domingo, agosto 31, 2008

aqui ó! ou o jornalismo “chupa que é de uva”

"às vezes exaltamos a importância das idéias e da informação. vamos sonhar com a possibilidade de que num domingo a noite no horário ocupado por ed sulivan, se faça estudo clínico da educação. e que numa semana depois, o horário utilizado por steve allen sirva para uma análise da política americana no oriente médio.

será que a imagem dos nossos patrocinadores sairia arranhada?será que os acionistas ficariam revoltados e reclamariam? o que aconteceria? a não ser que alguns milhões de pessoas se informassem mais sobre assuntos que determinam o futuro do pais e,portanto, o futuro das nossas empresas.

aqueles que dizem que as pessoas não se interessam que são complacentes indiferentes e alienadas, eu apenas respondo na minha opinião de repórter que há provas concretas de que esta afirmação é incorreta. mas, mesmo que não o seja, o que eles têm a perder?

se estiverem certos e o nosso veículo só servir para divertir e alienar, a televisão está em perigo e logo veremos que a luta foi em vão. esse veículo pode ensinar, pode esclarecer e até inspirar. mas só pode fazer isso se as pessoas o usarem com este objetivo. senão será apenas um monte cabos e luzes dentro de uma caixa”.
ed murrow, in good night, good lucky.


o quarto poder agora é negócio. diz o título e lead do alberto dines para o observatório da imprensa na semana passada. a frase de quem já afirmou que a sociedade é maior do que o mercado. e que o leitor não é consumidor, mas cidadão. jornalismo é serviço público, não espetáculo, de certo modo acertou em cheio no que viu e acertou ainda mais no que não viu. dines não se referia, por certo, ao lançamento de meia pataca ou meio real, rodado pelos associados pernambuco. na forma de griffe periférica que no aqui e agora pe, busca o nicho do negócio, escudado na baixaria. paulo francis dizia que o jornalismo é a segunda profissão. mas, pelo andar da carruagem, com lançamentos iguais a este, parece longe de alcançar a dignidade da primeira, a prostituição. até porque, o jornalismo negócio aparece ambivalente em duas frentes(ou seriam traseiras?) : o das celebridades, no melhor estilo baixaria espumante, e da rafaméia, na ala da baixaria borra. uma e outra ideologicamente muito mais perigosas do que a dita influência do quarto poder ao nível do jogo de interesses dos editoriais e matérial pago dos ditos grandes títulos da república.

a baixa tiragem, o baixo índice de leitura dos brasileiros, ainda mais nas chamadas classes baixas - o hífen é para que os incautos se apercebam de como as palavras despretenciosas do cotidiano cimentam como casta, segmentando, esteriotipando, estigmatizando e, acima de tudo, estabelecendo o princípio da dominação que no aqui pe também está presente pelos módicos cinquenta centavos - poderiam ser considerados como itens motivantes a tal lançamento. mas não.

qual seria então o mote da propulsão a tal lançamento? a preocupação de se fazer um novo formato que não o broadsheet para aqueles alijados da informação impressa? ou bloqueio do flanco aberto pela folha de pernambuco, que estigmatizada não consegue se livrar da pecha do "espremendo sai sangue" que notabilizou o dia? antes fosse. mas vai além ou melhor mais aquém. mas se o "novo" formato berliner traz um padrão standard de projeto gráfico aparentemente mais qualitativo, o conteúdo é mesmo do oportunismo tablóide do negócio que perpassa a glote dos dominados dando-lhe um formato de circo com a receita de sempre: mulher boa para renderizar a masturbação;violência para configurar o denuncismo barato e produzir a catarse de calçada; e um toque de texto, frouxo, que se quer cheio do risote humorado e longe do texto que marca o chamado jornalismo sério. a piada sem graça é o falso insight à facilitação de leitura. no geral, o que poderia ser interpretado por textos soltos e leads afinados com a realidade que documenta - mas não intervém - nada mais é que prepúcio que ressurge na forma de um fascismo com sotaque que submete a castração.

onde a preocupação com a in-formação e não a deformação? qual seria o mecanismo ideológico assaz perverso por trás deste lançamento? lançamento repito, destinado aqueles que necessitam de um processo educativo político-social-cultural, no qual a imprensa - seja escrita, televisada, radiofônica e cibernética teriam papel fulcral. mas não é isso que se vê, lê, escuta ou acessa. como classificar uma edição que ao tratar de uma participação de um judoca brasileiro nas olímpiadas, desvia o foco para o afinal, foi gaia ou não foi(sic), nos trazendo perólas do sentido duplo e idiotizante do tipo "bimba ainda luta para subir" , inflando as velas no efeito fácil do apelido do homem da vela brasileiro, além de mais uma sem data de exemplos que denotados como a graçola diariamente vai perpetuando e demolindo as possibilidades do jornalismo incentivar o aparato crítico, cristalizando a forma do pensamento escravizado que hoje se resume ao beber, cair (e nunca mais levantar como convém aos dominantes) e ao chupa que é de uva, a imagem símbolo de cérebros banguelas e mulheres só bunda sem neurônios que consentem o que a delegacia das mulheres se vê impedida de combater violentada pelo princípio que as próprias mulheres deviam recusar em vez de abanar os cachos por eles.

em data muito próxima ao lançamento do aqui pernambuco, clóvis cavalcante, nas páginas do associado que engendrou tal artefato, publicou um artigo entitulado "eu quero meu sertão de volta". na verdade uma apropriação de um também título do jornalista e cineasta de serra talhada, anselmo alves, que ressalta como está tomando corpo um tipo de produção musical que avoluma um cultura de baixíssimo nível mas que leva o delírio a elite pernambucana que se agasalha em gravatá, o novo antro da dodecafonice pernambucana. o jornalismo impresso pelo aqui-pe segue o circuito da lama. e se pensarmos que este é o jornalismo feito pela geração diploma, vemos que o estrago já chegou a proporções nunca antes pensada.

o mesmo ed murrow, também nos avisou: “ a nossa história é o resultado do que fazemos. se continuarmos como estamos a história se vingará e nos fará pagar.
creio que já estamos pagando. porquê, desta forma, os míseros cinquenta centavos são um preço cujo valor tem um custo para o pensamento social que não há dinheiro no mundo que compense, salvo para o caixa associado.
boa noite, boa sorte.
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Now playing: Nação Zumbi - Nação Zumbi - 02 - Infeste
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in progress:
não tem pra ninguém;
a swot do gerente babão;
o publicitário montado: escolas e cursos de portfólio;
românticos de cuba;
derrotados em todos os turnos
até o pescoço metido a merda da deontologia

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