terça-feira, setembro 28, 2010

inversamentes desproporcionais


Estava na semana passada ministrando aulas em um MBA quando um funcionário da instituição, bem desanimado, comentou que um primo dele tinha até doutorado e estava ganhando uma miséria fazendo bicos. Aguardava uma bolsa para estudar mais um pouco. Injustiça, né?

Mas será mesmo?

Sinceramente, acho que não. Pela descrição do perfil, parece que o rapaz é estudante profissional. Não há nada de mal nisso, mas que ninguém espere ganhar fortunas dependendo apenas de bolsas de estudo.

O problema é que algumas pessoas costumam levar ao pé da letra aquelas manchetes escandalosas publicadas nas capas de revistas de negócios dizendo que um curso de MBA pode aumentar seu salário em muitos porcento. Vejo gente fazendo as contas do investimento, computando a diferença entre a mensalidade e o incremento no contracheque que espera obter. O problema é que não acontece automaticamente, como muitas reportagens querem fazer crer; então, o que se vê por aí é uma legião de pós-graduados subempregados e reclamando da vida.

A questão é que, diferente do que possa parecer, o mercado não faz concursos nem paga mais para quem tem mais diplomas. O mercado remunera melhor quem consegue gerar mais valor, tendo ou não uma pilha de certificados. E é pior contratar uma pessoa sem noção, mas com diploma, pois essa pessoa não vai querer tirar xerox ou fazer serviços “menores”.

O diploma nada mais é do que um comprovante que você teve acesso a um conjunto específico de informações que lhe foram apresentadas de maneira estruturada e com orientação de outros profissionais, supostamente experientes e conhecedores da matéria. Você ganha esse pedaço de papel quando consegue provar para a instituição que o emitiu que conseguiu assimilar essas informações de maneira satisfatória. E só. Lá não tem nada dizendo que agora você é melhor que os outros, que ficou mais inteligente ou que merece um aumento. Pode procurar, garanto que não tem.

Então, como é que o diploma pode ter a ver com aumento de salário? As revistas estariam mentindo?

Não estão. É que, teoricamente, se você tem vários diplomas, teve acesso a vários conjuntos de informações específicas. Isso aumenta muito as suas chances de recombiná-las e criar algo que, de fato, tenha valor para o mercado. Que faça diferença na vida das pessoas. Que seja desejável a ponto de alguém poder pagar mais por isso. Quanto mais cursos, mais combustível e mais matéria prima para converter em excelência. Quem sabe aproveitar isso, ganha mais, claro.

Se, ao contrário, o sujeito pega o papel, emoldura ou então guarda na gaveta e esquece as tais informações, sem fazer nada de útil com isso, então, sinto informar, mas valeria mais a pena ter ficado em casa vendo novela. Seria mais barato e menos frustrante. Há alunos que estão claramente perdendo o seu tempo: pagando as prestações de um diploma que não servirá absolutamente para nada, uma vez que não estão interessados em gerar valor, mas em aumentar o salário.

Vejo um montão de gente por aí que apenas coleciona certificados; não aplica o que aprendeu (se é que aprendeu alguma coisa), não se interessa em fazer coisas novas e interessantes, não transforma o conhecimento em algo útil, e, pior, ainda sai por aí cheio de razão reclamando direitos.

Diploma, sem um profissional que o converta em valor que faça uso do que ele representa, é só um pedaço de papel. Igual àquele que embrulhava o pão antigamente, só que muito menos útil.

(diploma pra quê, da lígia fascioni, por acaso cheia de diplomas)
p.s. cá entre nós, diplomas ao que parece só tem servido para diminuir salários, vejam o caso dos publiciotários de antão. simplismo? relação causal furada? bom: proselicamente, fora do mercado, há quem ganhe bem mais do que muitos mbas candentes por aí que se entitulam profissionais. de diplomas?





quarta-feira, setembro 22, 2010

o outro lado da moeda ou seria das escutas? ou melhor das quebras e quebradas sigilos afora.

A quem interessa tornar a Carta Capital invisível?

Desde o fim de semana passado, tenho recebido uma dezena de e-mails por dia que, invariavelmente, me perguntam sobre a razão de ninguém repercutir, na chamada “grande imprensa”, a matéria da CartaCapital sobre a monumental quebra de sigilo bancário promovida, em 2001, pela empresa Decidir.com, das sócias Verônica Serra (filha de José Serra, candidato do PSDB à Presidência da República) e Verônica Dantas (irmã de Daniel Dantas, banqueiro condenado por subornar um delegado federal). Juntas, as Verônicas quebraram o sigilo bancário de estimados 60 milhões de correntistas brasileiros graças a um acordo obscuro fechado, durante o governo Fernando Henrique Cardoso, entre a Decidir.com e o Banco do Brasil, sob os auspícios do Banco Central. Nada foi feito, desde então, para se apurar esse fato gravíssimo, apesar de o então presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer (PMDB-SP), ter oficiado o BC a respeito. Nada, nenhuma providência. Impunidade total.


Temer, atualmente, é candidato da vice na chapa da petista Dilma Rousseff, candidata do mesmo governo que, nos últimos dias, mobilizou o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a Controladoria Geral da União e a Comissão de Ética Pública da Presidência da República para investigar uma outra denúncia, feita contra a ministra-chefe da Casa Civil, Erenice Guerra, publicada na revista Veja no mesmíssimo dia em que a Carta trazia a incrível história das Verônicas e a quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros.

Justíssima a preocupação do governo em responder à denúncia da Veja, até porque faz parte da rotina do Planalto fazer isso toda semana, desde 1º de janeiro de 2003. É quase um vício, por assim dizer. Mas por que não se moveu uma palha para se investigar as responsabilidades sobre, provavelmente, a maior quebra de sigilo do mundo ocorrida, vejam vocês, no Brasil de FHC? Que a mídia hegemônica não repercuta o caso é, para nós, da Carta, uma piada velha. Os muitos amigos que tenho em diversos veículos de comunicação Brasil afora me contam, entre constrangidos e divertidos, que é, simplesmente, proibido citar o nome da revista em qualquer um dos noticiários, assim como levantar a possibilidade, nas reuniões de pauta, de se repercutir quaisquer notícias publicadas no semanário do incontrolável Mino Carta. Então, vivemos essa situação surreal em que as matérias da CartaCapital têm enorme repercussão na internet e na blogosfera – onde a velha mídia, por sinal, é tratada como uma entidade golpista –, mas inexistem como notícias repercutíveis, definitivamente (e felizmente) excluídas do roteirinho Veja na sexta, Jornal Nacional no sábado e o resto de domingo a domingo, como se faz agora no caso de Erenice Guerra e a propina de 5 milhões de reais que, desaparecida do noticiário, pela impossibilidade de ser provada, transmutou-se num escândalo tardio de nepotismo.

Enquanto o governo mete-se em mais uma guerra de informações com a Veja e seus veículos co-irmãos, nem uma palha foi mexida para se averiguar a história das Verônicas S. e D., metidas que estão numa cabeludíssima denúncia de quebra de sigilo bancário, justamente quando uma delas, a filha de Serra, posava de vítima de quebra de sigilo fiscal por funcionários da Receita acusados de estar a serviço da campanha de Dilma Rousseff. Nem o Ministério da Justiça, nem a Polícia Federal, nem a CGU, nem Banco Central tomaram qualquer providência a respeito. Nenhum líder governista no Congresso deu as caras para convocar os suspeitos de terem facilitado a vida das Verônicas – os tucanos Pedro Malan e Armínio Fraga, por exemplo. Nada, nada.

Então, quando me perguntam o porquê de não haver repercussão das matérias da CartaCapital na velha mídia, eu respondo com facilidade: é proibido. Ponto final. Agora, se me perguntarem por que o governo, aliás, sistematicamente acusado de ter na Carta um veículo de apoio servil, não fazer nada para apurar a história da quebra de sigilo bancário de 60 milhões de brasileiros, eu digo: não faço a menor idéia.

Talvez fosse melhor vocês mandarem e-mails para o Ministério da Justiça, a Polícia Federal, a CGU e o Banco Central.

Do blog Brasília, eu vi - Leandro Fortes

terça-feira, setembro 21, 2010

o pior cego é aquele que não quer ouvir(os sessenta anos da televisão brasileira)


Não há muito o que comemorar dos sessenta anos da televisão brasileira. Isto se o considerado for a qualidade social, cultural e científica da maioria dos programas e a contribuição das emissões para o progresso intelectual das maiorias. Entretanto, há pelo menos quarenta anos este meio técnico de comunicação é o mais visto, o mais poderoso politicamente e o mais bem-sucedido economicamente, dentre os demais. Seu enorme sucesso está relacionado ao obscurantismo do tempo da ditadura militar e isto jamais poderá ser apagado. Marcada por isso, ela sobreviveu e se desenvolveu ainda mais nos últimos vinte anos.

Paradoxalmente, quanto maior se tornou, menos se cuidou de sua importância como agente cultural e educativo. As lógicas do entretenimento e da manipulação política e social cresceram enormemente com o passar dos anos. Pouco restou de qualquer função responsável pela possibilidade de contribuir na direção de dar acesso às maiorias as conquistas das artes e das ciências. Hoje, a televisão brasileira ostenta a posição de ser a mais importante referência popular no que se refere à formação dos sensos comuns e ao reforço das ancestrais tradições. Em outras palavras, ela dialoga com todos, fazendo circular no tecido social versões midiáticas de preconceitos e lugares comuns há muito acalentados. Sua função, de acordo com o modelo existente, situa-se muito mais na esfera da circulação do que na de produção de idéias.

Isto tudo não pode ser creditado ao meio, como, no passado, já se pensou. Vez por outra, aparecem no Brasil emissões que contestam o grotesco mercantil habitual. Estas demonstram que é possível uma televisão de qualidade, vinculada ao que há de melhor no conhecimento humano. Existem no mundo mil e uma experiências de emissões que dignificam o uso deste meio técnico de comunicação. O problema não é o meio, não é a técnica e não está necessariamente nos profissionais que lá trabalham. A questão é política. As empresas têm interesses a defender. Possuem aliados e servem, igualmente, a outros interesses empresariais e políticos. O que acaba prevalecendo, é a defesa que interessa ao campo de poder das empresas de televisão.

Este meio de comunicação transformou-se em um dos principais negócios do capitalismo do país. Estendeu-se por todo o território nacional, veiculando imagens, vozes e outros sons em escala nacional. Testemunhou e ao mesmo tempo omitiu vários aspectos dos principais fatos históricos ocorridos no período. Difundiu o fundamental do que se chama de cultura das mídias para a maioria da população, chegando, atualmente, a mais de 97% dos lares brasileiros. Através das suas telas, o brasileiro vê o mundo exterior e vê-se a si próprio, retratados de acordo com os filtros e pontos de vista acreditados pelos responsáveis das emissões. Continua sendo uma espécie de janela viva do que se passa aqui e por toda parte. Obviamente, o teatro de luzes e sons do passado e do presente vem obedecendo aos interesses dos sujeitos sociais que a comandam.

O projeto da televisão brasileira nasceu e permaneceu como fundamentalmente privado. Quase todas as emissoras pertencem a famílias que já estão, em alguns casos, na segunda ou terceira geração na posse das mesmas redes. O reino destas empresas é hereditário e o modelo empresarial é antiquado, remetendo às empresas do capitalismo anterior às sociedades anônimas. Elas possuem donos ou prepostos que as administram como bens de família. Nem tudo foi fácil na evolução histórica das empresas privadas. Algumas faliram ou foram assimiladas por outras, pelas mais diversas razões. O investimento externo é famoso no caso da mais importante das redes. Entretanto, o capital acumulado é principalmente local. Os projetos das emissoras públicas, até hoje, não conseguiram decolar, ficando com um pequeno nicho da audiência nacional. Porém, nelas há a garantia de melhor qualidade e a possibilidade de avanços serem obtidos.

A origem econômica das passadas e atuais redes brasileiras relaciona-se, principalmente, com o sucesso das empresas jornalísticas no Brasil do pós-Segunda Grande Guerra. O capital acumulado, que permitiu que elas existissem, veio da atividade de se produzir e se vender jornais, revistas e, secundariamente, livros. As empresas de televisão ‘engordaram’ rapidamente com os elevados lucros vindos da publicidade. Por isso, não é exagero dizer que elas cresceram como um subproduto do desenvolvimento do capitalismo no país e no exterior, bem como o grande crescimento do Estado no último meio século. O custeio das empresas e seus lucros abissais foram divididos meio a meio entre a propaganda governamental e a publicidade privada.

Ainda hoje, as empresas privadas são sustentadas pelos anúncios feitos pelas várias instâncias governamentais e pelas empresas que levam ao grande público seus produtos destinados às várias faixas de consumo da população. A televisão vende sabão em pó, automóveis, serviços bancários e uma miríade de outros objetos e serviços que sustentam a economia nacional. O que aparece nela facilmente se populariza. Os anunciantes não deixam, por isso, de pagar as altas somas pedidas pelas empresas que cobram por segundo de exibição. Nos preços do que é anunciado e consumido pelo público está contido o que a empresa contratante paga pela divulgação. Parte dos impostos governamentais transforma-se em dinheiro pago a estas empresas.

O negócio da televisão invadiu outras searas da comunicação nacional e das artes aqui praticadas. As indústrias fonográfica e cinematográfica tornaram-se capítulos das redes. As artes cênicas, a indústria da Internet, do jornalismo impresso, dentre outras, têm forte ligações com as mesmas redes. A propaganda política eleitoral mais ou menos gratuita tem nelas o seu canal mais poderoso de difusão. O fenômeno das igrejas eletrônicas encontrou neste meio de comunicação uma alavanca fantástica de manutenção e/ou de expansão. As empresas de televisão não são tudo, mas estão no centro da vida nacional. Nada indica, até o atual momento, que isto está para mudar.

A recente presença da televisão por assinatura, fortemente ligada, as velhas redes, pouco alterou a rotina das emissões. As principais mudanças foram: o aumento da difusão dos famosos “enlatados”, isto é, as séries e os filmes da indústria cultural que povoam os novos canais; a expansão de um telejornalismo destinado a vários públicos específicos das elites; o crescimento de uma programação de interesse segmentado das classes médias para cima; o aparecimento dos canais estrangeiros com programação na língua original.

A influência destas novidades na televisão aberta existe, porém, não foi capaz de mudar o sentido desta de produzir sistematicamente o denominado grotesco mercantil. Este empurra goela abaixo do grande público o “mondo cane”, como se a realidade humana fosse apenas a tragédia, a boçalidade e a incapacidade de se compreender o entorno social. Outra vertente, barroca, é de tentar convencer a todos que se vive em um mundo perfeito, onde o bem e o mal se digladiam. Neste, o mal sempre é derrotado e todos seres humanos flutuam entre a Lua e a Terra, jamais tocando o solo e as verdades da vida.

Um dos barões, donos de emissora, disse certa vez que dava ao povo o que ele gosta: o lixo. A formulação correta seria a de se perceber que este lixo de inspiração fascista foi tão banalizado que acabou corrompendo amplas faixas do público televisivo. De tanto vê-lo, muitos pensam que é natural e que nada pode ser feito. Depois de tantas décadas, é difícil convencer que é possível se fazer uma televisão que respeite os direitos humanos e, sobretudo, abra espaço para o saber artístico e científico. Confundiu-se o popular com o popularesco, a arte com o pastiche e o preconceito, as ciências com o misticismo e a impossibilidade de se pensar a realidade envolvente.

( o aniversário da sexagenária televisão brasileira, do luís carlos lopes, que é professor e escritor, na carta capital)

quinta-feira, setembro 16, 2010

e na bundinha, eleitor, quer dizer, na urna, não vai nada?

confesso, ultimamente tenho me sentido na suécia ou na áustria, quiçá alhures e algures de sítios que não sejam o empanturrado refugo de esgoto das emergencias desta america latina sempre em descendência moral, já normal. no soy loco por ti américa, no soy tolito. tudo graças ao conteúdo programático dos programas eleitorais gratuitos que nos inferem in paradise. tamanho gozo de meus direitos civis de cidadão projetados nas promessas de campanhas, principalmente nas esperas da saúde e educação, de candidatos, a reeleição ou não, sejam os tais presidentes, senadores ou governadores. hosaná! já posso ter doenças antidistônicas à rodo. e nada de lombrigas, ameba ou calazar, já que elevados a condição de filho pródigo do estado, meus direitos dão me agora dever de ter algo mais nobiliárquico para na base das upas-upas ser o cavalinho de algum cabloco desinfartado pela assistência médica estatal ou de estampado ex avc na testa em não tão franca recuperação de fisiologia(não confunda com fisioterapia).
de cabo mandado agora ouso até vituperar que em meio a tantas promessas vendidas com cara de realização efetuada só falta agora aos candidatos oferecerem-me o cuzinho, para completar o welfare estate que se me apresentam.
mas encarar a dilma, a marina, o serra, o fidélix o plínio, eymael, ou na esfera local, por exemplo o jarbas, é tarefa que sexualmente ou coisa parecida não me atrevo tamanho buraco na urna que continua a ser o limbo entre a intenção e a negação da rarefação do presente.

domingo, setembro 12, 2010

eu não, indico

Indicar é sempre uma coisa bacana. Eu poderia indicar um bocado de coisas aqui. Coisas que li, ouvi e assisti. Coisas que nunca conheci, só que já me indicaram. Mas o que não falta nos sites e blogs é gente boa fazendo indicações, e com muita propriedade.

Por isso, vou dirigir esse texto na contramão. Não vou indicar.

Eu não indico você a exagerar o que está fazendo agora. Ficar na frente de um computador pode ser interessante, ainda mais quando esse aparelho dá acesso à Internet. É um mundo de informações, um mundo de conhecimento e, também, um mundo que você está deixando de viver, de verdade, lá fora.

Longe de mim entrar na cruzada contra a informática, mas o computador não pode interromper a sua conexão com a vida, pois existem certas coisas que a tecnologia ainda não conseguiu substituir. Ainda bem. Ler um romance, por exemplo, fica muito melhor virando páginas, do que descendo uma barra de rolagem. Coisa que a essa altura do texto você já deve estar fazendo.

Eu não indico longas jornadas de trabalho constantes. Uma vez ou outra, é normal. Mas você não trabalha em uma UTI para que todo dia seja uma emergência. Se for assim, logo, logo quem vai parar na emergência é você. E se é verdade que a publicidade se inspira na vida, não faz sentido sua vida ser só dentro da agência de publicidade.

Eu não indico intolerância e extremismo. Essa história de “não seja morno que eu te vomito” serve só como passagem da Bíblia. Tem horas que você vai precisar ser frio, em outras, quente e em outras, morno. O que dá vontade de vomitar mesmo é gente arrogante, insensível e agressiva.

Eu não indico seguir cegamente o que os outros indicam, e o que não indicam, também. Isso vale até para esse texto. Vale a pena pensar em quem está indicando, no que está indicando e buscar suas próprias indicações.

Eu não indico assistir sempre aos mesmos canais, ouvir sempre as mesmas músicas, ir à mesma prateleira da videolocadora e almoçar no mesmo restaurante todos os dias. Às vezes trocar o seu iPod, com todas aquelas músicas manjadas, por um rádio, em que o imprevisível comanda, pode levar você a se surpreender com boas novidades.

Fure sua bolha, conheça novos sabores, prove novas amizades, explore aquela rua que você nunca entra, acesse um site desconhecido. Enfim, contestar nossa própria noção de valores, e o seu comportamento diante da vida, não é uma heresia e não vai mudar a sua essência.

Eu não indico subestimar os mais velhos.

Eu não indico desrespeitar os mais jovens.

Eu não indico alimentar a incompetência. A nossa, nem a dos outros.

Eu não indico frituras.

Eu não indico a acomodação e a preguiça. Por mais que às vezes elas apareçam.

Eu não indico a prepotência, e muito menos a sua irmã mais pobre, a submissão.

Eu não indico fingir interesse.

Eu não indico fingir.

Eu não indico ler sempre a mesma revista semanal.

Eu não indico flores artificiais.

Eu não indico levar esse texto tão a sério.

Agora, entrando outra vez na contramão, eu indico. Eu indico que você desligue esse monitor, e vá bater um papo com quem estiver por perto. Nem que seja para falar mal disso tudo que acabou de ler

(do fernando cabral, no jornalirismo, que eu também não indico)

sábado, setembro 11, 2010

cutícula

o netinho da dilma nasceu num hospital particular. em hospitais públicos, nem parentes da oposição.

terça-feira, setembro 07, 2010

já não se fazem modernos como antigamente

a gvt, que se diz moderninha, apresenta-se com comerciais que divulgam ser a mesma uma empresa que já nasceu na época em que tv não se vê só na tv, e rádio não se escuta só no rádio, patáti-patátá. e haja "recursivos" que apelam as modernices já manjadas em sua linguagem já do tempo do ronca.
acontece que para ter acesso a tal bunda larga(banda larga no brasil é sempre pior que o trocadilho, pois todos os serviços vivem amparados na cláusula - ilegal, ou deveria - que diz que a responsabilidade da empresa é fornecer no mínimo dez por cento da velocidade contratada, o que não raro sempre acontece, salvo quando nem isso). sim, você leva no pacote - ou onde você quiser - um busão de minutagem fixa, ou seja: nada mais moderno na empresa antiga do que enfiar goela adentro serviços de telefonia do tempo do grahan bell. ora, fixo é coisa que nem pobre e muito pobre quer mais. desde que a "moderna" tecnologia do celular, e celular pré-pago, invadiu os espaços auditivos de todas as classes, inda mais com os artificios promocionais de minutagem "grátis" para fixo, comprar um serviço de fixo é mais do que démodé, é détraqué,e coisa tipo moeda de um e cinco centavos: envergonha quem passa - ou recebe.

e assim vamos nós cada vez mais modernos para trás, ou melhor sendo passados para trás.

com diz um dos guide-lines de certa campanha para revista semanal, para ser moderno não tem que necessariamente ser novo. mas a gvt com seu cavalo de bóia, atesta que para ser moderninho, nada como embrular em celofane o antiguinho sem nem precisar de cola, pois cola mesmo assim. e assim-assim a gvt vai se entornando em cima de uma pretensa modernidade - e velocidade -a mais nova velox do pedaço. e continuamos nós, em matéria de banda larga, cheios de saudade do futuro.