A divulgação dos resultados da pesquisa Top of Mind 2011, promovida pelo jornal Folha de S. Paulo, não apresentou grandes surpresas. Há anos que as marcas de notória afinidade com o consumidor brasileiro ocupam lugar privilegiado. Portanto, parabéns aos que se dedicam ao atendimento das expectativas dos usuários, cada vez mais exigentes e volúveis.
O encarte do jornal dedicado aos resultados da pesquisa (parte integrante da Folha de S. Paulo de 26 de outubro de 2011), além de uma entrevista com um conhecido profissional de propaganda, apresentou as principais agências de publicidade do mercado brasileiro, em tese, co-responsáveis pelos índices de reconhecimento das marcas. Escritórios, funcionários, clientes e principais campanhas compunham o perfil despretensioso, mais dedicado a prestar homenagens do que, realmente, fazer jus à história de cada uma das grandes empresas de propaganda do Brasil.
Porém foi impossível não se ater ao item “agência pela agência” e perceber como cada uma se definiu. Decepcionante. A começar pela mesmice. Pelos textos o posicionamento das agências é tão vazio quanto discurso de miss.
Pior. De pura falta de coisa melhor para fazer, troquei os textos entre as agências e não fez diferença nenhuma. Exatamente como nas falas das misses.
Que o modelo de negócio da propaganda brasileira limita as inovações, engessa a criatividade e não atende ás necessidades de consumidores e anunciantes, todos sabemos. Mas até pouco tempo atrás os discursos eram imaginativos e, mesmo que fantasiosos, remetiam os leitores (anunciantes principalmente) a um universo de permanente questionamento. Pois, lamentavelmente, discurso e pratica se encontraram e agora, além de fazerem o mesmo plano de mídia, agências falam a mesma coisa.
Confesso que fiquei um pouco envergonhado com a pouca consistência dos posicionamentos de quem, por princípio, deveria se esmerar em falar de sí, para poder dar voz ás marcas. Mas também reconheço que esse é o destino da propaganda brasileira enquanto perdurar esse modelo anacrônico de preservação dos projetos hegemônicos. As agências, realmente, não sabem o que dizer.
(agência faz discurso de miss, do andré porto alegre)
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