a coisa mais difícil de ser conseguida na atividade publicitária de hoje em dia é uma opinião isenta, desabrida então, esqueça.
há um estado geral de mudez. desova e conformidade à calamidade na atividade. publicitários fizeram mico de sí mesmos e do negócio. é claro que pra muita gente o negócio vai de vento em popa – mas cuidado com a inversão das helices - estes, hábeis em proferir enunciados de novos tempos ou de retocar velhos discursos, não gostam de determinadas abordagens e prontos estão a branir – nunca publicamente – seu poderio em solapar ondas contrárias. mesmo que marolas sejam.
mas a gravidade maior, ao que parece, não refere-se a mudez, a não prenhez na emissão de opinião, no sentido de tomada de posição ante a desvirtuação, desfiguração, do publicitário, da publicidade, enquanto provedora de soluções de comunicação para o marketing de marcas. isto, por si só, já uma rachadura no pedestal, que trinca a coluna e torna acéfalas as idéias. pois, ainda que sejamos complacentes com a miséria – e a miséria intelectual – humana, não se concebe que em tempos de marketing de sexta, sétima, oitava geração, sejamos nós a construir e cristalizar discursos de algibeira. aliás, nunca se sabe porque raios tais classificações são engendradas, como as de agencias inovadoras, redundância chapada tal qual novos formatos. o que alardeia a fischer, ao “ eliminar” o atendimento, anti-departamentalização de farofa, que vem juntar-se a coleção de micos da atividade. francamente, alardear inovação por isso, pulhice sem tamanho. a começar que outras agências já fizeram isso há tempos, e fazem. o “pastinha”, por exemplo eliminou todos os departamentos, até a secretária loura/morena burra para ser comida no fim de plantão. outra face desta não emissão de opinião em sentido contrario. afinal, agencias tem de oferecer e viabilizar soluções. se ela faz isso batendo tambor, utilizando raio laser, o que interessa é a solução. não são as instalações, a divisão arquitetônica, que interessa. ainda que isso possa vir a favorecer determinadas mentes.
a grande questão da opinião no negócio publicitário hoje em dia, reflexo da sociedade em que vivemos , são as opiniões ditas inteligentes. publicitário tem de ser cool, descolado, antenado. até pra levar chifre publicitário tem de ser unicórnio. o problema é que com passar dos tempos o mundo – e cabeça - do publicitário encolheu, como seu pau. deixou de ser o fodão do bairro do peixoto para ser o peixotinho. levou uma compressão de salário acachapante, mas não perde o post. seu mundo resume-se a discussão sobre o funcionamento via emulação dos photo-shops nos I mac, da leitura da wired, da wall paper(ainda!), dos intermináveis tí-tí-tís do são paulo fashion weeks, da cozinha da hora em cannes(para quem pode), dos i pod, dos novos modelos de celulares e claro, das fraquezas do modelo escolhido para a tv digital. aliás, publicitário que é publicitário só em são paulo. o resto do país patina com disquete.
afastando-se cada vez mais da vida mundana, da farinha do mesmo saco que ele financeiramente cada vez mais se aproxima, o publicitário, caro leitor, se você não é do meio – e tem muita gente que não é – é aquele cara que acredita que todo jogador de futebol ganha o mesmo que ronaldinho e por fim descobre que 93% dos jogadores de futebol no brasil ganham um ou menos que um salário mínimo. outra coisa não acredite em percentuais estatísticos, menos ainda se forem branidos por publcitários. nós chutamos ou outros chutaram tanto, daí a analogia com o futebol, até o dia que o contador contabilista do fiteiro foi fazer as contas e descobriu que os porcentos na qual se baseiam os ditos cujos procedimentos estratégicos eram uma lorota sem tamanho. justiça seja feita, na arte de empunhar lorotas, publicitários nunca fazem menos que quinhentas embaixadinhas.
acontece que emissores de opiniões, assim, digamos, tão up-to-date ou tão mudas na defesa do negócio, a começar de por ordem na casa, e da casa para a casa do cliente, não param de fazer gol contra contra o time que deveriam defender: o seu, da sua agência, do cliente, do cliente do cliente, enfim do negócio, da economia, da sociedade, do pais, da vida enfiim, por pior que seja o briefing que nos cabe.
mas isso, claro, é só mais uma opinião de publicitário, não deve ser levada para a conta.
e haja maus tratos à bola.
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