Quem diria, McDonald´s, Bob´s, Almanara, cantinas e restaurantes, muitas e muitas pizzarias, concorrendo com o Zé da Calabresa, com o Mané do Biscoito, com a Terezinha do Queijo Coalho, com a Filomena da Empada. Tudo aconteceu e explodiu, finalmente, no verão que está terminando.
Nos anos anteriores, em menor escala já vinha acontecendo, mas, neste verão de 2005/2006 está institucionalizado. Nas grandes cidades de praia do Brasil, muito especialmente Florianópolis, Rio de Janeiro, Salvador, Guarujá, Fortaleza, Recife, Alagoas, Camboriú, e todas as demais, o delivery passa a funcionar a poucos metros do mar. E tudo isso, claro, tem a ver com o tamanho desse mercado, a disponibilidade e disposição das pessoas para gastar e consumir, e, a utilização generalizada e culturalmente incorporada da telefonia celular. “É do McDonald´s? Sim, dois milkshakes de chocolate e dois Big Macs, para entregar aqui na terceira barraca da esquerda ao lado do Posto 6... O número do celular para confirmar é...”
Não existe nenhum número oficial sobre o tamanho do consumo de um dia no mês de janeiro nas praias das grandes cidades, mas, existem cálculos aproximados. No Rio de Janeiro, por exemplo, a estimativa é que 2 milhões de pessoas freqüentem as praias da cidade nos finais de semana. E que o consumo médio dessas pessoas é de R$ 10 por dia, o que significa compras na praia das 10h00 às 16h00 de aproximadamente R$ 20 milhões no sábado, e outros R$ 20 no domingo.
O mês de janeiro de 2006 foi muito especial para os ambulantes informais que produzem e vendem na praia, e para os formais e institucionalizados que agora também vendem na praia via celular. O sol foi generoso, se revelou na intensidade por mais dias, e as vendas dispararam. Um crescimento médio de 20% em todo o Sul e Sudeste do país, com picos de até 40% em alguns negócios na cidade do Rio de Janeiro.
Em algumas praias, e para garantir produtos de melhor qualidade para os banhistas, as prefeituras passaram a adotar um controle mais rígido, que passa, inclusive, pela impossibilidade ou proibição total de se produzir qualquer produto de alimentação na areia da praia: vender pode, produzir não. E o que fizeram os ambulantes? Rapidamente desenvolveram soluções de distribuição e logística para preservarem suas vendas, receita e clientela.
Em recente matéria do ESTADO DE S.PAULO, assinada por Nilson Brandão Junior, o relato da proprietária da barraca ORDEM E PROGRESSO, Cristiane, no Rio de Janeiro: “as vendas de janeiro foram 40% maiores que no mesmo mês do ano passado. Nossa barraca funciona como uma espécie de microempresa informal. Damos trabalho para 10 pessoas, que nos custam R$ 310 por dia, investimos outros R$ 500 na compra de mantimentos, e ainda gastamos de R$ 25 a R$ 30 no celular. Como não podemos mais produzir na areia alugamos um apartamento em Ipanema por R$ 2 mil por mês e que é nossa base logística. Lá produzimos os sanduíches, espetinhos de carne, frango, calabresa, e todos os demais petiscos. E pelo celular coordenamos as vendas e a entrega, à medida que os banhistas vão pedindo...”.
Como lembrava com total propriedade o saudoso e imortal PETER DRUCKER, “não se pode gerenciar a mudança, apenas permanecer a sua frente”. E é o que estão fazendo todos, informais e formais.
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