Em primeiro lugar, deixe-me apresentar minhas credenciais. Eu gosto de negócios. Na minha opinião, não há melhor negócio do que o negócio puro e simples. Sou fã de histórias de sucesso nos negócios. Por exemplo, minhas primeiras lembranças de infância são do meu pai me pondo para dormir enquanto lia “Minha vida na General Motors”. Tenho um MBA e ao longo de toda a minha carreira como gerente de propaganda, tenho ouvido chefes bradando “Eu não quero que a minha propaganda ganhe prêmios. Quero que venda!”
Creio que tenho as credenciais certas para ser cético a respeito do Festival de Publicidade de Cannes. Então o que eu estava fazendo na Boulevard de La Croissette numa segunda-feira de trabalho?
Tudo começou quando li, em algum lugar, que Martin Sorrell, chairman do grupo WPP, fez alguns cálculos e descobriu uma correlação entre leões conquistados em Cannes e o valor de mercado de uma agência de propaganda. Convencido, no dia seguinte, Mr. Sorrell ordenou para seu time: “Tragam-me alguns daqueles leões. Custe o que custar”. OK, talvez a história não tenha acontecido exatamente desse jeito, mas desde que me tornei cliente conto-a assim, e tenho certeza de que o Mr. Sorrell não vai se importar.
Nunca conheci o Mr. Sorrell, mas é preciso dar crédito a um cara que montou um império de comunicação a partir de uma empresa chamada Wire and Plastic Products.
Aparentemente, Mr. Sorrell não ficou sozinho em sua constatação. 2004 foi o ano do cliente em Cannes. Procter & Gamble e McDonald’s, por exemplo, levaram um número recorde de homens de marketing a Cannes. A P&G realizou, inclusive, uma apresentação às duas e meia da tarde para uma platéia repleta de atentos criativos. Todos os que estiveram presentes à maratona de seminários sabem o que significa a primeira sessão logo após o almoço. Imagine em Cannes. Comida francesa e vinho, moças fazendo top less na praia, bons filmes para assistir. E a Procter & Gamble lotou o auditório.
Ao contrário do que acontece em outras profissões corporativas, não existe para nós um evento de marketing realmente grande, integrador e internacional. Por outro lado, alguém pode argumentar que existem eventos de propaganda demais. Mas é excelente constatar que Cannes está se reinventando e, acima de tudo, recebendo – bem – clientes. Ao final do dia, clientes e agências têm um mesmo objetivo: construir grandes marcas.
Então, para não fugir do clichê: “Construtores de marca unidos jamais serão vencidos!”
OK, talvez eu deva retornar para o meu trabalho e deixar a criatividade para os criativos!
um cliente na croisette do eunápio torres, do marketing - HSBC, publicado no CCRJ em 07-07-2004
Eunápio Torres, marketing - HSBC Bank Brasil S.A.
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