domingo, julho 16, 2006

um edital das arábias*

talento!serviços!mérito!bah!entrai para um grupinho.
telêmaco

verbas publicitárias são sempre disputadas "quiscunque viis". excetuando-se agências e homens de comunicação que não participam de tais expedientes - e há muitos - como júlio ribeirto(talent/detroit), washington olivetto(w.brasil), só para citar os dois exemplos mais famosos, e que nem por isso diminuem seu sucesso,reconhecimento,e faturamento - todos os demias tem sobre sí o fantasma do enriquecimento ilícito, do conchavo, da propina, do desperdício, da esperteza e do "talento" em conseguí-las.

desastroso, como se vê, é que a esperteza e o "talento" não são demonstrados nas campanhas e peças que apresentam, com o mesmo arroubo com que se lançam a tal disputa. Quem se lembra da Assessor, agência que evidenciou-se nos ditames do governo figueirêdo e que logo passou a popstar no "clube dos dez"? pudera! a agência que tinha como sócio majoritário um dos filhos do então presidente, acabado o governo, desabou. Como tantas outras, era só um meio, uma fachada, pra turma do mete a mão fazer carreira fácil na propaganda. a paraíba também tem a sua assessor pois não? e seus assesores "mui talentosos".

malgré tout, a prefeitura de joão pessoa resolveu agir francamente. e lançou um edital para a área, seguindo o princípio da transparência mais que transparente que tem feito moda ultimamente na administração brasileira federal, estadual e municipal - deve ser por isso mesmo que se vê o que se vê ? - com o meticuloso propósito de eliminar a sombra do improbus administrador.

pulchre!bene!recte! mas saberia o prefeito chico franca, e o secretário de comunicação raimundo nonato, que tal edital, ad hominen, é duplamente criminoso? já que permite e incita o exercício fraudulento de profissão reconhecida e homologada perante o ministério do trabalho?

se sabem, são ejusden farinae. se não, estão sendo vítimas de mais um arrumadinho da política local de propaganda que, associada ao coronelismo de asfalto, vitima a lisura, os homens de caráter, o profissionalismo, além do prazer e a possibilidade do fazer bem-feito. sem falar no bote no bolso do contribuinte, este palerma, que como eu, paga impostos. tudo em favor da expansão de negócios ue jamais se expandiriam a tal ponto no ramo da propaganda local, se não houvessem tais expedientes. e esta é a mais forte razão para a probreza de um mercado desequilibirado, achatado na média, no tempo e paupérrimo e milionário nos extremos, mix muito pouco recomendável.

de saída, o edital nº 01/93, colocado a venda pela bagatela de U.S.$20,faz o imbróglio de atividades caudatárias e terciárias a atividade das agências de propaganda, tais como filmagem e montagem, com as próprias. agência é agência. produtora é produtora ( e corretor não é agência). por mais que espertezas de donos de cameras ditos produtora ou agências, que costumam travestir-se de uma coisa e de outra ou das duas ao mesmo tempo, gabando-se de serem mais completas(sic!), digam o contrário. se assim for, coitada da dm9, a segundo do mundo, no ranking cannes 93: ela seria incompleta segundo as normas de tal edial. também o seriam a dpz, almap, bbdo, salles, mpm/lintas,jwt, pelo critério conspurcado de tal edital que fecha os olhos - por ignorância ou submissão a jogo de interesses ? ao primado básico de toda agência que é a geração de idéias apoiadas axilarmente em capital intelectual humano. o despautério é tal que ignora que muitas destas mesmas agências, aprovadas por tal edital, não tem sequer sede própria, o que as encalacraria no item instalações, equipamentos(que são alugados e não próprios) rá!rá!rá!, coisa para o macaco simão. e olha que tudo foi feito com base na lei 4.680. não é uma gracinha?

é sabido no mundo da propaganda que a atividade da produção é caudatária, terciária, desde os primórdios. isto muito antes da febre da terceirização nos anos 90 que despachou sedes pomposas, departamentos de pessoal, contabilidade, merchand, embalagens, para terceiros. é patente que as diretrizes do edital visam proteger interesses. os mesmos. dos mesmos.

a liberdade de escolha dos fornecedores por critério específico de cada trabalho a ser desenvolvido, além do direito jurisprudente, é o que permite equacionar - criativamente também - os binômios exibição-eficácia, custo -benefício. esta história de que não sendo assim iríamos ter custos onerados, é desonestidade juramentada, já que os preços da propaganda governamental são sempre superestimados - uma vez que o governo costuma atrasar os pagamentos(quando paga), e também, pela "questão cultural" que dita as normas do meter a faca: senão, cumequié que se compram as fazendas, os carros do ano, a casa de praia- e tudo isso num mercado paraibano, pobre? -. some-se a isto o fato de que as produtoras locais são desprovidas de recursos-humanos principalmente(não tem assistentes de produção sequer, já que as agências acabam por produzir)-. e qualquer trabalho mais elaborado requer a sub-locação de equipamentos(nao falo nem dos mais modernos, ao nível de nordeste - o que onera,quinquilhões, pela engenhosidade na composição dos custos, o orçamento. tdo é fruto da distônia crônica local entre cliente-agência-fornecedor. basta imaginar que se quisessemos produzir um comercial usando super-8(como foi feito na campanha do hobby escort) e 16mm, para dar mais textura e dinâmicas outras de imagem, não teríamos como. assim como não temos beta,super-beta e muito menos polegada, que vai morrer sem chegar ao mercado. mas dane-se a qualidade. o que importa é ser licitado. porque o negócio é faturar. o resto é pentelhação de quem não está comendo também. lever derideau ?

mais adiante o edital da basófia administrativa exige registro ou inscrição na entidade profissional competente ou sindicato de classe. problemas senhor prefeito e secretário de comunicação. o sindicato que existe? é patronal. está " freezado". não existe sindicato dos publicitários. registro quem emite é a delegacia regional do ministério do trabalho. como se isso não bastasse, qualquer declaração teria de ser expedida em data a posteriori da publicação do edital, assim como os comprovantes fiscais. como fica então? como é que se pede algo que não pode ser de antemão dado? e não pode como é que a classificação pode ter ido adiante. aliás, a presidente da comissão central permanente da licitação, maria fátima m. de carvalho, autora de pérolas como "outdoor não é veículo de comunicação", cometeu outro estapafúrdio, como se já não o fosse permitir que elementos cegos, surdos, mudos à propaganda fossem presidir tal coisa, ainda que montados num dispositivo manco que reconhece sua incapacidade ao criar uma comissão de assessoria especializada, que em matéria de propaganda é uma bosta também, para atuar em caráter suplementar? rá!rá!rá!. sim, estapafúrdio também, ao desconsiderar verbalmente um pedido de adiamento e alteração baseado no que previa o próprio edital - na verdade o impetrante usou de eufemismo, deveria ter partido logo para impugnação, tamanho abusrdo -e tudo fundamentado na lei 4.680, que tal comissão parece desconhecer,apesar de anexada, mas que embalsamou para dar aparência de legalidade documental. tal pedido nem foi registrado em ata, como prevê o edital rá!rá!rá!, procedimento cabível e jurisprudente a qualquer malta que se preze. até porque a mesma não dispunha de conhecimento para descartar o que fosse, não fosse o pau mandado que é. e tudo isso foi feito como a coisa mais natural do mundo. o que é para panelinha que nestas horas não tem fair-play.

por último a questão primeira: o exercício da profissão de publicitário, lei 4.680,art.8º parágrafo único, não pode ser feito por não habilitados. seria pedir demais que tal comissão publicasse os registros profissionais dos classificados e suas responsabilidades nas "agências" que dirigem. afinal, uma farmácia sem farmacêutico,a prefeitura não perdoa(ou perdôa?). um cirurgião sem CRM, vai pra cadeia. publicitário que exerce a profissão ilegalmente,não? eu não sou a nadja palitor, mas não seria isso crime editado por sua própria natureza? e pela incitação? já que uma simples declaração imiscuiu não habilitados em tal concorrência ? tornando-os deus ex machina aptos ao ofício? devemos então consultar helena zóia, autoridade mór no assunto, com escritórios em são paulo, de onde presta assistência jurídica as mega-agências para que suas campanhas não se enredem no código do consumidor e nos intrincados das licitações?(endereço à disposição).

sou voto vencido na GCA. mas mantenho a posição. participar de uma concorrência destas é emprestar o nome para corroborar falcatruas. neste caso, maiores, porque nem as regras do jogo, elaboradas pelos próprios vencedores foi respeitada(que falta de savoir faire) de sorte que mesmo agências licitadas que não fazem o jogo não podem realizar um só trabalho, caso não sigam o esquema " cala a bôca".

o fato é que agências não participaram. produtoras também(tem gente no mercado com vergonha na cara sim senhor) enquanto outros e outras, mudaram razões sociais, às pressas, varrendo o lixo para debaixo do tapete, para que lá pudessem estar, mendigando migalhas. e que coincidência rá!rá!rá!, os de sempre.

só faltou aparecer a agência/produtora ali babá e os 40 ladrões. mas, por certo, espantou-se com a concorrência desleal num terra que só nasta um ali para ser considerado como agência, completa, em tal edital.
é ou não é das arábias ?


celso muniz é publicitário, registro profissional 1348, na delegacia regional do trabalho, do ministério do trabalho do rio de janeiro e diretor de cena, registro 4528 DRT/MT/RJ.

* o presente artigo foi "ignorado" pelo então editor do correio da paraíba. voto vencido, abandonei a sociedade e direção de criação da GCA, grupo criativo de atendimento em marketing e propaganda, que existe até hoje.

quase década e meia depois, pergunto: mudou alguma coisa nas licitações de agora para atendimento do govêrno? não? então como querem que eu mude?
fato é que o mesmo mix continua por lá. e no popular, comendo filé e distribuindo ossos para os demais comensais que participantes da refestança, andam palitando à mesa.
não sei se por excesso de apetite, intra ou exta, houve anos que a verba da propaganda de algumas secretárias e autarquias acabou bem em meio ao ano? coisa do regime da transparência ?

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