1. O médico tomou um susto, quando viu o colesterol do paciente.
“Subiu de novo! O senhor fez tudo o que mandei?”
“Fiz sim senhor, doutor.”
Sabia que aquele homem adorava churrasco. Por isso, perguntou:
“Suspendeu a carne vermelha?”
“Sim senhor, doutor, desde quando o senhor mandou. Agora, só carne branca. Imagine que a gente cria porco no sítio. Então, nós mata ele e eu mando separar o toucinho só pra mim. Agora não com,o outra coisa. Eu não sabia que essa carne branca era tão gostosa.”.
2. Tenho a mania, adquirida desde os meus primeiros anos de redator, de recortar o maior número possível de anúncios e colocá-los um ao lado do outro para efeito de comparação. Uma análise que sempre ajudou as equipes de criação que trabalharam comigo. No meio das mediocridades de sempre, a gente encontra coisas boas. Mas ultimamente tenho me decepcionado. Muito.
E nem é pela falta de idéia, muito menos pelos textos quase sempre muito pobres. É por causa da direção de arte.
3. Se os layouts fossem bonitos, bem curtidos, eu diria, como afirmei mais de uma vez aqui, que se trata de uma rebelião contra os redatores, cujo texto eles fazem questão de esconder. Os tipos são tão pequenininhos que exigem do consumidor vontade, vontade enorme, de ler. E jogados – jogados é a palavra correta para o caso – num canto qualquer. Esquecem-se de que a primeira função de qualquer peça publicitária é se tornar clara, legível, agradável. Se o consumidor não leu, a mensagem não aconteceu. Se viu o anúncio e ficou com aquela sensação de que experimentou comida sem tempero, coitadinha da imagem e da marca do anunciante.
E não é só com as peças publicitárias que isso acontece. Recebi outro dia A Revista da Criação, editada pelo Clube de Criação de S. Paulo e a Meio Digital, da Meio & Mensagem. É impressionante como são ilegíveis, ora por causa do tamanho dos tipos, ora porque são colocados sem nenhum critério sobre fundo chapado, tornando a leitura um suplício.
Aliás, os diretores de arte estão se tornando especialistas em fundo chapado que tiram a visibilidade do texto.
Sinal de um completo desprezo pelo leitor.
4. Agora pouco eu li, em um desses newsletters que me mandam diariamente, a notícia de que a Associação Brasileira de Tecnologia Gráfica - ABTG - vai realizar dia 20, em S. José dos Campos, a 3ª. Semana de Artes Gráficas. O objetivo, diz, é levar treinamento qualificado ao interior de S. Paulo. Acrescenta que mais de 2.500 pessoas, de sete cidades, já participaram dos cursos e das palestras realizados.
Mas só do interior paulista, pergunto. Por que limitar tanto essa maravilhosa iniciativa?
5. Pelo que se vê todo dia, os diretores de arte do Brasil inteiro, a maioria deles pelo menos, e seus produtores gráficos, estão precisando se reciclar. Precisam reaprender o valor de um tipo, não só quanto ao tamanho, mas porque cada um deles tem uma linguagem própria. Precisam redescobrir o valor das boas idéias. Precisam entender de novo que um bom e agradável layout fortalece a marca anunciada. Precisam saber mais sobre os segredos de uma boa produção gráfica. Precisam aprender como garantir uma boa reprodução.
Se tomassem a iniciativa de repetir este curso por do território, S. Paulo inclusive, prestariam enorme serviço à comunicação de marketing deste país, porque hoje
diretores de arte estão contaminados pelo colesterol da desinformação.
5. Tomara que a Abtg tome a iniciativa. E que o faça explicando para diretores e produtores gráficos de todo o país, a diferença entre a carne vermelha da preguiça, da mediocridade e da falta de talento pela carne branca e saudável do conhecimento.
Porque o colesterol da publicidade brasileira está muito alto.
(artes gráficas, pelo amor de deus!, do eloy simões, para o acontecendo aqui).
Nenhum comentário:
Postar um comentário