segunda-feira, dezembro 01, 2014

santa ignorância ou o (d)efeito i-phone

tenho minhas dúvidas que os publicitários que fizeram a graçola* acima tenham folheado o aurélio para além da capa dura. 
anos 80, pouquinho mais, pouquinho menos, costumava-se definir um publicitário como aquele profissional que sabia um pouco sobre quase tudo o que traduzindo ao pé da letra dava quase nada sobretudo. mas eles sabiam "operacionalizar" o seu quantum diagonal de informação como ninguém. e com isto, posavam de experts não só para os estagiários mas principalmente para os clientes. e não raro fazendo trabalhos memoráveis.

hoje a coisa esfumou. com tanta informação à mão, publicitários a cada balbucio "ininglish" e de tantas titulações e das embromações, do tipo storytelling, atestam cada vez mais e mais que não sabem mais e mesmo nada de nada. mas acham - e agem- com se soubessem tudo de tudo - e assim, como é desagradável e desestimulante conversar com publicitários hoje em dia, pra não falar do odor do seu trabalho.

o nada rombudo em quase tudo o que se vê e ouve, impera. e a mais completa ausência do tudo -e do todo, e de suas particularidades - num restinho de nada nem que fosse pra remédio, está em ratio.

deformáveis como o i-phone - e com baterias de menor duração ainda - não raro confundem a bunda com a cabeça e vice-versa. a escatologia do ofício tenta perfumar a santa ignorância com títulos acadêmicos mas a academia nunca produziu propaganda que merecesse alguma consideração.

e a maior prova disso, são os salários. de merda, pois não ?


*  esqueci de dizer que os publicitários hoje em dia se acham muito, mas é muito mesmo e não é pouco, engraçados. só que eles se querem assim querendo por querer. e não sem querer querendo, o que é uma condição fundamental para o alcance da espontaneidade do riso. leiam bergson meus filhos.

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