quarta-feira, julho 09, 2008

duvidar pra quê? é mesmo a daniela mercury do ypê

esta é da ala roupa suja não se lava em casa. portanto, quem não quiser respingo que vá lavar roupa mais abaixo do rio que eu já peguei a minha trouxa e me mandei pra lá.

comercial com cantoras(res)emprestando sua vou e ou imagem a produtos já foram feitos muitos. poucos inteligentes. mas alguns chegaram a brilhantes, inclusive na parte musical, que também não é o caso agora – sim já se fizeram jingles melhores, históricos, o que é cada vez mais raro, do que me lembre agora que não tenha cara de tiozão.

se a propaganda não tem memória, aqueles que a fazem, menos ainda. e eu não estou aqui para dar luz a cego. isto quem faz é bengala e santa luzia. portanto, quem quiser melhores exemplos de comerciais “musicais” com o mínimo de decência, que tenha a curiosidade – insubstituível para quem quiser ser o fodão do bairro do peixoto de verdade e não os bull shits da temporada - que trate de estudar – eu disse estudar - e não simplesmente youtubar ou googar tão-somente os bons exemplos.

bolha de sabão também na beira-mar? não aquilo é borra de poluição mesmo. afinal,na mesma semana que a daniela mercury aparece como âncora – já meio enferrujada não ? de um empreendimento imobiliário no janga, vendendo apartamento de frente pro avanço do mar naquela praia de paulista que já foi éden e hoje está da cor do vestido da daniela no comercial da ypê. no passado, a roupa dela seria ou branca ou de um colorido sinérgico ou ao menos aderente a quem se propõe a vender um produto que se diz capaz de fazer maravilhas. mas hoje quem liga? a “figurinista” – se tiver – ou o diretor de arte que compra roupa na c&a e olhe lá(o salário mal dá pra comprar mas ele conta que foi na zara) diz que o tom pastel escuro é a tendência e o que vale é realçar os peitinhos da daniela que estão mais rijos que o de costume enquanto o varal faz o resto. assim sendo, o comercial é desprositado do começo ao fim. inclusive pelo meio onde a daniela faz uma passada que mais parece dança do siri sincopada – mas só para um lado.

pra vender sabão em pó, já tivemos e temos, vovós dementes, mães desnaturadas, maridos obtusos e filhas que não sabem a medida das coisas. perfis concebidos por mentes que teriam se espelhado em exemplos caseiros? e como desgraça pouca é bobagem, temos mais esta preciosidade com garganta baiana star no esfregão de nada com nada o que deve ter valido muitos suspiros dos diretores e gerentes de marketing a colecionar flashes como bolinhas de sabão. ah! sim: daniela mercury, diz o press-release, foi escolhida por representar valores importantes associados à marca ypê: brasilidade, alegria, confiança, além de preocupação com a infância (ela é embaixadora da unicef) e com a natureza. assistindo-se ao comercial, isto avoluma como espuma, fica combinado assim.

enquanto os experts do marketing realçam a importância do design das embalagens para fazer os produtos de limpeza se fazerem vistos para além da necessidade intrínseca, agências de propaganda ainda produzem comerciais deste tipo que dão saudades dos velhos slices-of-life já produzidos por outras marcas com mais graça, ritmo, melodia e inspiração. e nem havia necessidade de musica o tempo todo. aliás, musica pra quê? pra fazer má rima com ypê?

e isto tudo acontece no momento em que unilever e procter, tradicionais e adeptas conservadoras do produto em demonstração estão mostrando que roupa suja se lava de outra maneira. pra começar, sujando aquela maneira que se considerava limpa nos seus comerciais e isso implica também em calar a tuba.

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Now playing: Walter Franco - Canalha
via FoxyTunes

Um comentário:

Anônimo disse...

Eu também notei a 'dança do siri fundista dos 100 metros rasos' da Daniela no comercial. Parabéns pelo blog, Celso. Sempre que posso venho aqui!

Renato Portugal
debuki.blogspot.com