sexta-feira, julho 07, 2006

pernambuco (não) dá sorte

bons atores. alguns diálogos e composições, hilários. criação infelizmente descontínua. a comunicação do pernambuco da sorte ainda assim, de vez em quando, destaca-se na baboseira, pastoseira, pasmaceira, que é o habitual nas produções locais. e o faz sem maquiar-se do complexo short-list de festivais.

qual a razão determinante desta descontinuidade que fragmenta uma comunicação que tem tudo para ser anti-zapping, sem deixar de ser efetiva enquanto propulsora de vendas? preguiça a todos os níveis? ausência de planificação de comunicação(isto não é planejamento, é parte ínfima dele), vipes motivados pelo mapa de vendas?

alguns outros motivos poderiam ser elencados. mas o importante é a resultante: a inconstância do formato achado, que revela, se não falta de crédito no criado(uma aparente contradição) a perpetuação da mistificação de quando se trata de vender pra valer é mandatory a entrada de apresentadores, no velho formato atabalhoado do hard sell. o que, no caso do pernambuco dá sorte, é ainda um cagalhão maior. mesmo com o tique do sorriso feminino, na tríade, que também dá a cara em formatos caricatos para outros anunciantes.

recentemente, tivemos o uso, como endorsment, desde um colunista social, a pessoas de “maior projeção”, para reforçar a credibilidade do valor agregado a premiação, na forma de um chácara em aldeia, o que poderia ter sua razão de ser. mas acontece que isso também denotou falta de burilação no formato e na sinergia para com o restante da comunicação, que repito, é aderente, pertinente – algumas vezes de temática conceitual extremamente focada ao público popular, conseguindo algumas vezes ser engraçada, persuasiva, cativante, hilária, sem apelar para o populacho(e o pastiche que instrumentaliza a criação dos anúncios vistos no na pasta, celeiro de cópias deterioradas do archive) o escracho gratuito e a grossura, que muitas vezes estão no discurso(e na cara) dos apresentadores dos sorteios que se revezam também na apresentação dos comerciais mal-ditos hardsell.

ainda poderia se dizer que tais apresentadores são um recurso institucional, “imagem da voz de companhia” , do pernambuco dá sorte. mas isto não cola. é simplesmente chulo e a anti-solução tampão de sempre.

o formato achado ainda tem o plus da longevidade. permitida, desde que os textos e situações fossem melhor trabalhados(a preguiça e a soberba matam mais criadores que o infarto) inclusive explorando-se o caminho da publicidade de oportunidade, extensão ao calendário temático trilhado algumas vezes(carnaval, festas juninas).

mas lamentavelmente não é o que acontece. recentemente tivemos também um exemplo com a comunicação da insinuante que buscou um formato diferenciado – foi motivo de post no cemgraus – mas que não guentou uma semana e logo rendeu-se, melhor dizendo, vendeu-se ao formato “papelão”( “cartela, grito e preço).

em ambos os casos de parece ser mais falta de pulso da agência( do diretor de criação) do que falta de talento. falta de vontade de ir além(resist the usual) e culhão, faz um estrago na propaganda sem tamanho. perde o cliente, a agência, o consumidor, a sociedade, a cultura e o país.

mas todo mundo diz que não - principalmente os publicitários, ai meu culhãozinho - que é justamente o contrário. e dizem isso no grito em alto e mau tom.
e ai, em vez de rir, eu rasgo o bilhete da propaganda que que é feita deste jeito.

não devo ser mesmo um sujeito de sorte por acreditar cada vez mais na simplicidade, na emoção, no bom humor, na sofisticação, sem afetação, cumplicitada com inteligência por despertar(sim e não) do consumidor, como salvação da profissão que anda em estado terminal, apesar de tantas possibilidades recém –chegadas e já abordadas com os vícios de sempre. e, como não jogo, não ganho.

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