quinta-feira, dezembro 27, 2007

bom exemplo em tudo, menos no pagamento da primeira marca

No dia 10 de setembro de 2007, o mundo e o marketing perderam uma de suas mais marcantes personalidades: ANITA RODDICK, a guerrilheira que mudou a história da indústria dos cosméticos. Morreu aos 64 anos de idade, vítima do vírus da hepatite C, contraído em uma transfusão de sangue durante o nascimento de sua filha.

Tudo começou nas férias do casal ANITA PERELLA e GORDON RODDICK na Baia de São Francisco, EUA. Encantaram-se com uma pequena loja na Telegraph Avenue (Berkeley) que vendia shampoos, cremes, loções, também fundada e tocada por um casal e batizada de THE BODY SHOP, fazendo a apologia da defesa do meio ambiente, dos animais e da natureza, e estimulando, através de descontos, que seus clientes trouxessem embalagens de suas casas, ao invés de usar as novas da própria loja.

6 anos depois, 27 de março de 1976, e como seu marido se decidisse pela prática profissional do trekking, ANITA RODDICK decidiu abrir uma pequena loja na Inglaterra onde pudesse tocar sua vida em companhia das duas filhas. E tendo como referência o que viu na Telegraph Avenue, criou sua THE BODY SHOP, a partir da mesma base conceitual, mas significativamente incrementada. Ou seja, não foi ANITA quem teve o insight, mas foi ela quem deu vida ao insight de uma forma competente, memorável, e multiplicadora. O desenho da primeira marca da empresa foi do estudante de design, JEFF HARRIS, que cobrou vinte libras pelo trabalho.

Desde o início ANITA se posicionou radicalmente contrária ao uso de animais para o teste de cosméticos, e sempre procurou privilegiar comunidades pobres, muito especialmente no terceiro mundo, para comprar a matéria-prima de seus produtos. Em cada um de seus novos lançamentos sempre uma posição política e uma causa social em anexo. Num novo brilho para os lábios, um libelo contra abusos de toda a ordem na família; num novo perfume, uma bandeira na luta contra o HIV. Segundo uma de suas concorrentes, JOSEPHINE FAIRLEY, “ANITA produzia cosméticos alegres, sexy e instigantes que, ao invés de dizerem 'vou mudar sua vida', diziam, 'compre este creme e ajude a mudar a vida de muitas pessoas'.

29 anos depois, em 2005, já com o capital aberto, a BODY SHOP era uma rede mundial com mais de 2000 lojas, e uma receita superior a 1 bilhão de dólares.

Simplesmente conseguiu a mágica de fazer com que pessoas que muitas vezes se sentiam mal por gastarem tanto dinheiro em cremes, perfumes e outros produtos de beleza se sentissem felizes e recompensadas pelo prazer da compra e por estarem se engajando numa causa.

Um ano antes de morrer, RODDICK conseguiu a sua maior vitória. Viu sua BODY SHOP ser comprada por 1,3 bilhão de dólares pela L´ORÉAL, talvez a mais importante empresa do negócio da beleza no mundo. E quando uma empresa como essa resolve, finalmente, se converter, e abraçar os mesmos princípios, significa que finalmente o até então alternativo, prevaleceu. O coadjuvante converteu-se em ator principal.

ANITA deixou um legado de ensinamentos, um livro, dezenas de atividades sociais, e uma série de frases que sempre caracterizaram sua trajetória de sucesso, sua trajetória revolucionária:

- “Só permanecerei a frente dos negócios enquanto for capaz de levar meu coração comigo todos os dias para o escritório”.

- “Durante anos, enquanto a maioria dos negócios perseguia os objetivos e práticas convencionais do mundo dos negócios, fiz parte de um pequeno movimento que trouxe de volta o idealismo como mote condutor”.

- “Se você faz bem, faça melhor. Atreva-se, saia na frente, seja diferente, e, acima de tudo, justo.”

- “Se não sou capaz de fazer alguma coisa que seja socialmente responsável, o que é então que eu estou fazendo?”

- “Seja amável, e as pessoas correrão em sua direção”.

(ícones do marketing: anita roddick por thomas dridge, londres, especial para o madia mundo marketing).

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