quarta-feira, junho 13, 2007

em que mundo você vive na real, seu virtual?

"você tem visto os comerciais na tv ultimamente? " com este guide line, marinho, abordou esta semana no blue bus a mudança dos padrões de consumo de mídia( o artigo é reproduzido abaixo, não sei se dispensável para quel o leu).

a postura do marinho, sediado em nova iorque, me fez pensar sobre a markeopia( o termo dos anos sessenta ainda vai fazer muitas feridas)que se abate, tanto sobre o marinho, que aborda a questão sobre a ótica primeiro mundista virtualista, ainda que se defina como tradiconal no consumo de mídia assim como o nosso terceiro mundismo semi-abreviado pela antenagem que a profissão proporciona, ainda que ilusoriamente. graças a isto, a maioria dos nossos publicitários, ainda mais da nova geração - então não tenho nada contra a nova geração. mas porra! façam alguma mais que não sejam fantasmas ou pedinhos de festim - que conhecem tudo sobre formas, cores, fundos e truques e trucas mas não conhecem a venda da esquina, a mercearia ou o supermercado de periferia, muito embora tantos morem lá, porém conhecendo mais a fundo tudo que se refira a i-pod, archives, lugares descolados em cannes e por aí vai. nada contra, ser antenado é muito bom, mas acontece que trabalhando num mercado onde manda a massa no consumo de c a z, como é que não frequentando o mercadão que não está na linha do folcore, vai interirar-se dos códigos e mumunhas desta parte do mercado tão sem glamour? como vai poder se comunicar com ela no tom de conquista e persuasão? o resultado são umas cópias mal lavadas de uma dezena de anúncios que conhecemos para inglês ver e que absolutamente não funcionam para quem vê a roda do consumo por outra ótica e outros meios. isso não significa subestimar e empobrecer à burra das classes vistas como inferiores, claro que não. deve-se instigar a inteligência - não a acadêmica - a perspicácia, o senso de humor(sem grossuras e baixarias por favor) que é tão vívido nos "miséráveis desprezados" porque só se imagina no lugar do marinho ou, minimamente, em portugal, o maior importado de fazedores de fantasmas do pedaço. isto me lembra um certo gerente de marketing que ao ver o busdoor para uma marca de motos onde lia: mantenha distância, compre uma fly, com alusões óbvias a fuga do perrengue do transporte público, que foi recebido pela tal gerente com o comentario de que o "nosso público" não sabe fazer estas interpretações. logo ele, que não anda de ônibus. e que não aprendeu que objetivos de marketing necessariamente não são os mesmos dos objetivos de comunicação ou seja: não é porque o produto tem como foco o popular que tem que ser populacho ou rasteiro. afinal, se há uma coisa que o proletário quer é manter distância do ônibus. ô se quer. dúvida? experimentar andar de ônibus nem que seja por uma semana na hora do rush

voltando ao marinho, como poderão ver abaixo, fala ele do consumo de mídia de uma ótica tão elitesca - o que é diferente de antenada - que cheira sabujice. mesmo em nova iorque há camelos, há auto-falantes, não tão potentes como os nossos, há rádios de bairro(aquelas que transmitem em via aberta com caixas de som nos postes) onde se anunciam fogões, geladeiras, móveis, no centro de bairros com população muitas vezes superior a muitas cidades. nestes ambientes também ha dvds de baixo custo, usados muito mais para ver os dvds piratas de aviões do forró do que para gravar programas da tv aberta(a noção de plug and play deles é bem diferente) sem falar de outras mídias para quem nao tem tv a cabo( e é maioria absoluta no brasil) e por aí vai, basta expandir seu raciocínio.

esta massa compra. aliás é por causa dela que ainda existe comunicação de massa no brasil, país que não passa de um imenso mercado varejão tão desprezado, manipulado como lixo, por uma geração que toma com verdade de mercado a sua aspiração blasé, incapaz que de enxergar as possibilidades criativas e financeiras deste mercado " marginal".

e neste mercado marginal que descobre a internet e nela começa formular sua linguagem, esconde-se uma possibilidade imensa de renovação, recriação, criação de linguagem e formas de comercialização e mídia.

nada como olhar e dominar de antemão o futuro. mas entre o passado e o futuro existe o presente. e nosso presente é um presente de transição num país onde pay per view e memória de sky ainda não tem memória expandida.

compreender este momento, onde o futuro ao alcance da mão apresenta enormes possibilidades mas decididamente não esgota o presente, é o papel do nosso negócio. não somos nova iorque. também não somos o burundi. somos o brasil, onde o nosso maior mercado são paulo, tem oscar freire mas tem 25 de março. sem falar do nordeste, onde onde matamos o rádio o maior e melhor meio de comunicação para uma população consumidora que vive a vida, mesmo na época da imagem(sic!) de ouvido.

assim, o pior cego é aquele que não quer ouvir. é isto que estamos sendo em nosso afã, que o marinho abaixo só corrobora , de tentar compensar nosso complexo de ser sub querendo ser super.

publlicitário tem de ir onde o povo está. e não aonde o gadget quer que ele esteja

( ....Eu me considero um sujeito tradicional quando o assunto é consumo de mídia. Sempre fui devorador de jornais impressos, adoro rádio e sou noveleiro confesso. Por isso mesmo, ao recapitular os acontecimentos do último fim de semana, me surpreendi pensando que talvez as profundas mudanças globais nas mídias estejam finalmente chegando ao Brasil, será mesmo? Ou pelo menos até uma parcela mais privilegiada da populaçao.

Todas as vezes que liguei a TV, neste fim de semana, ou foi para assistir filmes em DVD, ou programas armazenados na memória do Sky+, meu gravador de vídeo digital, ou ainda jogos de futebol pelo sistema pay per view. Aliás, os gols dos outros jogos que eu nao acompanhei ao vivo eu preferi ver pela internet. Nem lembro mais quando assisti TV aberta pela última vez. Quantos mais devem estar agindo assim?

Estudos internacionais garantem que esse já é o padrao de consumo de mídia de boa parte da populaçao lá fora. E que, portanto, as audiências dos programas medidas pelos métodos convencionais nao traduzem mais com precisao a quantidade de pessoas que os assistem. A Nielsen, por isso mesmo, está testando nos EUA a aferiçao da audiência dos intervalos comerciais, independente deles terem sido vistos ao vivo ou posteriormente, por um desses TiVos da vida.
A Nielsen estima que 17% dos lares americanos tenham hoje um gravador de vídeo digital (DVR) e que cerca de 42% dos programas assistidos nessas casas tenham sido vistos após seus horários originais. E estima que mais de 50% dos usuarios que deixam para assistir depois pulam comerciais.

Bem, se depender do meu exemplo, os anunciantes estao em apuros. Como o tempo é pequeno e a quantidade de programas acumulada é grande, eu invariavelmente pulo os comerciais com a ajuda do meu DVR. E nem de longe vejo TV como fazia no passado recente. Se isso acontece comigo, que sou um imigrante digital, imagine o que nao devem fazer esses garotos que já nasceram na era da internet.

Resumindo - ou as marcas ganham coragem e apressam a migraçao de suas estratégias para o novo mundo, ou vao acabar perdendo contato com um grupo qualificadíssimo de consumidores. É simples assim.)

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