celso furtado, economista paraibano que fundou a sudene, cérebro do tempo em que publicitários percebiam algo de economia para além do tatibate de que a apple é a empresa mais valiosa do mundo, certa vez afirmou que o nordestino tenta compensar o seu complexo de inferioridade tentando ser super. tal pensamento é o joanete mental que descambou para o comercial da esposende - muito bem trabalhado pela assessoria de imprensa - urdido pela black(argh!)ninja,tendo a "fanática carrie"(eu prefiro a outra, a estranha) como protagonista pela "afinidade" entre sua tara personada em sapatos e uma suposta correspondência como mulher que tem no acessório o fetiche que todos gostariam de ter porque a admiram.
e quando um publicitário inicia uma apresentação e/ou defesa(se o comercial é bom não precisa defesa, já dizia outro, que hoje anda mais em sapatos altos do que a cria o que lhe levou até lá) - prefaciando que foi a pesquisa que apontou ou detectou o caminho escolhido,está mais do que na hora de você soltar peidinhos,que não devem ser discretos em odor porque o ambiente já estará incensado em merda.
mas o "beja-mãos" não se faz de rogado. e alicerça a escolha - como a maioria das agências hoje em dia, daí tanto comercial sem graça, como o dito cujo - planificada em pesquisas testes e pré-testes, como se isto fosse garantia e ou resultasse automaticamente em superior expressão qualitativa da ideia ou conceito dai sabugado.
mas vamos ao que interessa:sarah jessica parker no acting é uma espécie de ingrid guimarães piorada ou tão ruim quanto a dita cuja num certo comercial sabão(de tão monocórdica ingrid sequer faz espuma). a desenvoltura que viram na jessica(ah! joão alberto, é tão impossível assim tirar o sebo da sua coluna?) não passa de pastiche. de paródia que se quer ideia. não se vê o aplomb que em tese justificaria a sua contratação, e que tanto fundamenta a abordagem inspiracional que regula uma das falas publicitárias preferidas - salvo pela questão apontada pelo celso furtado.o roteiro é um primor de nulidade, com uma gag déjà-vu pálida até para gente que nunca viu, por exemplo, woody allen a por com diapasão,diálogos entre a tela e o telespectador. a produção em si, é medíocre sem destaques em linguagem narrativa, cast ou o que quer que seja, pois nela também faltou ideia a luzir.
e isto justamente num timing de veiculação(a reboque portanto) em que temos, a mais que nunca bündchen a extrapolar a tela com charme que baste e, até nas falas, o que comprova do que é capaz um bom texto/roteiro,pois usualmente(via de regra é menstruação)gisele falando é baixa pau. já calada despoleta o priaprismo. soa a dor de corno(ou o tal complexo de inferioridade) a utilização da parker em toda sua "grandiloquência e espetacularidade (é assim que foi construida sua contratação) e "inusitância", acabando por trazer resultado de esferográfica. para isso chamassem a claudia leitte, hours concours em vácuo, pois o alcançe é potencializado justamente pela sanha do sub que quer ser super devidamente replicado pelo "espalhafato", neste caso mais dos "superiores do que dos inferiores". são os sinais de sucesso nesta colônia subdesenvolvida chamada nordeste, onde publicitário palita os dentes depois da refeição japonesa juntamente com seu cliente dobradinha. a contratação de uma atriz americana para comercial de varejo destinado a praça regional incensa o chulé da falta de criatividade. e assim sendo, não é case, é topada, é atalho que aborta as possibilidades de um caminho mais rico para além do cachê,verdadeiramente percuciente a ideia que se quisesse sem complexos na sua expressão e que portanto deveria ser realmente criativa e nunca mimética.
ainda que seja pedante usar esta expressão para demonstrar sarcasmo - last but not least - eis a questão final para fazer a moçada descer do salto: a direção de arte do comercial traz o decalque(seria um recalque?)em seu caleidoscópio de sandálias que nos faz imediatamente lembrar a direção de arte das havaianas, classuda chinelada que ultrapassou fronteiras sem "catapultas", e que também foi pensada e realizada há muito tempo atrás. e como tudo que é realmente bem feito e ou original neste e noutros mundos acaba por dar ganas de copia aos mequetrefes do fumê e das esquadrias. nestes casos diz-se, se o salto descolar, que esta seria uma tendência visual. aliás, é o que acontece quando se deixa de pensar com profundidade: só vem a cabeça referências. ai a falta de caráter leiauta e muda a tipologia ,se muito.
resumo da ópera: contratar uma big-star(na verdade menos, bem menos) norte-americana para uma campanha na aldeia, acaba por revelar o contrário do que é dito: não se trata de uma ação determinada pelo vetor do pensamento estratégico-criativo e da ação sociológica de quebra de paradigmas. é apenas cacoete dos colonizados - afinal é a terra dos celebs não se esqueçam - concebida por um tipo de esperteza que é capaz de promover tal ação mas não elevá-la a categoria de ideia radiante ou irradiante.tanto que o uso ferrenho da divulgação via press-releases busca amplificar o comercial massificando justamente aquilo que se diz deveria ser quebrado:o fato de não ser corriqueira a contratação de nomes para além do secundário da novela no gritante varejo, fazendo disto o destaque do comercial e não a ideia(que não há mesmo)o que acaba por ser um contra-senso pois não é a ideia que brilha. é a protagonista. e não por sua atuação mas apenas pela operação de sua contratação o que, quanto a mim, se fosse publicitário envolvido ou seria destemido? causaria imenso mal estar.
isto posto, mestre baba, respondo-lhe que sim mestre: no brasil se come gente.e muito provavelmente a começar por partes do cérebro.se assim não o fosse não haveriam ninjas em ação.
p.s. se não há ninjas no japão,imagine o que é ter ninjas(e ainda por cima blacks) por aqui?
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