boa intenção natimorta. basicamente, tem a função de zelar pelo cumprimento mínimo da formatação de arcabouços de agências(que só assim recebem certificação que lhes garante o direito pré-existente por lei das agências serem comissionadas pelos veículos)( a discussão sobre a propriedade em tempos atuais do comissionamento é outra estória) além de prescrever normas de conduta também pré-existentes há decadas, e que já há algumas décadas foram pras cucuias, desde que começou a onda de rebaixamento dos 20 e 15 % para percentuais negativos, pasmem, mas que existem. tem gente que paga pra trabalhar quando deveria receber. e como o bv por si só não consegue gerar compensação de monta, deixemos às mentes mais criativas a tarefa de perspicazmente resolver o imbróglio de uma atividade que parece querere ficar notória pela prática de comprar por cem e querer revender por noventa e ainda assim repleta de i-pods como brincos e bmw à porta como mimos, o que evidentemente não acontece no escalão médio. que representa o contigente de sustentação do ramo.

seguindo a tradição cultural? brasileira, ou sendo mais acre, da nossa falta de caráter, honestidade e ética, crônicas? a tentativa de moralização só a égide do cenp afunda pela sanha do "espíritismo de sobrevivência" que se abateu sobre o negócio. certificadas, agências, e no conluio, fornecedores e veículos, continuam a desrespeitar as normas, não só éticas, mas financeiras, praticando as rajadas o esporte publicitário preferido: dar tiro no pé. tanto que se comenta, e não só à boca chiusa, que o mercado se transformou numa imensa putaria, o que antes fosse. afinal, as putas cobram pelo serviço, com tabela diferenciada, inclusive(cobram e recebem).

qualquer investigação ligeiramente mais aprofundada descobrirá que veículos e fornecedores hoje dão mais descontos a clientes diretos do que agenciados, e não sei nem se pertinente a escusa do uso das " honrosas exceções". contudo, como nesta prática não existe a figura da delação premiada, pelo contrário, qualquer denúncia implica a perda da conta e a queimação geral no mercado, assim la nave va. todo mundo sabe, mas como todo mundo é ninguém,fica o dito pelo não dito.

os propósitos são de lotar o inferno(de boa intençao ...) as campanhas muito bonitas. as figuras que as estreiam muito respeitáveis. mas a atividade, de há muito não tanto. e tudo por culpa única e exclusiva de seus próprios intervenientes.

contratos padrão ganham clásulas e sub-cláusulas de agências funerárias. práticas lesivas são aceitas em parágrafos únicos. tudo em nome da sobrevivência das aparências. clientes, muitos dos quais se queixavam de estarem sendo roubados, passaram a ser ladrões de casaca. restando a muitas e muitas agencias, mas muitas mesmo, a aceitação genuflexória das regras que fazem letra morta a tudo que se possa entender como decente e justo em termos de prática, conduta e remuneração. em espírito e em corpo de delito.

quem ganha com isto? na verdade ninguém, isto é o que espanta ou melhor nem tanto. perdem agências, clientes, fornecedores, veiculos. mercado puido em sua caixa moral e financeira também esgarçada. desfragmenta-se uma atividade, que dizem-mo-na, todos nós, da mais alta importância para a sociedade e a cultura de um país.

mas se assim o é, porque tão baixos e de rastos estamos?

e quem pode resolver isto? o cenp?

há quem pague pra ver. mas onde está o troco se nós mesmos na prática falseamos as tais normas-padrão ?

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