terça-feira, setembro 30, 2008

do asterix para os sacis-pererês

Bom, já faz quase três meses que estou trabalhando aqui na McCann Bruxelas.

Das várias coisas diferentes, duas me chamaram bastante a atenção: a formação dos diretores de arte / redatores e o processo de trabalho na criação.

Primeiro, a formação.

Quando falei que no Brasil muitos diretores de arte fizeram faculdade de Comunicação, o pessoal daqui não entendeu direito: "Como assim, os DC não estudaram artes plásticas? Então provavelmente eles devem ter tido uma experiência anterior como desenhistas, pintores, grafiteiros".

Eu respondi que talvez, já que não poderia responder por todos, mas que o padrão, nos ùltimos 5, 10 anos, tem sido formação em Comunicação.

Aqui em Bruxelas, essa formação (Comunicação & Marketing) é mais para o pessoal que trabalha no atendimento de agências ou no marketing de empresas. Eles realmente acharam estranho e eu fiquei pensando nas nossas lacunas.

Talvez eu seja apenas mais um brasileiro deslumbrado com a Europa, mas para mim parece lógico. Uma formação menos abrangente e mais focada na propaganda tem a ver com receitas, tem a ver com caminhos já percorridos.

Uma formação mais abrangente, como por exemplo artes plasticas, teria a ver com a criação de novos conceitos, de novos caminhos.

Agora, o processo da criação. Por aqui, faz-se muito, mas muito mesmo, raf. E a apresentação para o cliente é feita, na maioria das vezes, em layouts manchados.

É fácil de entender as vantagens. Por exemplo, numa campanha com prazo de 5 dias, são 4 dias e meio de criação e meio dia para a execução!

A apresentação é focada na idéia e só depois de aprovada a idéia com o cliente discute-se o design da criação. Nesse ponto, é o diretor de arte e um designer que trabalham juntos (seria o equivalente aos nossos assistentes, mas com formação e papel dentro da agência completamente diferentes).

É lógico que não é sempre assim, algumas idéias realmente precisam de layouts fotográficos, mas, na maioria das vezes, funciona assim.

Fiquei pensando no nosso processo de trabalho, nos nossos lindos layouts, nos nossos assistentes e diretores de arte com habilidades incríveis no photoshop e no tempo que tudo isso toma.

Por alguns motivo, a nossa indústria se configurou assim, o nosso processo de criação e a urgência de vender as idéias para o cliente se misturaram com a necessidade de mostrar essa idéia da forma mais bem acabada possível, acreditando que isso convença o cliente de que a idéia é boa.

E o pior é que, no fim, acabamos educando nosso clientes a avaliar as idéias dentro desses mesmos parâmetros.

Olha, sou um diretor de arte que tem muito prazer em layoutar, em deixar o layout lindo e coerente, mas, sinceramente, será que realmente precisamos de tantas horas/homem trabalhando pra vender uma boa idéia?

Muitos criativos aqui do Clube têm bem mais experiência do que eu para emitir opinião sobre os caminhos de nossa indústria. Mas acho que poderíamos pensar um pouco mais na nossa formação profissional e nos nossos processos.

É isso. Joguem pedras à vontade.
Um abraço aos amigos.
(do alê silveira, da mccann bruxelas para o passaporte do ccsp)

enquanto isso por aqui agências procuram diretores de arte sênior, com um mínino(sic) de um ano de experiência, exigindo domínios de programas de edição de imagem. waal! isto é que é poção mágica

se considerarmos que estes "diretores de arte" são formados em faculdades com um curriculo mais cu impossível - zero de informação conceitual-histórico-estético- ministrado por "profissionais" com um histórico onde só se salva o empedernido(sequer são schollars), não consigo imaginar maior avacalhação com a profissão, que por isso mesmo está como está: mais em baixa do que raiz de obá.

um mercado que confunde photoshopeiro, ou seja: o sujeito com habilidades de fazer sopa com diretor de arte, só pode ter mesmo clientes ou pau-mandados que julgam idéias por estes parâmetros. já que todos eles tem em casa ou no vizinho, filho, primo ou sobrinha do jardinheiro, que se diz diretor de arte com base nestes predicados: " a marca da minha empresa foi o primo da minha tia que fez - o outdoor também - e o resultado sabemos qual é.

estes diretores de arte - praga gafanhota no mercado - resultantes da normatização dos cursos de publicidade que standartizou linguagens(escusado dizer que estes diretores de arte não pensam, portanto não conceituam: apenas dominam truques) o que é a pior coisa que poderia acontecer à profissão, uma vez que a standartização gera uma levada de diretores de arte que só podem oferecer o truque, recebendo por igual justiça salários trucados que quando transformados em numerários resultam em alguns trocados que não dão para comprar sequer uma livro básico de história da arte, vital para quem quer ser diretor de arte.

diretor de arte não é artista. mas se não tem conhecimento das linguagens utilizadas o que se aprende estudando história da arte, não passará de um papagaio(sequer aprenderá a copiar) produzindo piadinhas de gosto duvidoso, as tais sacadinhas criativas que vemos por ai. é por isso que o sujeito faz faculdade e depois faz miami ad school e o que mais vier e não consegue fazer melhor do que diretores de arte que tiveram uma formação que incluia começar na profissão aprendendo a lavar pincel(sim, um diretor de arte dificilmente alcança a senioridade antes dos oito anos de labuta).

mas este ciclo não interessa as faculdades - é muito fácil(e lucrativo) montar um curso com o nível dos professores e do ensino(absolutamente equivocado) que temos por aqui - o que por sua vez é muito cômodo para as agências que tem mão de obra barata para usar como carne pra canhão. uma vez instalado o círculo vicioso cristaliza-se já que que o mercado perdeu o passo e o falo, e agora deu a dizer que agora temos propaganda de resultados e não mais propaganda em sua fase romântica.

bom o resultado, é esta merda toda que vemos por ai. até em anuário tá difícil de ver peças que anteriormente víamos em jornais, revistas, televisão aos bons bocados.

hegarty dizia que a idéia e não a técnica que realmente importavam. mas não em nosso mercado. e tome no cachimbo do pererê.

Now playing: Bulletproof Messenger - Crucial Line via FoxyTunes

segunda-feira, setembro 29, 2008

leão humanitário: quando a humanidade é mais uma vez desonesta do princípio aos fins

bjarke rink, ex-diretor de criação da extinta propeg-pe nos anos 80, certa vez sentenciou: “publicitário tem mania de querer dar jeito no mundo”. referia-se, entre outras interpretações, ao arrivismo inserido no bojo das pieguices incrustadas em anúncios “pró-bono”. ou seja: aqueles anúncios feitos para causas sociais, com o fito mal disfarçado de atrair holofotes sobre a agencia, dupla, trinca, produtora que os fez.

agora toma forma um movimento para a criação de um leão humanitário, ou seja, um prêmio em cannes para causas aparentemente sem causa própria, a não ser a humanidade. demasiadamente humano, diria o bardo. há que se duvidar que não passe de mais um pulhice do mercado, artifício que não é de hoje empregado. aliás, já há nota plantada em coluna social local, assinalando o grupo nove como única agência do nordeste engajada no movimento. o que demonstra a “esperteza” do tal sentimento humanitário acrescido de sotaque. entre a coisa e a causa, decididamente há gente que quer ganhar leão fazendo do espírito - que não se consubstancia em palanque, muito menos em busca de prêmio - meio de vida. incapaz que é, de ganhar um leão com trabalho à vera. e isto justamente num momento em que contraditoriamente até se discute se cannes é assim tão importante no frigir dos ovos, apesar do próprio mercado fazer do mercado dos prêmios ovos de ouro.

o que se passa, curto e grosso, é que o artifício de fazer anúncios(fantasmas na sua maioria) para criancinhas africanas, cachorros abandonados, mulheres agredidas, chineses perseguidos, instituições e ongs de araque ou não, já não dá mais camisa a ninguém. ou seja: não se desentoca leão com esta vara. jurados – muitos deles premiados com leões fantasmas conseguidos desta forma – já não caem mais nesta. significa que atualmente pró-bono não cola mais, nem pra short-list. procedimento que enseja, menos uma moralização e mais uma salvaguarda para não ressuscitar fantasmas do passado. daí o movimento da sua formalização “noutros termos”. é bom lembrar que até já se cogitou uma categoria de cannes para fantasma.

resumindo e concluindo: se há um leão humanitário em você, faça-o rugir no seu trabalho; em suas açoês no dia-à-dia, na luta contra a irresponsabilidade social que grassa em toda sociedade, evitando que a publicidade não reflita e amplie isto, pelo menos da maneira deslavada como este episódios onde a retórica humanitária se vaza escudada em prêmios.

pode parecer incongruente, contraditório e até impossível. mas dá para ser um publicitário decente em meio a tudo isto que vemos, sabemos que existe, mas não comentamos, para além da conversa jogada fora em mesa de bar, o que é de um anti-humanitarismo a toda prova.

decência não dá, nem deve, prêmio a ninguém. até porque se fosse criado um leão “decentuário” o que ia haver de fantasmas não ia caber no paladiun.

Now playing: BLS - Bridge To Cross
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sexta-feira, setembro 26, 2008

"batendo no ceguinho"

pra começo de conversa não sou petista. mas no panorama atual é o caso de dizer: dos males o melhor, invertendo o eixo-sintagmático e político da situação.

o imbróglio do uso presumido da máquina governamental levanta questões interessantes de ordem jurídica, política, moral e éticas, pra não falar das pertinentes ao processo de comunicação publicitária em suas diversas nuances.

se o dura lex sed lex fosse empregado como deveria, provavelmente nenhum candidato a reeleição ou ligado ao partido em governação(seja qual for a sigla) seria elegível. não vamos nos esquecer que temos mais de uma centena de candidatos criminosos denunciados por crimes pra lá de maquinados, concorrendo sob as bênçãos protetoras da lei.

e temos aqui o primeiro dilema moral: em que pesem as comprovadas? utilizações da “máquina”, joão da costa deve a elas a pujança de sua candidatura? candidatura que incomoda porque começou comendo poeira e no meio da corrida devolve a diferença de aceitação como um tufão? tudo indica que não, o que não passaria de um cisco, ante a tempestade de areia que é levantada pelos demais candidatos, incapazes de fazer frente ao joãozinho, menosprezado que foi como aluno que senta ao fundo da sala e que agora mostra-se em primeiro nos testes prévios.

indo mais além, supondo que joão da costa seja eleito, em primeiro ou segundo turno, e que venha a receber sentença negativa em última instância, como fica o embate entre o legal e o legítimo, uma vê que o voto é – ou deveria – ser soberano?

o fato é que observando-se a reação dos demais candidatos, que em nome da democracia e do jogo limpo em seus guias, comerciais e material distribuído, assinaram o atestado mór de fraqueza, que leva a incompetência, que por sua vez leva ao desvio de caráter(da campanha) chegando a torpeza de “bater no ceguinho” orquestradamente pela amplificação de fatos ampla e fartamente noticiados pela imprensa, levando de roldão candidatos a vereadores, o que de certa forma repete o que condenam, em vez de afirmar seus princípios morais elevados e de campanha nos quais não parecem acreditar como provedores de adesão.

mendonça filho, entre eles, é o que mais demonstrou o que é a moral do homem público que inicia-se propositivo e que em desvantagem não se furta a usar métodos gobbelianos. assim, não é surpresa que esteja no dem; um partido que sequer agüenta conviver com a democracia que não seja amputada até no nome. e não é surpresa que seja capaz de tudo para vencer uma eleição fazendo o que está fazendo, já que não tem estatuto para vencê-la pela via do voto conquistado pela coerência da pratica do discurso. já cadoca e raul henry, são a acne purulenta de quem já foi libertário e hoje não é mais.

independentemente do resultado, joão da costa de uma forma simbólica, e quiçá prática, vence esta eleição ao provocar o destampe do verdadeiro discurso de opositores que confirmam que nada mais representam que uma forma de direita mimetizada pelos seus métodos que remontam a donatização das capitanias.

se há males que vem pra bem, bendito juiz. ainda mais se o tiro sair – muito provavelmente pela culatra – engrossado pela pólvora de quem se derrotado terá cometido suicídio político, este sim irrevogável.

Now playing: Scatman John - Quiet Desperation
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terça-feira, setembro 23, 2008

de boa intenção só não vale

não mais dentaturas, laqueaduras, alpercatas- um pé agora, outro depois que vencer a eleição - o preço do voto agora, focado no eleitorado jovem do recife é "duzentos real" por cabeça disposta a ser curseiro de primeira viagem - espécie de estágio aos futuros concurseiros?

a ninguém parece estranho, muito estranho, o fogo amigo de um candidato que vem em horário eleitoral oferecer duzentos reais com bolsa para que jovens aprendam uma profissão, ainda mais quando sobre o número de 1500 vagas enfatiza o compromisso de expandi-las tantas quanto necessárias, de modo a contemplar o rebanho inteiro: nem o bispo teria tamanha cara de pau.

alguém se deu ao trabalho de pegar alguma publicação(ibge serve pra isso, também) que mapeie e quantifique o número de jovens sem educação formal e formação profissional na cidade do recife? claro que não. veria que o haja-verba é primo-irmão do haja-calote. assim como du-vi-de-ó-dó que alguém tenha se dado ao trabalho de pegar um ônibus na hora do rush, naqueles trajetos que necessitam de travessia inter-bairros de uma cidade que faz de localidades de jaboatão e olinda bairros tão pertos, tão distantes que em duas horas você nem chega, quanto mais vai e volta. o que é muito diferente do mostrado por ex-apresentadora de tv que faz boquinha de repórter com os mesmo lábios que faziam beicinho em programa vespertino engasgado, tal como o que faz agora no guia, como guia.

com recife no peito, cadoca prefeito, o candidato não estava conseguindo muita coisa. resolveu então apelar para o bolso, a parte mais sensível do corpo humano. coração de candidato não ganha eleição nem em concurso de miss. seu staff devia saber disso, antes de propor algo tão etéreo e pífio. este slogan, somado a uma imagem já bastante envelhecida do carlos eduardo, não consegui caracterizá-lo com a imagem do amante latino da cidade. a vaga agora é ocupada pelo mendonça, que também mandou a campanha propositiva às favas. bate como ninguém - daqui a pouco vai acertar os ovos, não se sabe de quem, que é o que faz todo aquele que fala em campanha limpa - antes ou depois - ainda mais quando começa a contar os feijões ou melhor votos que podem vir de arrasto? dado o imbróglio cuja sentença deu um chega pra lá - não se sabe se momentâneo - no candidato que ele, mendonça, queria ver pelas costas.

voltando a cadoca, poder-se-ia dizer que de boa intenção as urnas já estão cheias. valem os vales e as bolsas para esvaziar os do contra?

se vale, chama o síndico, nem precisa de juizo eleitoral.

Now playing: Salem Al Fakir - Devil Look
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domingo, setembro 21, 2008

de como escrever copies. divagações ou quase decálogo por entre as centenas de redações que existem por ai, incluindo as suas.

(um é copy. o outro, bem, desencane).

pra começar, não se forma nem se ensina alguém a ser copy. copy é copy. redator é redator, procure saber qual a diferença, se ainda for o caso.

o copy, sabe exatamente onde ainda falta alguma coisa na peça. e, mais ainda, sabe onde, se acrescentar, em vez de melhorar, vai piorar. isto é intuitivo. não é cerebralizado. pelo menos da forma como o conteúdo é tratado.

uma coisa é o copy publicitário: sintaxe, timming e pegada emocional que de tão arrasadora torna-se pra lá de sutil. sopro na nuca com o arrepio junto da tentação. é o único keep simple que funciona. por isso mesmo muito própria; ou pelo menos assim já foi. outra, os vide-bula que estão por aí, que traduzem, no máximo, o briefing com as palavras trocadas;

acredite: o ser humano é muito pouco racional. dúvida? veja então o que a racionalização anda fazendo com o destino da espécie - e da profissão. portanto copy sem emoção é texto sem autenticação. planejamento não é camisa de força. é catapulta para quem tem bolas. desconfie de copies que vêem os polices ou mandatories como obstaculo intransponível. onde há dificuldades há oportunidades;

se racionalização e conhecimento gramatical adiantasse alguma coisa professores de português saberiam escrever. e estes, decididamente na sua maioria não sabem(e não estou falando especificamente de publicidade). aliás, se dependesse deles a língua estaria morta. mas também não pense que assassinar a gramática e trombar de quina com a concordância é ter estilo. o falar popular vai até o catabiu. agora abismo lingüístico é outra coisa. inadmissível;

regras existem para serem quebradas. sim. mas isso só é possível se você domina o básico. paulo francis dizia que o bom redator – e não o copy – se conhece pelas virgulas. ainda bem que não sou redator. co´as virgulas, o máximo que consegui foi o epíteto de ser um copy de vírgulas esquizofrênicas . e até hoje, se não olhar a cola, desando nos porquês(por que, porque, por quê, porquê) como você astutamente – todo bom copy é astuto - deve ter observado por aqui. vicio da preguiça, imperdoável, de quem sempre teve revisor. aquele cara esquecido no fundo das agencias(que os tem) e que nunca aparece, como devia, nos créditos. portanto, o bom copy não pode ser nunca preguiçoso - e muito menos, deixar de ser curioso. não tem necessariamente a obrigação de escrever corretamente. a sua meta não é a perfeição mas o convencimento. mas para se safar disso sem seqüelas graves tem de ser brilhante. o bom copy é antes de tudo determinado, e não tão somente predestinado, sem ser teimoso. é pentelho mas tem que ter algum charme.se não vira um chato;

profissionais que escrevem livros de redação há cada vez mais. se fossem tão bons, estariam ganhando a vida escrevendo propaganda. e não sobre. portanto fuja da moda porque está na moda chumaços de manuais de redação e dicas - e cursos, e faculdades, e pózes argh!, um atrás do outro, na maioria mal escritos e tediosos. não leve a sério nenhum. menos ainda esta intervenção.

nunca se esqueça que truques são truques. métodos são métodos. talento é talento. e vocação é vocação. talento sem vocação é uma merda. mas a vocação, sem dúvida, conduz ao talento que é desenvolvido pelo exercício, sobretudo de ler os bons escritores: não importa o gênero;

há bulas sobre vaselina impensáveis e obituários impagáveis. os escritores odeiam que lhes diga isto. mas alguns raros copies – os velhos e bons all types – merecem estar ao lado do melhor que já se fez de melhor na prosa ou poesia mundiais. e não estou falando dos kerouacs, burroughs ou fantes da vida, sem lhes tirar o mérito. camões fez o uso de figuras de linguagem como poucos publicitários fizeram. figuras de linguagem, você sabe, são aqueles recursos de sintaxe que o cliente, o gerente ou diretor de marketing odeiam. costumam aboli-los das peças, dizendo sempre ameaçadoramente que não querem trocadilhos e sim algo direto(“estamos na época da imagem; ninguém lê nada; o texto tá longo demais. quantas vezes você já ouviu esta pulhice quase canonizada? o tal curto e grosso é apenas o de sempre em bold, corpo 18. o que, não só amputa a sentença, como as condena ao enfadonho lugar-comum e a ser escaravelhos no leiaute.

dizer que um copy fez trocadilho equivale a dizer que você escreve pior que o anotador de bicho da esquina ou que sua mãe o criou fazendo algo pior nela. portanto, se você não o fez – há quem faça achando-se criativo e criador de linguagem – explique ao menos ao seu interlocutor o que são figuras de linguagem (aféreses, anacolutos, assindetos, catacreses, elipses, epanáforas, hiperbátos, metalepses, metonímias, silepses, síncopes, sinédoques, sinquises,etc) antes de lhe mandar a puta que os pariu. sem trocadilhos;

(ponha em pratica se quiser mas não me culpe pelo resultado).

Now playing: Sesto Sento - Abacaxi Fever
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quarta-feira, setembro 17, 2008

febeape ou festival de besteiras que assolam a publicidade pernambucana

o out-bus traz a figura de uma pré-adolescente que sorri tendo ao fundo imagens do recife pra turista não cheirar(o anúncio de jornal fedeu na mesma);

o texto diz literalmente: sorria. e cita o nome da nova construtora que está se instalando na cidade;

frase e meia, canto a canto, de puro blá-blá-blá - o diretor de arte deve ter reclamado: quatro linhas é texto pra carai! tá ligado? esse texto é bull-shit. dessa vez ele teve razão. mas o leiaute é uma cagada só(e não é de touro);

pensei: ?seria o calor(ainda não estou na andropausa) ??devo acreditar no que estou vendo até que se confirme a trombada? vade retro busão;

?por que raios devo sorrir com a instalação de uma construtora, que ainda mais tem nome de cola de sola de sapato, e que muito provavelmente - ela não disse a que veio em nenhuma das peças que vi - vai construir aqueles apartamentos com quartos, onde sexo só mesmo virtual. e olhe lá pros bem dotados e similares siliconadas ou siliconados como queiram? ?é motivo de sorriso por acaso?

sorria por quê ? porque não há conceito, não há persona de marca, não há strategic branding ways? não há sequer uma peça vazia de conteúdo mais esteticamente trabalhado? sorrir porque não há um grama de reboco que seja de constructo-objeto-objetivo elaborado, para informar que seja, o porque de e do fato, do sorriso que motiva uma construtora, que afirma, não atesta, ser uma das maiores do país, a inaugurar a pedra fundamental da sua comunicação sem nenhuma cimentação mais consistente?

se assim é, tenho tudo para estar morrendo de rir. mas não tenho a mínima vontade. se fosse otimista diria que até mesmo quem fatura com isto deve estar sorrindo amarelo;

é sorrindo assim que vamos matando o respeito e uma certa dignidade que esta profissão já teve um dia quando o valor do riso ainda era seriamente empregado.

Now playing: Cafe Tacuba - Cierto o falso
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terça-feira, setembro 16, 2008

agora curta e grossa

no cenário destacam-se antigas máquinas fotográficas mas o programa é de cinema. ah! então tá bom.

as cadeiras utilizadas, não posicionam apresentadora e convidados, de modo confortável e esteticamente desenvolto. dobrados sobre o abdômem, qualquer enquadramento mostra gente disforme sobre si. sim, o programa tem créditos de direção?!

a questão é: pra ser um programa de cinema, na televisão, não falta, além da direção, direção de arte e cenógrafo à altura?

não se faz cinema – nem televisão – só de conteúdo. steple by steple que o diga ?


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Now playing: Wilson Simonal - Sem Essa
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segunda-feira, setembro 15, 2008

dos eternamente colonizados pela globalização

atualmente, infelizmente, desgraçadamente, miseravelmente, não há um só comercial de tv que não tenha um trilha britiçhi ou maideiusa.

pais dito uordimusik, com um repertório musical praticamente inesgotável, em possibilidades melódicas e ritmícas, sua musica foi varrida pela geração antenada, que se deixar cafunga ai-podi e não larga mão do ai-foni como supositório.

comercial de automóveis, celular e moda, ofi-line e uon-line, só confirmam que não há sensibilidade, talento ou culhão para ousar?! utilizar musica brasileira.

pra ser fachion há que se morder a língua e pronto.

na propaganda brasileira, musica brasileira virou pé de chinelo de plástico.

e tá aqui uma das explicações pra tanta coisa ruim em matéria de trilha nacional(na política então, ui,ui,ui). de tanto dar ouvidos a outros sotaques, perdemos o nosso. para sempre? ou seria no forevi mesmo?

Now playing: cátia de frança - dança das lanças
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sexta-feira, setembro 12, 2008

pobre dos otários

A grande crise da televisão brasileira não é a de criatividade. Vai muito além do que isso. A crise é de compreensão da natureza do meio, de utilização de seus recursos narrativos, de impregnação de inteligência criativa ao discurso.

Fernando Barbosa Lima, que morreu na madrugada de sexta para sábado (5-6/9/2008), foi um dos últimos grandes criadores da televisão brasileira. Em dezenas de programas que concebeu, colocou o veículo num patamar intelectual que conferia à própria televisão a auto-estima que qualquer forma de expressão necessita para ser levada a sério. Para Fernando, a TV era um veículo maior. Na sua vida, ele se encarregou de demonstrar isso.

Fernando gostava de dizer que trouxe o jornalista à televisão. Ele se referia ao Jornal de Vanguarda, até hoje a mais contundente experiência de telejornal diário que conheci. Lá estavam Borjalo, Sérgio Porto, Newton Carlos, Fernando Garcia, Luis Jatobá e outros. Fernando fechava o jornal com a roda da vida de Fellini Oito e Meio, a música de Nino Rota e tudo, mas os protagonistas eram outros. Era a classe política brasileira, a classe artística, os intelectuais. Fernando entendia a roda felliniana tão bem quanto sabia quem criava os fantasmas do nosso dia-a-dia. E dizia isso na televisão, o que era impensável num momento em que o meio era ainda mais oficialista do que é hoje.

Impermeável à burrice

Seu grande segredo era simples e ao mesmo tempo ousado. Fernando acreditava que, do outro lado da câmera, não havia simplesmente uma massa de descerebrados; havia seres humanos dotados de inteligência. Era para eles que ele falava. Duvido que tenha se arrependido. Mas no Brasil, pelo menos, nunca vi ninguém pensar assim, muito menos um produtor de televisão, menos ainda um executivo de emissoras. A televisão trata seu público como débil mental. O público imagina que a televisão é quem seja débil mental e, para não contrariá-la, comporta-se como tal.

Fausto Wolff, que morreu no mesmo dia que Barbosa Lima, dizia isso sobre as crianças e seus pais. Os pais, dizia Fausto, tratam os seus filhos como idiotas, fazem bilu-bilu e tudo o mais. As crianças pensam, então: "Coitado daquele cara. É um idiota. Vou me fingir de idiota para que ele não se decepcione". E era assim que, induzida pelos adultos, a criança se transformava numa perfeita idiota.

Na TV, Fernando ousava, experimentava, cercava-se de grandes cabeças. Não buscava, como é a praxe na televisão aberta, o mínimo denominador comum para atingir a massa ignara, mas saía atrás do momento mágico em que até as grandes massas sentem-se atraídas pelo que é bom. Fez boa televisão, televisão inteligente, televisão criativa. Fez uma televisão impermeável à burrice – e não me lembro de mais três ou quatro pessoas a quem essa afirmação se aplique.

Adjetivos excludentes

Quando ouço dizer que a televisão brasileira contemporânea é muito boa, minha vontade é tirar do bolso um DVD com os programas que Fernando criou. Alguns estão disponíveis, como parte da autobiografia que lançou pouco antes de morrer, Nossas lentes são seus olhos. Publicitário, não deixou assim mesmo que a visão mercadológica da TV fosse hegemônica sobre o ato de criação.

Fernando gostava de falar de televisão, sobre o que era possível criar naquele universo que ele sabia maravilhoso. Criou como poucos. Um segundo da fumaça desconcertante do Preto no Branco vale mais que todos os softwares de computação eletrônica que existem em cada emissora do país. Valeu-se do fato de ser, ele mesmo, uma pessoa refinada. Em casa, teve de quem aprender.

Fernando Barbosa Lima lançou a televisão brasileira num patamar que nem os neo-yuppies conseguirão destruir. Nunca usou termos como "reposicionamento", "target" ou "recall". Mas fez televisão de primeira qualidade, coisa que os que estão aí construindo o patético lixo eletrônico que invade nossas casas nunca sequer souberam que um dia existiu.

Sua televisão era politizada, renovadora, atraente. São adjetivos que hoje soam como excludentes ao meio. Com Fernando Barbosa Lima vai-se grande parte do que havia de melhor no meio televisão. Pobre do meio, pobre dos otários que têm certeza de que a televisão é o repouso dos medíocres.

(quando a inteligência rimava com televisão, do nélson hoineff, no observatório)

Now playing: Ronnaldo e os Fora da Lei - Pode Piorar
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quinta-feira, setembro 11, 2008

na esfera do tempo ou das ilusões perdidas

"Quatro anos é muito tempo": este é o refrão de uma inacreditável campanha que o TSE começou a divulgar nas últimas semanas.


No primeiro de uma série de comerciais veiculados aparece um astrônomo amador, posicionando sua luneta para observar a passagem de um cometa. Enquanto ele arruma o equipamento, o cometa passa e ele nem vê. ?Perder uma oportunidade pode fazer você perder muito tempo?, diz o áudio, que conclui: ?Se nas próximas eleições você não escolher o melhor candidato a sua cidade vai perder quatro anos. E quatro anos é muito tempo?.

Outro comercial apresenta um sujeito no carro, esperando um trem passar para abrir a cancela. Quando ela abre, ele está distraído com os CDs no carro, passa outro trem e a cancela fecha de novo. A moral da história é a mesma: ?Perder uma oportunidade, etc?.

Ao ver esses primeiros dois na TV eu já estranhei muito porque o TSE costuma veicular comerciais institucionais, educativos, com a dignidade que se espera de um tribunal, sem precisar de comparações como estas, a meu ver completamente descabidas.

Sim, porque a distração desses personagens poderia, teoricamente, ser comparada à possível distração de um eleitor que esquecesse de ir votar. Mas o fato de votar ou não no ?melhor? candidato nada tem a ver com perda de tempo.

Quando se elege um candidato ?ruim? podem acontecer coisas ruins do ponto de vista da cidade e dos cidadãos, mas isto não significa necessariamente perda de tempo. O prejuízo pode ser político, econômico, ético, ou seja o que for, mas não acontece uma pausa na vida da metrópole só porque o prefeito não é bom do ponto de vista de um eleitor ou de um segmento do eleitorado. Algumas coisas podem piorar ou melhorar, mas o tempo não pára quatro anos por causa disso.

E por falar em quatro, fui eu que quase caí de quatro quando vi os comerciais seguintes desta série. Num deles aparece um homem que acha que tem uma abelha dentro do ouvido há quatro anos. E o áudio diz "Quatro anos é muito tempo. Principalmente quando as coisas não vão bem. Por isso, antes de votar, pesquise o passado dos candidatos. Porque são eles que vão cuidar da sua cidade nos próximos quatro anos".

Em outro comercial, o personagem é um sujeito que
comprou um celular há quatro anos e cada vez que o celular toca a musiquinha ele não agüenta de emoção e chora compulsivamente. A moral da história é a mesma: da mesma forma que é difícil conviver com um desequilíbrio emocional por quatro anos, é preciso escolher bem o prefeito que se vai ter que agüentar quatro anos!

Em mais um inacreditável roteiro, o comercial seguinte tem como personagem um homem que tem o tique de começar a sapatear toda vez que fica nervoso, no trabalho, na rua e até no dia do casamento, diante do padre.

E no último comercial que vi desta série a personagem é uma mulher que, também há quatro anos, tem o tique de andar em círculos e por isso nunca consegue passar por uma porta ou entrar num ônibus, porque desvia antes... ?Por isso não venda seu voto. Ele não tem preço e é a única forma de não deixar maus político no poder por quatro anos.?, conclui o áudio.

Gente, o que é isso? De onde tiraram tanto nonsense? Será que é preciso mostrar alguém sofrendo de doenças graves durante quatro anos para explicar que quatro anos com um mau prefeito podem ser uma coisa ruim?

É muito estranho e aliás totalmente inapropriado que justamente o TSE use metáforas politicamente incorretas como estas, fazendo piada com doenças mentais.

As comparações são inclusive descabidas: se queriam mostrar coisas ruins que duram quatro anos deviam ter procurado outras, já que essas síndromes, manias, depressões e outros distúrbios mentais não têm duração padrão: dependendo das terapias e das medicações, tanto podem desaparecer rapidamente quanto podem piorar e durar toda a vida de uma pessoa, em casos mais graves podendo levá-la inclusive ao suicídio. Não são, portanto, assunto para brincadeiras nem se prestam a qualquer comparação com as conseqüências negativas que podem gerar um ?mau? candidato eleito.

Finalmente, a propósito do conceito de bom ou mau candidato, faço minhas as palavras do sociólogo Denis Rosenfield, que em artigo no Globo e no Estadão de 01/09 se insurge contra a pretensão que têm os nossos governantes de definir, de cima para baixo, aquilo que é bom para o cidadãos, esquecendo-se de que estes têm, antes de tudo, o direito fundamental do livre arbítrio.

Em meu entendimento (já que eu, pelo menos, faço uso da minha liberdade de opinião) não tem cabimento o TSE falar em bons ou maus candidatos, mesmo porque o que é bom para um eleitor pode ser ruim para outro. Democracia implica respeito a opiniões divergentes e o TSE devia ser o primeiro a saber disso.

Cabe ao tribunal eleitoral simplesmente cumprir suas funções e obedecer às leis. E, para isso, divulgar o calendário eleitoral, impedir que malfeitores se candidatem, zelar para que a propaganda eleitoral obedeça às regras estabelecidas e, sobretudo, fiscalizar para que não haja fraude nas eleições e nas apurações.

Não é preciso contar nenhuma historinha pretensamente engraçada (ou de mau gosto), como estas, para tentar mostrar que é importante votar, mesmo porque o voto é infelizmente obrigatório no Brasil e, gostando ou não de política, os cidadãos precisam ir até lá e apertar o botão ou então justificar.

Por tudo isso, as metáforas e piadinhas são totalmente desnecessárias, inoportunas e inadequadas para a comunicação de um tribunal. Espero que não precisemos esperar quatro anos para ver o TSE cumprir o seu papel à risca, com seriedade e dignidade - e apenas isso. Até porque teremos outra eleição, mais importante, em dois anos.


(quatro anos é muito tempo, do silvio lefèvre, no seu derrapadas de marketing)

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quarta-feira, setembro 10, 2008

mamão cdf encrua antes de se tornar marrento

mendonça filho parece ser boa gente. tem aquela cara de cdf. de quem esforça-se no que faz. mas há vários tipos de cdf. de cínicos outsiders aos gênios loucos. e os que de tanto quererem ser bonszinhos tornam-se mamão. ainda assim, filho teria o perfil que qualquer pai de centro-direita ou especialista em marketing político gostaria de gerir: modelo cara de bom moço com referências familiares de porta retrato. mesmo apesar de integrar o dem. que de democrata tem muito pouco tamanha quantidade de gralhas e corvos que grasnam pela sigla. mas nada que uma boa polida de jeito não disfarce tal azinhavre. afinal, "marketeiro" não serve para isso mesmo ou não foi para este desvio que a maioria conduziu a atividade?

porém, quando vai para a tv, a casca do mamão engrossa ou melhor afina. uma fonoaudióloga deveria ser chamada com urgência para corrigir um certo esgar que lhe delineia a boca. mendonça não tem uma figura convicente à determinação de quem almeja o papel de comandante de uma cidade. surge sempre tenso, o que configura pouca verdade: senão na crença, na elaboração do discurso onde, ora titubeia, ora é manco. e quanto tenta ser enérgico, torna-se canastrão, o que dilui ainda mais a possibilidade de construir a aura de capitão a altura do leme onde pretende botar a mão. e a coisa está piorando para falta de pedaladas bem piores do que aquelas dadas num passeio que configura o fake pra lá das cameras. afinal, não se tem notícias, como faz o gabeira, que no dia-a-dia mendonça use as duas rodas como transporte. nem integrando aquela falsa turba que engarrafa as proximidades do fiteiro com suas luzeszinhas de falsos-vagalumes a surrupiar o asfalto de outrém. depois das caminhadas por roteiros que só são pisados em tempos de campanha, surgem agora as pedaladas. e olhem que ainda estamos em começo de guia.

dizia o mendonça que sua campanha seria propositiva. mas como o ibope, data-folha, não lhe presenteou com números ungidos, eis que nos presenteia com o raciocínio do denuncismo sub-reptício que marca todas as campanhas. surge uma porta-voz feminina que ivoca a figura de uma secretária de estado que expôe na pele o sentimento insinuado e insuflado das certezas da dúvida, a realçar a experiência do mendonça, que foi vice e governador tampão, contrapondo isto como mérito ao demérito da inexperiência do joão da costa, um pau mandado segundo tal discurso.

acontece que no afã de empalar o joão, a turma do mendonça engasgou-se a sí mesmo. os redatores de tal discurso esquecem que ser vice no brasil já foi configurado como o ápice da inutilidade, o que o próprio alencar reconhece com muito savoir-faire. e alardear experiência num mandato que foi conseguido por abandono do titular no finzinho do jogo, não parece ser credencial para quem estava atrelado a programação antecipada de despejo do cargo. se joão da costa é inexperiente na execução daquilo que planejou?(ou seu planejamento enquanto secretário tem o mesmo sentido fake do vice atuante?) o que dizer do vice e gov. papagaio de pirata? estrategistas de campanha, e seus implementadores precisam ser menos crédulos no poder das dubiedades que intentam.

há que se observar um travo que permeia a campanha, com sérias implicações ideológicas. a assunção do papel por mulheres negras de fritadeiras de candidato e portadoras do discurso que coloca em cheque os demais contendores, esconde uma sacanagem perversa. na pele de quem mais se diz identidade de raça mais próxima ao desprezo do povo sendo ele mesmo o desprezado. a missão destas reveste-se de um tom de denuncismo com laivos de dedo-durismo de cujo papel brancos são poupados, ainda que algumas vezes apareçam. o tom destas e a cor do discurso diferem bastante do candidato negro, edilson, do psol, que não carrega tal estigma. sem nem por isso renunciar as suas convicções e ao brilho da sua cor pessoal e ideológica.

o que cada vez mais se configura nesta campanha, é o de sempre. a mesma forma ideológica que sublima o discurso da democracia, é a mesma que manipula seu conteúdo ao nível da comunicação. comunicação que quanto mais se quer elucidadora, mais propositadamente equivocada se torna. o que, obviamente - mas não para todos - só favorece urdiduras de todos os lados e nunca a verdadeira democracia que sucumbe ao produto da manipulação encampada por e dos candidatos.

(ainda esta semana: kátia telles: a national kid do guia eleitoral).

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segunda-feira, setembro 08, 2008

somos todos derrotados ou na veia : o soro da morte de raul ou seria o sono mortal do cochilo?

"o candidato promete fazer tudo pela paraíba mas já começa fazendo a campanha com agência de fora".

o copy acima é dos anos 80. mas poderia ser bem aplicado ao que acontece nas campanhas em pernambuco, que se tornou a capital do marketing político baiano. não se trata de xenofobismo gratuito. mas não há em pernambuco profissionais eficientes para além dos auto-elogios, das mutretas colunáveis, das igrejinhas dos mais dos mesmos? que possam gerir a campanha dos candidatos a domadores do leão do norte? nesta hora, o que fazem as comadres que frequentam a lista do ccpe? oferecendo chapinhas e demais gadgets do terceiro mundo para além da emissão de opiniões em sua quase totalidade genuflexórias e lambe-cus? nem para defender o mercado municipal? clube de criação existe também pra isso. para ter voz , se fazer ouvir(ser consultado),e fazer pressão. isso quando obviamente existe um clube de homens e mulheres respeitáveis, e interessados em responsabilidade social, para além do discurso(e não no social de festas de lesmas). mas esperar o quê? de quem não consegue sequer colocar um site no ar - daqui a pouco completa uma década - mas tem a cara de pau de criar e-mails ccpe.com.br, que são o envelopado endereço de gente que é o que não é? clubes de dominó da esquina marcam mais presença, portanto.

mas isso não é o tema da semana. não vale a pena. nem a da galinha nem a outra. vamos pra campanha. mais especificamente o guia, onde os candidatos e seus milionários contratados produzem besteiras de tal tamanho, ao que tudo indica para se tornar condizentes com seus salários de altos e baixos.

raul henry literalmente pegou na veia para mostrar o que seria a celeridade da saúde no recife, se chegar a prefeitura.

se chegar a prefeitura a matança vai ser geral. e por quê? porquê com o soro* descendo aquela velocidade não há coração que guente. nem inteligência. nem tolerância a tamanha ignorância. chega-se a pensar se não é realmente inconscientemente propositado. para um candidato em situação desfavorável desde a proposição, há que se cuidar deste tipo de insight que vai levar alguém à sepultura, senão o próprio candidato. henry, anunciou-se como o anjo da morte. e se um candidato aprova uma analogia destas merece chegar a prefeitura? no coments. até porque, de onde saiu esta, deve ter muito mais ou não?

o fato é que foi uma baianada sem tamanho ou mais uma queirogada daquelas? muitos há que não duvidam. o fato é que não se viu mais a tal peça "criativa" no ar. o choque anafilático teria sido sentido por alguém?

* para quem não viu o comercial, a peça mostra em destaque um "equipo micro-gotas" (aquele pequeno recipiente intermediário onde há uma espécie de conta-gotas regulável que controla o fluxo do soro para sua entrada na veia) enquanto a locução-off discorre sobre os problemas na lentidão no atendimento a população em questões de saúde. logo a seguir o fluxo das gotas passam a correr aceleradamente, quase contínuo, associadas como demonstrativo visual da mudança do estado da saúde no município sob uma pretensa prefeitura de raul.
o curioso é que a velocidade "lenta"(o fluxo a conta-gotas) no caso do soro, é o fluxo ideal. em têrmos semióticos significa um elogio a prefeitura atual e um enunciado de até que ponto chega o desvairio a quem pretende-se prefeiturável de eleição a velocidade de tais gotas. candidato com perfil das elites parnamirescas e casaforteanas, raul henry, sem ter nada a acrescentar - o compaz, por exemplo não passa de um ciep requentado - acercou-se do padrinho jarbas. mas esqueceu que votos são conquistados por medula própria. e ainda que sonhados por transfusão, tem uma velocidade de fluxo que nunca seria de enxurrada no seu caso.

ao expor sua veia de comunicação assim, o candidato assina em baixo que não é capaz de cuidar sequer dos seus próprios males. a não ser que se ache mérito naquele(s) que transforma(m) placebo em veneno.

próximo post: mamão cdf encrua antes de se tornar marrento
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domingo, setembro 07, 2008

a brazilian perfect day(serve também para o dia de eleição)

Já que é Sete de Setembro, vamos celebrar. Vamos celebrar a estupidez humana, a estupidez de todas as nações. O meu país e sua corja de assassinos, covardes, estupradores e ladrões.

Vamos celebrar a estupidez do povo, nossa polícia e televisão. Vamos celebrar nosso governo e nosso Estado que não é Nação. Celebrar a juventude sem escolas, as crianças mortas. Celebrar nossa desunião.

Vamos celebrar Eros e Tanatos, Persephone e Hades. Vamos celebrar nossa tristeza. Vamos celebrar nossa vaidade.

Vamos comemorar como idiotas, a cada fevereiro e feriado, todos os mortos nas estradas. Os mortos por falta de hospitais.

Vamos celebrar nossa Justiça, a ganância e a difamação. Vamos celebrar os preconceitos, o voto dos analfabetos. Comemorar a água podre e todos os impostos, queimadas, mentiras e seqüestros.

Nosso castelo de cartas marcadas; o trabalho escravo; nosso pequeno universo. Toda a hipocrisia e toda a afetação. Todo roubo e toda indiferença. Vamos celebrar epidemias. É a festa da torcida campeã.

Vamos celebrar a fome. Não ter a quem ouvir, não se ter a quem amar. Vamos alimentar o que é maldade. Vamos machucar o coração.

Vamos celebrar nossa bandeira, nosso passado de absurdos gloriosos. Tudo que é gratuito e feio. Tudo o que é normal. Vamos cantar juntos o hino nacional (a lágrima é verdadeira). Vamos celebrar nossa saudade, comemorar a nossa solidão.

Vamos festejar a inveja, a intolerância, a incompreensão. Vamos festejar a violência e esquecer a “nossa gente”, que trabalhou honestamente a vida inteira e agora não tem mais direito a nada.

Vamos celebrar a aberração de toda a nossa falta de bom senso. Nosso descaso por educação. Vamos celebrar o horror de tudo isto com festa, velório e caixão. Tá tudo morto e enterrado agora, já que também podemos celebrar a estupidez de quem cantou essa canção.

(com exceção da primeira frase, o texto é de Renato Russo (* 1960 / + 1996), e foi escrito em 1993. a publicação, muito apropriada, foi do gonzalo pereira, no acontecendo aqui, do dia 05 de setembro, sob o título é sete de setembro, vamos celebrar)

nesta segunda : somos todos derrotados ou na veia : o soro da morte de raul ou seria o sono mortal do cochilo?

terça-feira, setembro 02, 2008

não tem pra ninguém, ninguém merece, sobra pro zé ninguém ou ninguém é de ninguém?


“bom o suficiente é bom o suficiente se os seus padrões são altos o suficiente” steve frykholm.

a crise de redatores anda braba(a de caráter ainda mais). copy então, só no livro acima e os do mohhalen. ainda assim, depois de uma década de “gritos visuais”, volta-se a discutir a importância do texto ou da falta dele para a propaganda (comunicação off e on line).

a julgar pelo conteúdo de alguns textos, que sequer podem ser classificados de sofríveis, tamanho o uso de passagens por lugares comuns, chavões, ideias feitas, analogias descascadas, estereótipos chinfrins e por aí vai. enfim: tudo aquilo que não se espera no texto de um copy produzido por profissionais. fica difícil escolher um mau exemplo tamanha a profusão deles. mas vamos a este que se segue, pela dita importância dos envolvidos e pela imagem que ambos cultivam ou aparentam ter, apesar da bota não bater com a perdigota quando se aperta o crivo.

“os pernambucanos não tiram os olhos da globo.

a globo nordeste é líder no coração dos pernambucanos. essa liderança foi conquistada com a qualidade da sua programação e o respeito pelo telespectador. sempre procurando oferecer o melhor e investindo na programação local, na globo nordeste você encontra o melhor do jornalismo, entretenimento, esporte e cultura, tudo com o olhar de quem é daqui.

é por isso que podemos dizer que a globo nordeste é líder em gênero, numero e grau.

não tem pra ninguém. liderança você vê por aqui.
globo nordeste. pernambuco no coração."

o texto com assinatura da decana ítalo bianchi já não espanta, tamanha decadência frente aos padrões de qualidade que já impôs ao mercado. marca de referencia reconhecida nacionalmente no passado, para alguns ainda o é. mas com um texto destes(e não só) duvida-se que uma agência mesmo em operação-padrão, permita que algo assim vá à rua. afinal, não tem pra ninguém é arremate de texto que, por maior que seja o cochilo de uma direção de criação que assine isto, nos faz duvidar, com otimismo, que não hajam talentos capazes de produzir um texto com algo mais do que conseguiria o estagiário do jurídico e ou secretariado. então porque raio não produzem? a começar da própria direção?

algo leva a crer que cada vez mais aposta-se no desvio que se implantou no mercado: aquele tipo de agência com a mentalidade que produz trabalhos de encomenda para refletores(os famigerados prêmios) e os de segunda linha para o dia a dia(vê-se isso por exemplo no que o grupo nove, outra decana, faz para o shopping boa vista, outro mal exemplo de tudo, principalmente no impresso e eletrônico). se isso é feito propositadamente, porque tais clientes não valem a pena do ponto de vista criativo ou financeiro, ou por desleixo, não é o busílis. por quê em qualquer dos casos o resultado é a eleição da mediocridade como princípio de troca ao soldo barato o que descaracteriza por completo o compromisso de uma agência para com os clientes e acima de tudo com o seu trabalho: que é oferecer diferenciação criativa qualificada não importa o preço pago.

cabe repetir: não que se duvide da capacidade de ambas em produzirem peças de qualidade(raríssimas cada vez mais). o que se duvida – mas não tanto, já que é assinado – é que tais “griffes” da propaganda botem na rua algo que nem como rough se admitiria em agencias que prezassem um patamar mínimo de qualidade, de acordo com os princípios do “ resist the usual”, “change the rules” ou o muito citado e nada empregado disruption. como diria o bardo, eu, se escrevesse textos iguais ao deles seria apedrejado. como não, pedra na moleira por outros toques.

aliás, a crise do texto é tão grande, que até blogs com o padrão de qualidade infobox são saudados como muito bons por ensinarem como é feito(o mal feito) que é adulado como perfeito por especimens desavisados ou gozadores de outras glosas bajulativas.

enfim, como forma e conteúdo estão intimamente ligados(não estou me referindo ao leiautes horrorosos - conheces o diretor de arte pelo que faz no all type) onde fica o tal respeito ao consumidor? e a preocupação em oferecer o melhor? como anuncia a globo, no momento em que comenta-se (e foi publicado) que sentindo sua liderança ameaçada por transmissões do futebol de "terceira linha"( no caso jogos do santa cruz) impediu via pagamento ou propostas aos mandantes de campo para que negassem a transmissão dos mesmos pela tv universitária - que vinha obtendo bons índices - caracterizando um desrespeito tão ou mais grave do que produz na sua própria programação ao impedir a livre expressão de outra. combatendo-a com grana e não talento. o que significa dizer que na na hora do rush vale a prática da contra-mão incluindo o guide-line que lustra os profissionais do ano.

ora, se até o "nada substitui o talento" foi substituído por outros expedientes para evitar que pernambucanos dispostos a tirar os olhos da globo o façam, desde que tenham opção,
como exigir isso das agências?(se bem que isto é auto-exigência) se o próprio cliente o substitui por outros conteúdos que ditam uma programação cada vez mais medíocre. neste caso, a sua comunicação deve também substituir o talento? até que ponto? e se o talento deva ser substituído? a deontologia invariavelmente cai por tal contexto também?
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