quarta-feira, fevereiro 01, 2006

dichionário

o avião descola. avião português não decola, faz a descolagem. o que é escorreitíssimo cartesianamente falando. e assim sendo não há aterrisagens. calma que o avião já já faz a aterragem e você descobre que ainda bem é verdade, o que diziam alguns patrícios em meio a turbulência, “ que essa merda abana mas não cai”. abanar é balançar, o que deixa muita gente mal disposta, ou seja: enjoada ou de mal humor.

a hospedeira, pede-me para apertar o cinto, que é como se chama aeromoça em portugal, o que nos soa estranho. como é estranho para toda a gente também, tudo que é diferente. por isso mesmo suponho que para os portugueses, aeromoça não deve soar tão bem.

hospedeira não chamamos nem a mulher da hospedaria: uma pensão que não quer se chamar de pensão mas que também não pode ser chamado de hotel. hospedaria, pensão, pensão, hospedaria. têrmos que vão ficando em desuso no brasil. talvez em algumas regiões, de cidades do interior e nos bairros do centro da cidade, que em portugal chama-se baixa e que normalmente oferecem outro tipo de repouso que se usufrui acompanhado, e que exige muita mola para o colchão. mola em portugal, são os nossos pegadores de roupa.

em lisboa não vamos para o centro, para o down town. vamos para a baixa. como lisboa é a cidade das sete colinas e o centro fica num baixio, vai-se à baixa, ora pois, pois. o que nos lembra que a cidade já foi abaixo e não à baixa fazer compras. vítima de um terremoto lá pelos idos de mil setecentos e cincoenta e cinco, salvo se confundi a data. e que, lembram os mais velhos, pode acontecer novamente. desta vez sem o marquês de pombal, que foi o impulso reconstrutor da cidade de lisboa. e que continua de vigília na rotunda. que é como se chama o girador ou rotatória em portugal. bem alí, de frente para o parque eduardo sétimo. com a visão que desce a avenida da liberdade e alcança o rossio, na baixa.

não sei se hospedaria, albergaria ainda suscitam conexão imediata com a conceituação original. já albergaria, quando muito para nós, são os albergues da juventude, hospedagem dita econômica, mas nem sempre, para jovens de todas as idades.
sim; pensão, pensionato, normalmente para" moças de fino trato", hospedaria, albergaria já fizeram as malas para viagem com direito a vagas no passado. vagas, que não deixa de ser uma forma de hospedagem no brasil, de média e longa duração. já que originalmente referem-se a aluguel de quartos em casas de família. hoje, o aluguer, que é como se chama aluguel em terras lusas, é de espaço suficente para uma cama e olhe lá. mas o preço chega em algumas cidades, como o rio de janeiro, ao custo de um andar inteiro.

a outra forma de hospedeira, é muito mais aterradora: a môsca por exemplo é hospedeira de uma série de vetores transmissores de doenças, algumas mais do que terríveis. e destas não se pode dizer que é uma boa hospedeira.

portanto, mil vezes, hospedeira de bordo, do que rapariga aérea, se fossemos seguir o raciocínio.

e se acaso for viajar de ônibus, auto-carro por lá, nem pense na denominação rodo-rapariga, que seria a tradução literal das nossas rodomoças. é hospedeira também.

e as hospedeiras são muito hospitaleiras, tanto lá como cá. como geralmente o são, todas, desde que não estejam levando com acompanhante a TPM que esta é hospedeira de abanos que nenhuma mola segura.
só me causa um certa estranheza é o fato de hospitaleiras lembrarem hospital. quem conhece as estradas do brasil e o índice de acidentes de viação, que é como se diz acidentes na estrada em potrtugal, vai preferir viajar de avião ou de trem, que lá é comboio.

e, sendo comboio, como chamaríamos as moças e raparigas que lá trabalham ?
agora você me pegou: cá e lá. moçacombo ? tremoças? primas irmãs dos tremoços ?
respostas, se houver, nas próximas páginas do dichionário.

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