no fundo no fundo, mesmo a mais ingênua e ou formalmente despreparada das mulheres(há muitas, assim como homens, talvez até mais) para decifrar o jogo ideológico da dominação, sabe que estes anúncios vem de gente que, se bobear, cria também o dia internacional das fêmeas do bagre. ou seja: pra eles não importa a data, importa sim, preencher o espaço, seja lá com que merda for, porque, jornal, principalmente, serve para isso mesmo. só que antes, servia, com honrosas exceções, para limpar merda. agora, tempos modernos, já a inclui. de brinde?
escatologia ou não, o fato é que não se vê uma única peça sequer, que com sensibilidade e propriedade traga a tona a relevância da mulher, tão avacalhada no dia a dia(para uma rima pobre sintonize os programas policiais do meio dia, onde apresentadores igualam-se a estrupadores, agressores e assassinos, mediante seu linguajar aparentemente solidário e revolto mas tão machista e violento quanto)e eis que subitamente tratada com odor de rosas hoje, para amanhã voltar a ser o rebutalho de sempre em nossa sociedade. a começar da inqualificável injustiça de ter de receber um salário feminino exercendo a mesma função que seu congênere masculino, que só por isso recebe o salário masculino,of course, que é sempre maior. não se trata de penalizar o dia. de torná-lo mais pesado do que é. trata-se de, com inteligência, e sensibilidade, muita sensibilidade, não é para isso que se contratam profissionais de comunicação? fazer da data uma oportunidade para lembrar com relevância que o mundo masculino - e quiçá ainda mais o feminino - precisa mudar na busca de uma relação que se apresente com outros rostos e caras que não estas que enfeitam os anúncios cujo espaço amanhã será substituído por tragédias. há que se tocar na questão delicadíssima da exploração e da violência das mulheres por mulheres e contra as mulheres, um capítulo a parte em luta de classes e entre as próprias de "classes iguais".
a grande luta da mulher continua sendo contra a violência que se manifesta sob as mais diversas formas: a da porrada e do tiro em sí, da humilhação, da exposição grotesca(ser sensual e sedutora, sou todo a favor, sim! mas isso não é ser budna de bbb) acima de tudo, da subestimação e da absoluta falta de respeito para com a sua inteligência a qual tentam domesticar com a toada tôsca do ser sensível e por isso mesmo predestinado - biblicamente inclusive - ao papel de pecadora, seja por mérito ou por falta.
faz falta uma lei maria da penha que colocasse em cana os criminosos que fazem anúncios que só pensam em sí. no fundo uma forma de masturbação masculina centrada na imensa misoginia do sistema.
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