terça-feira, agosto 19, 2008

legenda dublada


a revista veja ultimamente mais parece estacionamento de shopping . é o reduto dos 4x4 da hyundai, com a kia na cola, só para ficar no segmento dos 4x4 de pantufas.

talvez por isso mesmo – o que os made in japan infligiram aos americanos, os coreanos reproduzem agora com mais agressividade aos carros japoneses(e do resto do mundo) - a mitsubishi tenha feito veiculação, onde a força do número das páginas, seis, tentamostrar na marra da legenda o que o seu full decididamente não tem - apesar da assinatura engatada com todo tipo de catraca que tem de direito: mitsubishi pajero full. o 4x4 mais famoso e respeitado do mundo. e como se não bastasse este share of mind(como isto pode ser comprovado?, arremata em inglês que é para não deixar dúvidas: the 4x4. the legend.

para uma parte da geração, na faixa etária que costuma ter grana pra comprar estes “full” empty de posicionamento, mitsubishi ainda lembra marca de televisão. e para os mais críticos, aquela marca que andou fazendo todo tipo de trapalhada na manufatura dos seus carros, com o japa ceo fazendo tora-tora da segurança dos consumidores da marca. e por isso mesmo sendo responsabilizado publicamente. o que pegou mal pra cacete, principalmente no japão, onde se costuma levar estas coisas a sério. sem lendas?

a pedra de toque da “estratégia” da "concepção do anúncio", é engatar o feito, é fato, do mitsubishi ter vencido por doze vezes o paris-dakar. e assim, full-hand corroborá-lo como o(sic) 4x4 mais famoso e respeitado do mundo.

mas aí entrou areia nesta manobra. acontece que uma lenda, não se constrói tão-somente pela força dos argumentos(full ou empty) e pelo volume de veiculação. há um componente que não costuma ser controlável, chamado tempo.

outrossim, já que falamos de tempo, tempos estranhos estes onde publicitários e agências lançam mão de conceitos(lenda não é uma palavra, é até mais que um conceito, uma categoria) já utilizados, e não por outros segmentos, mas sim dentro do segmento automóveis e 4x4.

ao esboçar seu ângulo de ataque com base no the 4x4, the legend, a áfrica(detentora da conta da mitsubishi) – ironicamente nome do continente onde a verdadeira lenda se afirmou – atropelou o drive the legend, drive a land rover, que permance lendário no inconsciente coletivo dos amantes do 4x4, independentemente de possuírem um ou não ou de outra marca. afinal, os lendários land rover, nascidos para superarem os também lendários willys(bantam), com a peculiaridade que também ajudou a consolidar a lenda – a carroceria em alumínio(durante algum tempo também o teto rígido) surgida pela falta de aço no mercado totalmente alocado às ações de guerra – afirmou-se nas savanas dos territórios africanos então dominados pela inglaterra, onde faziam “paris-dakar” a 3x4, diariamente, por décadas a fio. ou seja: a verdadeira lenda não nasceu a reboque. e sim fez sua trilha lendária muito antes do emprego do guincho da comunicação.

não se discute se o pajero – que tem a particularidade de ter outro nome na espanha (lenda limitada semanticamente?) já que pajero em espanhol é bilau demais para se ter no chaveiro) é melhor ou não do que o land rover(tecnologia embarcada nem sempre traduz superioridade). o que se discute, é a apropriação de um conceito já utilizado anteriormente, baseado na perspicaz observação de que a lenda já existia, e que a categoria de lenda permitia a defesa dos flancos de um 4x4 de mecânica ultrapassada(mas nem por isso menos eficiente) já que foi com esta “imutabilidade” que se tornou lenda, frente a um segmento cada vez mais concorrido, principalmente pelas marcas japonesas.

eis portanto a diferença entre pensamento estratégico aplicado a todo-terreno e a construção(falsa),de um conceito e/ou categoria, cuja rolagem dá-se mais pela força motriz empregada na veiculação pesada do que pelo conceito em sí.

se no mercado automóvel, a cópia pode vir a superar o original, no mercado da propaganda propriamente dito, costuma dar chabu no diferencial.

vamos ver agora como a lenda(a verdadeira) vai se comportar nas mãos indianas, que mais do que os chineses, prometem ser o terror dos coreanos e assim por diante sucessivamente.

in tempo: se você tivesse que dirigir um lenda, o que diria o seu share of mind? mit or land?

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Now playing: john williams - marcha imperial
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