ao dar uma banana "alimento o racismo, me entubo ou mantenho a minha neles" ? |
idem o gesto amplificado do daniel. não o cantor sertanejo. mas o outro. o sertanejo que ganhou o mundo pelo força dos pés, e que agora enfia os pés pela mãos, tamanha é a força do racismo. principalmente quando age sobre aqueles que não tem a compreensão na sua totalidade da chaga e de quão nocivo e entranhado "naturalmente" está o conceito de "raça desqualificada". ainda mais num pais como o brasil onde a escravidão continua sobre todos aqueles que não tem os instrumentos(ideológicos e/ou financeiros) para se livrarem do chicote e das correntes de algo que escapole toda vez que nos deparamos com negros a "usurpar" o direito a liberdade de ser um humano livre de qualquer algoz. seja qual for a situação. e isto acontece de forma ainda mais agressiva do que se o negro fosse marginal, porque também o racismo estabelece que"este é o seu papel".
num ensaio sobre chaplin adorno, e horkheimer, - o grande ditador - afirmava que era completamento esvaziado de conteúdo político a cena em que chaplin martelava soldados nazistas com panelas, provocando gargalhadas que esvaiam-se como espuma de sabão." para adorno( e horkheimer), de alguma maneira chaplin havia "humanizado" hitler ao fazer a paródia do ditador e brincar com os símbolos do nazismo no filme. esses símbolos deveriam ser tratados com um interdito, jamais como comédia. uma cicatriz de lamento, pois o holocausto será sempre uma ferida eterna na civilização." assim deveríamos tratar a escravidão, e sua consequência maior: o racismo.
por isso afirmo que dá no mesmo o gesto do daniel alves. comer a banana é mais uma casca de banana do racismo. vê-se também o negro curvando-se para apanhar as sobras - o negro, o pardo, o moreno, o escurinho, o chocolate, eufemismos também ditados pelo amplexo do racismo que degrada a cor em suas gradativizações, com suas cotações transitando por uma escala de cores cuja matiz é a dominação pela força da escravatura do papel incrustado aos negros. papel este que escamoteia até a figura do jesus de pele escura, uma evidência climática-geográfica pela geopolítica de um encaracolado cabeludo de olhos azuis e tez esbranquiçada - jesus não era um macaco também ?, então dá para sentir, literalmente, que nos fodemos com casca, jesus e tudo quando se trata de justificar a "superioridade branca".
além do mais, para amplificar o equivoco - e a estupidez - a campanha da loducca - na maioria das vezes publicitário tem mania de querer dar jeito no mundo (dito de um certo "cowboy", bjarke rink, enquanto ainda diretor de criação da propeg e não mais afetado aos centauros) mas que sempre, acrescento eu, atrelado a intenções sub-reptícias faz com que acabem(ou comecem) em merda. oportunismo que descamba para a cara de pau(ou seria nariz de pau) da venda de camisetas no site do hulk, que se colore seja do que for, sem dó nem piedade, desde que isso lhe renda alguns carapauszinhos.
e como se mais não bastasse, bastaria ver os comentários no facebook da ana maria braga - macacos sentiriam-se ofendidos em ser comparados aos leitores desta mulher(provavelmente sentiriam-se ofendidos se comparados a mim também) para ver que não somos todos macacos porque macacos não fazem macacadas nem macaquices: isso é literalmente coisa do humano espécie vorazmente predadora de tudo e de todos, e que entre os artefatos de caça, dominação e mortandade usa também o racismo em todas as suas formas: veladas ou bananosas.
somos todos macacos não passa de mais destes equívocos ambivalentes. ao fim e ao cabo soam brandos e socialmente destinados a reinserção(se é para reinserir é porque foi alijado ou posto para fora. adivinhe por quem?) na base do aplaquemos a consciência com a grandeza da nossa permissão - agora igualdade - tal e qual o dito " negro de alma branca" era para nossos avós. e tome mais uma "compressa para a descompressão", só que agora na versão rede social.
definitivamente não somos todos macacos porque ainda precisamos "involuir" bastante para chegar perto desta evolução.