sexta-feira, maio 29, 2015

quando o futebol passou a ser um jogo de bolso e não de coração ou vá lá que seja de amor a camisa

a lama que se abate sobre nosso futebol é outra *
Fossem 7 os golaços. Sem frango, sem impedimento. 7 que não nos fariam vexame.

1- Caísse de vez não apenas Marin, o delator parceiro da ditadura, o que roubou até medalhas de juniores ao vivo na mão grande. Mas também cada presidente de federação, seja de país que lota decisões ou de qualquer estado das arenas monumentais sem time pra pisar no gramado e nem torcida pra pular no alambrado. E caísse cada cartola antigo ou atual dono do casarão, que brinda seu whisky arrotando na nossa idiotice e em nosso vício. Que caíssem e gemessem as cãibras de um repuxo eterno, removidos os distintos pra fora dos estádios até o ano 3.000.
Aos presidentes de clubes e aos cartolas que levam sua porcentagem nas vendas de campeonatos e de craques, nas compras de jogos de camisa e de pernas-de-pau. Aos que fintam entre bilhões e amontoam dívidas de trilhões, aos que miram suas eleições, reeleições e carreiras políticas como um guri na várzea sonha com um gol na final…
A estes, que a luva de um arqueiro, após a ponte do ano, voe e voe e voe até encontrar seus focinhos nas cadeiras numeradas, grudando em seus ranhos e tapando o ar pros seus pulmões.

2- Fosse expulso cada empresário que vampiriza a mulecada desde os primeiros chutes e dibrinhas, cada dono de passe e de escolinha mandrake, cada gerente carrapato de fraldinhas e veteranos. Cada um destes sinhôzinhos que babam dólares e reviram as categorias dos meninos que, antes de jogarem um ou dois campeonatos nos seus primeiros times, já deixam o terrão com chuteiras blindadas rumo qualquer campo sintético do exterior.
A cada abutre que engorda sua poupança com as caneladas e chapéus dos guris, e também a cada marqueteiro que remexe na convocação das seleções para expor seus pupilos na vitrine…
Que entalasse a goela com suas douradas moedas multinacionais e se sufocasse na papelada dos contratos assinados com as digitais de seus boleiros.
Que na volta do intervalo (às onze da noite de uma quarta-feira!) os holofotes lhes tostassem o colarinho branco e secassem suas gargantas.

3- Aos agentes que bancam propinas pra fatiar a propaganda do jogo e vender apartamento, isotônico, barbeador e cerveja durante as transmissões. Aos magnatas da TV que impõem centenas de jogos capengas por temporada, ditando que o apito inicie a peleja às dez da noite num dia de semana.
Que a estes, os tais ‘executivos do esporte’, o bico da caneta fina se voltasse contra os próprios pulsos no ato das assinaturas brindadas nos restaurantes chiques. E apavorados corressem ao jogo onde um bandeirinha atrapalhado marcasse impedimento lhes dando com o bastão na fuça.

4- A cada torcedor modinha que gasta suas altas mesadas pra frequentar as agora pálidas arquibancadas, num revertério que torna de novo o futebol daqui um esporte de grã-finos. A cada torcedor com sua coleção milionária de camisas e blusões dos times que largam na primeira seca de títulos, times do qual não conhecem nada da história, dos sofrimentos, das viradas e das glórias. E também a cada ameba uniformizada que espanca e mata ou morre na mão do seu irmão de cor ou mano de quebrada, aquele que veste outro agasalho e pinta outros bandeirões…
Que uma cegueira lhes rasgasse a vista bem na hora do gol aos 44 do segundo tempo. E que as arquibancadas e as almofadas de camarotes que eles avacalham criassem um buraco no cimento ou na poltrona fofa, pra suas quedas num caldeirão sem fundo.

5- A cada meia-esquerda que diante de toda essa fuleiragem, do racismo e da escancarada homofobia se cala; A cada beque que aceita ser driblado e humilhado pelos assassinos mentais dos gabinetes e azucrinado pelo passe torto dos nazistas das torcidas; A cada artilheiro que sente nos poros o esporro nazista nas canchas latinas ou nos vestiários europeus, mas que segue limitado às suas embaixadinhas, de bico fechado diante do estorvo que lhes marca cerrado e que também não desgarra de sua gente nos becos.
A toda cambada de discípulos do Edson Arantes do Nascimento e que nem resvalam em futebol de Pelé; a todos que recebem milhões mensais num país onde professores ganham centavos… que bolhas lhe comessem o calcanhar e uma unha encravada lhes benzesse o mindinho, bem ali onde a costura da chuteira pega.

6- Aos narradores que celebram o patriotismo besta e o tosco machismo piadista, aos comentaristas que por ibope berram ser mau-caráter quem perdeu o pênalti e covarde quem errou o lançamento, aos repórteres que inventam escândalos sobre a roupa ou o beijo de um jogador e aos que coroam goleiros conforme a cifra que lhes cabe pelo elogio pré-agendado com o empresário. Aos locutores que migalham presença em salões e apagam no cinzeiro as maracutaias que sabem e que pareiam. Aos fofoqueiros que são vendidos como ex-craques e que aceitam ser papagaios e hienas em troca de audiência.
A cada um destes ‘jornalistas esportivos’, que o microfone inchasse e se enfiasse em seu nariz. Que o petardo torto de um ponta-esquerda ganhasse altura e lhes nocauteasse na cabine, a bola um torpedo que estoura nas testas.

7- A cada técnico que tem a retranca como religião e o medo de perder como sol de cada dia. A cada técnico mancomunado com os chupins de gabinete, vendedor de escalação e de convocação. A cada treinador com seus milhões mensais e farto cachê pra palestrar aqui no país da fome e da cela. A cada ‘professor” que trava e castiga o improviso do craque, cada técnico que come na mão dos cartolas e disfarçado de padre, de intelectual ou de mafioso concede as entrevistas exclusivas ao canal mandante da pataquada toda.
Que no jogo o carrinho afoito de algum lateral grosso lhe atropelasse no banco de reservas e ele desabasse com os dentes cravados na grama, pra nunca mais preleção nem distribuição de camisas.
Ou, no treino, suas pernas se enganchassem na rede e dali não se desvencilhassem. Pra daqui anos, já caveiroso, esfarelar no gramado vendido a uma empresa de jazigos, nos tempos dos estádios cemitérios.

( 7 golaços e um pouco de rancor - a queda dos vampiros do futebol, do allan da rosa na forum)

* legenda de misterwalk


quinta-feira, maio 28, 2015

agora é a hemobrás chupando sangue*






técnicas samurais adicionais seriam o quê? sanguessugas não são tão mais explícitos como antes ?

* fonte: gogojob, o território dos vampiros.

quarta-feira, maio 27, 2015

hoje, nem paris escapa *



Quando cheguei ao Brasil, a nossa cultura olhava para Paris, os filhos dos senhores haviam estudado na França, embora os pais viajassem para Marselha em companhia de vacas leiteiras, a garantir a qualidade do café da manhã. Logo nos entregamos ao exemplo dos Estados Unidos, e com esta escolha erguemos uma caricatura. Foi o primeiro passo da desgraça, estética, se quiserem, a qual não é de modo algum secundária, a alimentar e fecundar provincianismo, ignorância, insensibilidade, mau gosto, arrogância, bem como inúmeros recalques. (O momento que atravessávamos não é inútil, ao menos é revelador.)

excerto de "meu pai se enganou" http://bit.ly/1SyczxM  do mino carta, em editorial para a carta capital, que vale a pena ler por inteiro. 
* originalmente publicado no misterwalk.blogspot.com

sexta-feira, maio 22, 2015

a granola da pinóquio

legendar pra quê? se nem ela disfarça o "nojo" ?





















na boa: periga que a ideia de usar famoso, seja qual for a sua atividade, até a de não fazer chongas como a galisteu(ah! mas ela é apresentadora, tá bom, fica combinado assim) para endorsment(testemunhal), ser mais velha do que a história do pinóquio. mas fazer o quê? não fui eu que fiz este aporte.

mas eis que alguém do planejamento: pra que serve mesmo a quase esmagadora maioria dos catataus do planejamento, para não dizer catatônicos? para dar sustentação a conceitos e ideias(agora dizem-se estratégias, eles nunca falam táticas) vazias ou no popular para fundamentar a merda ou a coisa nenhuma com mais merda - fractou que: se a são braz está de olho no segmento fitness o famoso da vez - ou seria o nariz ? - é a adriana, que anda a fazer programas caseiros do como receber alguém na mariola, junto com o maridão griffe de griffe, em regabofes emperequitados com ares de descontração e dedos lambidos à chef de guardanapo.

porra! como alguém já disse - desculpem-me os animalófilos politicamente corretos - há mais de uma maneira de se esfolar um gato. ou seja: se é o caso de tratar o lançamento com um pensamento de marketeer e comunicação com um mínimo aporte de inteligência e conceito, com alguma sustança, o caminho escolhido decididamente só vai dar em peido, para não dizer cagada, ainda que a escolha da dita cuja leve a algum zum-zum-zum, fotos de bastidores e alguma notícia de coluna social comprada( se é isto que o cliente ou a agência? quer, quem liga para o resto, não é mesmo?, o consumidor é que não vai. o financeiro, talvez.)

portanto, se você é da turma que acha que estou aqui só para expurgar os meus fracassos(ou os meus acertos) sem que a bota bata com a perdigota, que não passa de um azinhavrado à bordo do meu teclado giratório, devolvo-lhe: na sua mais rasteira mediocridade - você publicitário e você consumidor(levo mais fé no consumidor)  acha mesmo que alguém acredita ou vai consumir granola são braz porque acha que a adriana galisteu está ou a vai consumir ? logo ela, com aquela cara de fuinha que tanto faz como tanto fez em termos de credibilidade ? e que por isso mesmo seu testemunhal- ou imagem vá lá - não terá mais empuxo que a energia dos gases que a granola(umas mais outras menos, depende da composição/qualidade dos ingredientes) possibilitaria para dar o start-up significativo ao produto e a marca no segmento? logo vindo de alguém cuja credibilidade cu exacerbou-se ao máximo restrita a certa resposta ao gentili: comigo não: aqui por onde sai não entra(referindo-se ao sexo anal)?

ah! então tá bom. estamos quites. segue abaixo a ficha técnica dos gepetos e d´outros que seguem à risca o mundanismo subdesenvolvido das fotografias nos sets com a desapropriada(os selfies devem ter ficado para as redes insociais (argh!)e todo aquele ritual de publicitário de província que não perde os ares filmando aqui ou lá, no território sem sotaque.

agora, granolas à parte, deixe-me gozar meu caviar e minha champagnota, que meu nariz e meu paladar são refinados demais para outros cheiros - dizendo isto sinto-me assim tão credível quanto a galisteu e as promessas da agência( às vezes cola, não comigo, mas como se vê com muita gente cola).

p.s. ia me esquecendo de desenhar(as vezes esqueço que também escrevo para publicitários) pinóquio tinha o nariz crescido a cada mentira. algo leva-me a crer que a galisteu desta vez vai recorrer ao bisturi).





Diretor de Criação: Betinho Montenegro e Juliana Lisboa
Direção de arte: Betinho Montenegro
Redator: Marcela Egito
RTVC: Marília Gouveia
Mídia: Maria Denis e Fred Teixeira
Atendimento: Gabriella Gonnelli
Aprovação: Carlos Frederico Dominguez
Produtora de áudio – Falante
Produtora de vídeo – Ateliê
Diretor do filme – Leandro Alves
Diretor de fotografia – Beto Martins


terça-feira, maio 12, 2015

há 15 anos denunciei isto em entrevista ao meios & publicidade(portugal). fui execrado pelos coleguinhas. ao dizer isto hoje aqui estaria padecendo do mesmo oportunismo dos que produzem ações assim ?

Grupo indiano satiriza agências que só pensam em açoes sociais para ganhar Leao. Filmado em comunidades pobres da Índia, com depoimentos de locais, esse vídeo da iCongo (Conferaçao Indiana de ONGs) critica, de forma irônica, o súbito interesse dos publicitários em açoes humanitárias nos meses que antecedem o Cannes Lions. “No ano passado, de março a junho, ganhávamos comida todos os dias”. “No mês de abril, começamos a aprender inglês”. “Em abril do ano passado eles tiveram uma ideia e nos disseram para usar um boné durante o dia que nos daria luz durante a noite”. O que essas 3 açoes têm em comum? Todas foram subitamente interrompidas ali por junho, julho, justamente depois de terem – ou nao – ganhado um Leao. E aí vem a pergunta – por que esses trabalhos humanitários nao continuam depois de Cannes? Por que o mundo só pode ser um lugar melhor e mais justo durante 3 meses do ano? Em carta ao chairman do Festival de Criatividade de Cannes, o fundador da iCongo – Jeroninio Almeida – levanta essas questoes e afirma que eles inclusive já pensaram numa soluçao – ao invés de 1, organizar 4 Cannes Lions por ano. ;-) Ironia fina que faz pensar. Via Campaign. Obrigado ao Cassio Sader pela dica. (extraido do blue bus) 



  

quinta-feira, maio 07, 2015

raposas globais e suas pérolas. e as galinhas de capoeiras com seus ovos de ouro tratadas como se de granja fossem

Para Conar, regular até mesmo a publicidade infantil é censura.

Publicidade para crianças
Em evento, publicitários criticam qualquer iniciativa de regulação da propaganda – inclusive aquelas direcionadas a menores de 12 anos. “As crianças tem direito à informação”, alegam

                               O mundo todo celebrou esta semana, no dia 3 de maio, o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. A data, como todos os anos, foi marcada pelo lançamento de relatórios que revelam os desafios do jornalismo nas sociedades contemporâneas. Entre eles, a violência que segue acometendo profissionais e comunicadores populares nas mais diferentes regiões do planeta. Para quem quiser conferir como anda a situação no Brasil, fica a sugestão de leitura da publicação lançada pela Artigo19, que relata 15 homicídios, 11 tentativas de assassinatos e 28 ameaças de morte no País motivadas pelo exercício da liberdade de expressão.
Todos os anos, também a Imprensa Editorial, responsável pelo Portal Imprensa, organiza na mesma data o Fórum Liberdade de Imprensa & Democracia. O evento tem sido marcado pela reunião de “eminentes nomes do jornalismo brasileiro" que, invariavelmente, compreendem que qualquer regulação dos meios de comunicação é prática de censura. Este ano, o apresentador do Jornal Nacional, Heraldo Pereira, soltou a pérola: “Ainda bem que temos o PMDB, que já disse que é contrário à Lei da Censura que o PT quer aprovar. Não adianta falar que é regulação, por que não é”.
A novidade de 2015, cuja edição foi patrocinada pelo Grupo Globo, com o apoio de diversas entidades empresariais, foi incluir, no hall dos temas a serem debatidos, a questão da publicidade. Sim, o Portal Imprensa embarcou na onda de que as propagandas comerciais também são manifestações de liberdade de expressão – e que, por isso, devem ser protegidas pelo mesmo princípio constitucional que impede que manifestações de pensamento sofram quaisquer restrições. Num painel intitulado “Limites na criação publicitária: liberdade de consumo X controle e regulamentação”, três profissionais da propaganda se revezaram para defender "o direito da população ser informada pela publicidade", e para atacar principalmente iniciativas de proteção das crianças em relação à publicidade infantil.
Um dos alvos foi a Resolução n. 163 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), aprovada em março de 2014, que considera abusivas a publicidade e a comunicação mercadológica dirigidas às crianças de até 12 anos. Por ser um ato normativo primário previsto no Art. 59 da Constituição Federal, as Resoluções do Conanda possuem poder vinculante e devem ser seguidas e consideradas por todos os agentes sociais e estatais. Ou seja, desde o ano passado, a publicidade dirigida à criança é considerada ilegal segundo o Código de Defesa do Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente e a própria Constituição. Mas continua sendo sistematicamente empregada tanto pelos anunciantes quanto pelas agências de publicidade, com a conivência dos veículos de comunicação, que lucram com tais anúncios.
Observando essas ilegalidades, o Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, enviou, em abril passado, cinco representações para os Ministérios Públicos de São Paulo e Paraná e para os Procons de São Paulo e do Espírito Santo. O objetivo não é acabar com a publicidade, mas garantir seu direcionamento para os adultos e não mais para as crianças.
Para Mônica Spada e Souza, diretora executiva da Maurício de Souza Produções, que esteve no evento do Portal Imprensa, restringir a publicidade infantil é “subjulgar a inteligência das crianças”, que, na sua avaliação, tem todas as condições para compreender a diferença entre realidade e fantasia e também tem “direito ao acesso à informação”. Mônica é defensora da tese de que são os pais que tem que definir o que seus filhos podem ver – mesmo que, em grande parte das vezes, as crianças estejam sozinhas diante da televisão.
Edney Narchi, vice-presidente executivo do Conselho de Autorregulamentação Publicitária (Conar), outro convidado do Fórum, concorda plenamente que “o Conanda quer restringir o direito de acesso à informação pela publicidade”. Para ele “espécies de pessoas e de ONGs são contra porque são contra a propaganda mercadológica”, assim como a “Anvisa é contra porque é contra a publicidade de medicamentos e de determinados alimentos”.
Ou seja, para o Conar, não há qualquer motivo para que a sociedade se preocupe com o bombardeio publicitário sofrido pelas crianças ou para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária se preocupe com os índices crescentes de automedicação da população brasileira.
Reportagem do próprio Jornal Nacional veiculada nesta terça-feira 5, sobre o Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, mostrou que mais de 39 mil pessoas foram intoxicadas por remédios no ano passado e destacou os riscos do consumo sem receita de medicamentos. Mas, para o mercado publicitário, restringir este tipo de anúncio, com buscou fazer a Anvisa, é “ser contra por ser contra”.
“A comunicação é algo tão sensível que não deve ser motivo de lei”, cravou Edney Narchi, ignorando que, no mundo todo – sobretudo em democracias mais antigas que a nossa –, a banda não toca desse jeito. Para o Conar, nossa Constituição Federal é autoritária e a autorregulamentação é o que deve existir em termos de regras para o funcionamento do setor. O resto é censura!
O terceiro convidado do painel, Carlos André Eyer, diretor de criação da NBS, reforçou o mesmo ponto de vista desta discussão bastante plural, como deveria se esperar de um evento organizado por uma empresa jornalística e que leva a palavra "democracia" no título. “Estamos terceirizando a educação das pessoas ao vilanizar a publicidade e os produtores de conteúdo. Temos é que dar estrutura para as famílias educarem seus filhos em vez de acharmos que é preciso privar as crianças de algumas coisas”, disse Eyer. E encerrou com mais uma pérola do encontro: “Todos os departamentos de marketing das cervejarias estão tentando fazer propaganda com menos mulher gostosa no vídeo, mas não dá certo. O bebedor médio de cerveja gosta é disso. Então a culpa não é da propaganda, é do consumidor”.
Precisa dizer algo mais?
Para quem quiser conhecer melhor o debate sobre publicidade infantil, visite o site do projeto Criança & Consumo, do Instituto Alana.
(por bia barbosa, jornalista, especialista em direitos humanos e integra a coordenação executiva do intervozes. material extraído da carta capital).

quarta-feira, maio 06, 2015

e a turma do jornalismo plim-plim continua a fazer das suas; e as empreiteiras a pagar por elas

Ontem, foi aprovado de forma polêmica projeto de lei que permite a construção de grande condomínio residencial e comercial na área do Cais José Estelita, no centro histórico de Recife; movimento Ocupe Estelita convocou para esta terça-feira (5) manifestação para tentar reverter o quadro.

Mais de trinta professores de universidades pernambucanas assinaram carta de repúdio à cobertura que a Rede Globo tem realizado sobre o caso do Projeto Novo Recife, que envolve a construção de um grande condomínio residencial e comercial na área ocupada atualmente pelo Cais José Estelita, na capital. Para os docentes, a emissora “assumiu defesa explícita” ao projeto em seus telejornais, “desconsiderando preceitos básicos elementares da boa prática jornalística”. O documento foi lido nesta terça-feira (5), durante a abertura da 3ª Semana de Comunicação Pública de Pernambuco.
Ontem (4), em sessão polêmica que não estava na ordem do dia, foi aprovado na Câmara dos Vereadores de Recife o projeto de lei n°08/2015, que contempla o Plano Específico do Cais José Estelita, Santa Rita e Cabanga e libera a construção do Novo Recife. A população foi impedida de entrar nas galerias da Casa, e em função da manobra levada a cabo pelo presidente Vicente André Gomes (PSB), vereadores da oposição se retiraram no momento da votação.
A aprovação ocorreu no mesmo dia em que o Ministério Público de Pernambuco (MPPE) encaminhou à presidência da Câmara um ofício informando sobre ação civil pública que pede a devolução do PL ao Conselho da Cidade da Prefeitura do Recife para que seja reaberta a discussão. A promotoria ajuizou a ação no Tribunal de Justiça de Pernambuco na última quinta-feira (30).
Ativistas do movimento Ocupe Estelita marcaram para esta hoje um protesto para “salvar o Estelita”. “Pelo cumprimento da recomendação do Ministério Público pelo prefeito e o estabelecimento de uma mesa de negociação entre o Movimento, a Câmara dos Vereadores, o MPPE e a prefeitura para a anulação da votação e sanção do Projeto de Lei do Cais José Estelita”, diz o evento criado no Facebook para articular o ato. 
Confira, a seguir, a íntegra da carta:
Para entender o caso do Cais José Estelita, leia também: Ocupe Estelita e as cidades das grandes empreiteiras
“PROFESSORES UNIVERSITÁRIOS REPUDIAM COBERTURA DA REDE GLOBO NORDESTE NO CASO ‪#‎OCUPEESTELITA‬
Nós, professores nas universidades de Pernambuco, manifestamos nosso repúdio à postura assumida pela Rede Globo Nordeste – concessão pública como toda emissora de televisão – na cobertura dos acontecimentos envolvendo o Projeto Novo Recife, em relação ao qual assumiu defesa explícita em seus telejornais, desconsiderando preceitos básicos elementares da boa prática jornalística. A mais recente prova desse comportamento, que evidencia um claro desvio da ética jornalística, foi dada na reportagem divulgada ontem, dia 04 de maio de 2015, no NETV 2ª. Edição , cujo tema foi a aprovação do Projeto de Lei contendo o Plano Urbanístico para o Cais José Estelita, Cabanga e Santo Amaro.
A votação do projeto de lei não estava prevista na ordem do dia e desrespeitou determinação do Ministério Público de Pernambuco para que o Plano Urbanístico retornasse ao Conselho das Cidades para nova apreciação, visto que sua aprovação nessa instância também se deu de modo escuso e ilegal. Para evitar as manifestações contrárias à votação, o presidente da Câmara Municipal, Vicente André Gomes (PSB), chamou o Batalhão de Choque e fechou as portas da Casa José Mariano, impedindo a livre manifestação dos cidadãos contrários ao plano. Não satisfeito, cassou a palavra de vereadores de oposição que, em protesto, retiraram-se do plenário.
Nada disso vimos no NETV. O que vimos foi tão somente foi uma ‘reportagem’ que destacou a aprovação do projeto por esmagadora maioria e dedicou a maior parte do tempo a uma fala do vereador Vicente André Gomes justificando o injustificável: “colocamos o projeto para votar porque setores da sociedade estavam reclamando na demora do projeto”. Os setores aos quais o vereador se referia, naturalmente, eram os empreiteiros, pois a sociedade civil organizada estava na porta da Câmara Municipal exigindo justamente o adiamento da votação para que houvesse mais discussão e debate com todos os segmentos envolvidos. Não tiveram a preocupação sequer de ouvir representantes da oposição e da sociedade civil. Completando a ‘cobertura “jornalística’, uma brilhante peça promocional do Consórcio Novo Recife: uma nota coberta repetindo os argumentos da publicidade paga pelos empreiteiros.
Diante disso, reiteramos nossa indignação não apenas contra procedimentos políticos que desrespeitam os processos democráticos, mas também contra as práticas jornalísticas daqueles que não honram a profissão que escolheram.
Nós, abaixo-assinados, convocamos todos os colegas a se juntarem a esta manifestação de repúdio.
Adriana Dória Matos – Unicap
Adriana Santana – Universidade Federal de Pernambuco
Alexandre Figueiroa – Unicap
Ana Veloso – Universidade Federal de Pernambuco
André Vouga- Universidade Federal de Pernambuco
Andrea Trigueiro – Unicap
Angela Prysthon – Universidade Federal de Pernambuco
Barbara Gollner – Universidade Federal de Pernambuco
Carolina Dantas – Universidade Federal de Pernambuco
Carolina Monteiro – Unicap
Carla Teixeira – Unicap
Cecilia Almeida – FBV
Claudio Bezerra – Unicap
Dario Vinícius de Brito – Unicap
Diego Gouveia – FBV/FPS
Eduardo Duarte – Universidade Federal de Pernambuco
Jeder Janotti – Universidade Federal de Pernambuco
José Afonso da Silva Junior – Universidade Federal de Pernambuco
Juliano Domingues – Unicap
Nina Velasco – Universidade Federal de Pernambuco
Isaltina Gomes – Universidade Federal de Pernambuco
Patrícia Horta – Universidade Federal de Pernambuco
Paula Reis – Universidade Federal de Pernambuco
Paulo Cunha – Universidade Federal de Pernambuco
Marjones Pinheiro – UniNassau
Rodrigo Stefani – Universidade Federal de Pernambuco
Sheila Borges – Universidade Federal de Pernambuco
Soraya Barreto – Universidade Federal de Pernambuco
Thiago Soares – Universidade Federal de Pernambuco
Yvana Fechine – Universidade Federal de Pernambuco”
(direto da redação da revista forum)

sexta-feira, maio 01, 2015

o passado sempre aponta o caminho para o futuro, principalmente quando ele é o próprio

"nos hackatons, não há espaço para a bullshitagem: 

as soluções são concretas construídas de forma 

coletiva"
+
Crédito: Divulgação
A vertiginosa revolução tecnológica que vivemos hoje não diz respeito apenas 

ao resultado final que as novas ideias provocam nas organizações; ela 

também tem profundo impacto no processo de concepção e desenvolvimento 

dessa inovação. Ao retornarmos do SXSW, em Austin, eu e alguns outros 

colegas tivemos a sensação de um mix de obsolescência e desejo de 

mudança pelo qual o setor publicitário está passando no mundo.


A tônica de um ambiente profundamente colaborativo que a economia criativa 

de startups trouxe para o mundo corporativo é irreversível, implacável até.

Se, por um lado, novas ideias estão criando novos serviços, produtos e novas 

formas de consumo, como o Airbnb e Uber para ficar nos óbvios, os processos 

pelos quais essas ideias estão sendo concebidas não são menos

revolucionários.


Recentemente aprendi o significado da palavra “hackaton” (no sentido mais 

literal – “maratona de hackers”), isto é, um encontro de experts em 

programação em alta voltagem e intensidade para desenvolver soluções 

tecnológicas tangíveis em jornadas que podem chegar a durar 2 dias 

ininterruptos. O senso de urgência e a colaboração são tão presentes quanto 

a materialização imediata de seu resultado – não há tempo nem espaço para 

bullshitagem: as soluções são concretas e construídas de forma coletiva.


Sou daqueles que sempre vão querer enxergar o copo meio cheio (de 

preferência com uma bela dose de Jack Daniel’s sem gelo). Penso que as 

agências de publicidade não tiveram uma oportunidade tão grande de 

repensar sua essência e valor agregado desde a invenção dos cereais em 

caixa, como diria Don Draper.


As agências deveriam olhar essa história de hackatons e economia 

colaborativa com mais atenção e carinho. Para aquelas interessadas, ou 

preocupadas em reinventar seu modelo de negócio, a oportunidade está em 

resgatar um conceito que está no que já foi a essência de seu negócio: 

“agenciar” expertises e talentos a serviço da inovação e do negócio de 

seus clientes.


Porque hoje os negócios de nossos clientes pedem múltiplas soluções 

criativas e de inovação, as agências precisam recuperar a vocação que se 

cristalizou e foi esquecida em algum momento destes últimos 60 anos. Em 

sua versão contemporânea, 2.0, pode ser resumida em 3 atividades principais:


- Entender profundamente o contexto sócioeconômico-cultural em que estão 

inseridos os negócios de seus clientes – e, para isso, podem lançar mão de 

toda sorte de aparatos tecnológicos, como o bigdata, por exemplo;


- Conceber as estratégias e a criatividade para as marcas e o negócio dos 

clientes. Essa é uma atividade que depende da sensibilidade e da 

criatividade em formular grandes conceitos estratégico-criativos calcados 

na vocação e no propósito de marca dos clientes.


- Repaginar as competências para identificar e orquestrar o trabalho 

colaborativo junto a uma rede de parceiros especialistas na inovação. Se no 

passado as agências identificavam diretores de cinema, fotógrafos ou 

músicos para a produção de material publicitário, hoje a multiplicidade de 

especialistas e executores de inovação são infinitos (imagine, apenas no 

setor mobile, a miríade de especialistas em desenvolvimento de ideias!), o 

que valoriza mais ainda essa tarefa.


Junto dos clientes, a agência assume o papel de integradora que conhece 

profundamente a vocação da marca e sabe organizar e encaminhar os 

desafios estratégicos e criativos da inovação de seu negócio com uma rede 

de colaboradores. Junto às startups, as agências, em sua versão 2.0, 

funcionam como aceleradoras que viabilizam grandes ideias inovadoras que 

precisam de um corpo e de investimento.


Essa é a vocação das agências que querem manter sua relevância diante de 

um desafiador e excitante futuro.


“O futuro das agências está em seu passado”, disse um de meus sócios 

quando fundamos a Tailor Made. Não posso estar mais de acordo!


(menos reuniões, mais hackatons, do marcello magalhães, sócio e vice-

presidente de planejamento da leo burnett tailor made, no 

meio&mensagem)