Interromper não é pecado* talvez não esteja na moda, mas a publicidade à
moda antiga - quando feita da maneira certa - ainda funciona.
Na era da fragmentação de mídia, os inovadores dizem para você se afastar
da ideia de que a interrupção é uma maneira de se fazer marketing.
moda antiga - quando feita da maneira certa - ainda funciona.
Na era da fragmentação de mídia, os inovadores dizem para você se afastar
da ideia de que a interrupção é uma maneira de se fazer marketing.
Para que a propaganda funcione, você precisa alcançar as pessoas onde
elas estão. Você tem que puxar, não empurrar.
O parágrafo acima faz algum sentido? Você provavelmente acha que sim,
porque já ouviu alguma variação dele. De diretores de agências,
CMOs, caras de ad-tech, palestrantes do TEDx. Você ouviu isso tão
frequentemente que ele provavelmente parece uma oração
frequentemente que ele provavelmente parece uma oração
ou um hino. Você fica sentado lá, balançando a cabeça, pensando “Isso
mesmo. Amém”.
Mas será que isso significa alguma coisa?
Mas será que isso significa alguma coisa?
Não muito. Ah, claro, como um jargão bem amarrado e direcionado a uma
audiência receptiva, ele talvez seja reconfortante e familiar, algo que aponta
para a salvação no meio deste mundo caótico no qual nós vivemos.
Mas se você começar a questioná-lo, ele desmorona.
Vamos começar com a fragmentação da mídia. É a única coisa no primeiro
parágrafo que faz sentido. Mas nós estamos em 2015, gente. Quando eu
ouço pessoas usando a frase “Nesta era de fragmentação da mídia...” eu
imediatamente penso em um peixe dizendo “Nesta era em que vivemos na
água...” (Por alguma razão, o peixe usa óculos e um pequeno cavanhaque
feito de algas marinhas).
A fragmentação da mídia é a nossa realidade. Eu gosto de pensar que em
algum ponto ela vai se estabilizar. Provavelmente, ela vai. Mas às vezes é
difícil de acreditar, especialmente quando você ouve histórias sobre uma
geração de crianças que acham que podem assistir ao que elas quiserem,
quando elas quiserem, naquela coisa que a mamãe carrega na bolsa.
Muitas pessoas na indústria se conformaram e estão trabalhando todos os
dias para lidar com essa situação. Mas um bom número de pessoas –
especialmente aqueles que trabalham com mídia e temem que os nossos
pagamentos sejam interrompidos – estão em um estado contínuo de pânico
por causa da fragmentação.
E, neste pânico, alguns caras decidiram que tudo precisa ser mudado,
particularmente o marketing tradicional. O engraçado é que esses inovadores
tem um grande problema com a interrupção comercial.
Este é o problema do marketing tradicional. Ele tem a audácia de
interromper” a vida diária do consumidor com coisas toscas como
comerciais de TV, anúncios impressos e mala direta.
Nas mãos desses caras, nós iríamos de um educado “Desculpe-nos pela
interrupção”, voltado diretamente para o consumidor, a falar pelas costas
deles, dizendo coisas como “Nós vamos interrompê-los pra diabo. Vamos
reunir todos os dados deles e stalkeá-los na web. Eles nunca vão saber
que estão vendo uma propaganda”.
Uma das coisas de maior dano que os inovadores fazem é convencer os
anunciantes que existe algo de vergonhoso na propaganda e nos
métodos de marketing de velha-guarda. Você não pode interromper.
Você tem que a atrair.
Olha, eu entendo. Companhias deviam estar por aí tentando novas maneiras
para construir suas marcas. Jogue algum dinheiro para esforços de
engajamento e marketing “em tempo real” (que será visto – e esquecido --
imediatamente). Não há nada de errado com campanhas que tem uma venda
suave ou não tem venda nenhuma.
Nos últimos cinco anos, a Procter & Gamble expandiu fronteiras com a
campanha “The Man Your Man Could Smell Like”, da Old Spice, e a recente
Like a Girl”, da Always. Elas são ótimas. As pessoas – eu inclusive – as
amam.
Mas a companhia também gastou toneladas de dinheiro em promoções,
cupons e a propaganda regular e de velha guarda. Fato: “The Man Your Man
Could Smell Like” começou como um modesto anúncio de televisão.
A habilidade de caminhar e mascar chiclete ao mesmo tempo provavelmente
ajuda uma companhia como a P&G a “alcançar as pessoas onde elas
estão.” (E talvez ela possa contratar o Stephen Hawking para descobrir como
alcançar as pessoas onde elas não estão).
Sim, a frase implica que os anunciantes precisam levar as suas mensagens
para frente das pessoas, para pensarem além dos aparelhos de televisão e
de rádio e do desktop e chegarem aos celulares.
estão.” (E talvez ela possa contratar o Stephen Hawking para descobrir como
alcançar as pessoas onde elas não estão).
Sim, a frase implica que os anunciantes precisam levar as suas mensagens
para frente das pessoas, para pensarem além dos aparelhos de televisão e
de rádio e do desktop e chegarem aos celulares.
Os anunciantes estão no processo de descobrir essas coisas. Desde o
momento em que o piadista da cidade foi confrontado com a invenção do
circo itinerante, os anunciantes estão se adaptando a novas tecnologias. Eles
vão chegar lá. E eles vão fazer isso sem jogar fora centenas de anos de
conhecimento acumulado sobre o trabalho deles – e as tecnologias que
ainda permitem que eles alcancem audiências de massa.
Não há nada de errado com a interrupção, especialmente se você está
pagando a conta da programação. É o trabalho daqueles que labutam na terra
do anúncio para fazer que a interrupção conte. Isto pode ser feito de várias
maneiras.
Um amigo recentemente me mandou um vídeo chamado “Denali” sobre um
surfista e seu cachorro à beira da morte. O cachorrinho narrava sua dor no
filme, que, no fim das contas, foi feito pela Patagonia.
Não há nenhum branding da marca, apenas uma menção nos créditos que
provavelmente passaria batida pelos que não trabalham com propaganda.
Mas para aqueles que notaram – e que não ficaram (alerta de spoiler)
completamente traumatizados com a morte do cachorro – ele provavelmente
criou uma pitada de emoção nos corações das pessoas para a Patagonia.
Eu acho que é isso que nós chamaríamos de propaganda que puxa. Ela me
encontrou onde eu estava (checando o Facebook em um quarto de hotel no
Canadá).
Mas se a Patagonia realmente quer me vender alguma coisa, é melhor ela
interromper o meu dia com um e-mail contendo um cupom.
(*) Propaganda, interromper não é pecado, do Ken Wheaton, editor do Advertising Age, transcrito no meio&mensagem.
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