quinta-feira, junho 29, 2006

sobrenome de família, meio mafiosa, ou já selo-atestado de cala-bôca ?

1. Você sabe por que elefante de circo não foge?

Eu já conhecia a resposta a essa pergunta antiga, mas disfarcei: não.

É porque quando ainda novinho colocam uma corda no pescoço dele e o amarram em um lugar qualquer. Ele passa a vida toda ali, habituando-se a não se afastar a uma distância maior do que lhe é permitido pelo tamanho da corda. Então, quando esta é retirada, ele só caminha pelo espaço ao qual lhe foi permitido se acostumar.

Fiz aquela cara de ignorante surpreso, meu interlocutor ficou feliz da vida e tudo continuou na paz do Senhor.

2. O fato me lembrou o momento em que vive o nosso setor. Há algumas dezenas de anos a ABAP colocou uma mordaça nele. Empresários, publicitários e todos os que vivem no entorno da atividade cresceram assim. Agora, quando e tirada a mordaça, não conseguem falar. Acham que não podem.

Resultado: pressões e problemas se acumulam. De vez em quando alguns descobrem que podem, devem e precisam se manifestar para o bem de todos. Aí, vem a ABAP e sua fiel escudeira FENAPRO (desconfio que também esta andou amordaçada tanto tempo que se esqueceu de que tem o direito e a obrigação de falar livremente) e dão um tapa na mesa. Pronto: o silêncio se faz novamente.

3. Há pouco, algumas coisas me chamaram a atenção:

. Na Revista Exame (data de capa: 21.06.2006), matéria assinada por Silvana Mautone sob o título “nota baixa pela criatividade”, afirma que “pesquisa com executivos conclui que sua capacidade criativa cai ano a ano e já não se distingue da média da população”.

. Informativos diversos dão conta de que caiu o número de prêmios do Brasil em Cannes. Quem me lê habitualmente já deve ter concluído que isso
não me surpreendeu. Há algum tempo venho registrando, aqui, a queda da criatividade da comunicação de marketing do Brasil.

. Coincidentemente, Veja (data de capa de 28.06.2006) publica, nas páginas amarelas, entrevista que Gabriela Carelli fez com Paul Johnson, inglês que, segundo a revista, "é um dos maiores produtivos historiadores da atualidade". Johnson defende a tese de que a liberdade é um aliado indispensável da criatividade. Vale a pena lê-lo, porque ele coloca o dedo na ferida. Pelo menos, na nossa ferida.

Com efeito, vivemos hoje como o elefante do circo. Esquecidos de que necessitamos nos reunir para discutir livremente nossos problemas, ficamos aguardando as ordens da treinadora, digo, da ABAP. Com isso, não nos oxigenamos, não permitimos ao nosso espírito voar e perdemos nossa capacidade criativa. Em conseqüência, os problemas vão se avolumando. Nossa imagem vai se deteriorando. Nossa criatividade vai baixando. E ladeira abaixo aqui vamos nós, rolando.

e aqui vamos nós, descendo a ladeira, do eloy simões.

fica parecendo, segundo uma certa regral moral muito pernambucana, ainda em uso, que tal como moças de famílias de bons nomes,que foram desencaminhadas, as agências pernambucanas agora precisam de sobrenomes para atestar a sua decência não importa se já perdida ou a que preço.
longa vida aos bastardos com apreço a boa propaganda então.

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