sexta-feira, agosto 31, 2007

para de vender o que você faz(ou não faz)

O cliente não quer mais apenas o que sua empresa faz. O mercado foi invadido por dezenas de empresas que oferecem produtos e serviços muito semelhantes, gerando guerra de preços. O que vai fazer a diferença na hora da compra é o que você ou seu produto podem fazer pelo seu cliente – em outras palavras, o benefício gerado pela aquisição.

A regra para sair da guerra de preço é não vender preço, e sim valor. Uma empresa que fabrica lareiras, por exemplo, terá oportunidade de se diferenciar se associar seu produto a status e conforto. Isso é parar de vender o que você faz e vender o que o cliente almeja. Trata-se da lógica do mercado de luxo, que trabalha muito bem a questão do benefício, não conta com grande volume de vendas, mas com margens de lucro mais altas. A questão é, portanto, como transportar esta lógica para mercados “comoditizados”.

Como cobrar e ganhar mais
O que fará seu cliente pagar a mais por um produto ou serviço? Entrega mais rápida, atendimento ágil com respostas precisas, lançamentos inovadores que prevejam necessidades e tendências e pós-vendas mais eficiente. Se um produto ou serviço não funciona e a empresa não tem agilidade para resolver o problema, o cliente não tem nenhuma razão para se manter com você. E com o cliente se vão futuras oportunidades de negócios. A solução é tratar o pós-venda como o início da próxima venda.

Outra ação importante é definir quem são os clientes mais rentáveis e que, portanto, merecem tratamento diferenciado, principalmente para empresas que estão sofrendo o impacto da guerra de preços, concorrência acirrada ou concorrência desleal. Identificar clientes mais rentáveis permitirá a oferta de serviços que gerem fidelização. Um bom começo é identificar, por meio de um controle interno de fluxo de pedidos, quem são os clientes mais rentáveis e quais as necessidades que podem ser supridas.

Se o mercado em que a empresa atua está comoditizado, pode ser necessário migrar para um patamar de maior valor agregado. Podemos ilustrar essa idéia pelo caso de uma das mais tradicionais empresas de laminados do país, que passou a perder mercado com o avanço da concorrência no seu principal produto, o laminado branco. A solução foi, dentro da mesma estrutura industrial, começar a produzir laminados com outras tendências de decoração e atingir mercados de maior valor agregado.

O erro comum, entretanto, é “correr atrás da concorrência”. Busque sim a solução internamente, inove. Quem corre atrás, no máximo chega em segundo lugar e demonstra que não está conseguindo atingir os resultados esperados. Não corra atrás, saia na frente. Entenda as necessidades de seu cliente e antecipe as soluções que ele está buscando.

A última dica é: planeje, implante e controle. A equipe precisa saber exatamente o que precisa ser feito e estar preparada para entender e atender a realidade do cliente que a empresa quer atingir. Muitas empresas se acomodam em “tirar pedidos” para alcançar as metas de curto prazo, mas no longo prazo o cliente vai querer mais.

Não adianta apostar em todas as dicas anteriores se não houver um planejamento prático, objetivo e adequado à sua realidade, possível de ser implementando e controlado. Então, mãos a obra!

(quer vender mais? então pare de vender o que você faz, do alexandro basile)

aplica-se ou não aplica-se como uma luva para as agências ?

quinta-feira, agosto 30, 2007

maria vai com as outras

Dez anos depois de seu primeiro estudo, a UNIVERSIDADE DE MASSACHUSETTS acaba de divulgar – agosto/2007 – o “tracking” de seu ranking das pessoas que mais nos influenciam em nossas decisões de consumo. Pessoas em quem reconhecemos conhecimento e especialização, ou em quem confiamos, e que sempre consultamos antes de realizar uma compra.

Como na pesquisa anterior, a de 1997, AMIGOS, FAMILIARES e CONHECIDOS continuam na liderança com ligeira queda – 8.8 em 1997, e 8.6 em 2007. A grande surpresa encontra-se na segunda colocação, e que certamente será a primeira daqui há 10 anos, e no próximo “tracking”. PESSOAS ESTRANHAS, MAS COM RECONHECIDA EXPERIÊNCIA E AUTORIDADE, subiram da 9ª para a 2ª posição, saltando do índice de 4.2 para 7.9, numa clara indicação que cada vez mais nós, consumidores modernos e sensíveis, estamos optando por recorrer ao aconselhamento e recomendação de especialistas, ainda que desconhecidos – fora de nosso círculo de relacionamento.

Nas posições seguintes, a recomendação dos professores, despencando do primeiro lugar de 10 anos atrás para o terceiro – de 9.2 para 7.3 -, o mesmo acontecendo com a orientação de mentores religiosos – de 9.0 para 6.9 -. A mídia perdendo importância: jornais e revistas caindo de 8.1 para 6.1; rádio de 6.8 para 5.5, e televisão de 6.8 para 5.5, também. A propaganda cada vez com menor credibilidade, dos 3.3 de 1997 para 2.2 de 2007, e uma instituição que não existia há 10 anos aparece no ranking com surpreendentes 2.8, os BLOGGERS, já acima da propaganda.

(mml - beth chandlel, boston(usa), especial para o madia mundo marketing)

quarta-feira, agosto 29, 2007

furibunda ou se o mercado fede


já faz muito tempo que prêmio publicitário deixou de ser uma questão de talento para ser tão-somente uma questão de caixa.
justamente por isso, estou empregando meu rico dinheirinho noutras coisas mais premiáveis.
papel higiênico aromatizado, por exemplo.

terça-feira, agosto 28, 2007

marcas para elas: seja criança, não seja infantil

Muito se tem falado ultimamente sobre gestão de marcas e o que podemos fazer para fortalecê-las. Sabemos que as marcas são muito mais que símbolos gráficos; são símbolos da própria empresa, de seus valores e de suas promessas ao consumidor. A empresa constrói o significado desse símbolo não apenas na sua comunicação, mas em toda a sua forma de agir.

Esse assunto afeta a competitividade das empresas, pois marcas fortes ajudam-nas a se diferenciar, representando uma vantagem sobre a concorrência. Tanto que as avaliações de empresas já levam em conta o valor desse ativo tão intangível, a marca. Apenas a marca Coca-Cola, que é hoje a mais valiosa do mundo, teve seu valor estimado recentemente em 65 bilhões de dólares. Chamo a atenção que neste valor não está incluído nenhum bem material, apenas o registro da marca.

Mas nós não nascemos sabendo interpretar esse ou qualquer outro símbolo. A habilidade de decodificar símbolos é aprendida e, antes, precisamos desenvolver a capacidade neurológica, cognitiva e psicológica para isso. O que fazer, então, nos casos de marcas de produtos infantis? A partir de qual idade são compreendidas? Podemos ter outra abordagem?

As respostas a estas perguntas são valiosas, pois o mercado de produtos infantis movimenta mais de 50 bilhões de reais, só no Brasil. E o nosso país está entre os três principais mercados mundiais para vários segmentos de produtos direcionados às crianças: higiene e beleza, balas, chocolates, entre outros.

Os personagens, ou mascotes, são a resposta, pois são facilmente reconhecidos pelas crianças. O desenho simples, as cores vivas e a expressividade das emoções atribuídas a eles, fazem dos mascotes o porta-voz ideal da empresa para a criança. Alguns estudos mostram que a criança pode associar corretamente um personagem ao produto correspondente já a partir dos quatro anos. As formas e cores são muito importantes nesse processo. No entanto, o significado da marca ainda não é compreendido.

A compreensão de uma marca tradicional, sem personagem, começa a partir dos seis ou sete anos. Não é por acaso que a criança é alfabetizada nessa idade. Começa aí sua capacidade de compreender a linguagem simbólica. Sua preferência por determinadas marcas também começa nessa fase. No entanto, os personagens continuam sendo objeto de grande interesse das crianças até os nove ou 10 anos, quando costumam substituí-los por personalidades ou ídolos, como artistas e atletas.

Vemos que o desenvolvimento de personagens para representar marcas nas campanhas publicitárias, ou até mesmo ser a própria marca, envolve muita responsabilidade e deve ser tratado com muita seriedade. O mascote é o porta-voz da empresa e a torna mais simpática e humanizada. Os valores da marca podem ser reforçados pela personalidade do mascote. Como em quase tudo relacionado a marketing infantil, a segmentação do mercado é o guia sobre os tipos de personagens que devem ser utilizados. Afinal, o desenvolvimento psicológico, intelectual e social da criança é dado em estágios relativamente bem definidos.

Para crianças na fase de quatro a sete anos de idade, aproximadamente, os personagens serão muito mais eficientes que marcas tradicionais, pois só eles são compreendidos. Nessa etapa a criança desenvolve alguns padrões de identificação:
- cuida do outro: a criança cuida da boneca, do brinquedo, do animal de estimação e também do personagem;
- se enxerga no outro: a criança identifica no brinquedo, animal ou personagem qualidades que ela tem, ela os humaniza;
- quer ser como o outro: a criança admira e imita o personagem, pois quer possuir certas características dele;
- vivencia no outro o que não pode ser: a criança, neste caso, não quer ser igual, mas é atraída pelas qualidades negativas que o personagem tem – estamos falando de um vilão ou uma bruxa – pois pode expressar nele frustrações e raiva.

Nessa faixa etária, a criança começa a buscar uma necessidade básica humana: poder e controle. Daí o sucesso de lutadores e super-heróis, principalmente para os meninos. A velocidade também atrai, pois remete a poder e diversão. Já as meninas estão mais interessadas na socialização e no relacionamento com as amigas. A partir dessa fase a moda é cada vez mais importante para elas, pois expressa a sua personalidade e sinaliza qual é o grupo ao qual pertence, facilitando a sua integração.

Portanto, para desenvolvermos um personagem de forma profissional, devemos determinar:
- sua personalidade: os traços correspondes à identidade da marca;
- características de identificação com o público: algo que o público quer ser, atributos e atitudes que a criança admire ou com os quais se identifique;
- capacidade de relacionamento: o personagem deve ser capaz de estabelecer um relacionamento com o público, deve criar uma ligação emocional;
- o cenário: a ambientação e o contexto do personagem, o mundo que é expresso pelo personagem e com o qual ele se relaciona diretamente;
- os aspectos físicos: como em qualquer projeto, os elementos concretos – o desenho, os traços, as roupas e cores – são o final do processo, expressando o estilo, a personalidade e os atributos mais adequados.

É muito importante valorizar os aspectos emocionais do personagem, definir como e quando se expressam nele suas emoções: amor, tristeza, alegria, medo ou raiva. Outro ponto fundamental a ser considerado são os valores dos pais, pois não deve haver conflito entre o que é proposto às crianças e o que os pais aprovam.

A partir daí, o uso do personagem e sua expressão nas embalagens, publicidade ou promoções pede os mesmos cuidados que as marcas: busca de diferenciação, pertinência em seu discurso e coerência ao longo do tempo.

os personagens e as marcas infantis, do arnaldo rabelo.

segunda-feira, agosto 27, 2007

dize-me o que compras e eu te direi quem não és


Para falarmos de compra por impulso, devemos primeiro entender o que isto significa na teoria. Segundo o dicionário Aurélio, trata-se de um estimulo, incentivo ou o que propicia o desenvolvimento de algo. Para o mercado e especialistas, o impulso pode ser visto como o grande responsável por compras desnecessárias, motivação extra para a escolha de um produto, ou uma necessidade que o consumidor tem mas não percebe.

A teoria econômica supõe que o consumidor é um ser racional e que a oferta da demanda e a decisão de compra está baseada na razão. Porém, estudos da Neurociência mostram que nem sempre a decisão do consumidor é racional. Há cerca de dois anos, o Prêmio Nobel de Economia mostrou que o consumidor não toma decisões racionais. Para esclarecer este assunto, David Lederman, Especialista em Marketing Direto, Consultor e Presidente da Lederman Consulting, diz que existe impressão e reação emocional e irracional.

Para Lederman a compra por impulso pela razão ou pela emoção pode ser exemplificada na aquisição de um carro. Para a sociedade contemporânea, um automóvel potente é símbolo de machismo, dominância e, para um homem, dirigir este carro passa uma sensação de realização. O especialista conta ainda que a reação de compra do consumo não é racional a partir do momento que a compra é feita para adquirir status.

Motivações diversas e opiniões distintas
Eduardo Teixeira Ayrosa, professor de comportamento do consumidor da Ebape (Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas) e da FGV, acredita que o que motiva a compra por impulso é uma doença ou neurose dos consumidores. Para o professor, a compra por impulso não é pensada. “A pessoa que compra por impulso porque viu um produto, na verdade não quer ou não precisa deste produto”, conta. Segundo o professor, o Homem e a mulher são opostos com relação à compra. Ele aponta para a posição do homem como provedor, que coloca a mulher como quem consome e se sente bem com a compra. “A mulher que compra Batom, na verdade, está comprando uma fantasia para ficar mais bonita”, diz.

Arriscar mais, experimentar o novo, sair da rotina ou apenas mudar. Assim é o pensamento de Christian Hallot, Embaixador da marca H.Stern no Brasil, com relação à compra por impulso. “Esta é uma característica de pessoas jovens ou de quem possui renda mais alta. Com mais idade ou limite de valores compra-se menos”, explica Hallot em entrevista ao site. Para ele, a compra através do impulso não deve ser considerada doença, pois é diferente de compra por compulsão. O impulso é motivado pela estética do produto, beleza, vitrine, iluminação adequada, entre outros.

Para Hallot, existem três tipos diferentes de compras, e as define como: Compra planejada, quando o consumidor faz uso de uma lista de produtos e são caracterizados geralmente por pessoas com mais idade ou presas a um orçamento. Compra Impulsiva, ou compra não planejada, normalmente acompanhada por merchandising bem feito no ponto de venda. Compra por sugestão ou influencia do vendedor, quando o vendedor explica as características do produto, apontando para o mais adequado ao perfil do cliente. Já Eduardo Ayrosa, da FGV, a compra por impulso é caracterizada por pouca razão, comparação e identificação da necessidade, o que não justifica o investimento. “Para a empresa que quer vender produtos, quanto mais neurótico o consumidor for, melhor será para as vendas”, aponta.

David Lederman fala que é melhor gerar o impulso pelo emocional, mas isto não quer dizer que é antiético e nem manipulativo. Aplicação de dinheiro em projetos de bancos mexe com o emocional quando oferecem prêmios e sorteios para quem aplicar o dinheiro na poupança. “Compra por impulso não é para o mal. Se meu produto ou serviço cumpre a função que promete, posso mexer com o emocional do consumidor”, conta o Presidente da Lederman Consulting.

Ponto de venda e de discórdia
No ponto de venda, as empresas podem gerar a compra por impulso baseadas na promessa de valores, na apresentação do produto, e principalmente através dos cinco sentidos do ser humano. “O que se vê nos pontos de venda são degustações, promoções pela oferta, incentivo a compra (pague um leve dois), conveniência e também a conhecida prateleira”, salienta Lederman.

O Embaixador da marca H.Stern no Brasil diz que investir na melhoria da gestão de estoque chama a atenção nos pontos de venda das lojas. “As empresas devem ter algo de inovador para que o cliente tenha o impulso de conhecer novos produtos”, alerta Christian Hallot. Ele diz que o merchandising, treinamento e motivação da equipe são fundamentais para elevar as vendas.

Segundo Hallot, a compra acontecendo sempre de forma planejada, tornará a vida um tédio e é a compra por impulso que equilibra esse tédio da rotina. “A rotina é um tédio, a compra planejada é um tédio, e o impulso é a motivação que nos faz querer e gostar de consumir produtos diferentes”, completa.

A necessidade de escapar de problemas, o desequilíbrio e a identificação social são fatores que fazem um consumidor comprar produtos desconhecidos, que ele não tem o hábito de adquirir. Quando uma pessoa percebe que o seu grupo usa um produto, ele compra. Esta compra acontece para que ele pareça algo que gostaria de ser, diz Eduardo Ayrosa, especialista em comportamento do consumidor. “Quando o consumidor tem problemas diversos que geram condições para buscar algo novo, torna-se o preferido das empresas”, conta Ayrosa.

Dentre as estratégias de marketing feitas direcionadas para a compra impulsiva, o professor explica que as empresas identificam fiapos soltos de consciência neste setor, o que gera desejo a partir dos meios de distribuição. Ayrosa afirma ainda que cada vez mais os mercados vendem de tudo e isto se chama engenharia de desejos. “Usar estratégia para a compra impulsiva é como vender cigarro ou drogas, é um vício e a preocupação fundamental das empresas é apenas gerar lucro para o acionista”, atesta.
(compra por Impulso: doença ou motivação, do thiago terra para o mundo do marketing)

sábado, agosto 25, 2007

nadie agustito con W ou bico na canela


“Nunca vi a un cartonero hablando por celular, y los celulares parecen ser uno de los mayores anunciantes de un país”.

Quisiera responderle en esta nota al artículo publicado, en Brasil, por mi genial amigo Washington Olivetto.

Bajo el titular Don’t cry for us, Argentina Washington afirma que, actualmente y pese a haber mejorado mucho -también a un estancamiento de la creatividad publicitaria brasileña- la publicidad argentina no ha superado, aún, a la de su país.

Estoy de acuerdo con él en varias cosas: que la publicidad argentina era mejor en los 50 y en los 60 (aunque en los 50 era “de terror”) y que en los 70 y en los 80 la publicidad brasileña (olvida a la española) compitió con la inglesa por el primer lugar creativo del mundo.

En gran medida gracias a una persona, agrego yo: Washington Olivetto.

Y, también, con las agencias de otros grandes creativos -como Nizan Guanaes y Marcello Serpa- lo sigue haciendo hoy.

La publicidad española, sí, ha decaído.

Pero lo que determina el nivel creativo de la publicidad de un país no son ni los publicitarios ni los anunciantes sino el nivel cultural de los consumidores.

Así la mejor publicidad del mundo es la inglesa (en Inglaterra) y la boliviana (en Bolivia).

Brasil y la Argentina son países social y económicamente muy injustos, pero Brasil es mucho más grande: tiene una población cercana a los 190.000.000 de habitantes mientras que la Argentina ronda los 36.000.000.

Entre esos 190.000.000 de habitantes hay, aproximadamente, un 5% que tiene un nivel de vida superior al de la Unión Europea y, también aproximadamente, otro 10 % accede a un consumo similar: Casi 30.000.000 de injusticias -con alto nivel adquisitivo y, salvo excepciones, cultural- son un excelente mercado para hacer creatividad no trucha que pueda triunfar entre los jurados “anglófilos” de Cannes: muchos de los Leones de Washington estuvieron dirigidos a ese segmento.

Una población superior a la de muchos países de Europa y casi similar a la de toda la Argentina.

Aproximadamente otro 45% alcanza un nivel de vida parecido al de las surgientes (en México) o decadentes (en la Argentina) clases medias bajas de América latina: los brasileños, sí, con una cultura propia y muy arraigada.

Pero cuando vemos un comercial “brasilero” en Cannes probablemente sea un escandinavo “exótico”.

Aproximadamente un 40% de la población brasileña está absolutamente marginada del mundo o inmersa en la delincuencia, la droga y las más terribles enfermedades endémicas.

Por supuesto, la Argentina no ha cambiado: sigue siendo -deshumanizadamente- un Brasil con una población cinco veces menor y, creo, una brecha cada vez mayor entre los ricos que consumen y los pobres que ni siquiera sobreviven.

Nunca vi a un cartonero hablando por celular y los celulares parecen ser uno de los mayores anunciantes de un país en donde se habla mucho y se hace poco: el nuestro.

Pelé hizo más de 1.000 goles pero para eso -aún siendo Pelé- tuvo que jugar más de 1.500 partidos.

Es obvio que agencias que pueden inscribir más de 100 buenas piezas por año en Cannes tienen muchas más posibilidades de ganar que las que inscriben menos de 10.

Y, en el caso argentino, varias de ellas semi truchas.

O peor aún, hechas para un “target” que no es de los productos que se publicitan y para beneficio de cadenas internacionales que, en esta carrera por los sobrevalorados premios, las mantienen para ganar cuentas en otras partes -más rentables- del mundo.

En esto y en muchas otras cosas -salvo en su inalcanzable talento- sí creo coincidir con mi amigo Washington Olivetto.

El único misterio en esto de la cantidad de habitantes es cómo Brasil pudo perder, en el Maracaná, la final de 1950 con Uruguay…

Quizá porque, a pesar de todo, los Pelés y los Maradonas siguen siendo importantes y no hay nada que hacer cuando, a pesar de las estadísticas, no aparecen.

(Es el mercado, Washington! do Gabriel Dreyfus, publicitário e colunista do site AdLatina, de Buenos Aires. Representante de um time que voltou à Argentina na década de 90, após temporada européia para consolidar a publicidade no país)
ninguém vai acreditar, mas juro que quando me referi ao efeito uruguai no post anterior ainda não havia lido o drefyus, que já havia frequentado o cemgraus demolindo a campanha bandeiras do ícaro dória)

sim, sim, publicitários brasileiros cada vez mais bifalantes e orgulhosos de falar inglês deveriam dar mais atenção ao espanhol, no mínimo por uma razão digamos estratégica. ou seria tática?

sexta-feira, agosto 24, 2007

um pouco de historia ou: mesmo diminuido, maraca ainda da de dez na bombonera(mas cuidado com o efeito uruguai)


Pelo menos numa coisa sou diferente da maioria dos meus colegas publicitários brasileiros: não tenho nenhuma implicância com a Argentina nem com os argentinos. Ao contrário. Acho Buenos Aires uma linda cidade, considero o Hotel Alvear um dos melhores do mundo, gosto do bife de chorizo, dos vinhos Catena Zapata, das canções de Aníbal Troilo, Astor Piazzolla e Fito Paez, do humor dos Les Luthiers e do futebol de Maradona, Verón, Mascherano, Messi e Tevez.
Só não torço para a Argentina quando ela joga contra o Brasil, mas, quando os hermanos jogam melhor e vencem, reconheço a sua superioridade e nem fico muito chateado. No entanto, neste momento, apesar de minha admiração pela Argentina e pelos argentinos, discordo frontalmente de alguns colegas, publicitários brasileiros, que acham que a publicidade argentina anda melhor que a publicidade brasileira. Isso ainda não é verdade.
A publicidade argentina foi, sim, melhor que a brasileira nos anos 50 e 60 do século passado. Mas, a partir de 1960, a geração profissional anterior à minha solidificou o negócio da publicidade no Brasil e criou condições para que, a partir dos anos 70, a nossa geração não só superasse os argentinos, como colocasse a publicidade brasileira entre as melhores do mundo.
Para isso contamos, inclusive, com a colaboração de alguns magníficos profissionais argentinos que perceberam o que estava acontecendo e vieram para cá.
Casos, por exemplo, dos brilhantes diretores de arte Armando Mihanovich e Aníbal Gustavino e do excepcional diretor de comerciais Andrés Bukowinski.
Na verdade, o que acontece nos dias de hoje é que a publicidade mundial vive uma enorme crise criativa e de identidade, e a publicidade brasileira vive, além dessas duas, uma lamentável crise de auto-estima. Coisa que pode ser entendida se misturarmos um retrospecto do passado com dados do presente e especulações sobre o futuro.
A publicidade no Brasil começou nos anos 1940 e 1950 através das agências norte-americanas. A Thompson e a McCann foram as pioneiras.
Nos anos 1960, a publicidade brasileira foi tremendamente influenciada pela geração Doyle/Dane/Bernbach. Implantou as duplas de criação, formadas por redator e diretor de arte. E recebeu também algumas influências da boa publicidade inglesa.
Essas influências, somadas a elementos da nossa cultura popular, criaram um jeito brasileiro de fazer publicidade. O Brasil é um país atípico. Oficialmente, está localizado na América do Sul, mas, na realidade, é um continente separado. Fala uma língua diferente da dos outros sul-americanos, o português do Brasil, e tem diferentes costumes. O maior patrimônio brasileiro foi e continuará sendo a mistura das raças, que gerou o fabuloso fenômeno da miscigenação.
O Brasil é certamente o último lugar do mundo onde você pode encontrar mulheres bonitas nos pontos de ônibus. Na maioria dos países, os bonitos estão onde estão os ricos: no Meatpack District, em Nova York, na Rodeo Drive, em Los Angeles, na Place des Vosges, em Paris.
No Brasil, a miscigenação democratizou a beleza, e, graças a isso, podemos encontrar lindas mulheres nos pontos de ônibus dos subúrbios.
Mas a miscigenação fez bem mais do que isso. Criou um povo bem-humorado, musical, sensual, romântico e irreverente. Capaz de rir de si próprio, mesmo nos momentos mais difíceis. Essas adoráveis características do nosso povo criaram a nossa publicidade.
Os brasileiros são extremamente receptivos à comunicação comercial. Só os ingleses chegam perto de nós nesse quesito. Por isso mesmo é que só no Brasil e na Inglaterra publicitários se transformam em celebridades. Na minha opinião, muitas vezes de maneira exagerada. O recém-lançado livro do inglês Mark Tungate, Adland: A Global History of Advertising, analisa esse fato em detalhes. Recomendo a leitura.
A melhor publicidade brasileira não é certamente aquela que é premiada nos festivais internacionais. Essa é apenas a nossa publicidade mais traduzível para o inglês, língua oficial desses eventos. A melhor publicidade brasileira é aquela que tem absoluta cor local e, muitas vezes, chega a ser impossível de traduzir. A publicidade brasileira começou a ser reconhecida no mundo no início dos anos 1970. São dessa época os primeiros Clios em Nova York e Leões em Cannes.
O primeiro Leão de Ouro foi ganho em 1974 por um filme para o Conselho Nacional de Propaganda a respeito do problema do preconceito, no mercado de trabalho, contra os homens de mais de 40 anos. Fato que, infelizmente, parece ter sido reavivado nos dias de hoje.
Mas, antes disso, o país já havia conquistado alguns prêmios, como o Leão de Prata do clássico filme “Menino Sorrindo”, para a campanha “Beba com Moderação”, da Seagram.
O segundo Leão de Ouro brasileiro foi conquistado em 1975 com um comercial revolucionário para a época, censurado pelos militares depois de duas semanas de veiculação. Era um filme de segurança no trânsito assinado pelo Banco Bamerindus e protagonizado pela atriz Irene Ravache.
No filme, Irene interpretava uma mulher que falava com seu psicanalista a respeito de sua frustração com o marido, que corria demais no trânsito porque tinha um problema. O tal problema era explicitado através de uma forte insinuação da personagem de que o marido era um impotente sexual. Esse raciocínio se completava com uma locução final em off: “ O homem que corre demais no trânsito tem um problema. Se você não tem um problema, então por que você corre? Ou será que você tem um problema?”
O filme teve forte repercussão, gerou comentários, começou a transformar a população em “repressora” dos irresponsáveis no trânsito, que eram chamados de impotentes, mas acabou saindo do ar, censurado pelos moralistas de plantão.
Curiosamente, 32 anos depois, neste ano de 2007, alguns profissionais menos informados comentam com espanto e admiração o comercial “Little Dick”, atualmente em veiculação na Austrália, no qual mulheres fazem sinais afirmando que homens irresponsáveis no trânsito normalmente tem um órgão sexual pequeno.
Deixando desinformação e questões anatômicas de lado e voltando ao nosso retrospecto, é também dos anos 1970 a mais famosa campanha de publicidade brasileira: o Garoto Bom Bril.
Lançada em 1978, incluído no Guinness Book of Records desde 1995, com 344 filmes realizados até hoje, Bom Bril é um fenômeno único, mérito principal do ator Carlos Moreno, que implantou a linguagem coloquial na publicidade do Brasil e influenciou a publicidade mundial.
Ainda sobre os anos 1970, vale observar que naquela época as condições de produção cinematográfica no Brasil eram muito ruins no geral. Mas esse problema acabou se transformando numa solução.
Tivemos que aprender a pensar simples e, como o simples na publicidade normalmente é melhor, aprendemos a fazer um bom trabalho.
Nos anos 1980, a publicidade brasileira viveu sua fase mais exuberante. As condições de produção melhoraram um pouco, a busca obsessiva por idéias simples continuou e grandes trabalhos foram feitos.
Naquela década, a publicidade brasileira disputava com a publicidade inglesa, que também vivia uma fase exuberante, o título de a melhor publicidade do mundo. E muitas vezes ganhava. Detalhe: naquele momento, os ingleses já possuíam condições de produção sensacionais, e diretores como o hoje Sir Alan Parker e o badaladíssimo Sir Ridley Scott colocavam seus talentos a serviço da publicidade do seu país. Novamente recomendo a leitura de “Adland”.São dos anos 80, por exemplo, os dois únicos comerciais não criados originalmente em inglês do livro de “The One Hundred Best TV Commercials... And Why They Worked”, publicado em 1999 pela pesquisadora Bernice Kanner: “Primeiro sutiã”, da Valisère, e “Hitler”, da Folha de S.Paulo.
Já nos anos 1990 a publicidade no mundo inteiro piorou, e os festivais de publicidade começaram a se desfigurar. Deixaram de lado a sua função principal, que é a de premiar e documentar o que de melhor foi feito, e se transformaram em verdadeiros caça-níqueis. Na verdade, caça-milhões.
E, assim, surgiu em larga escala a tal da publicidade fantasma, criada só para festivais, jamais julgada pelo consumidor, que é quem, no final, realmente interessa, feita para alimentar o ego (às vezes, até ingênuo) de profissionais e agências e as contas bancárias dos organizadores dos festivais.
Foi também no início dos anos 90 que começou a obsessão por anúncios 100% visuais.
Criados com a desculpa de que poderiam ser mais efetivos num mundo globalizado, na verdade, e na maioria das vezes, esses anúncios são feitos porque dispensam traduções quando inscritos nos festivais. Nos últimos anos, se repetiram à exaustão, multiplicaram trocadilhos visuais tão medíocres quanto os outrora justamente criticados trocadilhos verbais e pasteurizaram boa parte da publicidade feita no Brasil e no mundo.
O mais importante publicitário norte-americano em atividade, o brilhante Lee Clow, da TBWA/Chiat/Day, autor do antológico comercial “1984”, que lançou o Apple Macintosh , falou desses temas (festivais e obsessão visual) com profundidade e irritação numa entrevista publicada pelo Advertising Age de junho deste ano. Também recomendo a leitura.
(Assim como também sugiro a leitura do artigo “A imagem não diz não”, escrito por Bernardo Carvalho na Folha de S.Paulo de 17 de julho de 2007.)
Nos anos 1990, um outro fato ocorreu que merece ser analisado: a tecnologia invadiu para valer todo o mundo da publicidade, com acesso a novos equipamentos e mídias.
Essa invasão teve seu lado ótimo e seu lado péssimo.
Se, de um lado, scanners e Photoshops facilitam o dia-a-dia, por outro lado, muitas vezes transformam profissionais de criação em meros reprodutores do já existente. Pesquisam uma imagem nos bancos de imagens, escaneiam aquela imagem para o layout e, assim, acabam reproduzindo o velho em vez de criarem o novo. Uma pena. O mesmo ocorre com as novas mídias, obviamente fascinantes e irreversíveis como a internet, mas não excludentes das existentes anteriormente, como alguns afoitos pensam.
Num país como o Brasil, por exemplo, onde milhões ainda sonham entrar para o universo de consumo, a televisão aberta continuará sendo fundamental para diversos produtos durante anos e anos.

Aliás, não só no Brasil: estudo recente da The Nielsen Company divulgado nos EUA afirma que a TV aberta não perde audiência com o crescente número de internautas que assistem a vídeos em banda larga e que cenas online não vão substituir as da TV.
Fato semelhante ocorre na TV digital, que alguns por aqui imaginam ser uma realidade para depois de amanhã, quando mesmo nos EUA, com sua economia poderosa, essa implantação tem se mostrado caríssima, difícil e lenta. (José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, fez em 2006, no MaxiMídia, uma palestra interessantíssima sobre o tema).
Também sobre a televisão aberta outras bobagens têm sido repetidas como verdades absolutas, responsáveis pela má fase criativa vivida pela propaganda no Brasil e no mundo.
Alguns se queixam das grades de programação, implantadas no Brasil pela Rede Globo, com breaks de tamanho estabelecido e sem secundagem quebrada.
Trabalhamos, na maioria dos casos, com comerciais de 30 segundos, coisa que não é obrigatória em alguns países, como a Argentina.
Pois bem: é óbvio que, em alguns casos, particularmente quando é necessário criar emoção, uma secundagem maior se torna necessária.
Os dois comerciais que estão no livro dos 100 melhores (Valisère e Folha) têm, cada um, 60 segundos de duração.
E o melhor e mais reconhecido comercial brasileiro de todos os tempos (só não está no livro dos 100 melhores porque foi criado já nos anos 2000), o filme “A Semana”, da revista Época, o único comercial brasileiro a ganhar simultaneamente o Leão de Ouro em Cannes e o Grand Prix do Clio, tem 180 segundos.
Mais do que reconhecidos e premiados, esses três comerciais foram fenômenos de mercado, cumpriram suas funções principais de vendas e construção de imagem e atingiram uma ambição ainda mais nobre, que é a de entrar para a cultura popular do país onde foram feitos. Mas suas secundagens maiores que as habituais e, no caso, necessárias não significam uma obrigatoriedade para que possamos criar e produzir comerciais fora-de-série.
A propaganda brasileira e mundial, nos seus melhores momentos, já fez verdadeiras obras-primas em 30, 15 ou até mesmo 10 segundos.
Não é o comercial que precisa ser grande; é a idéia que tem que ser gigantesca.
Quanto às grades de programação e suas disciplinas, nada contra. Tudo a favor.
São projetos assim profissionais, como os da Rede Globo e da Editora Abril (só para citar dois), que garantiram uma mídia brasileira independente e responsável, que gera resultados para os anunciantes e possibilita a feitura de uma publicidade da mais alta qualidade.
Compreendo que a publicidade argentina ou de outros países se utilize da indisciplina comercial dos seus veículos, das adoráveis novidades, como o You Tube, e do deslumbramento de alguns para parecer mais inventiva e talentosa.
Mas é uma inventividade por enquanto só reconhecida durante as semanas dos festivais, não na vida real.
Qualquer um que passar dois ou três dias em Buenos Aires acompanhando toda a mídia veiculada (vale qualquer tipo de veículo) pode constatar isso.
Não estou afirmando que a publicidade argentina não tem melhorado. Tem e muito. Particularmente na mídia eletrônica, na qual as condições de produção argentinas sempre foram e continuam sendo muito boas.
Muitos não sabem, mas a Argentina chegou a ter nos anos 60 do século passado o maior laboratório cinematográfico do mundo. E sua escola de cinema é, indiscutivelmente, talentosa. Particularmente do ponto de vista da forma.
Neste momento, quando a publicidade mundial burramente valoriza a forma em detrimento do conteúdo, isso trabalha ingenuamente a favor.
Somando-se a esse fato a presença de alguns novos e interessantes talentos criativos, a coisa vai melhor ainda. Tudo muito bom e muito respeitável. Mas com o discurso e a análise errados.
Pensar que a melhoria da publicidade argentina se deva à desorganização econômico-financeira da atividade e que esse seja o caminho para o futuro é, no mínimo, ingênuo e, muitas vezes, oportunista e mal-intencionado. Pensar que a forma deve substituir o conteúdo na publicidade é simplesmente amadorístico.
A grande questão da publicidade, no Brasil, na Argentina e no mundo inteiro é a revalorização da grande idéia, o aproveitamento pertinente das atuais boas condições de produção e a criação de caminhos consistentes para que esse trabalho seja reconhecido e bem remunerado.
Os comissionamentos das agências têm sido cada vez mais colocados em cheque (com ou sem razão) – mas substitutos verdadeiramente justos para ambas as partes (agências e anunciantes) não têm surgido.
Novos formatos de agências são propostos e discutidos mas a maioria deles embute a idéia de trabalhar de graça ou por uma visibilidade momentânea que possa gerar algum negócio futuro.
Por outro lado, ciclicamente surgem modismos ou tendências (palavra inventada para emprestar dignidade ao gesto da imitação) no negócio da publicidade.
Hoje, por exemplo, se fala muito das hot-shops como uma tendência. Agências como a holandesa StrawberryFrog, a inglesa Mother e as argentinas Santo, Madre e El Cielo são citadas como exemplos revolucionários.
Falta de informação novamente: a tal história das hot-shops é antiga. Foi moda no início dos anos 1970, e uma agência nesses moldes, tendo inclusive o nome Hot-Shop, chegou a ser montada no Brasil e foi dirigida pelo magnífico diretor de arte Pierre Rousselet. Infelizmente, não vingou.
Assim como também foi moda na publicidade mundial o papo das megaagências, discurso baseado em vantagens financeiras, idealizado por Martin Sorrel e ancorado pelos irmãos Saatchi, que dominou parte da mídia que cobriu a publicidade mundial nos anos 1980.
Esses são apenas dois exemplos, existem muitos outros, mas a verdade é que, aconteça o que acontecer, sejam quais forem os formatos das agências, as necessidades dos anunciantes e as alternativas de mídia, o que vai continuar prevalecendo no negócio da comunicação é a presença da grande idéia.
Nós, brasileiros, se recuperarmos a nossa identidade (a melhor maneira de ser absolutamente internacional é ser totalmente local), recuperaremos a nossa auto-estima.
Assim como os nossos hermanos argentinos vão crescer e muito, principalmente quando perceberem que precisam transformar seu bom trabalho em bom negócio. Para agências e anunciantes.
| Torço pra que isso aconteça e não vejo motivos para pensar diferente.
Nossas identidades (brasileiros e argentinos), se, de um lado, se contrastam, de outro, se completam. E nossas opiniões sobre nós mesmos às vezes até se parecem.
Tenho o exemplo vivo disso dentro da minha casa, em duas camisetas que estão enquadradas e penduradas com o maior carinho nas paredes do meu escritório.
Uma da seleção brasileira, que ganhei do Pelé no final dos anos 1970, com a dedicatória “Para o 10 da publicidade, do 10 do futebol”. E a outra da seleção argentina, que ganhei do Maradona em 1996, com a dedicatória “Para el diez de la publicidad, del diez del fútbol”.
(washington olivetto, quase fazendo inveja ao romário, ou seria vice-versa?)
p.s. e já que todo mundo fala o que quer, vou traduzir-me cabotino: mas não é isso exatamente o que venho falando dois anos à fio no cemgraus? deste nosso complexo de chupa-archives, disseminados por coisas como na pasta? claro eu não sou o washington - que pode falar de sí mesmo sem levantar suspeitas. mas na falta de talento sobra-me algum para evitar a estupidez.

quinta-feira, agosto 23, 2007

e eu que passei o fim de semana preocupado com a midia de pintura de paredes



"É preciso reinventar a propaganda e esse processo começa com uma verdadeira compreensão da mídia, tarefa que nenhum publicitário parece estar interessado, já que dá trabalho e ainda é possível ganhar alguns trocados com comerciais de TV e anúncios de revistas". Essa é apenas uma das definições de Luli Radfahrer. Ele é designer, PhD e professor de comunicação digital da ECA-USP e responsável por implantar divisão de Internet em agências como AlmapBBDO, DM9DDB, DPZ e Leo Burnett além de reformulação de portais como AOL e MTV.

Em entrevista especial ao Adnews, Radfahrer comenta também sobre a evolução do mercado de comunicação digital. Entre suas previsões, está o fim do e-mail como principal forma de comunicação na Web no prazo máximo de três anos. O desuso do termo "convergência de mídias", definição já obsoleta na visão do especialista e, acima de tudo, um panorama geral para onde caminha a blogosfera com a rápida disseminação de produções independentes e conteúdo colaborativo.


Adnews: - Luli, você foi um dos precursores da Internet no Brasil. Estamos em fase colaborativa com a Web 2.0. O que você prevê de novidades para este meio nos próximos 5 a 10 anos?

LR: Não sou muito fã do termo Web 2.0, acho que a Internet é só uma. Várias coisas espetaculares como a Wikipedia, a Folcsonomia e a Blogosfera seriam impensáveis há alguns anos, e acredito que a mudança está só começando. Uma coisa é certa: o conteúdo colaborativo tende a aumentar. E muito.

Outras coisas que veremos em breve serão o aumento de mash-ups e publicações trans-mídia (um post no Twitter feito via SMS para uma persona virtual do Google Talk ou um passeio por fotos no Flickr integradas ao Google StreetView e o seu GPS, por exemplo).

Outras novidades que estão por vir são o aumento de interfaces físicas (geladeiras, paredes, casas, carros) e Games cada vez mais imersivos. Uma mais fácil de imaginar é o fim do e-mail como meio predominante de comunicação pela internet, coisa que está para acontecer nos próximos dois ou três anos.


Adnews: - Você implementou divisão de Internet em grandes agências. Após esse trabalho, como você analisa a propaganda na era digital atualmente? Os investimentos ainda são poucos se comparados a outros canais como TV.

LR: Os meios digitais não são uma adaptação nem mesmo uma evolução dos meios "tradicionais", mas sua reinvenção. Não há equivalentes materiais para nuvens de tags, Ajax, RPGs. É preciso, portanto, reinventar a propaganda e esse processo começa com uma verdadeira compreensão da mídia, tarefa que nenhum publicitário parece estar interessado, já que dá trabalho e ainda é possível ganhar alguns trocados com comerciais de TV e anúncios de revistas.

O resultado é que quando as agências tentam "entrar na internet", o resultado é, na melhor das hipóteses, inócuo. Na pior, desastroso mesmo. Palavras da moda, como "viral" e "guerrilha" são muito faladas e pouco praticadas. Ninguém consegue entender por quê uma produção caseira pode gerar mais audiência que um filme de detergente de centenas de milhares de dólares. Outra coisa que não conseguem entender é o enorme sucesso de novidades como os links patrocinados no Google, ou mesmo o fato que qualquer pesquisa decente de eye tracking mostra que ninguém - ninguém, ninguém - presta o mínimo de atenção em banners.

Ou seja: a maioria dos publicitários não faz a mais pálida idéia do que trata a mídia digital e tenta, desesperadamente, imitar fórmulas de sucesso ou, pior, replicar formatos que deram certo em outras mídias.

Mesmo as campanhas de "sucesso" são sofríveis, sejam elas intencionais ou não: colocar o iPhone em um liquidificador? Parece TV dos anos 50. Diet Coke e Mentos? Gerou um barulho vazio e desapareceu. E o que dizer de surfar com dinamite, Numa Numa, videoclip em esteiras rolantes ou do fotógrafo que bate fotos de si mesmo há anos? Tudo muito divertido, nada sólido.

Um dia chegará que os publicitários entenderão que já se foi o tempo em que bastava para a propaganda fazer um bom barulho. Qualquer marca acima da média sabe que precisa gerar valor. E que boa parte desse valor está no usuário - que, se estimulado, o cede de graça.


Adnews: - Em entrevista, você disse que o publicitário é um dos profissionais menos criativos entre todos, pois vive de chavões. Isso vale somente para o Brasil ou é mundial?

LR: Mundial. Até porque nossa propaganda é considerada uma das melhores do mundo, mas nem por isso é eficiente ou gera valor.


Adnews: - A Apple lançou o iPhone e endossou o conceito de convergência de mídias já muito comentado. Você acredita nesse formato em um cenário sedento por novidades?

LR: O conceito de convergência de mídias é, no mínimo, cinco anos mais velho que o iPhone. Tanto que já caiu em desuso, poucos ainda o defendem. É fácil imaginar o porquê: você não precisa nem quer levar uma planilha de cálculo para uma festa, nem uma câmara para a sala de reuniões. Não há como se fazer uma máquina que seja ao mesmo tempo pequena e multitarefa. O que é possível - e o iPhone toma proveito disso - é ter uma série de aplicativos na internet e usar seu aparelho móvel para acessá-los conforme sua conveniência.

Mas existem outros bons exemplos de convergência. Leitores de RSS no Wii, telefones com GPS, podcasts em rádios de automóveis, programas de rádio e TV pela internet, televisores com discos rígidos etc...


Adnews: - Com a realidade da miniaturização dos aparelhos, como você vê a iminência do desaparecimento do computador de mesa? Alguns especialistas estimam menos de 10 anos para isto acontecer.

LR: Acho cinco anos muito tempo, talvez leve menos ainda. O fato é que a desktop não vai sumir de vez, mas vai se recolher a alguns segmentos específicos, da mesma forma que as calculadoras HP-12C. Teremos aplicativos inteligentes em máquinas de todos os tamanhos, muitos deles movidos a comandos de voz. Nesse cenário, tudo que se conhece por comunicação de massa vai se esfacelar de vez. O conteúdo será verdadeiramente customizado, e provavelmente surgirá da comunidade. É o que se chama por aí de inteligência coletiva.


Adnews: - Qual sua visão sobre formatos publicitários do estilo rich media? (ações interativas em sites).

LR: Bobagem. O erro está no conteúdo, não na forma. Ninguém clica em banners porque eles não são interessantes. E porque já se foi o tempo que propaganda trazia alguma espécie de informação. Hoje, se eu quiser saber de algo, só preciso dar uma busca no Google, no del.icio.us, na Wikipedia. Para que me serve um banner? Para nada, só torna a página que eu quero ver mais pesada e lenta. Acredito que se surgisse uma "lei cidade limpa" para banners, eles seriam ainda menos defendidos que os outdoors.


Adnews: - O que você acha sobre a profissão de design digital atualmente? O conceito é muito mais amplo por causa da Internet?

LR: Sim. Para começar, o que conhecemos por webdesign já está morto há algum tempo. A Internet está evoluindo muito rápido, e uma de suas principais características é ser multiplataforma. O design de serviços digitais surgiu com o desenvolvimento de software, passou pelo design de interfaces e aí enfrentou um problema: as pessoas relacionadas a seu conteúdo não tinham plena consciência de suas particularidades. No mundo da tecnologia digital, forma, função, conteúdo e comportamento estão tão interligados que é quase impossível separar sua aparência de sua funcionalidade. Por causa disso, os novos profissionais de design digital se ocupam com o design de interação.

Parece mais um termo técnico de jargão, tipo "web 2.0", mas na realidade é muito mais do que isso. Tanto no design gráfico quanto na definição de serviços e conteúdo, determina-se onde as coisas devem estar e como interagem entre si. A nova disciplina imagina possíveis respostas do usuário. Como elas são, em última instância, imprevisíveis, o novo designer deve planejar possíveis situações, cenários e funcionalidades. Em um novo tipo de diálogo, o design não é mais embalagem, mas parte do produto.


Adnews: - Em vista de seu trabalho acadêmico na ECA, qual sua opinião sobre os cursos de design no Brasil? O aluno é realmente preparado para um mercado em plena evolução?

LR: Não. Nem na ECA, nem fora dela. A resposta não está em cursos cada vez mais técnicos, mas exatamente o contrário. Minha tese de livre-docência examina os processos de emergência em comunidades. O professor (e, por tabela, o jornalista) precisa ter consciência que ele não é mais provedor de informação, mas de critério. Nas antigas comunidades, as informações eram trazidas pelos jovens guerreiros e avaliadas pelos sábios da tribo. Hoje elas são trazidas pelos jovens blogueiros. Mais do que nunca, a função dos formadores de opinião é formar opinião, não informar.

Sob esse aspecto as escolas pecam. E muito. Tentam ensinar algo que o aluno já sabe e rejeitam suas contribuições e conhecimento. Resultado: o que ensinam envelhece muito rápido, e cabe ao aluno criar critério por si próprio, o que é uma pena e um desperdício.

quarta-feira, agosto 22, 2007

"o darwinismo tecnológico é cruel. ainda bem"?

Em recente entrevista cedida ao Adnews, Luli Radfahrer, PhD em Comunicação Digital pela ECA-USP e responsável pelo início de Internet em várias agências de publicidade, comentou sobre o fim do e-mail. Para ele, tal forma de comunicação pela Web cairá em desuso no prazo máximo de três anos. A declaração gerou polêmica e comentários em seu blog. Segue abaixo, texto no qual Radfahrer complementa a explicação sobre a previsão.

"Comentaram minha recente entrevista ao portal Adnews, em que defendi, entre outros pontos, que o fim do e-mail estava próximo. Bem próximo. Acho que não me expliquei bem (em entrevistas, sabe como é, nunca há tempo). Na verdade acredito que a era do e-mail já acabou. Aquilo que todos usamos para combater SPAM, receber informações (e confirmações) desnecessárias e, de vez em quando, contactar amigos, é apenas o resquício de um meio de comunicação cujos dias de importância se foram. Em breve ele será tão relevante quanto uma carta manuscrita, enviada dentro de um envelope selado. O ciclo da tecnologia em plena ação.

O golpe veio de vários lugares, quase que simultaneamente, e foi uma genuína crise dos 40 anos que já dura um pouco mais de uma década. Tudo começou quando quatro rapazes de Liver Israel quiseram mudar o mundo e fizeram uma revolução ao criar um serviço de comunicação instantânea que permite saber se a pessoa com quem falam está online. Coisa de nerd, diriam. A piada fácil na época era rimar o nome por extenso do serviço em inglês com o potente vírus de computador ILOVEYOU. Mesmo com muitas idéias tortas (a de usar um número para contatar o amigo, por exemplo), a idéia pegou.

Mais ou menos na mesma época, alguns serviços de telefonia europeus promoviam o uso de mensagens de texto pelos celulares, que, àquela época, só falavam. Quer mais coisa de nerd que escrever "555885555444411088826 (pausa) 6667777026660222444663362111" para dizer "Luli, vamos ao cinema?". Apesar de todo mundo ter serviços GSM - uma inegável vantagem em termos de compatibilidade - o SMS esperaria o século XXI para pegar. E pegou. 10 bilhões por mês, só em uma operadora. Até porque todos logo perceberam que o envio de uma mensagem não deveria depender da operação de um computador.

E nem de texto: minha avó já sabia faz tempo que certas coisas não se diz por escrito. Eu não acredito que ela se referisse a estresse, sobrecarga de tarefas ou preguiça, provavelmente tratava de privacidade. Pouco importa, a informação a ser transmitida costuma ser inversamente proporcional ao tempo ou disposição para escrevê-la e, em um mundo de banda larga e conexão permanente, não faz sentido algum tentar traduzir seu tom de voz em emoticons se você pode simplesmente... falar. Não passa uma semana sem alguém anunciar o fim da telefonia por causa de tecnologias como VoIP. Tudo bem, não há como negar que o tráfego de telecomunicações é importante demais para ser usado por voz em formato analógico, que além de pesado é ineficiente. Mas enquanto a tecnologia não substitui de vez as linhas telefônicas, quem apanhou mesmo foi o e-mail.

A lista não tem fim: pelo Twitter, seus amigos sabem onde você está e o que anda fazendo. Ele é uma espécie de feed RSS do seu cotidiano, seja ele interessante ou não. Eu gosto dele, tem gente que não gosta, mas isso não é assunto para este post. Por falar em feeds, qualquer blog decente envia seu conteúdo através deles, o que faz com que muitas malas-diretas de conteúdo percam sua razão de ser. Como se não bastasse, o Flickr permite a seus amigos que "assinem" os que você crie. Você vai usar e-mail para quê?

Talvez para a transmissão de comprovantes e documentos - como tem gente que ainda usa o aparelho de FAX hoje em dia - e, claaaaro, para publicidade não solicitada. Quem diria, os burocratas, advogados, bancos e publicitários seriam defensores do legado deste meio que um dia foi a expressão da Internet. Quem sabe daqui a uma década deixemos a web para que eles tomem conta.

Descanse em paz, senhor e-mail. Poucos chorarão seu triste fim, sob certos aspectos semelhante ao velho, cansado e desatualizado serviço de envio de mensagens de texto por correio. Este, por mais que seja chamado de "tradicional", teve um importante papel na democratização, inovação e expansão do serviço de mensageiros (os tais moleques de recados) que veio a substituir. Mas quem se importa com isso?

O Darwinismo tecnológico é cruel. Ainda bem."

sexta-feira, agosto 17, 2007

mercado pernambucano d'après flavio aguiar


"dirigentes de agências contracenam com os próprios num baile. é uma cena inesquecível: alguns são mortos que dançam para parecer que estão vivos, outros são vivos que dançam para parecer que são mortos."

(isto acontece em a dança dos vampiros, 1967, com polanski e sharon "quinze para as duas". tudo isso acontece tal qual numa cena em que os tão implacáveis quanto desajeitados caçadores dos dráculas, como os vampiros, fingem dançar, até o momento em que passam frente ao espelho. como sabemos o espelho não reflete os vampiros. e neste momento os caçadores passam a ser caçados)

quinta-feira, agosto 16, 2007

frase da semana, do mês, do ano


eu não entro em empresas(sociedade)que precisam de mim. nizan guanaes.
eis um erro que venho cometendo seguidamente nos últimos anos. mas sempre é tempo, sempre.

terça-feira, agosto 14, 2007

extinto quem não for distinto(mas não pode ser só de fachada)


Nesta semana conheci as principais conclusões do estudo "Daemon Quest Sales & Marketing Trends", realizado pela consultoria Daemon Quest na Espanha.

Primeiro, eles descobriram que 64% das empresas espanholas não têm nenhum programa, estratégia ou ação de fidelização de clientes. Creio que no Brasil a situação é pior, devendo estar na casa dos 80%. O estudo também identificou que os cartões de pontos, descontos e clubes de consumidores são os programas de fidelização mais utilizados, ainda que a maioria deles, por variadas razões, não mostre resultados inteiramente positivos.

O abandono (churn) de clientes é um dos maiores temores das empresas (isso é facilmente perceptível nas operadoras de telefonia celular e cartões de crédito), em particular aquelas que se dirigem ao consumidor final. Portanto, o objetivo estratégico deve ser a retenção dos clientes.

Atualmente, em alguns setores, a perda anual chega a alarmantes 30% - ou seja, em pouco mais de 3 anos a empresa tem que repor 100% de sua base de clientes. Não é de estranhar que nos Estados Unidos a fidelização seja uma prioridade estratégica, conforme relato do Conference Board.

Lá, as empresas dirigidas ao consumidor final investem por ano cerca de 1,5 bilhão de dólares em programas de fidelização. Entretanto, apenas um terço delas têm benefícios econômicos como resultado dessas ações. Isso se deve ao fato de que nem todos os clientes têm que ser fidelizados. O esforço de retenção deve ser dirigido aos clientes de maior valor para a empresa e com maior potencial de crescimento.

Os estudos demonstram também que uma empresa tem até 80% de probabilidade de venda a um cliente em carteira e apenas 25% de probabilidade de venda a um cliente potencial. Apesar disso, 40% das empresas afirmam que dão prioridade à captação de novos clientes em vez de investir na fidelização dos clientes existentes. É óbvio que nenhuma empresa deve deixar de lado a busca da ampliação da sua base de clientes, mas o esforços tem que se equilibrar com a fidelização da base atual.

A retenção de 25% de clientes de alto valor podem incrementar a rentabilidade em até 15%. Por isso, a fidelização deve ser encarada como uma ferramenta estratégica fundamental para o crescimento.

2) Os comentários dos consumidores aumentam as vendas dos varejistas online e incrementam o tráfego nos sites dos anunciantes. Esta a conclusão do estudo do Social Commerce Report 2007 da E-Consultancy. Mais da metade dos varejistas online dos Estados Unidos, Reino Unido e Europa aumentaram suas vendas graças aos comentários dos consumidores. Quase 80% tiveram aumento de tráfego nos sites.

A pesquisa também revelou que 30% dos varejistas online utiliza as opiniões e comentários dos consumidores em suas páginas. Eles consideram que o conteúdo gerado pelos usuários é "extremadamente importante" ou "muito importante" na estratégia de suas empresas. Os compradores online utilizam os comentários de outros consumidores como referência, principalmente quando compram produtos complexos ou de alto preço como eletrônicos e carros.

(fidelizar ou morrer, do emílio cerri, no acontecendoaqui)

domingo, agosto 12, 2007

mas é ou não é tiozão?(este não é um artigo auto-biográfico)

O comercial de 30 segundos vai acabar? A pergunta que para muitos publicitários já está superada parece ainda incomodar muitos pensadores da publicidade 2.0 que participaram do Digital Age, encontro promovido pelo IDG Brasil junto à JumpEducation. Luis Grottera, presidente da TBWA/ BR, prefere ver para crer. "Ainda não temos fatos para comprovar o domínio da internet sobre as demais mídias". Grottera participou da última mesa de debate do primeiro dia do evento ao lado de Suzana Apelbaum, ex- África e atualmente à frente da Hello Interactive, recém inaugurada agência com foco no meio digital.

Indignado com apresentações anteriores de alguns palestrantes estrangeiros, que sugeriram que a internet irá dominar a comunicação, Grottera usou de ironia durante sua apresentação. "Incomoda as pessoas afirmarem que a internet 2.0 vai resolver todos os problemas do mundo, inclusive o da catarata da minha mãe".

Após apresentar um histórico da comunicação, concluiu que o grande benefício da Web é possibilitar o marketing one to one (um para um) para o mercado de massa. "Nisto ela é incrível". Mas o tripé branding, produto e consumidor ainda é o mais importante e nenhuma mídia é nem será superior a eles. Grottera confessa que pensar uma campanha Publicitários debatem sobre propaganda na era digital 10/8/2007 09:42:00em tempos atuais sem a ajuda da internet é uma missão impossível. A TBWA/ BR desenvolveu a campanha "Tiozão" da marca Nissan Sentra, com forte ação no meio digital. Segundo o presidente da agência, no primeiro mês de veiculação, as vendas do carro superaram a meta prevista em 160% .

Para Suzana Apelbaum, a internet é a menina dos olhos. "A Web não vai matar a televisão, mas ela é mais eficiente no custo- benefício". Suzana apresentou dois cases vencedores Grand Prix no Festival de Cannes deste ano. O carro-chefe escolhido foi a internet: Nike Plus e Diesel, um reality show com duas modelos que assaltam uma loja Diesel para roubar a nova coleção de lingerie e raptar o gerente da loja. As imagens delas de lingerie com o gerente foram reproduzidas em tempo real, com interação do público, durante 5 dias, 24 horas por dia. "É um jeito novo de fazer propaganda". No caso da Diesel, "uma forma absolutamente rock in roll de se mostrar os produtos".

"Mas o comercial de 30 segundos vai acabar?", voltando à primeira pergunta do debate. "A força que existe hoje não terá mais. Ele vai se reinventar", aposta Suzana. "As outras mídias vão acabar servindo de apoio para a internet". Grottera discorda. "A internet não é o throw the line", expressão usada para se referir às ações que abrangeriam o bellow e o above the line. "O cliente quer saber se vende. Não importa em qual meio".

Não tem cara de Tiozão

Branding de massa não se constrói na internet. Esta foi mais uma afirmação polêmica de Luis Grottera, fazendo referência ao case Nike Plus, apresentado por Suzana Apelbaum. "O case só foi um sucesso porque a Nike já tinha uma marca construída com ações em outras mídias". Suzana defendeu novamente a supremacia do meio, afirmando que marcas antigas estão se reinventando no novo meio. Finalizou o discurso com uma dose de ironia ao colega publicitário. "A Nike estava virando marca de tiozão".

(publicitários debatem sobre propaganda na era digital, por marina perriello, no adnews)

domingo, agosto 05, 2007

literatura para a semana inteira ou a bíblia do varejo



Todas as estrelas estão por sua ordem (…) Aprendamos do céu a disposição e também a das palavras. As estrelas são muito distintas e muito claras. Assim há de ser o estilo da pregação. Muito distinto e bem claro. E nem por isso temais que pareça o estilo baixo: as estrelas são muito distintas e muito claras e altíssimas. O estilo pode ser muito claro e muito alto, tão claro que entendam os que não sabem e tão alto que tenham muito que entender os que sabem. Padre Antônio Vieira, Sermão da Sexagésima, 1655.

A primeira venda efetuada que se tem conhecimento na história humana foi de
varejo. A da tal maçã. Para Eva, a coisa não estava fácil. O produto era
novo. O meio ambiente em nada era favorável, uma vez que todas as
necessidades do consumidor estavam satisfeitas;não se esqueçam que o mercado era um paraíso.
Como se não bastasse, Eva tinha que vender um produto de aparência banal,
sem nenhuma inovação bio-tecnológica ou diferencial consistente, o que tornou o cenário ainda mais difícil. Que fez então a nossa revendedora de um produto concorrente com os de distribuição gratuita no supermercado dos céus ? Azucrinou, torrou a nossa paciência, engrossou, gritou, berrou?

Of course not! Seduziu. Utilizou a mais eficaz ferramenta de convencimento até hoje inventada, para a concretização de vendas de qualquer tipo. Insuperável, principalmente em tempos de crise e globalização internáutica. Eva, explicitou os benefícios do produto, suas vantagens, buscando o convencimento pela via seducional, conduzindo a mente do consumidor Adão para o terreno da curiosidade emocional - a curiosidade está na gênese dos primatas - embalando seu discurso com artifícios sensoriais: a cor, a forma, a embalagem, o design, o cheiro, o expositor, Eva por sí só era um ” below the line beyonde the line above the line” pra macho nenhum botar defeito, deixando para o clímax ,o sussuro do argumento racional, que não lhe era decididamente positivo: o preço. Era caro, o castigo da expulsão. mas o valor intangível que ela tinha agregado àquela frutinha insignificante, através do discurso publicitário criativamente sedutor, ajudadada pela perspicácia da minhoca da curiosidade- na verdade a cobra do paraiso era uma minhoca , grande apenas era a sua persuasão- era demasiado tentador, para ser ignorada, apesar dos avisos dos serviços ao consumidor do shopping celestial. Adão tinha que experimentar aquela “coisa maçanhenta”.

Na ótica miserabilista do varejo no entanto, o consumidor precisa ser
atraído e tratado a grito. A grossura multidisforme, espraia-se em
overdoses de poluição auditivo-visual e discursos de mega-fone. São os pseudo-sinónimos de eficiência no varejo. É uma merda, reconhecem: mas vende, eis o discurso. Não é isso que interessa ao varejo?E tome escatologia de cabo a rabo.

A obtusidade do chamado discurso direto é justamente a negação do principio do ângulo mental competitivo-valorativo. Desde quando a estupidez é a coisa mais efetivamente direta? Este reducionismo acontece na maioria dos mercados e não só no Brasil. O preconceito anti-sedutor, que atribui incapacidades de descodificação ao consumidor de bolsa menos favorecida, estabelece por isso mesmo uma adequação deformadora, ratificada pelo imobilismo, resultando uma estigmatização da comunhão do discurso publicitário sem recursos com a estética do mau-gosto que impera no varejo. principalmente se dirijido para as classes C e D, classificadas e reiteradas diariamente, sem a menor fundamentação científica, como a única linguagem capaz de produzir resultados. Como toda solução exarcebada pelo preconceito e ignorância, aliada a imensa preguiça, mediocridade e falta de visão comercial, de clientes e agências, foram ratificados os tais formatos status-cú do varejo. Danosos para todos os envolvidos no negócio: clientes, agências, fornecedores, veículos, a minha e a sua mãe - a sua também empresário - que não acham a menor graça em serem tratadas como energúmenas, definidas à priori como incapazes de fazer a apreciação de uma comunicação de valores qualitativos em forma e conteúdo.

O Marketing de varejo e todos os seus procedimentos logísticos de pré-venda, venda e pós-venda, evoluiram significativamente, mas não a mente da maioria dos
clientes que perpetuam o paradigma - também o fazem muitos fazedores de
anúncios, não confundir com publicitários de verdade - de que a propaganda do
varejo tem que ser medíocre. Ah! isso é varejão. Precisamos ser mais
objetivos! a cantiga é como a sua publicidade, repetitiva e chata pra
caramba. “ O povo é ignorante, sabe como é. Não vai entender publicidade
inteligente”. Confunde-se então, parafraseando Paulo Stenzel , simplicidade com banalidade, mapa de mídia com planejamento estratégico, redundância com frequência, brinde com ação promocional, mala direta com marketing direto, gasto com investimento, publicitário com propagandista e quando tentamos desfazer as confusões, confundem iniciativa com arrogância.

E assim la nave va. Em vez dos rugidos canonísticos da boa publicidade o amofinamento é geral no setor, onde até leões juntam-se a gataria no telhado de zinco quente do varejo, onde só ruídos se fazem ouvir ?

A gritaria é tanta que a mais rasa objetividade vai à fossa com a superficialidade da repetida falta de argumentos persuasivos, textuais, estéticos, cristalizando uma verdadeira involução rumo ao que há de pior, em comunicação mercadológica. As peças de varejo dos anos 30,40, veiculadas nos bondes, nos jornais e nas rádios, são muitíssimo mais espirituosas, inteligentes, persuasivas e esteticamente melhor trabalhadas do que a grande maioria das d´agora.

Que miserabilidade de raciocínio leva tantos clientes e “ profissionais” a atribuir obtusidade a um povo produtor de uma cultura popular tão rica, múltipla e complexa a níveis semióticos e linguísticos?o que não tem relação direta com níveis de alfabetização. Como diria o antropólogo, psicólogo, e homem de marketing e comunicação pra lá de estratégica, Joãozinho Trinta, quem gosta de pobreza é intelectual. O povo sim, gosta de luxo, de beleza, de referências esteticamente ricas e transcendentes, também para além do seu modo de vida. A filosofia da miséria é a miséria da filosofia do que se vê agora, incuindo a programação televisa. O bom e o belo podem suportar o varejo sem se deixarem de ser vendedores e coloquiais. e o que é o máximo: apaixonantes, reconstruindo o cotidiano na esfera da comunicação publicitária, de forma profissionalmente eficazmente lúdica e telúrica.

E qual o consumidor menos favorecido que não daria a sua preferência a quem o
tratasse bem sob todas as formas, de comunicação principalmente?
O grito tão-somente revela o discurso da fraqueza de argumentos, da falta de inteligência, de muita preguiça. Ninguém quer “ desperdiçar “ tempo em pensar e repensar o varejo. Está todo mundo ocupado a pensar em Cannes, no Clio, no festival de Nova York, em Londres. Varejo não dá nem carrapato, quanto mais leão.

E o resultado é a fórmula do convencimento baseada na força obscura e descontrolada, na maioria das vezes não fundamentada, a não ser na ignorância de presupostos básicos de comunicação.
É no grito e na grossura, da costumeira e infeliz linguagem empregada no
varejo que o anunciante comete a maior violência contra ele próprio. Cria o
fenómeno primeiro do estupro, depois do tédio, do desinteresse, da rejeição e por fim do monstro da repulsa, convencido de que as táticas das falsas ofertas, saldos, liquidações serão a cantiga de Hamelim que vai puxar consumidores indefinidamente para os seus estabelecimentos(ratos puxa,não há dúvidas).

Num setor em que dificilmente uma rede local ou regional tem condições logísticas de fazer frente aos complexos multinacionais do setor( que também fazem uma comunicação que deixa a desejar) o resultado é a venda esvaziada, rôta, que vai definhando a marca, num círculo sufocante. O recurso a promoção desenfreada é suicida, reduz a credibilidade, estrangula o cash-flow e abre a avenida esburacada para as dívidas. As vendas vão para o abismo quando cessa a munição da promoção. E aí nem o atendimento personalizado e “bairrista” impede a derrocada.

A criatividade não é tão-somente componente de fachada.É essencial, diria que é a unica salvação no varejo, em tempos de enfrentamento de tecnologias de marketing e comercialização ao qual não tem acesso as empresas locais e/ou regionais, com raríssimas exceções. Em qualquer livro de vendas, desde os primórdios da venda porta-à-porta americana - nossos caixeiros-viajantes também não gritavam, seduziam as consumidoras, às vezes até demais - passando por Og Mandino, o"maior vendedor do mundo", aos conselhos de Ogilvy, de Wunderman, de Drucker, de Lewit, de Ries. Dos compêndios de marketing formais aos radicais, a criatividade consistente e sistematizada através do seu uso profissional por profissionais, aparece como o único componente da comunicação capaz de tornar o pequeno gigante. Se isso é fake, então a indústria publicitária é um tigre de papel.

É deveras impressionante como os homens do comércio não percebam o que perdem em não buscar a verdeira via capaz de abrir caminhos irrefutavelmente mais competitivos, de multiplicar a sua verba e seu poder de fogo, simplesmente com a utilização de uma boa idéia, na imensa maioria das vezes resultante da observação prática do cotidiano. E do universo daquelas gentes que são seu alvo principal.

Mas qual o quê? Continuam a inserir na sua publicidade cores berrantes,ruidos estridentes(presta atenção para mim seu filho-da-puta, é um dos subtextos que o consumidor ouve, imagine o efeito) letras garrafais, pontos de exclamação, reticências(argh), piadinhas merdosa(é diferente de bom humor) o que só vem atormentar a mente de um consumidor exposto a milhares de mensagens diariamente, algumas de padrão internacional de superprodução, e muitas com idéias-força, que vão lhe moldando a percepção.

É de uma ingenuidade de dar dó, achar que no seio de uma programação com a alta qualidade das nossas novelas, por exemplo, que um comercial de baxíssima qualidade, vá produzir o efeito pretendido, para além da sensação de uma grande dor de barriga. Nem chega a ser tão-somente veiculação( o que é diferente de ser visto e motivar ação) E só “cuação” . Equivale a passar vinte vezes na croisette ou no “quem-me-quer” da sua cidade, a bordo de um carro rosa-cu, oncinhas a tira -colo, buzinando a vapor, com quinhentos decibéis de som . É claro que todo mundo vai lhe “ ver”. Mas quem é que vai ter coragem de sair com você? (se alguém topar, você certamente vai estar em maus lençóis). Isso é o que acontece com a publicidade de má qualidade.

O consumidor vê, mas não reage. Nenhum recall positivo é produzido. Imagem de marca que é bom nada. Aliás, já que os "homens do varejo são bons de conta" deveriam considerar Ignácio Roset, em Propaganda Silenciosa, ao citar um inquérito conclusivo conduzido pela Universidade de Harvard, que confirma outros tantos ao demonstrar que 85% das mensagens publicitárias não atinjem o consumidor. Dos 15% que sobram, 5% provocam efeito contrário(o chamado efeito boomerang, a rejeição causada pela má qualidade ou saturação de mídia). E somente 10%, agiam, em princípio, positivamente. É necessário dizer ainda que estes 10% ao fim de 24 horas reduzem-se, pelo esquecimento, a apenas 5%. Portanto 95% das mensagens publicitárias não atingem o alvo.

Que fazer então? Gritar ainda mais? Ou procurar através da criatividade inteligente, despertar, prender e cativar a atenção dos seus clientes, atuais e potenciais? Criatividade é - e sempre será em publicidade- uma questão de números, principalmente quando o meio empregado é a televisão, meio em que a apreciação é muito mais crítica e exigente. você está interrompendo o noticiário, o filme, o jogo de futebol ou a novela, aos gritos? Coloque-se no lugar deles. gritos ou sussuros? inteligência ou estupidez? inovação ou mesmice? tédio ou sedução?Bom-Humor ou velório ?

A mente do consumidor está sempre a procura de novidades. Quando não das mesmas coisas, ditas e mostradas de uma maneira nova - piada velha é um saco - interessante, intrigante. O comum, o mundano, o mediano, o previsível, o grito são devidamente ignorados. isto já é o seu dia-a-dia, rejeitá-los é uma maneira de não enlouquecer, principalmente nos estratos de baixa renda. Todos já devíamos ter aprendido que nem sempre o consumidor vota em quem lhe dá a camiseta ou canta o samba que dança. Traduzindo: voltar-se-à de imediato para quem souber conquistá-lo com algo mais que grito, sangue e pudins de esparadrapo.

É a criatividade, esta sim – e não confunda imaginar com criar - que faz saltar a sua marca, serviço, aos olhos do consumidor. Que faz com que a sua mensagem, ainda que com menos verba, seja vista, aceita, lembrada e cobiçada, do que outras com verba maior. Ninguém dá ouvidos há quem lhe grita. O processo é sobretudo psicológico e antropológico, antes de ser mercadológico. E enquanto mercadológico, a função da publicidade é persuadir. persuadir com o grito?lembra quando a sua professora gritava com você? aprendia mais ou a odiava mais?

Sempre é bom lembrar que as classes de renda mais baixa não recorrem, por exemplo, as falsificações de grandes marcas pelo preço ou pelo grito do camelô. Recorrem pela força representativa da sensação da igualdade social causada pela imagem das marcas. Se não fosse assim elas, comprariam outros produtos ainda mais baratos com melhor qualidade. Elas não vão ao supermercado, outro exemplo, pela força da sua publicidade( há exceções, raras mas há). Vão pelo consumo inércial de bens de primeira necessidade. A sua publicidade, na imensa maioria dos casos não consegue produzir um incremento quantitativo nem qualitativo nas suas vendas nem para sua marca. Muito menos aquela folhetagem que é literalmente usada na maioria das vezes para limpar sujeira.e diga-se de passagem nem para isso funciona bem.

Ninguém gosta de se chamado de burro ou de pobre. Todo mundo quer ser tratado com consideração. Mesmo os semi-analfabetos percebem a linguagem dos símbolos, das analogias, das metáforas. Riem-se e acham dez. Constroem-se assim laços emocionais de identificação e priorização na hora da escolha. Não nos esqueçamos que antes da linguagem, havia a linguagem dos símbolos e sinais em graus bastante sofisticados. E que estes foram e são o pilar da civilização.

O fato é que apesar de todas as mudanças que tem acontecido em ritmo
alucinante, o homem conservou seus desejos ancestrais de amar e ser amado, proteger e ser protegido, valorizar e ser valorizado e de ser reconhecido como alguém diferenciado no seio das diversas tribos. Este princípio vital, independe da classe social ou de renda a que pertenca. Não é gritando com ele, reduzindo-o a condição de macaco que vamos conseguir conquistá-lo, seja para o o que for, principalmente no varejo. Aliás, alguém já disse que se grito resolvesse alguma coisa os macacos seriam os maiores publicitários do planeta.
A publicidade profissional eficaz é, acima de tudo, aquela que apresenta a verdade vestida com a roupa de domingo, mesmo para quem não tem roupa ou domingo. Assim como para causar a melhor impressão possível, ao apresentar-mo-nos para alguém pela primeira vez, procuramos a melhor combinação de cores, ser mais educados, ser mais agradáveis, o mesmo se passa com a publicidade. Isso é fato, é a vida. E contra fatos não existem argumentos. Mas se você ainda assim continua a achar que ser direto é o que vale, então(sorry, pelo machismo) experimente ir direto ao assunto e passar a mão na bunda da mulher na frente da fila(sedução e jeitinho pra quê?isso é coisa de boiola) sem esqueçer de gritar(capriche na voz de machão) que você quer trinchar o carnão. Qual seria o resultado, relação custo-benefício entre tapas e beijos?

Apesar de tantas evidencias em contrário de tanto gritar, vários clientes e agências ficaram surdas-mudas-cegas. Sorte sua se você não for a falência(tudo que cresce sem sustentação desaba) e ficar brocha com a sua comunicação, o que vai contecer mais cedo do que você pensa. Exemplos é que não faltam e provavelmente você será o próximo. Porque então não usar a criatividade para se tornar um exemplo de sucesso?

A publicidade mal-feita é sempre mais cara do que a publicidade bem feita.
Se não acredita nisso então não há negócio.Já que você tem que pagar - nada de graça presta - pague por algo que faz a diferença positiva em seu favor. A isto também se chama escolha criativa. E é sempre melhor escolher quando ainda se pode do que quando não se tem mais alternativa. Qual é então a sua alternativa de varejo? Infernizar a a sua vida e a vida dos seus clientes com publicidade rouca ou dar-lhes um gostinho de céu?
Também no varejo, Deus ajuda a quem cedo madruga. Não se esqueça que os milagres pomposos são produzidos a partir de rezas quase silenciosas.
E com os diabos homem! nem o capeta grita quando quer vender alguma coisa.

Celso Muniz*, publicitário brasileiro, vive em Lisboa. de vez em quando vem ao Brasil ver se encontra uma eva que lhe venda uma jaca, um kiwi, um cupuaçu, desde que não seja no grito.

* texto originalmente escrito em 2002.

quinta-feira, agosto 02, 2007

quem é mais enganosa? a propaganda ou o jornalismo nestes tempos em que vivemos

Com jeito, manhosos, os publicitários ligados à Associação Brasileira de Propaganda (ABP) vestiram a fantasia de quixotes e iniciaram uma cruzada contra o que denominam de "censura". é

Aparentemente, pretendem barrar a proposta do Ministério da Saúde para disciplinar a propaganda de bebidas alcoólicas na TV e evitar que seja exibida em horário acessível às crianças e jovens. E, se forem bem-sucedidos, sobrarão argumentos para uma tacada final contra a classificação indicativa para a programação de TV, já adotada pelo governo.

A cruzada começou de mansinho com um comercial para rádio, mas na segunda-feira (30/7) foi exibido sem inibições no Jornal Nacional. O mote é irrespondível e irretorquível - "Toda censura é burra". Óbvio, ninguém pode ser a favor do controle de informações e opiniões, mesmo os grandes anunciantes.

Por falta de inspiração ou de convicção na mensagem que deveriam vender, os redatores acabaram oferecendo um texto confuso sobre tabus populares e "aqueles que vêem problema em tudo". No fundo, bem no fundo das suas cândidas almas, pensavam apenas nisso - toda propaganda é enganosa."

(toda censura é burra, toda propaganda é enganosa, do alberto dines que anda se auto-enganando?)

(O jornalista Alberto Dines publicou no site Observatório da Imprensa uma crítica à campanha "anti-censura" criada pela ABP - Associação Brasileira de Propaganda. Sob o mote "Toda Censura é Burra", o objetivo da entidade é protestar em nome do mercado publicitário contra todas as restrições impostas à propaganda. A campanha tem veiculação nacional e foi criada pela Giovanni+Draftfcb em comemoração aos 70 anos da ABP. Na visão de Dines, o texto da campanha é "confuso" porque faltou "inspiração ou convicção na mensagem". Ele conclui sua crítica dizendo que, no fundo, os publicitários sabem que "toda propaganda é enganosa". Em entrevista ao programa AdnewsTV da última terça-feira (31), o conselheiro da ABP Daniel Barbara, presidente da CBM - Companhia Brasileira de Multimídia, reafirmou a posição da associação contra a censura. Ele disse ser contra "oportunismos" na propaganda, mas defendeu maior autonomia para os profissionais da área. O conselheiro criticou ainda a intervenção de entidades como o Ministério da Saúde sobre a criação publicitária).