quarta-feira, abril 29, 2015

a criatividade de fachada tomou conta do mercado porque, a de conteúdo, quem tem não mostra com medo de ser abatido



O sentido da palavra criatividade banalizou-se. Hoje não existe anúncio de emprego para empresas ou instituições que não tenha um item a proclamar que se privilegiam pessoas criativas, com capacidade inovadora e ideias fora da caixa.
E se o mercado quer é sintomático que surjam cada vez mais pessoas apresentando-se com esse perfil. É natural que assim seja. Não existe político ou empresário que nos últimos anos não debite com aparente convicção que inovar é necessário.
Ontem um letreiro avisava-me que tinha acabado de entrar numa ‘pastelaria criativa’. Ainda olhei para o meu palmier simples a ver se tinha linhas complexas desenhadas por um designer ou se o sabor era exótico, mas não, era apenas um simples, honesto e saboroso palmier. E suspirei de alívio.
Não me interpretem mal. Ser criativo, inovador e ter ideias fora da caixa, é óptimo. Mas não existem muitas pessoas com esse perfil. E tenho sérias dúvidas que as empresas as desejem. O que temos hoje em dia é a romantização dessas noções e sua apropriação superficial, através da retórica que as envolve.
Por um lado vemos cada vez mais difundido o desígnio de que todos podemos triunfar com uma boa ideia. Na verdade celebramos aqueles que consideramos serem criativos, mas apenas a partir do resultado que produziram. A realidade é esta: a maior parte das pessoas, empresas ou instituições tem dificuldade em lidar com indivíduos realmente criativos.
Há excepções? Há, como em tudo. Mas não passam disso. E isso pressente-se logo na escola, pouco preparada para enquadrar a diferença e lidar com a criatividade – que é algo que todos podemos alcançar, mas que necessita de ser trabalhada, activada ou desbloqueada, como quisermos.
Depois existe essa fantasia de que as estruturas desejam pessoas criativas no seu seio. Na teoria, talvez. Mas se estas o forem realmente é quase certo que irão gerar incertezas. Não serão muito fáceis de enquadrar. Terão um espírito independente e critico. E necessitarão de tempo.
São pessoas que para providenciarem novas soluções terão de se colocar em causa também a si próprias. E se estiverem também ao serviço da comunidade providenciarão soluções inclusivas. Não espanta que muitas delas sejam uma tormenta para quem precisa de se reafirmar a partir dos pequenos poderes e tem de fazer pela vidinha – isto é, quase todos nós.
Nas escolas, nas instituições ou no mundo do trabalho, são as soluções já ensaiadas, ou o conforto da norma, que são aceites maioritariamente. Em parte, é por isso, que não há por aí tanta gente criativa como nos querem fazer crer. Não é fácil lidar com a rejeição, a frustração, ou a solidão, de não se ser aceite.
E também não é simples laborar com a pressão de resultados imediatos, sabendo-se da duração que é necessário para experimentar por vezes. As ideias verdadeiramente produtivas podem levar tempo. É preciso disciplina e resiliência. Coisas com pouco ‘glamour’ e que exigem enorme persistência.
No início da crise financeira muito se ouviu em Portugal que esta iria constituir uma oportunidade para as pessoas criativas.
Talvez na Islândia, mas aqui? Um país onde as universidades são vistas como meras fábricas de empregos?* Onde o conhecimento é pouco partilhado? Onde os artistas são desprezados?  Onde a cultura é sempre encarada como problema e nunca como fazendo parte do leque de soluções?
Mais uma vez, não me interpretem mal. As pessoas criativas são-no em que situação for. Não é isso. A questão é que a crise fez despoletar ainda mais as forças do medo e da insegurança, da burocracia e da tecnocracia, a que se agarram os que receiam a mudança e tudo o que lhes foge do controlo.
Talvez seja por isso que existem cada vez mais empresas e organizações a solicitar criativos, forma de os domesticar e de nos serem devolvidos em forma de cartão postal, gente imaculada com muita pinta, que se diz criativa, mas que nunca experimentou sair verdadeiramente do conforto da caixa.
(a mentira da criatividade, http://www.publico.pt/autor/vitor-belanciano)
* que dizer então do brasil ?

terça-feira, abril 21, 2015

marcelo serpa ou "marcelo ferpas" - leia-se farpas

“longe de ser santo”, mas que espera “que um milagre aconteça”: “que as agências comecem a

dizer não a propostas indignas, a concorrências indecentes, que estão destruindo o que as

gerações anteriores de grandes publicitários demoraram tanto para construir”
.



Um olhar crítico sobre o passado e o futuro da publicidade. Essa foi a proposta da apresentação de Marcello Serpa no início da noite dessa quarta-feira 15 no palco do Wave Festival, no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Falando para uma plateia lotada e atenta, Serpa lançou várias provocações, entre elas: “a mídia social acabou”, “o viral morreu” e “o instagram é a nova mídia impressa”. 

Em sua avaliação, o “fim” da mídia social é decorrência da redução “a quase zero” dos algoritmos de viralização orgânica em redes como o Facebook. “Com o tempo, descobre-se que não existe almoço de graça. O Facebook e o Youtube são como traficantes que vão dando a cocaína de graça na porta da escola para depois começar a cobrar dos viciados”, comparou. “Hoje tudo é pago, então, parem de chamar de mídia social. São empresas de mídia, estão concorrendo com a Rede Globo. Não tem mais um milhão de views de graça.”

E, para ele, junto com o fim da mídia social, lá se foi o sonho do viral. “Não tem mais o sonho do anunciante com a mídia social e a internet gratuita. Isso significa uma coisa muito boa: que agora é pago e temos que gastar dinheiro em produções sensacionais também para o digital. Chega de filminho baratinho. Se está gastando muito dinheiro na mídia, tem que gastar também na produção.”

Serpa salientou que os formados em vídeo estão aumentando muito o faturamento do Facebook, com isso, tudo que a empresa prepara para o futuro é baseado em vídeo. “É a volta dos que não foram, vamos voltar a fazer filmes”, comemorou. Comentando sobre outra rede social da qual diz gostar muito, o publicitário disse que “o instagram é a nova mídia impressa”. “É uma imagem e um título.”

De tudo que aprendeu no passado, Serpa deixou à plateia dois conselhos: “seja simples nas campanhas, nas estratégias, nas ideias” e “seja imprevisível” – “o clichê conforta os medíocres enquanto protege os covardes”, disse.

Sobraram farpas também para a presidente Dilma Rousseff. “A Dilma não é uma boa diretora de criação. Não sabe apresentar campanha, não sabe se relacionar com cliente, não fez o caminho básico, que mesmo na categoria política tem que ser feito, nunca foi eleita antes de ser presidente, não sabe escrever bem, não tem portfolio e não sabe criar bem.


e finalmente:


“Os clientes não perceberam ainda que num mundo com (...) tanta 

possibilidade de ver conteúdos, os caras que sabem fazer isso com maior 

talento valem mais do que eles estão querendo pagar. (...) Não adianta 

economizar, cortar e o trabalho ficar ruim. Mais do que nunca, é preciso ter 

pessoas talentosas, das mais diversas áreas, criando coisas que sejam 

absolutamente relevantes, interessantes, impactantes, sedutoras. (...) Os 

anunciantes estão colocando muito dinheiro numa tentativa de achar uma 

decisão segura. E muito pouco dinheiro em achar soluções brilhantes. (...) 

Hoje as pessoas estão mais preocupadas em não perder do que em 

ganhar”.

(direto do meio&mensagem, para fazer cógecazinhas na mesa dos medíocres, no rabo dos covardes e no culhão dos poderosos)

sábado, abril 18, 2015

onde está a criatividade(certamente, hoje, não está na publicidade*)



Há algumas semanas falamos aqui no Cultura e Mercado que vivemos um momento de ser mais criativo para conseguir sobreviver à crise e às incertezas econômicas que o Brasil vive. Mas como ser mais criativo? E aquelas pessoas que não consideram ter as ideias mais inovadoras?

Para tentar entender essas questões, falamos com alguns dos especialistas que estarão no Cemec de 5 a 7 de maio, na Jornada Pensamento Criativo. Serão seis oficinas, com o objetivo de apresentar conceitos, ferramentas e técnicas pensadas para exercitar a mente, estimular a criatividade e a produção de ideias.
Mas afinal, a criatividade é uma habilidade que pode ser desenvolvida? “A criatividade é inata, pois faz parte das nossas conexões cerebrais e todos nascemos com essa capacidade. Por outro lado, ela é também uma habilidade que pode e deve ser desenvolvida, sabendo que diversos fatores culturais, desde a nossa infância até a vida adulta, inibem o seu afloramento”, explica Diogo Dutra, sócio da consultoria em inovação Caos Focado.
Ele lembra que é comum levantar barreiras extremamente sólidas, que dão a impressão de que não somos criativos. “Mas pare para pensar, veja quantas pessoas são cozinheiros extremamente criativos e que no dia-a-dia do seu trabalho não arriscam fazer nada diferente do ordinário? Ou quantos pais conseguem distrair seus filhos com diferentes técnicas e que não conseguem se expor em uma reunião? Ou até quantas pessoas têm um senso de humor extremamente apurado e que fazem tarefas rotineiras e sem cor?”
Por isso, a criatividade precisa de espaço e de coragem. É preciso quebrar as tais barreiras. E, para isso, é preciso ultrapassar medos e ser persistente. É preciso coragem, diagnostica Dutra.
Luciana Annunziata, sócia da Dobra, concorda que a criatividade é capacidade inata, mas que também pode ser desenvolvida. “A criatividade não é algo abstrato, está ligada ao nosso fazer. Como afirma Fayga Ostrower, a ‘imaginação criativa é um pensar específico sobre um fazer concreto’. Se eu trabalho com linguagem, naturalmente é nesse contexto que meu processo criativo acontece. Se sou químico, acontece o mesmo, se sou um produtor cultural, vou lidar com tudo o que já aprendi, desde leis de incentivo até formatação de projetos”, explica.
Para ela, a dificuldade vem do fato de que a base do processo criativo é a capacidade de criar hipóteses e partir de um distanciamento da situação. E em momentos de crise é preciso se descolar do momento, porque ele apresenta desafios para os quais ainda não existe resposta. “Mas não podemos nos descolar do nosso fazer concreto, que é nosso ponto de partida, nosso ganha pão. Queremos vender, queremos produzir, queremos projetos, mas nos frustramos. Quanto mais a gente pensa na crise e se concentra nas impossibilidades, mais difícil a coisa fica.”
Essa ansiedade, afirma Luciana, é inimiga da percepção aberta. Daí o desafio é estar nesse momento presente, mas de uma forma mais solta, menos tensa, para conseguir transitar nos repertórios passado e futuro e articular novas hipóteses, mais criativas. “Pode parecer estranho, mas nos momentos de crise precisamos brincar com a realidade para encontrar novas formas de atuar sobre ela. Isso a gente pode praticar, com certeza, especialmente nos processos criativos com grupos de pessoas diversificadas que vão nos ajudar a sair dos nossos padrões repetitivos”, orienta.
Conectar-se a outras pessoas, com perfis complementares ao seu, é uma das dicas de Aziz Camali, fundador da DZN. “Quanto mais vivo inovação, sinto na pele o resultado de projetos baseados em propósito e profundidade muito mais do que quando embasados e fundamentados em conhecimento técnico. Deixe de lado todas as crenças baseadas em rótulos e permita se entregar em projetos de forma plena e inteira. A chave de que eu quero e posso, quando virada, expande as possibilidades do seu projeto. O retorno é a consequência de algo que faça sentido, e não a razão”, afirma.
O mito do “gênio criativo” - Para William Hertz, sócio da consultoria de branding e marketing digital Apis3, as pessoas ainda sofrem com a intimidação do mito do gênio criativo. “Todos somos ou podemos nos tornar criativos em diversas áreas, é uma habilidade que se desenvolve. Como qualquer característica, podemos ter mais ou menos facilidade ou predisposição para lidar com isso, mas com método e muito trabalho é possível se tornar um profissional criativo, seja na produção cultural, seja na forma de ativar seu negócio”, defende.
Quando o assunto é produção e negócios, a criatividade precisa também estar conectada a fatores relacionados a resultado e engajamento, como lembra Dutra. Nesse sentido, precisa ter aspectos racionais e objetivos, mas sem perder sua magia e mistério.
Segundo ele, existem diversas ferramentas e técnicas que desenvolvem a criatividade e que dão suporte ao pensamento criativo para negócios. “Nenhuma ferramenta te fará criativo e inovador da noite para o dia. É preciso estar em constante movimento e desenvolvimento, mas é fato que elas catalisam e dão suporte para que se crie o espaço e a coragem dentro de você, em primeiro lugar, e em segundo, no seu ambiente de trabalho.”
A criatividade está conectada com a forma como se sente e se reage aos estímulos do seu ecossistema, todos os dias, lembra Camali. “Quanto mais exposto a interações que fogem da rotina e zona de conforto, mais você estimula o desenvolvimento do seu lado cognitivo e criativo”, diz. E ensina: em tempos de crise, explorar, testar, experimentar e arriscar sem medo de errar é inevitável para desempoeirar um lado que pode ser vital para o sucesso do seu projeto ou negócio.
Luciana concorda que a criatividade é algo que acontece dentro de cada um e nas suas relações com o mundo. E as épocas de crise, reafirma, são o momento ideal para mapear o que está acontecendo, meditar e se reposicionar. “Tenho um amigo que fez um documentário e jogou muitas fichas nisso, quase que todas elas. Aí veio a crise e o patrocinador desistiu. Ele ficou muito chateado, mas logo em seguida mapeou os lugares do mundo onde o tema estava sendo tratado e foi a festivais, fez contatos, abriu portas que talvez ele não tivesse percebido antes”, exemplifica.
Conversar, ler, refletir sobre seus próprios objetivos e sobre a situação de mercado, tudo isso ajuda a criar hipóteses criativas de maior qualidade e, quem sabe, encontrar uma lacuna onde ninguém jamais esteve. “O retorno é essa coincidência entre o seu chamado pessoal, o chamado do mundo e o que você sabe fazer, a sua expertise técnica. Às vezes a gente se distancia dessa percepção. Eu pessoalmente considero essa uma busca constante”, diz Luciana.
Para Diogo, a inovação é um misto de uma essência nova com um adoção plena de muitas pessoas, gerando valor – não necessariamente financeiro. No entanto, essas duas características brigam e brincam o tempo todo: se preciso de adoção plena de muitas pessoas, então não posso trazer uma essência completamente diferente pois ninguém vai adotar de fato. Ou o inverso, se preciso modificar a essência de algo, não posso ouvir tanto o que uma grande quantidade de pessoas acha que quer ou precisa.
“É exatamente na desobediência dessa relação que as propostas inovadoras nascem”, explica. “Na verdade, tudo é uma relação de evolução, aprendizado e adaptação ao longo do tempo. A proposta inovadora se inicia através de fatores internos e de forma ousada se propõe ao mercado, que responde de forma imprevisível. Essa reposta dá ao time inovador novos insumos e aprendizados para um próximo ciclo, que propõe novamente ao mercado – que agora é outro – e que responde de outra maneira. O segredo está na gestão desse aprendizado e na evolução que faça com que a ‘nova essência’ e a ‘adoção plena de muitas pessoas’ se encontrem.”
(onde está a criatividade da mônica herculano in cultura e mercado - o asterisco é nosso)

quinta-feira, abril 16, 2015

don drapper morreu ?

"A propaganda aprecia o talento individual, mas hoje dispensa o brilhareco dos geniozinhos. Melhor assim". (eu colocaria uma interrogação, tal como fiz no título *)




Só mesmo os publicitários podem competir no quesito ego, em pé de(quase) igualdade, com os jornalistas e os treinadores de futebol. A série Mad Men, agora em fase terminal, veio reforçar o estereótipo, exibindo a empavonada fauna da Madison Avenue no pleno exercício de uma impiedosa esgrima de vaidades arrogantes.
Era assim a vida nas agências megalomaníacas dos anos 60 a exemplo da fictícia Sterling Cooper, bafejadas pelo capitalismo epifânico do pós-Guerra, pela cultura de massa, a expansão midiática, a euforia do consumo. Mad Men surfa numa onda de excitação que propicia àqueles senhores, com a mesma ética sinuosa dos tribunais brasileiros, o impulso de arrancar o melhor – e o pior – de si mesmos.
Não vejo muitos Dons Draper no atual cenário da propaganda made in Brazil e essa é uma boa notícia. A chama da criatividade, atiçada com o suporte de tanto planejamento e tanta tecnologia, sustentada nos bastidores por pilhas e pilhas de pesquisas, pressupõe um compartilhamento coletivo, parece prescindir do brilhareco ilusionista de um único geniozinho carismático**. Desconfio que vale para a publicidade mundo afora.
Ao fim da década de ouro tão deliciosamente dissecada por Matthew Weiner, ficou claro: o produto que Don Draper melhor sabia vender era... Don Draper. A purpurina das estrelas do advertising ficou para trás, juntamente com suas gravatas extravagantes.
(don draper morreu. do nirlando beirão, na carta capital)
* interrogações de misterwalk.
** ibid

sábado, abril 11, 2015

quando o nada substitui o talento



nada substitui o talento é o claim, bordão, slogan, ou o quer que seja do prêmio profissionais do ano. e durante muito tempo sustentou este talento pelo menos aparentemente ser sem a "troco de nada".

porém, eis que a insustentável rombudeza da mediocridade abate-se sobre o dito cujo em forma de um anúncio desmazelado, publicado neste domingo na página 5 do jornal do commércio, onde sobre um leiaute que já no dia da publicação faz pelo jornal o que ele só receberia amanhã, e talvez bem pior, os tais dejetos do coco de gato ou da titica de cachorro, para não falar do indefectível chorume do peixe mal embrulhado, que acaba por ser o destino de tantos exemplares.

presumo que o tal anúncio, apócrifo, deva ser uma iniciativa local, de house ou coisa parecida, tamanha a desfaçatez do tamanho de página para texto tão exangue. se não vejamos:



                                você sabe
                                que está
                                indo bem
                                quando chega
                                na agência
                                e ganha
                                parabéns
                                da criação

                                mas sabe
                                que chegou lá
                                quando os parabéns
                                vêm da tia 
                                do café.
                                             ( disposição fac-símile)




isto posto, ainda que rebatam que o cu não tem a ver com as calças, com anúncios deste tipo é no mínimo duvidoso acreditar nos critérios(degringolou de vez?) de um prêmio que se anuncia profissional, e recai ou permite tamanho amadorismo, e de tal mediocridade que tresanda limites muito frouxos entre o oportunismo de redigir para tal sem ter a noção de peso e o approach para isto e o mau caratismo de ainda assim não proceder uma depuração em tamanha peidaria. 

se o texto em questão é uma prova inata de talento insubstituível então, decididamente, no 37° profissionais do ano, o nada anda a substituir o talento. e da pior forma possível, pelo nada de nada. e anunciando isso como coisa de profissionais, o que no mínimo, é estelionato, ainda que o seja como espasmo autofágico e canibalizador da presumida qualidade do prêmio em si.

e já agora, aproveitando o andar da carruagem, recado da moça do café para a borra que se diz redator do tal " texto" : - "tia do café é que é copy de tio". 

terça-feira, abril 07, 2015

"livre pensar, é só pensar" *



Nós somos @s #JornalistasLivres.
Quem Somos nós?


#JornalistasLivres somos uma rede de coletivos originada na diversidade.
Existimos em contraponto à falsa unidade de pensamento e ação do jornalismo 
praticado pela mídia tradicional centralizada e centralizadora. Pensamos com nossas 
próprias cabeças, cada um(a) de nós com sua própria cabeça. Os valores que nos 
unem são o amor apaixonado pela democracia e a defesa radical dos direitos humanos.

#JornalistasLivres nos opomos aos estratagemas da tradicional indústria 
jornalística (multi)nacional, que, antidemocrática por natureza, despreza 
o espírito jornalístico em favor de mal-disfarçados interesses empresariais 
e ideológicos, comerciais e privados, corporativos e corporativistas.

#JornalistasLivres não agimos orientad@s por patrão, chefe, editor, marqueteiro ou censor. 
Somos noss@s própri@s patrões/patroas, somos noss@s própri@s empregad@s. 
Almejamos viver em liberdade e vivemos na busca incessante por liberdade.

#JornalistasLivres produzimos REPORTAGEM. Lamentamos o confinamento a que a 
indústria midiática relegou o mais nobre dos gêneros jornalísticos e trabalhamos para 
reduzir o abismo de desequilíbrio. A matéria-prima de nossas reportagens é HUMANA. 
Almejamos um jornalismo humano, humanizado e humanizador, ancorado principalmente 
em personagens da vida real (não só em estatísticas), na frondosa diversidade da vida 
dentro da floresta (não à distância robocop das tomadas aéreas panorâmicas),
 na fortuna das histórias (não dos cifrões).

#JornalistasLivres lutamos pela democratização da informação, da comunicação e da vida 
em sociedade, contra a ditadura de pensamento único instalada dentro das redações 
convencionais. Agimos por espírito público, jamais por interesses privados. Produzimos reportagem, crônica, análise, crítica, nunca publicidade ou lobby privado. Somos jornalistas-cidadãs 
e jornalistas-cidadãos, comprometid@s a informar sob a égide da cidadania e do 
combate às desigualdades. Trazemos notícias d@s frac@s e oprimid@s, sabendo 
que individualmente também somos frac@s e oprimid@s,
 mas TOD@S JUNT@S SOMOS FORTES.

#JornalistasLivres acreditamos que a história da qual participamos, todos os dias, precisa ser 
contada a partir de muitos pontos de vista. Somos ambicios@s a respeito das narrativas 
do nosso tempo. Fazemos o registro da história e das histórias e não aceitamos que 
a realidade seja registrada somente pelos que detêm o poder econômico, político e cultural.

#JornalistasLivres não observamos os fatos como se estivéssemos deles distantes e alienad@s. 
Sabemos que a mídia, o jornalismo e @s jornalistas interferem diretamente naquilo 
que documentamos, reportamos e interpretamos. Não nos anulamos, não nos apagamos 
das fotografias, não nos escondemos atrás dos fatos para manipulá-los. Nos assumimos 
como participantes ativ@s dos fatos que reportamos. Participamos da realidade como cidadãos 
e cidadãs movid@s pelo interesse coletivo: transparentes, franc@s, abert@s, democrátic@s.

#JornalistasLivres não competimos entre nós. #JornalistasLivrescolaboramos uns com 
as outras e com a sociedade a que nos apresentamos como trabalhadoras e trabalhadores.

#JornalistasLivres abominamos a hierarquia, o autoritarismo, o patrimonialismo, o patriarcalismo. #JornalistasLivres prezamos a descentralização em uma sociedade horizontal, igualitária, fraternal. 
Sob o guarda-chuva d@s #JornalistasLivres cabemos VOCÊ e brasileir@s de todos 
os quadrantes, dos interiores e dos litorais, das florestas e dos sertões, das roças e das cidades, 
das periferias e dos centros, além de tod@s @s brasileir@s expatriad@s e @s não-brasileir@s 
que adotaram o Brasil como sua casa.

#JornalistasLivres somos uma rede que funciona a partir do conceito de rede distribuída, não tem 
centro, não tem intermediários. Tod@s @s#JornalistasLivres somos pontos importantes em um 
mesmo nível de acesso à informação, manifestação, ação, decisão e responsabilidade. 
Apostamos na multiplicação de nós mesm@s e no livre compartilhamento do que produzimos, salvaguardados o compromisso ético e os direitos individuais de autoria. Convidamos tod@s 
a se somarem na construção desse processo colaborativo, a organizer seus próprios coletivos 
em seus estados, cidades, bairros, comunidades, a ser #JornalistasLivres.

#JornalistasLivres nos horrorizamos diante de quaisquer preconceitos e vivemos para 
combatê-los. Somos mulheres, homens, cisgêneros, transexuais, não-binári@s, negr@s, 
branc@s, amarel@s, mestiç@s, indígenas, quilombolas, caiçaras, lésbicas, gays, homossexuais, 
bissexuais, heterossexuais, polissexuais, assexuais, religios@s, ateus, agnostic@s, pobres, 
remediad@s, ric@s, velh@s, jovens, de meia-idade, experientes, novat@s, alun@s, professores, arraigad@s, nômades, cigan@s, INDECIS@S. Existimos para trazer notícias desses povos, 
de todos os povos.Combatemos frontalmente a misoginia, o racismo, a homofobia, a lesbofobia, 
a transfobia, as fobias, os preconceitos de origem social, o fascismo, a desigualdade, o ódio 
à democracia e à coexistência democrática. Defendemos a liberdade religiosa individual como 
defendemos a laicidade do Estado. Somos libertári@s e prezamos a memória, a verdade, 
a justiça, a solidariedade.

#JornalistasLivres nos indignamos profundamente com a desigualdade racial vigente neste país 
de maioria afrodescendente que teima em afirmar que “não somos racistas”. Afirmamos 
a urgência do combate à discriminação racial e social, ao genocídio da população negra, 
à desumanidade carcerária.

#JornalistasLivres sabemos que escutar é o maior dom d@s jornalistas.#JornalistasLivres 
falamos e nos expressamos, mas acima de tudo ESCUTAMOS a polifonia de vozes ao nosso 
redor (e, inclusive, dentro de nós mesm@s). Praticamos um diálogo, uma algazarra polifônica, 
jamais um monólogo.

#JornalistasLivres não carregamos certezas. Não sabemos mais do que VOCÊ. Não somos 
don@s da verdade, de nenhuma verdade. Pedimos a VOCÊ que, a um só tempo, acredite 
e duvide do que escrevemos, falamos, gravamos, reportamos. Queremos disseminar ideias 
e, entre elas, a ideia de que o que produzimos serve ao diálogo e ao debate, nunca para 
decretar a ninguém o que pensar ou como agir.

#JornalistasLivres temos lado (cada uma de nós tem seus próprios lados). Individualmente, 
não somos neutr@s, isent@s, apartidári@s, branc@s ou nul@s. Nossa pluralidade 
é resultado do agrupamento de todos nós, não da ruptura interna de nossos corpos 
e mentes individuais.

#JornalistasLivres sabemos que tod@ cidadã e cidadão se torna um(a) jornalista quando 
está munid@ de sua rede social, de seu blog, de seu telefone celular, de sua câmera filmadora, 
de suas próprias ideias. Estamos convict@s de que a realidade lá fora é a soma complexa, 
desierarquizada e contraditória de todos os nossos olhares, escutares e falares aqui dentro.

#JornalistasLivres acreditamos no jornalismo como fonte de conhecimento transformador, 
de superação das desigualdades e de construção de um mundo menos autoritário e menos 
concentrado nas mãos de um poderio militar, econômico e midiático. #JornalistasLivres 
não toleramos manipulações midiáticas, impérios, ditaduras.#JornalistasLivres queremos 
os povos unidos, fortes e soberanos — em especial os da América Latina, porque aqui vivemos.

#JornalistasLivres amamos a cultura, a arte, a cidadania, a política, a memória, a história, 
o cotidiano, o convívio. #JornalistasLivres amamos, não odiamos — mas sabemos enfrentar 
os que odeiam. #JornalistasLivrespraticamos a observação do cotidiano e o senso crítico 
sob o prisma do SIM, mais do que o do NÃO. Nosso jornalismo é afirmativo, jamais reativo ou reacionário. Não somos jornalistas contra (tudo e todos), somos jornalistas a favor (da justiça, do aprimoramento humano, da convivência em sociedade, da troca, da alegria, da felicidade, 
da sexualidade, da paixão, do amor, da luta por um planeta mais limpo para as gerações que virão).

Nós somos @s #JornalistasLivres.

* millor fernandes