1. Tinha um desempenho excepcional. Naquela pequena cidade do interior relacionava-se com todo mundo e os transformava em clientes da agência bancária. Nunca ela tinha crescido tanto.
Com tal desempenho ganhou uma promoção. Tinha de se transferir para uma cidade maior, para assumir o posto. O aumento de salário não era lá essas coisas, mas o sonho dele era fazer carreira na empresa. Então, mudou-se.
Quando chegou, ganhou uma sala, um computador e um celular. Na cidade onde vivia antes, não precisava desses aparelhos. Não gostava de celular. E tinha quem cuidasse do computador pra ele.
Ao celular até que se habituou, embora restringisse ao máximo seu uso, mas ao computador, não teve jeito. Bem que tentou, mas acabou se convencendo de que, definitivamente, não tinha nascido praquilo.
Sem conseguir se adaptar aos novos usos, viu a produção cair. Rapidamente. Caiu tanto que foi demitido.
2. “A sociedade construída em torno da informação tende a produzir, em maior quantidade, as duas coisas que mais valorizamos numa moderna democracia – a liberdade e a igualdade. A liberdade de escolha estourou em tudo, de canais a cabo a pontos de escoamento de mercadorias de baixo custo até o encontro de amigos na internet. Hierarquias de todos os tipos, políticas e corporativas, ficaram sob pressão e começaram a ruir.”
... “Essas mudanças foram dramáticas; ocorreram numa série extensa de países similares; e todas apareceram aproximadamente no mesmo período da História. Na exata acepção do termo, elas constituíram a Grande Ruptura dos valores sociais que predominavam na sociedade da era industrial de meados do século 20. É inusitado que os indicadores sociais se movam juntos tão rapidamente; mesmo sem saber porque eles se comportam desse modo, temos razões para crer que as causas estariam relacionadas.” (de um artigo assinado por Francis Fukuyama, publicado em maio de 1999 no Cadserno2/Cultura do jornal O Estado de S. Paulo)
2. Não sei se você já se deu conta das profundas transformações provocadas por avanços tecnológicos na comunicação na era que Fukuyama chama a da A Grande Ruptura. Relaciono, aqui, algumas delas:
. No Rádio – Rádio digital, por satélite e internet. Pesquisas indicam que os jovens estão ouvindo cada vez menos esse meio, por causa dos iPod e dos MP3, MP4 etc. No entanto, segundo os entendidos, isso que parece crise pode ser uma grande oportunidade para ele, se o pessoal souber aproveitar.
. Na TV – TV Digital, onde o Ginga vai permitir que o consumidor se conecte diretamente com o consumidor, sem interferência da mensagem comercial como conhecemos agora; a possibilidade que o telespectador passa a ter, se assistir a programação sem os intervalos comerciais; a TV por satélite; a queda visível da mensagem publicitária, tal como a conhecemos hoje; a internet.
. No Jornal – Até que ponto a instantaneidade de outros meios provocará uma mudança na linguagem desse meio?; Como as empresas enfrentarão a questão dos custos?: E a questão do papel?
. Nas Revistas - O problema do papel é o mesmo do enfrentado pelos jornais; a circulação está em queda; os custos crescem; aumenta a segmentação; multiplica-se o aparecimento das revistas comodizadas.
. A Internet – continua experimentando um crescimento espantoso. Como um furacão, vai arrasando tudo com ela.
3. Sinceramente: você tem pensado isso? Se tem, está se preparando? Já tem as respostas – ou se não tem, procura-as – para a nova comunicação que seremos obrigados a adotar? Até aqui, o processo está sendo comandado pela área tecnológica. Nós, os do conteúdo, sequer conseguimos ir atrás. Ainda estamos a reboque, tentando adaptar a velha linguagem de comunicação ao que eles inventam.
As perguntas não são absurdas, como você pode pensar neste momento.
No fim da semana passada, a TV1 e a Troiano Consultoria de Marcas divulgaram pesquisa mostrando que apenas 10% das empresas brasileiras estão se adaptado. 33%, se adaptaram um pouquinho. 47% não mostram a menor preocupação.
O problema é sério. Talvez muito mais sério do que somos capazes de imaginar, porque ele atinge profissionais e empresas.
(a comunicação na era da grande ruptura, do eloy simões, no acontecendo aqui.)
pra começar, por uma das coisas mais "antigas" e por isso mesmo mais modernas na profissão e raros são os que dominam: dá para imaginar um curso de publicidade sem estudo de tipografia? muita gente não sabe nem que existe diretores de arte tipográficos, assim como já existiu produtor gráfico tipográfico. a maioria dos professores sequer consegue ir ao terço do by the book. gente medíocre - profissionais brilhantes não tempo para ensinar sem se tornarem medíocres - fantasiada de mestre, a repetir o que se fazia na década de sessenta melecado de uma falsa modernidade novetencista(planejamento fake é a da vez)e é esta moçada que paga o que não vai ganhar que aprende o que já passou que vai fazer a transição da comunicação de ruptura? vai ser otimista assim lá na tesouraria.
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