Olhando nas livrarias, nas prateleiras de livros de negócios e de publicidade, descobri um incrível nicho de mercado. Um tema pouco explorado. O que é uma raridade. Já que no mundo dos negócios não existe quem não seja explorado. Mas eu o descobri. Ali, abandonado. Sem uma publicação sequer.
E não é só isso. Nessa minha pesquisa informal notei que esse mesmo tema é totalmente ignorado em palestras, debates ou qualquer conferência de negócios que se preze.
Agora pensem comigo: um assunto que nenhum palestrante jamais palestrou, que nunca virou livro de nenhum homem de negócio e jamais foi motivo sequer de um artigo ou entrevista. É ou não é um nicho de mercado fabuloso?! Uma mina de ouro! Um candidato ao Nobel.
A essa altura se você não abandonou o texto, deve estar se perguntando:
“Mas que raio de tema é esse?!” Calma, mantenha a compostura.
Pois bem, prepare-se. O tema é: o fracasso.
Sim, ele mesmo: o fracasso é um tema muito desprezado.
Não sei quanto a você, mas eu nunca vi um bem sucedido profissional falar de seus fracassos. Assim, de peito aberto dedicar um livro apresentando suas frustradas táticas de marketing, exemplos de ações mal-sucedidas e prejuízos brilhantes.
“Meus Fracassos, por Fulano de tal”, pode esperar sentado que você nunca vai encontrar esse livro. Como também nunca vi um palestrante contando em detalhes seus mais incríveis erros, burradas, pisadas na bola, enfim, aquelas cagadas que parecem acontecer apenas na vida de gente comum, como eu e você. Vai ver ninguém fracassa, e o fracasso não passe de uma lenda, uma palavra criada sem sentido algum. Claro que não.
Bom, já que ninguém trata do tema, vou ser o primeiro, o pioneiro. Um visionário do fracasso. Para começar, não tenho sequer um grande prêmio internacional na minha prateleira. Nunca ganhei um leão do Festival de Cannes, nem sequer fui finalista.
Também não tenho um anúncio na revista Archive, no anuário do CCSP ou no One Show. Nenhum. Pode ir lá conferir.
Quer mais? Volta e meia o meu diretor de criação reprova idéias minhas. Sim, e não é só ele. Os clientes, vez ou outra, também reprovam. Foda, não?
Mais? Já trabalhei em 11 (onze) agências, e fui demitido de três delas.
De-mi-ti-do. Isso mesmo, me deram um pé na bunda.
E os fracassos não param por aí: no começo da carreira criei peças que hoje não desejaria para a empresa do meu pior inimigo.
Erros, fracassos, enganos, falhas, derrotas, burradas. Se não existissem, de onde teriam surgido essas palavras? O problema é que o mundo dos negócios e da propaganda está mais para um tipo de Olimpo, onde deuses, super-homens e gurus, que aparentemente nunca erram, jamais se enganam e nunca perderam clientes ou dinheiro, estão prontos para nos exibir sua perfeição em palestras, livros e entrevistas.
E o fracasso? Bom meu amigo, isso é coisa nossa, dos simples mortais.
Queria um dia ver um círculo de palestras, com os maiores nomes da publicidade e dos negócios, mas com uma única ressalva: “Você vai subir no palco, pegar aquele microfone e falar sobre as burradas que já fez na vida. Só isso, ok? Vai lá e arrebenta!”
Será que alguém toparia?
Não que eu prefira o fracasso ao sucesso ou que comemore as minhas derrotas.
Nada disso. Mas ainda penso que deixar de aprender com os erros é um erro maior ainda.
(enfim, uma novidade!, do fernando cabral, redator da OneWG, no acontecendo aqui)
Now playing: Midlake - I Lost My Bodyweight In the Forest via FoxyTunes
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