quinta-feira, junho 30, 2005

ensino básico

adoro ser enganada pela publicidade. desde que bem. professôra de primeiro grau, em são paulo.

a boa, que não é antártica, argh!

deveria ser uma coisa que todo mundo soubesse o que é. mas a julgar pelo que anda sendo feito, ninguém sabe o que é nem como se faz. talvez algumas opiniões recolhidas ao longo do tempo ajudem a geração dos sem memória, sem gosto, sem culhão, sem voz, sem salário, sem emprego a intentá-la, pelo menos.

boa publicidade é aquela que faz o consumidor rir e o concorrente chorar. mauro perez, então diretor criativo da talente.

boa publicidade é aquela que não é feita para o nosso mundinho. boa publicidade é aquela que não tem cara de publicidade e linguagem de festival. boa publicidade é aquela que parece tudo, menos publicidade. boa publicidade é aquela dá resultado no caixa do anunciante. agnelo pacheco, presidente de criação da agnelo pacheco.

boa publicidade é a que você não tem vergonha de dizer que fez. ou a que você tem raiva de não ter feito. tetê pacheco, então redatora da w.

boa publicidade, para mim é aquela que me dá inveja. a inveja que bate no fundo da alma, mete o pé na porta e pergunta: por que não fui eu quem fez isto ? como acho que a inveja é um dos sentimentos mas autênticos do homem, a uso como sensor. ruy linderberg, então vp de criação da y&r.

justiça seja feita à má publicidade. ela também funciona. só que funciona como uma arma convencional. você tem de gastar muita munição e atirar sem parar. já a boa publicidade é como uma bomba atômica. umazinha e já faz um estrago enorme nas linhas inimigas.além disso, como toda arma atômica, a boa propaganda é radioativa: seus efeitos duram anos e anos. estão aí o primeiro valisère, o fernandinho da u.s. top e a campanha da brastemp que não me deixam mentir. anunciantes deveriam ter pela boa publicidade a mesma obsessão que generais tem por programas nucleares. eugênio mollahen, então redator, na talent.

boa publicidade é aquela que faz você desistir de fazer xixi enquanto espera a volta daquilo que realmente optou por assistir. ou que evita que você vire a página imediatamente assim que termina de ler algo de seu interesse. o resto é com o produto. sérgio franco, então redator da lowe, loducca e partners.

boa publicidade é aquilo que todos clientes querem, mas apenas uns poucos permitem que se faça. zezé brandão, sócio-diretor de criação da lage& magy.

boa publicidade é aquela não precisa provar. nem que é boa, nem que é publicidade. celso muniz, nem me lembro onde e porquê.

o preço da felicidade

a má publicidade é sempre mais cara que a boa publicidade. joão daniel

reminder

eles podem esquecer o que você disse, mas jamais se esquecerão das sensações que despertou. carl w buechner in formulas secretas do mago da publicidade, futura, 2000.

visto de entrada

dormindo, já adulto, freud fazia xixi nas calças. cultura de verniz.rmb.

a gangorra de cannes: a saga continua

a julgar pelo que escreveu o marinho, postado ontem – a gangorra de cannes 2 - fica-se com a falsa impressão de que finalmente descobriu-se que a publicidade( a comunicação) só não basta. e que chega de monólogos.

que é nececessário neste tempo de bits e bytes, post-its e sms, e mais meia dúzia de novidades, principalmente os blogs - que eriçam apenas a uma minoria – tem mais gente criando blogs do que lendo - a interatividade, para que a publicidade faça o mínimo efeito nestes novos tempos. e mesmo assim, já tendo de contentar-se com o papel de coadjuvante ou de alicerçe para outras mídias.

“A idéia passa pela destruiçao da linha que separava as disciplinas situadas 'above' e 'below the line' e pelo aproveitamento das características interativas de mídias como internet e celulares.”. alias, já vão longe? os tempos em que o brasil, pelo menos, o below era tratado abaixo de cão(diretor de arte que se prezasse não o fazia) mesmo que ele fosse de segundo escalão.

“a grande maioria reconheceu que, nestes tempos eminentemente digitais, toda forma de comunicaçao que nao substituir o monólogo pelas conversas entre marca e seus públicos, estará em desvantagem”.

cá no brasil, o estranhamento bateu fortemente nalguns comentaristas do festival pela fato de não haver nem um leãozinho no direct e tampouco no mídia,itens que pressupõem justamente uma interatividade ainda mais funcional e comensurável.

todavia uma questão tem passado ao largo do nosso ponto de vista. não é que esteja havendo falta de interatividade, apesar, sem dúvidas, de se ver um sem número de profissionais que despreza novas ferramentas e as possibildades de seu uso – é que tem gente fazendo copy-paste de texto de anúncio para mídia impressa para uso em veículos que não comportam a linguagem, assim como o hábito em fazer o copy do texto do comercial de tv para o radio, deixou o rádio no estado em que está(o radio não envelheceu, na verdade parou na adolescência).

agora imagine, imagine não, que isto está sendo feito em comunicação digital, porque não basta apenas sintetizar o texto da mídia impressa para o meio. é preciso gerar idéias para o meio, considerando-se as possibilidades da sua linguagem o que não se consegue apenas com o pensamento de web-designers e suas extensões. o click da interatividade é determinado sobretudo pelo talento. pelo talento publicitário, como já dizia o marcelo serpa em post aqui publicado – o dinamarquês - porque basicamente a interatividade se consegue ativando o interesse que é determinado pela história contada.

muito mais que falta de interatividade, “ o excesso de monólogos ou a monocordia da publicidade que se vê é a falta realmente de boas idéias, em suma de boa publicidade dentro e fora das agências, de attitude para além do estigmatizado e dos patterns conservadores que ditam os critérios de salvação do negócio – boa constatação de que os donos de agência são conservadores, eu diria reacionários – quando os critérios deveriam ser desenvolvimento, e avanço do negócio.

“os clientes de hoje, exigem de nós mobilidade, personalizaçao, diálogo, entretenimento, controle e experiências,” já que o consumidor não fica mais atávico e passivo, portanto muito mais difícil de atingir. uma vez que ele não fica o tempo todo em casa esperando para ser atingido, já que ganhou a capacidade de determinar o que quer ver e como ver. – o que não tão verdade ainda para a grande maioria dos consumidores, pelo menos de determinados segmentos.

e aí me vem as extraordinárias palavras do bill bernabach quando diz que “ foram necessarios milhões de anos para que o homem se tornasse o que é. o ser que desenvolveu um sentimento de apego a família( seja ela o velho ou novo modelo)e uma necessidade amar e ser amado, proteger e ser protegido o que, digo eu, não mudou e provavelmente, se mudar, levará umas boas gerações.

como nos disse muito bem bill, os redatores e diretores de arte – eu diria também planejajdores, mídias, enfim publicitários -que tiverem talento, conseguirão mexer com as pessoas. os que não, não conseguirão.

não é o desconhecimento dos novos meios que tem tornado a publicidade desinterativa, ressalvando que obviamente a grande maioria dos mercados, principalmente o brasileiro, ainda se fundamenta nos critérios de traficância de espaço, e o que é pior, conceitualmente pobre, atrelado a veículos pobres- que não conseguem inovar no conteúdo – veiculando idéias pobres, geradas por uma mão de obra empobrecida cada vez mais pela mais absoluta falta de possibilidades ditadas tanto pela falta de tempo – a imersão necessária a identificação real dos problemas do cliente; de absorção também de novas tecnologias – e também pelos critérios de contratação, remuneração e manutenção.

a idéia de manutenção do negócio permanence a mesma dos anos 60. e a idéia sobre o que é uma boa idéia de comunicação publicitária foi murchando porque simplemente aqueles que ainda se mexem só querem abrir os olhos para o novo, querendo provar a meia dúzia de que estão up-to-date, daí tantas besteiradas, como anunciar open space como se isso fosse novo – e resolvesse problemas do clientes - sem ter o menor open mind.

os grandes problemas de hoje, para além da prostituição, da enganação, da má remuneração,
é que os ditos líderes não conseguem ver as mesmas coisas com novos olhos, com novos ângulos, muito mais importantes nestes tempos em que começam a surgir novas possibilidades que no fundo são as mesmas de sempre.

a base da boa comunicação, publicitária ou não, sempre foi a boa idéia e a ousadia empregada na medida exata da relação entre emissor e receptor.

isso, não mudou com o advento das novas tecnologias. o que mudou é “finalmente tem gente descobrindo” que a pobreza de idéias não vai ser resolvida pela riqueza de novas tecnologias.

e que as boas idéias deixam de ser boas idéias, não pelo passar do tempo mas sim pela falta de uso.

para bom entendedor uma imagem basta

a truca mostra-me o diretor geral da fcb, o diretor criativo executivo e, justo, talvez os únicos justos, o ícaro e roque a receber o leão d´ouro em cannes. não faltou também a senhora da recepção, o paquete, o tipo da produção, o entregador de pizza e o rafeiro que faz ponto alí no marquês ? e os pardais e as pardalocas das águas furtadas mais próximas ? caramba ou seria galamba !? bem, pelo menos não houve a patriotada das bandeiras brasileira ou portuguesa desfraldadas. houve ?

visto de saída ou ontem como hoje

durante a inquisição espanhola, bem como a portuguesa, a homossexualidade era encarada como “heresia” e o castigo preescrito eram, em geral a “ relaxação”, cujo ameno nome encobre um significado nada relaxante: a queima na fogueira;havia também penas de açoitamento e gales – mas nenhuma delas era aplicada aos clérigos homossexuais, tratados de modo bem mais brando. em nada homofóbico, o post it quer se referir a maneira como a igreja sempre protege os seus, vide os casos de pedofilia, e fode, sem dó nem piedade os outros. amém?

terça-feira, junho 28, 2005

bola de cristal

o problema do nosso tempo é muito simples: o futuro já não é mais o que costumava ser. paul valéry (1871-1956)

a gangorra de cannes 2 - segundo o marinho do bluebus

0 Festival de Cannes deste ano será provavelmente lembrado como aquele que marcou uma das mais importantes guinadas na comunicaçao de marketing dos últimos anos. Ninguém disse por aqui balelas do tipo "a propaganda tradicional está morta". Mas a grande maioria reconheceu que, nestes tempos eminentemente digitais, toda forma de comunicaçao que nao substituir o monólogo pelas conversas entre marca e seus públicos, estará em desvantagem.

A idéia passa pela destruiçao da linha que separava as disciplinas situadas 'above' e 'below the line' e pelo aproveitamento das características interativas de mídias como internet e celulares. A publicidade muitas vezes terá que aceitar o papel de coadjuvante, funcionando como teaser para campanhas que terao a web como veículo principal, como fez a Volvo com 'Life on Board'. Em outras ocasioes, trocará a TV por diferentes mídias, como a Orange fez com o cinema. E, na verdade, até mesmo na linguagem a publicidade poderá experimentar ainda mais, emprestando do jornalismo, dos blogs, da música e dos vídeogames conceitos importantes. Integraçao é a palavra chave.

As transformaçoes que afetarao profundamente a publicidade tradicional nos próximos anos nao surgiram espontaneamente da convicçao dos líderes do setor de que deveriam trilhar novos caminhos - afinal, a maioria dos líderes, publicitários ou nao, tendem a ser conservadores. A mudança está sendo imposta pelo consumidor, que como todo mundo sabe, é quem tem agora o controle do processo nas maos.

Esse consumidor que está sempre em movimento - e nao mais em casa, na frente da TV, em horários pré estabelecidos - é por isso mesmo mais difícil de ser alcançado pelas mídias tradicionais do que foram seus pais e avôs. O excesso de ofertas e as novas tecnologias a sua disposiçao fazem com que ele escolha a mídia, o conteúdo e o horário em que deseja assistir seus programas. As ferramentas de conexao, especialmente a web e os celulares, estabelecem junto a esse consumidor um hábito interativo difícil de ser reproduzido pelo modelo convencional de comunicaçao. E, finalmente, a hostilidade do mundo e o altíssimo nível de estresse a que está submetido, levam esse novo consumidor a privilegiar diversao, fantasia e escapismo. Como afirmou Bob Greenberg em sua palestra, os nossos clientes exigem de nós mobilidade, personalizaçao, diálogo, entretenimento, controle e experiências.

É importante ressaltar que a publicidade tradicional foi atingida, questionada e instada a se renovar dentro do seu próprio Palácio, durante a sua festa maior, na presença de alguns dos seus mais significativos líderes. Isso, sem dúvida, amplifica o significado das discussoes este ano no Festival de Cannes.

A pergunta que nao quer calar é - e no Brasil, isso tudo vai também acontecer? Bem, se foi mesmo o consumidor que impôs essas mudanças ao conteúdo e aos meios de comunicaçao, logo esses apelos vao adquirir, também em nosso país, força para mudar a cara da nossa publicidade. As resistências devem ser especialmente grandes no Brasil, onde o triângulo formado por agências ambiciosas, veículos poderosos e executivos de marketing cautelosos demais, desestimula todo e qualquer processo de renovaçao. Além disso, sempre haverá alguém para lembrar que a penetraçao de internet, banda larga, DVRs e TV paga no país ainda é baixa.

políticas empresariais

deve-se se ter em mente que não há nada mais difícil de executar, nem de processo mais duvidoso, nem mais perigoso de conduzir do que iniciar uma nova ordem de coisas. maquiavel

segunda-feira, junho 27, 2005

fim de tarde

que aldeia é esta em que me perdi. kafka, o castelo

gangorra de cannes

amanhã, com bill bernach à cola. prefiro do que chamar balanço. de repente o óbvio tornou-se ululante. mas pômbas! até o idiota aqui já vinha avisando e dessa v ez ninguém pode negar que não. e as primas donas do mercado - os traficantes de espaço - como trambicarão na nova realidade. nova ? tá bom, fica combinado assim.

pára pedro, pára

a chuva engorda o barro e dá de beber aos mortos. dalton trevisan, 99 corruíras nanicas. l&pm pocket 2002

como me tornei estúpido

do martin page. segundo a resenha da cultura, para antoine, o personagem principal do livro, a ignorância é uma virtude, pois a inteligência e a consciência crítica se transformam em empecilhos para alcançar a felicidade na sociedade atual. desta maneira o anti-herói decide investir na idiotice como forma de sobrevivência. 136 páginas, 22 paus. por enquanto vou relendo o bouvard e pecuchét. de quem ? não sabe. eu heim!? pede de volta o teu dinheiro gasto na faculdade.

có-có-ri-có

mas veio um tempo negro e a força fez comigo o mal que a força sempre faz. não sou feliz mais não sou mudo hoje canto muito mais. galos, noites e quintais, belchior.

domingo, junho 26, 2005

change the concept. resist the usual

a minha última experiência em agência não foi algo mais do que um tumor na axila que durou 7 dias a mais do que 45. mostrou-me que o tempo passa e a canalhice, a estupidez, o mau caratismo, o travestimento do amadorismo em números, glorificados em tabelas de excel, tem se aperfeiçoado a tal ponto que haja quem acredite que isso é parâmetro de eficiência em comunicação de marketing. vai ser auto-sugestionado assim nas caraíbas.

mas não estamos aqui para falar nisso. queremos falar dos leit-motivs que dão o título. segundo alguns, firulas para espoliar e expor jovens quixotescos, porque negócio da comunicação publicitária resolve-se de outras maneiras. mas convenhamos que uma agência que tem como bandeira o “ resista ao usual”, a mesmice, ao lugar comum, no popular, e cujo trabalho faz isso, senão no todo, em boa parte, nós dá vontade de segui-la. é o que devem fazer seus clientes. como a maioria das agências só tem discurso, e atitudes pra lá de escusas, o resultado é o que não se vê - outros posts a seguir.

hoje vamos falar de jovens criativos. já não tão jovens assim, porque deformados numa casa que não forma. e já tão cheios de vícios, ranços e cicatrizes que vejo neles mais rugas do que as minhas. mas estes jovens ensinaram coisas. a principal delas, é que o comodismo não é mais coisa dos maduros na fonte. dos já não tão jovens ao muito jovens, já lhes afeta a coluna. longe vão os tempos de citar bernard shaw “ quando não se é um revolucionário aos vinte, certamente se será um canalha aos quarenta”, o que já fizemos nos carbonários. idem, “ o triste tempos em que os revolucionários tem mais de 75 anos”. mas calma. revolução em publicidade dá-se apenas por conceitos mais ou menos ousados. não mais que isso. no máximo por pequenas atitudes que definem uma carreira. não é preciso empalar o seu diretor, com clarezas que lhe dê cólicas.

de saída tento combinar com a “ minha ex-criação” uns copos na bodega do veio lá na rua do amparo. convido-lhes a sentar o rabo na calçada da mesma rua, e ver a vida sob outro ângulo na base duma redonda acompanhada do melhor queijo do reino da cidade num face to face com salame. o lugar, apesar de ter algo folclórico não o é artificialmente. tem no cardápio um pouco de tudo. laboratório sempre bem vindo a homens de comunicação. a anciã que ainda dança frevo por horas, provavelmente em pleno auge dos seus 80 anos. a jovem lésbica de tez tão branca e sisuda, escondida sob o cabelo “ maria-joão”, mais ainda assim tão feminina na leveza dos seus traços. o maluco da rua, os professores da universidade próxima, a turma do tamos aqui pra ver, incluindo alemães, franceses e italianos, que ensaiam seus primeiros passos de forró. um verdadeiro parque de diversões de ingresso quase livre e muito barato.

a maioria dos criativos, por puro comodismo, prefere continuar a beber no bar do branco, pé de escada, alí pertinho, do seu endereço em boa viagem, local onde tantas vezes pensamos que poderiamos fazer melhor e não fizemos nada melhor no guardanapo. um deles, mais taciturno e tido como reserva moral, conclama para o “ meio-termo”, mora na “ avenida norte “ e chama para o bar perto de casa. eu, que já havia me deslocado de olinda para boa viagem para tomar-mos copos, agora a paisana, apenas limito-me a observá-los e aprender umpouco mais. não conseguem fugir dos bares que frequentam por toda uma vida. se não for no branco, seria no bode , ou no “lava-jato “. fim de semana sempre em porto de galinhas, cujo título consecutivo de melhor praia do brasil, por quais critérios, mais parece prêmio colunistas do turismo.

e nada, nada de novo ? o resist the usual, o change concept, não consegue se internalizar nas mínimas vontades. tão jovens e não conseguem romper a barreira da inércia nas mínimas coisas. e isto não e ranzizice dos mais vividos. é apenas uma observação do simbólico somados aos atos repetitivos do seu cotididano. faltou falar do lanche sempre na paladaria.não percebem eles que a sua vida torna-se cada vez mais lugar-comum. e que isto se refletirá no seu trabalho ou talvez o seu trabalho – onde todos sentem-se frustados, desvalorizados, impotentes, imagine isto para alguém que se dedica a criação - quiçá pelo ambiente mediocremente castrador que já os prostou de tal forma que não conseguem vencer a inércia no simples ato de mudar de bar. e olha que sou um bêbado que a medida que aumenta a graduação alcóolica vou me tornando mais agradável, o que torna meu convite fácil de ser digerido. infelizmente ou felizmente não posso embriagar-me diuturnamente para tornar as coisa mais fáceis. e permaneço a maior parte do tempo sóbrio para valorizar o contraste.

que terrível presença os influencia na vida fora da agência? tornando-os incapazes de fazer coisas simples de maneira simplesmente diferençadas? se não conseguem quebrar hábitos, muito mais resistentes do que se nos apresentam em nosso trabalho, como por exemplo solucionar campanhas para mudar hábitos alimentares, sociais ou sexuais, tremenda enrascada que vez em quando nos destinam em jobs com briefings de muitos braços sem mãos, que farão? mais do mesmo? o de sempre ? dá-me uma sensação estranha. quase vejo neles linhas de marionetes.

muito antes de ler “e se ? como iniciar uma revolução criativa no trabalho” – e não necessariamente no trabalho publicitário - do dave allan, matt kingdon, kris murrin, daz rudkin, da best seller, 2000, que narra as peripécias da what if, empresa que concebeu e experimentou um método peculiar de incentivo e desenvolvimento, para sí e para outras, praticava uma receita simples que o livro concidentemente traz: o fazia uma vez a cada quinze dias –quando muito enrascado, uma vez por mes. o pessoal da what if todas as sextas: “ o trabalho pará em toda a empresa, para que todos possamos passar a tarde numa sessão de estimulação. “ um sistema rotativo de planejamento e organização de maneira que possibilita que todos tenham sua vez. aí todo participam de uma atividade que em circustâncias normais nãopensariam fazer e que, de preferência, os deixam desconfortáveis. do tipo jogar bingo com aposentados, tocar tambores com bailarinos africanos(eles estão em londres), consultar cartomantes, serem tatuados, mesmo que seja de renna, andar em brinquedos apavorantes em parques temáticos, participar de rituais ocultistas, fazem compra em supermercados japoneses, sessões de reiki, etc,etc, tudo para incrementar o estoque de estímulos.

o simples fato de pegar um ônibus e ir almoçar em águas compridas ou na feira de peixinhos, por exemplo, pode te trazer insights muito mais criativos e estimulantes do que almoçar no yolanda. a menos que você esteja na fase do deslumbramento. mas aí, meu nego, pelo menos escolha um restaurante melhor. não seja um noveau riche, escolha pela gastronomia, nouvelle cuisine, por exemplo, se existir em recife. e não pelo preço, para evitar que seu anfitrião palite os dentes à mesa, o que é muito provável e nada criativo.

mas a minha ex-criação não consegue vir tomar umas cervejas na bodega do véio, mesmo de automóvel — vir de ônibus seria muito mais estimulante, quem sabe ouviriam conversas donde podem ser extraidos diálogos hilários ou muito sérios para um próximo comercial? achar aquilo que falta na linguagem do spot de rádio.e fico pensando que foi para eles que mostrei o portfólio da tbwa worldwide cujo leit-motiv era change the rules. mas change mesmo o que ? se não conseguem mudar de bar? não conseguem mudar atitudes, não conseguem fazer um portfólio melhor(nem fazendo fantasmas), não conseguem mudar de emprego o que é mais preocupante. não conseguem fazer e vão levando a vida num duplo engano. fingem que trabalham numa agência que finge que eles são publicitários de criação. e vamos para o bar de sempre.

mais dia menos dia, terão de changear alguma coisa. só que completamente desnorteados. agoniadamente estimulados pelas peso das dívidas contraidas e o choro dos filhos que ainda não sabem o que é um pai publicitário de criação e das mães que dependem de sua ajuda na partilha das contas. este será apenas uma parte dos juros que terão de pagar por passar a vida num " pacific spirit que não lhes insufla sequer a mudar de bar ". trato de pegar mais uma cerveja e " abano o cu" para sacudir a poeira, soerguendo-me da quase sarjeta o que me lembra que pedra que rola não cria limo .

o brinde a esta moçada que tanto gosto tem o sabor meio amargo. é sinal que tá na hora d´eu mudar de bar também. o que faço ainda que tropeçando nas pedras completamente irregulares da rua mesmo com o arredondamento que o alcóol proporciona.

o caminho criativo não é fácil. tem sempre uma pedra no meio do caminho; e a dúvida pesa de dia ou na madrugada: sigo outro caminho, chuto a pedra ou mudo o passo ?

sábado, junho 25, 2005

briefing para sérgio bastos ou não grifo na agência do pará

sérgio bastos é diretor de arte. daqueles que fazem a roda girar mas que carrega dedos em falta. preço que pagou por ser mastigado por algumas das engrenagens que de um jeito ou de outro matisgou tantos de nós que deixamos pedaços por ela, a publicidade, principalmente quando se quer fazer um bom trabalho e não se consegue.

sérgio é gente boa mas ainda duvido que seja ou não inocente útil. apesar de saber-lhe consciente. na sua aparente calma repousa um magma que os cabelos brancos foram transformando em aquarelas na sua nova via de expressão para além da propaganda, uma pintura naiff, onde, julgo, ainda falta afinar pincéis da ironia que sérgio destila muito educadamente como seu andar quase paquidérmico. sim, não queiram ver um elefante em fúria. mas quem se importa? afinal, não estamos na índia, apesar de marajó, que nunca conheci, lembrar-me a índia, interrogo por que ?

conheci sérgio na então já decadente mendes publicidade. ainda assim bom anúncio para quem estava em são paulo batendo porta como egresso do mercado carioca: a agência que está lá em cima procura redator que está lá embaixo”. a agência não estava mais lá em cima. não era a mesma mendes que, mesmo estando em belém do pará, tornou-se a quarta agência mais premiada internacionalmente do brasil nos anos oitenta. é verdade que os critérios dos festivais ainda se deixavam pegar pelo exotismo e não imbuídos dos critérios archivísticos. mas isso não desvaloriza o feito da mendes. sim a mendes era o mendes. em nada agradável no dia-a-dia, de sorte que minha temporada no pará durou quinze dias e apenas uma farra de sarrabulho no mercado central, um passeio no emílio goeldi, alguma coisa com tacacá, ou tucupi, e o melhor da estada: cair nas graças do sérgio, ao que parece.

já algum tempo sérgio bastos enviou-me o portfólio da griffo comunicação, cujo título é a agência do pará. tentei “ignorar”. poderia responder com um muito obrigado e ponto final. mas em mim os cabelos brancos não trouxeram parcimônia e simancol. e lá vou eu grifar a respeito.

o que exatamente é um portfólio da agência, já há algum tempo? na maioria dos casos equívoco, lambança, bluff e impressão de ego. pensado para ser uma ferramenta de venda, onde para além do trabalho feito, mostras do dna do pensamento operacional e filosófico da estrutura. mas as coisas não acontecem mais assim, principalmente nas regiões mais sub-desenvolvidas em termos de propaganda: leia-se nordeste e norte, acho que também centro-oeste, o que não salva dos equívocos até mesmo das ditas grandes agências do eixo – rio, são paulo, considerando-se são paulo com pelos menos 65% do rotor.

não que o portfólio da griffo não seja um trabalho de impressão profissional. o é. capa dura. boa qualidade gráfica – requisito que muita gente não cumpre - lombada presente, texto revisado. mas falta-lhe o principal: idéias, qualidade de idéias, qualidade criativa de idéias. no tudo e no todo, até no conceito que apresenta mas que não desenvolve – o traz a idéia na capa, perdura algumas páginas e some, reaparecendo ao final, perdido. com seria de se esperar, centrado no regionalismo, no bairrismo, o que é no mínimo previsível. e previsível em publicidade é tiro no pé até na conchicina, quanto mais no pará.

rasteiramente é um portfólio datado, com uma linguagem de fim dos anos oitenta, início noventa, quando muito. conceito e leiautes apresentados, ainda que profissionalmente centrados, são iguais a trocentos outros que já vimos, nas mais variadas regiões. não se distingue. inclusive o seu anúnco grand-prix do prêmio colunistas norte-nordeste – ô premiozinho pra resistir a sí próprio – hora do rush, tem a infelicidade de ter sido feito após uma agência baiana usar o mesmo conceito para vender um resort, onde lia-se: hora do rush em itaparica, mostrando casal naquelas fotos de praias paradisíacas que ninguém aguenta mais. o anúncio da griffo mostra um engarramento de búfalos e o título hora do rush em marajó o que é mais simpático, mas déjà-vú. não é nem o caso de coincidência. coincidências acontecem ao mesmo tempo. é infelicidade mesmo porque acredito que o pessoal da griffo não conhecia o outro anúncio que saiu primeiro com meses de diferença. o que denota também um outro problema. ao fechar-se no pará, temáticamente por demasia, a griffo dá outro tiro no pé. a expressão criativa de uma agência paraense não deve – poder pode – fechar-se na temática bairrista tão-somente. é louvável não cair nos patterns globalizantes. mas é por demais pobre, ser pobre em nome a uma fidelidade a cultura local. e este é o problema. o portfólio não traz uma coisa nem outra. e o que é pior, acaba por ser colonizado ainda que faça que não.

e é colonizado desde a abertura onde fala das “ famosas dificuldades “ que todas agências tem no seu começo. a salles, fez sua primeira reunião num banheiro de médio hotel, com mauro salles praticamente sentado na privada pensando criativamente em como posicionar o então aero-willys. tivesse idéia de merda e história não faria o menos sentido, interesse ou diferencial.

não é que a griffo tenha idéias de merda em seu portfólio, ressalvo. mas o que apresenta não dá sustentação ao portfólio. no máximo corretas, o que é muito pouco hoje para uma agência, se bem que a coisa anda tão mal- e não só no pará – que ser correto hoje acaba sendo “ a alma do negócio “ onde a incorreção, a mesmice, a mediocridade, gera fortunas. mas caramba, nada que justifique um texto – e fotos – que ao final de contas acabam por fazer um registro emocional da trajetória da agência, o que é muito pouco recomendável para uma ferramenta de vendas. e isto não quer dizer que uma ferramenta de vendas não deva ter emoção. deve. e muita. mas não fake como as fotos pré-posadas onde vejo até o meu amigo sérgio bastos com seu parceiro pouco a vontade. o que demonstra que faltou conceito e direção na hora de mostrar a equipe, perdida pictoricamente no espaço onde pra piorar é saudado o projeto arquitetônico da agência que nada tem de saudável, pois também é datado.

cacete! deve ser insuportável ter um amigo assim, — ele deve ser frustado não é ? - dirão ao sérgio, isso se ele ousar comentar o post. desses que vê na foto do orly bezerra e antonio natsuo a merecer página única em close, a leitura ideológica muito mais que o destaque dos donos sobre a equipe que se aglomera ao pé da escada - a falsa igualdade também é uma merda – outro referencial datado e usado por outras tantas e tantas agências. vê-se muitos sorrisos amarelos e uma certa desconfortabilidade por conta daquelas coisas que todos nós sabemos que fazem o dia-a-dia e que por isso mesmo, mesmo sendo uma agência feita em noventa por cento, de pessoas e suas idéias, devem ser evitadas, afinal, portfólio não é album de fotografias, seja de quem for. mesmo quando são “ estrelas “, o que não é o caso mesmo.

ainda que o soerguimento de uma empresa e sua manutenção – ainda mais sendo uma agência de publicidade: não entendi porque a griffo diz que se tornal global, sic! queria dizer full agency ? – devam ser considerados. pois é trabalho hercúleo ou de cada vez mais picaretagem sem tamanho, o que nos mostra os sites de notícias de hoje, há que ter um certo brilho e algo mais que dizer quando se intenta um portfólio do meu ponto de vista que quanto a mim não tem este portfólio da griffo, “ a agência do pará “.

se , como dizia dostoiévski, queres ser universal, deves falar da tua aldeia, imagino que um portfólio feito sobre o conceito – expressão, linguagem e abordagem – do trabalho autoral de pintura e ilustração do pintor, diretor de arte publicitário sérgio bastos, seria uma peça muitíssimo mais interessante, criativa, universal e absolutamente paraense . e nada hoje é mais up-do-date. é o que está a dar em londres, nova iorque, singapura. marrocos. é o sun city que vai estrear em breve . aí até caberia mostrar fachadas e os tipos da agência numa radiografia onde as imperfeições estariam perfeitamente colocadas.

obviamente que as idéias expressas no material produzido – campanhas, logomarcas, etc- teriam que estar a altura. altualmente não estão. e por isso mesmo o portfólio ao fim e ao cabo acaba sendo o “ olha como foi difícil, olha como a nossa sede e bonita “ típico reflexo, no fundo, da agência, repito, colonizada que quer se mostar primus inter pares, usando modelos, digamos assim, paulistas. mas até nisto infeliz, pois remontam como já dissemos aos anos 80.

a griffo merece todo o nosso respeito. mas para ser a agência do pará, é preciso mais que um portfólio de capa dura. é preciso ter conteúdo criativo que torna-se bastante fragilizado uma vez que seus pilares – realidade do mercado ? são assentados no atendimento de contas de governo o que sendo jornalistas por fomação, seus donos devam saber o quão perigoso isto é.

por isso mesmo ficamos pelas fotos da cerâmica marajoara ? mesmo que sejam também datadas. afinal se o homem veio do barro, no portfólio da griffo, o homem de criação ainda não tomou forma por falta de idéia ? independentemente do monolito da sede traduzir sucesso ?

é o que reafirmo. com as mãos completamente meladas de barro. mas não de lama ou merda, como tantos querem fazer parecer

sexta-feira, junho 24, 2005

abertura&fechadura

mamãe, eu sempre quis ser criativo, mas cada vez que chegou a hora, papai me mandou tirar os cotovelos de cima da mesa. roberto menna barreto, capítulo 1 no criatividade na vida e no trabalho, summus editorial, 1997.

paulos coelhos da gestão

os gurus foram em tempos bagwans hirsutos que habitam zonas remotas do subcontinente indiano com fácil acesso a uma provisão rica de estimulantes mentais e um stand da rolls-royce. hoje, os gurus são muito menos coloridos. na verdade, trata-se em geral de consultores de gestão ou acadêmicos de escolas de gestão. o percurso para o estatudo de guru é arranjar uma expressão chamativa(puristas da língua inglêsa escusam de se candidatar); escrever um livro(ou empregar um escritor fantasma);promovê-lo até que chegue à lista dos mais vendidos(isto pode implicar muitos exemplares) e depois viajar pelo mundo a fazer seminários que repetem o conteúdo do livro. pelo caminho, é preciso negar incansavelmente que é guru – reduz a qualidade da sua investigação e a sua pureza intelectual. se tiver sorte, pode explorar o mundo lucrativo do guruísmo durante dois anos antes que as suas ideias sejam desalojadas.
as melhores citações de gestão. stuart crainer, biblioteca executive digest, o melhor do século XX, edição abril|controljornal. portugal.

por falar nisso, há quem diga que nizam deixou de ser publicitário para ser guru. homem de negócio que não sabe mais escrever anúncios ? mas também pra que ? dinheiro é coisa séria pois não ?

aos homens sérios do nosso negócio

se alguém disser agora: " minha formação moral, ou meu status profissional, me faz incapaz, hoje, de uma travessura; seria impensável que eu fizesse, a esta altura da vida, uma boa molecagem !" eu seria obrigado a opinar que este respeitável indivíduo, em termo de criatividade(enquanto não mudar de postura) é carta fora do baralho.
roberto menna barreto.ib.

pág 26

— um bicho me rói o fígado. dia e noite lá está ele. vivo a custa de comprimido. hoje tomei sete. a dor não passou. e agora, meu, jesusinho ?
pico na veia, dalton trevisam, record editora, 2002

quinta-feira, junho 23, 2005

quase presença de espírito

manhã quase perfeita. quarto semi-insône. chuva discreta. sobrando tempo, hoje camarada. do lado direito a gata, peralta. do lado esquerdo, pequetita, a cadela. a frente uma porção de idéias desarrumadas sobre a mesa a perguntar-me qual é ? pena que eu não seja o espírito santo.

mensalão

se a profissão já estava mais avacalhada que bosta de curral que se dirá agora com o envolvimento de agências de publicidade fazendo aquilo o que todo mundo sempre soube que faziam, pelo menos as que atendem contas governamentais? claro há exceções. mas quais ? é pra isso que estão a estudar jovens comensais ?

gases

japão pede informalidade para diminuir a emissão de gases estufa

governo japonês deu início a campanha nada convencional para estimular a informalidade em todas as esferas da sociedade. objetivo fazer com que os funcionários de todo tipo de escritório não usem seus ternos durante o verão que se aproxima, e sim roupas menos formais e mais leves. tudo para diminuir o uso de ar condicionado, e consequentemente diminuir a emissão de quantidades de gases nocivos à camada de ozônio.

quem deu exemplo foi o primeiro ministro japonês junichiro koizumi, um dos "garotos-propaganda" da campanha, que apareceu em público essa semana sem o tradicional terno e gravata. tal medida, acompanhada de outras para os carros e para indústria, são parte da estratégia japonesa para alcançar sua meta de redução das emissões de poluentes, estipulada pelo protocolo de kyoto.

nas próximas semanas altos executivos das maiores empresas japonesas, acompanhados de senadores e parlamentares de todo o país devem dar início à "informalização" do país pelo meio ambiente.

no brasil, a campanha em tempos de mensalão poderia começar com a turma da gravata esvaziando os bolsos . a atmosfera já ia ficar muito mais leve. mas o cheiro, hum.

entre atos

faço o melhor que sei, o melhor que posso e pretendo continuar assim. se o final der tudo certo, tudo o que tiverem dito contra mim não valerá nada. se no final, der tudo errado, dez anos jurando que eu estava certo não terão diferença alguma. abraham lincoln.

mais do mesmo

consumidor online nao pensa só no preço. decisoes de compra no varejo online sao orientadas por uma serie de fatores não relacionados ao preço dos produtos ou serviços. aponta pesquisa da foresee results que avaliou a satisfação dos consumidores com as lojas na internet. os clientes levam em conta além do preço, a variedade de produtos, a aparência, navegação, performance e recursos dos sites. as lojas que conseguiram bom desempenho em todos esses itens apresentavam taxas de conversão mais altas do que aquelas que tiraram nota mais baixa. de acordo com a pesquisa, o grau de satisfação com a loja online está relacionado também a fidelidade do cliente e influi na possibilidade de que ele recomende o site a amigos. do media post via bluebus.

no mínimo devia fazer pensar quem diz que é tudo igual, que preço é o que interessa e que qualidade, de idéia, de leiaute, de performance é firula de publicitário. mas quem é que pensa alguma coisa ultimamente ?

visto de entrada

tito paris ao vivo no b. leza. curti bô life. ouço enquanto bebo.

coxinha - edson das neves athayde

na sua última entrevista concedida ao briefing, luiz silva dias, grão simpático diretor de criação da fcb portugal, quer dizer, agora meio, já que ganhou cara-metade, perguntado pela enésima vez sobre os destinos da fcb sem edson athayde, deu resposta de algibeira, no dizer de publicitário atento. a fcb vai muito bem, pá-tá-tí, pá-tá-tá, o mercado é que não quer esquecer o edson.

deve estar mordendo a língua agora. ser diretor de criação também é ter habilidade para não cair numa esparrela destas, o duarte deveria ter lhe ajudado, não foi para isto que foi contratado ?

o fato é que edson volta à publicidade. alguma vez saiu ? período sabático? desde que entrou ? e as perguntas tomam ares de inquisição. como será? agora que não é mais dono, nem presidente ?

como não tenho lá grande intimidade com o edson athyde, mas já tive alguma como o edson das neves vou atrever-me a escrever alguma coisa sobre o tipo nesta quarta, já que o leão para flags tem menos importância, porque já era esperado e já foi pra lá de comentado.

sem dúvida, a volta do edson ao front, ainda mais como “ operário da criação “ é muito mais importante para o cenário publicitário português do que o leão de ouro ganho por portugal, já que no pensamento de alguns, a julgar por comportamentos anteriores, deve ser julgado algo bastardo por ter brasileiro na idéia.

então vamos logo esclarecendo o prolegômeno. foi um apelido, descupem, alcunha, que não pegou. deveu-se ao fato de que o edson trabalhava tanto que mal comia. e quando o fazia mal comia uma ou duas coxinhas. apenas isso.

e esta é a grande marca do edson athayde, já presente no edson das neves. impressionante capacidade de trabalho maior que seu talento, acredito. aliás, sempre que me perguntavam se o edson era realmente brilhante – e direi depois porque me perguntavam tanto isto ou aquilo – sempre respondi, sinceramente, que não sabia se o edson era o publicitário mais brilhante de portugal. talvez nem fosse ou seja, ainda ? mas de longe sempre se viu o brilho do suor na testa do edson. resultado de uma vida jogada dentro da publicidade, como diria o verso de lulu santos, com a determinação de um esfomeado ante de um prato de comida, pelo menos era assim o edson das neves e acredito uma boa parte do edson athayde.

as pessoas, é típico dos humanos, querem explicações onde não as há. o sucesso do edson, atrevo-me mais uma vez, é fruto de obstinação, algum talento e uma série de acontecimentos determinados por circunstâncias que não costumam repetir-se, talvez nem com ele mesmo nesta nova fase.

conheci o edson como o sacaneado vencedor de um concurso para formandos em publicidade, com o tema a violência no rio, promovido pela associação brasileira de agências propaganda(abap),nos anos 80, cujo prêmio era um estágio na mccann, que não sei se não foi dado, acontece, ou ele não o quis. o fato é que veio bater-me as mãos a decisão de dar-lhe ou não um estágio, numa agência, a archi-grafio, cujo maior mérito era ficar em santa teresa.

vendo alguns roughs de texto e ideias do edson e logo mais algumas iniciativas suas, não havia dúvidas. era do ramo. encurtando a história, trabalhamos juntos em mais dois locais onde além da solidificação da sua capacidade de trabalho fui descobrindo uma qualidade também de vital importância no publicitário edson. é que o edson era uma “ tabica”, termo com que definimos no brasil pessoas com biotipo extremamente magro. algo disléxico, resumindo o “anti-publicitário”, num período em que a publicidade brasileira tinha leaiutes definidos para “ os gênios “. edson das neves, não se levava absolutamente a sério, e era pra lá de desconcertante a sua figura defendendo ideias, já originais e ousadas, fazendo dos seus vacilos, hesitações e risadinhas, que nunca se sabia do que, já que qualquer mortal não descobriria piada nenhuma em seu texto, uma arma das mais qualificadas em matéria de aprovação de idéias. não sei se os clientes ficavam com medo de serem mais jôes do que ele ou se julgavam estar a frente de algum excêntrico que estava ali os gozando. só sei é que na maior parte das vezes edson levava a melhor para a agência e la ia ele para as suas coxinhas e novas campanhas, em contraste com os endereços depois adoptados do bairro alto, marca de seu novo estilo rosa ps ?

assim, saindo do recife, última cidade onde trabalhamos juntos, teve uma trajetória em agências de médio escalão no brasil, em salvador, são paulo ao que parece, e florianópolis antes de ir dar “ um giro “ na europa. o resto, portugal está cansado de saber - por cá os brasileiros não se interessam muito. publicitário brasileiro só se interessa pelo que se passa nos vaticanos de são paulo, ou seja numa meia dúzia de agências de marca -desde os nasex, a publicidade segundo o tio olavo, os anúncios de graça, já como edson athayde.

se o timrobinson, é isso? tiver alguma coisa a mais a fim do que quase o nome do marido da susan sarandon, esta parceria pode dar grandes frutos, não só para a ogilvy, uma agência sempre muito ruim em termos criativos, tão ou mais do que a saatchi – e onde sempre faltou o espírito do ogilvy, apesar das tinturas de do matriacardo que andou por lá e que era muito mais batons e tacos de salto alto do que idéias. com resultados? sim. mas em termos de resultados financeiros ninguém supera traficantes, sejam de armas, drogas ou animais silvestres. e o nosso negócio é para ter resultados com idéias criativas de qualidade e não negociatas(estaria sendo leviano?) e não perfumaria barata. há que se ter mais atitude em relação a isto. e isto o edson athayde tem pois não ?

ainda que pareça uma analogia forçada, se david tinha uma obsessão tal por resultados que gostava de ter máquinas registradoras a entrada de suas agências, com o edson athayde, a ogilvy certamente vai fazer barulho no mercado para além dos tlins,tllins,tlins, tal como gostava o senhor do castelo.

resta saber se a ogilvy e o seu tim,tim por tim,tim, aguenta a capacidade motriz do edson. é que já ví muita carroceria renomada e que se diz em busca de ideias força, partir-se por dentro ou invés de partir a concorrência.

e não ponham a culpa nas coxinhas

baile de máscaras

cannes não é como carnaval brasileiro de quem se diz, quando acaba a festa com ou sem amores , que para o ano tem mais. acabou. quem dizia que shot-list não vale nada, se dê por contente se saiu listado. vale para portugueses e brasileiros, pricipalmente se estiverem em portugal. porque para o ano nem isso, aliás muita gente nem volta. quanto mais ida.

cazuza

eu vejo um museu de grandes novidades. archive, por exemplo.

visto de saída

periquita em raquíticos supermercados de periferia em olinda, a 21 reais e 39 centavos (euro cotado a 2, 83) quem o bebe a tal custo? ( nos supermercados de boa viagem a 26 reais e oitenta centavos). bebo enquanto ouço.

terça-feira, junho 21, 2005

troco

o dinheiro não traz felicidade. mas leva. millor fernandes

une saison en enfer

rimbaud na abissínia. obstinado, duro, ferozmente só; o mau humor em palavras e atos; cansado de chutar os cachorros que vinham urinar nas peles empilhadas na sua loja, envenena-os. monsenhor jarosseau, que o conheceu na época, avalia que ele envenenou dois mil “. no cultura de verniz, do roberto menna barreto.

quo vadis ?

pasteur formou-se com nota “ mediocre ” em química; einstein foi reprovado na academia politécnica; darwin não conseguiu entrar na faculdade de medicina; beethoven – dizia seu professor de composição, albrechtsberger – nunca aprendeu nem aprenderá coisa alguma. como compositor é um caso perdido. você também pode ser como eles. mande seus examinadores e críticos para o inferno – e começe a fazer.
cap. 1 do criatividade em propaganda, onde roberto menna barreto recomenda em vez de fazer, viver. para mim viver é fazer.

maldição bíblica

gutenberg morreu num asilo de indigentes. para quem não sabe – sei lá pode ter algum estudante de publicidade lendo – a primeira bíblia impressa foi por ele, inventor da tipografia.

segunda-feira, junho 20, 2005

cavaco

eu não gosto de samba. eu gosto é de paulinho da viola. atribuido a herbert vianna. seja lá como for batuco junto.

quero a minha pilar de volta

quando eu era “menino pequeno lá em barbacena”, o mundo e as bolachas eram diferentes.

cream cracker era pilar. o nome, quase uma onomatopéia, já dizia tudo: quebradiças, estaladiças e encorpadas. faziam a delícia de avós a netos, principalmente nos lanches e cafés a tarde. mas o “ mundo gira e a lusitana roda “.

a pilar foi vendida, revendida, recomprada e agora está nas prateleiras igualzinha a “vilã” que acabou com um dos pilares da nossa infância e quase reduz a pilar a farelos na sua participação de mercado.

a nova, “reação a concorrência”, é igualzinha a quem copia. quase gosmenta, o que dizem ser amanteigada, semi-dobrada, uma heresia industrial que a vinca no meio; e fina como as pernas da propaganda concorrente, onde o pagode ensina que cream cracker é vitarella, argh!. e tudo feito por uma agência cem por cento pernambucana. — não, eu não estou pedindo que o jingle fosse um frêvo. que este já foi denegrido em seu próprio nome ao tornar-se marca de tubaina, destas ainda mais vagabundas porque pretenciosa. e que se dane a sua participação no mercado. refrigerante também era fratelli, crush. e dore e sanhauá, nas esticadas a joão pessoa, claro, sempre com pilar na “ lancheira”.

mexeram na massa da pilar com certeza. mas principalmente na massa da gestão. como pode se destroçar ainda mais um patrimônio emocional, facilmente recuperável, por exemplo, com qualquer campanha que resussite os “ caminhõeszinhos da pilar”, que hoje teriam que ser adaptados as regras de segurança vigentes – eram de aço com pneuszinhos de borracha que passavam mais tempo sendo apertados do que rodando – o que mostra também que as crianças de hoje são como as bolachas que comem.

não me lembro de nenhum acidente ocorrido com o brinquedo, salvo as cotoveladas infantis aos desavisados que tentavam passar a mão na direção: é que as portas abriam.

faria a inveja - e a delícia - ainda mais da geração playstation. porque o caminhãozinho da pilar carregava o lúdico e o telúrico sem acidentes, reafirmo, salvo os da memória, com um sabor que combina com qualquer game de hoje.

continua rodando na mente do consumidor que hoje é pai, até avo, que sabem que cream cracker é pilar e que nunca mais houve nada igual. os consumidores mais novos só precisam mesmo de um empurrãozinho , como aqueles que dávamos no brinquedo, cream de promoção.

mas falta agência, falta visão de marketing, falta memória gustativa, principalmente. então, copie-se o líder, como dizem alguns manuais de pseudo sobrevivência. — poupem-me, não me falem que as pesquisas determinaram tal sabor de merda. na cópia e no original.

a nova pilar é axé bunda das bolachas tal, por mais assépotico que seja seu rito de produção.

quero a minha pilar de volta. até porque, não satisfeitos, impregnaram também as novas embalagens também com a sensaboria do conteúdo.

falando em bolachas, lembrei-me do ênio mainardi, enfant terrible que desgostava o status cu da propaganda com suas tiradas, entre as quais a minha preferida: “ eu odeio publicitários. de publicidade até que eu gosto “ e de quem, dizia-se, pura atitude denigritória? que nos últimos tempos em sua agência, costumava aparecer na criação só com a parte de cima do paletó, de cuecas, para além de dar uns tiros ao fundo da enio, para além da célebre caminhada sobre a mesa da diretoria de um banco que foi pedir a sua agência, no auge da inflação, uma campanha para que o cliente sentisse que o banco estava ao seu lado. ênio, de cima da mesa, sobre o presidente despejou: “tá vendo seu filho da puta, é assim que o cliente se sente no seu banco com os juros que você cobra”. folclore ou não, dizem que ele ficou com a conta. seja o que for, o assunto é bolacha, ninguém até hoje fez nada melhor em termos de slogan para o produto. “ vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho por que vende mais ? “.

de gênio. que também cabe, mesmo sendo da tostines, no meu caminhãozinho da pilar. que continua a fazer entregas de crackers sem manteiga para quem sabe o que é bom.

sessão por correspondência

a gravata moderna é psicanaliticamente considerada um símbolo fálico. deve ser por isso que os atendimentos se acham os fodões do bairro do peixoto. tirem-lhe as gravatas e eles soltam a franga. cês não imaginam os vexames que esta turma dá.
por outro lado, e as mulheres atendimento, onde delas as gravatas ?
e aquelas gravatas coloridas e de bichinhos que muita gente de criação usou, usava e ainda usa? homens de criação de gravata ? mas é diferente não? diferente ? bem, washington é diferente pois não ?

domingo, junho 19, 2005

nem washington, nem nizan, nem marcelo serpa. apenas jarbas

todo cara de criação, principalmente quando ousa um pouco mais, guarda na sua memória uma boa história para contar. acho que vale a pena rememorar o que rolou para a folha de são paulo aprovar a campanha que foi o mais sucesso em propaganda de jornais do brasil.

tudo começou com um belo briefing passo pelo luís frias, hoje presidente da empresa, e seu irmão, otávio frias, diretor de redação, que me entregou por escrito tudo que ele achava adequado para o conteúdo de uma campanha para o jornal.

disse-me — jarbas, eu gostaria que você fizesse uma campanha que traduzisse essa imagem aí para o nosso jornal. corri rapidamente os olhos pelo texto e respondi brincando: — só espero que você tenha coragem para isso.

depois de uma semana, lá estava eu, com uma campanha debaixo do braço e os olhos brilhando pela convicção de quem havia cumprido uma missão.

fiz uma apresentação para luís frias e seus assesores. depois outra, para o otávio frias, que me pediu que fizesse uma terceira para o senhor frias, que me pediu que fizesse uma quarta para o conselho editorial e uma quinta para um grupo de jornalistas da empresa.

depois dessa maratona , sala cheia com todos esses pesos-pesados, alguns se manifestaram sobre a força e o impacto da campanha. mas ninguém, claramente, se declarou a favor de levá-la ao ar. houve um breve período de silêncio, aqueles momentos constrangedores. por fim, o senhor frias se levantou e disse para todos: — bem… estamos em dúvida. mas quero lembrar que o jarbas tem crédito aqui na folha. quando foi para lançar a campanha do “ patrão, patrão “ tivemos as mesmas incertezas e decidimos assim mesmo, aprovar aquela campanha que foi um tremendo sucesso.

exatos quinze dias depois, a campanha estava na rua, detonando o sucesso que todo mundo conhece: folha, de rabo preso com o leitor.

jarbas de souza, presidente, diretor de criação da jarbas propaganda ltda, in causos* da propaganda, editora globo, 1996.

além de destacar o fato desta ter sido uma das maiores campanhas de jornais ser feita por um “ nome não famoso” – como se só os nomes famosos fizessem boa propaganda, aliás a deles nem sempre é a melhor, gostava de destacar as seguintes palavras, que uma certa moçada que anda na lista do clube de criação de pernambuco ou do clube de criativos de portugal, muito provavelmente nunca virão a ter em seu currículo: memória, boa história, belo briefing, ousar um pouco mais, olhos brilhando, convicção e crédito, principalmente isto. a falta de crédito dos publicitários, sem dúvida, é a grande responsável por toda esta merda que está no ar.

*causos, para os nossos amigos leitores portugueses, é a mesma coisa que caso, no falar das gentes do interior.

sábado, junho 18, 2005

porque hoje é sábado

em matéria de comida não há nenhuma porcaria que dois ovos em cima não melhorem. sérgio porto.

o discurso — vai ver que é por isso que comercial de margarina tem sempre gente sorrindo.

talvez você não saiba, mas a margarina, quando foi lançada no mercado, era um produto destinado apenas para cozinhar, fazer bolo, essas coisas. usar no café da manhã, nem pensar. para isso existia um produto específico: a manteiga.

até que uma multinacional de alimentos resolveu ousar e lançar a margarina como substituta da manteiga.

tendo em vista a reponsabilidade da estratégia, que pretendia quebrar um hábito arraigado junto às donas de causa, além da grande campanha publicitária, ações promocionais, degustação, etc., foi organizada uma grande convenção de vendas em campos do jordão, reunindo todas as equipes das filiais do país.

era uma convenção de tamanha importância que até os diretores da matriz, que nunca antes haviam estado no brasil, vieram.

para agradar á grande platéia presente, um dos gringos de marketing quis fazer a abertura do evento em português. logo ele, que nem um “oi” conseguia pronunciar direito. mesmo diante dessas dificuldades, não havia jeito de colocar um intérprete nem tradução simultânea. ia ser do jeito que ele queria.

para contornar a situação, optou-se por escrever uma saudação curta e treinar a pronúncia. fazer com que ele repetisse quantas vezes fosse necessário. como estava todo mundo atrapalhado com os detalhes da convenção, passaram a tarefa para um assistente de promoções.

— escreve alguma coisa simples, sobre o conceito do produto, e treine com o homem até ele conseguir ler.

na hora da abertura do encontro, surge o gringo no pódio, que faz a mais fantástica saudação que eu já ouvi nos meus quase quarenta anos de atividade.

— seniorres. é com muito satisfaçon que saúdo os seniorres que van ter o privilégio de lançarr no brrasil o primeiro margarina parra seu usado no pau e no cuzinho.

bom de discurso o cara era mesmo. foi uma chuva de aplausos.

thomaz pedroso in nossos comerciais por favor: as histórias mais engraçadas da época mais engraçada da propaganda. matrix editora, 2000.

sexta-feira, junho 17, 2005

pimenta no cu dos outros é refresco ?

ontem publicamos um anúncio da expressão, então house da varig e agências de outras contas, publicado em 90. e ficamos de comentar e receber comentários, recebemos apenas um do incansável vc - vasco condessa - o que mostra que nossos leitores não gostam de expor-se ou o assunto não lhes interessa - aqui tratamos basicamente de publicidade e outras coisas também mais invariavelmente sob a ótica da publicidade, pelo menos daquilo que considero aceitável como boa ótica publicitária.

o anúncios suscita algumas questões que não se perderam no tempo.

a) necessidade de mostrar números para dar a credibilidade; nada como qualquer idiotice ou estatística desparafusada para tornar credível qualquer absurdo sim ou não estilizado. não refiro-me especificamente ao anúncio em sí. mas lá os números consideram apenas variáveis diretas e não mencionam nada quanto as indiretas. aliás desde então fiquei curioso em saber quanto as empresas que não anunciaram deixaram de investir - ou gastar como gostam os clientes de dizer - para haver uma comparação mínima entre perda de faturamento, capital investido, projeções, taxa de inflação corrente, juros, etc. e os valores atrelados a perda da liderança. não estou jogando contra. sou publicitário e acredito na publicidade. mas não gosto de deixar brechas naquilo que faço; para que os clientes não me confundam com cartomantes, por exemplo;

b) por outro lado, com base nos mesmos tais números podemos dizer que noventa e nove por cento das agências foram incompetentes em não conseguir convencer os clientes de tamanho desperdício em poupar seus cofrinhos com medo da recessão; e que noventa e nove por cento dos gestotes, diretores de marketing, ceos, deveriam ser sumariamente demitidos por tamanha ablação. como pode um gestor permitir que a empresa em meio a uma recessão acumule tamanho prejuizo por falta de investimento, idem perda de vendas e ranking ?

c)que as agências perdem a credibilidade porque também noventa e nove por cento delas quando sente a mais leve brisa de recessão(quando não a inventam) soltam os passaralhos demitindo gente as dúzias. cortando até o cafezinho(mas não o uísque) permitindo que se instale na empresa um clima de fazer inveja a velório de bons filhos únicos. aliás já estive em estruturas onde o diretor financeiro ficava junto a maquina de café e água para fiscalizar não o consumo excessivo dos líquidos, homessa!, mas sim se os funcionários usavam mais de um copo, o que acabam por fazer já que os fabricantes dos tais copinhos não raciocinam que o café quente faz com que use-se mais de um para se poder segurar os goles quentes(estratagema de marketing para aumentar as vendas forçando o consumo em dobro, triplo, desperdício ?);

d) em que pese minha simpatia a iniciativa do anúncio, fico também preocupado porque noventa e nove por cento das agências não faz patavinas em termos de atitudes de mercado daquilo que recomenda aos seus clientes, o que leva-me a conclusão, sempre com base em números, que noventa e nove por cento das agências vai levando na base do marketobol o negócio; uma vez que nem elas nem os clientes estão preparados para qualquer ameaça de recessão. aliás tem gente que não está preparado em tempo algum. todos defendem o mercado, mais o mundo não funciona by the book. e assim o velho exemplo que costumam usar sempre que nuvens cinzas se apresentam, citado no comentário do condessa, das imensas oportunidades presentes na crise cuja representação nos ideogramas chineses também equivale a oportunidade, vai pras cucuias rapidamente, porque na hora em que a porca torce o rabo, pimenta no cu dos outros é refresco. e todo mundo, corta verba, demite, atrasa pagamentos e que se foda o mundo, contanto que eu mantenha os privilégios de sempre: a casa de campo, de praia, o carro importado, a nova amante( a crise serve para dispensar a velha e a esposa) e por aí vai. e pro caralho também vai a nossa credibilidade enquanto homens de visão do aqui, agora e futuro, que continuam com a tremenda cara de pau em dizer aos clientes que devem investir quando o barco está fazendo água e sem apresentar nenhuma alternativa que lhes proporcione oxigênio com base em mais benefícios do que custos realmente. é nisto que dá viver-se num mercado de traficantes de espaço. na crise, agências entram em crise porque foram incapazes de tornarem-se forte(baixaram as calcinhas em tudo o que levou a perda de qualidade de pensamento e portanto de remuneração) e a seus clientes de modo a enfrentar contra-tempos com outras ferramentas que não o despedimento e o arroxo salarial - minha nossa isto está parecendo discurso antigo do pt e por isso mesmo vou acabar por aqui. mas nao sem antes dizer que agência não pode pregar na base do que faça o que eu digo mas não faça o que eu faço. quem não dá bons exemplos de gestão de recursos, qualquer um deles, não tem a mínima credibilidade para arrancar moedas de quem quer que seja. este é o furo na vela do nosso negócios. nenhum anunciante vai vai continuar a anunciar em meio a perdas para que empresários de propaganda não baixem seu nível de faturamento. só o nível de pensamento. e tome merda no ventilador.

bons tempos

descoberto porque o rio ficou chato. são paulo está com vazamento. millor, há décadas.

uivo

o tempo é um lobo que quando uiva nos arranca um pedaço

agatha christie

sherlock homes é famoso pela frase" elementar, meu caro watson" - que, contudo, não consta de nenhum dos 56 contos e quatro romances que escreveu sobre o dito cujo. no cultura de verniz do roberto menna barreto.

quinta-feira, junho 16, 2005

completamente atarefado

coisas a fazer hoje: expiar, inspirar, expirar. (pensamento zen)

como sua empresa pode sair mais forte do atual aperto

1) a mcgraw hill, comprovou em pesquisa, que as empresas que mantiveram ou ampliaram suas verbas com publicidade durante a recessão de 46/75 nos estados unidos, aumentaram em 12% suas vendas durante a recessão(lembre-se o que isto significa no mercado americano), em relação às empresas que haviam corta a publicidade.
2) acompanhando a evolução destas empresas, a pesquisa verificou que, por força de sua inércia, as empresas que mantiveram sua publicidade em 74/75, foram alcançar, 4 anos mais tarde, crescimento de 132% em vendas. as que suspenderam a publicidade em 74/75, ficarm em 49%.
3) mais: uma pesquisa sistemática feita durante as recessões americanas pós-guerra(e foram nada menos que 7 r ecessões brabas ) encontrou outros fatos impressionantes.
a) durante a recessão a marca que detém a liderança, mas que não anuncia, perde sua posição;
b) a liderança de mercado tende a passar para a marca que esté em segundo, tereceiro, quarto ou quinto lugar no mercado, mas que não para de anunciar;
c) as marcas líderes que perdem a liderança, têm de gastar de 5 a 10 vezes mais durante os 5/8 anos seguintes(em relação ao que precisam gastar na recessão para manter a posição), para recuperar a liderança – e nem todas conseguem.
denil laniganl, mestre em marketing, diz: “quando o bolo fica menor, trate de fazer tudo para abocanhar o maior pedaço e saia da recessão mais forte do que antes dela”.
a ordem, portanto, é manter o fogo. com soluções criativas,novas,adequadas. não fique esperando abrir-se uma torneira nova: vá buscar a maior parte possível do líquido que está circulando. porque a publicidade, diz a pesquisa, mantida durante o aperto, aumenta suas vendas na crise e continua aumentando nos anos seguintes.
é nesta hora que se vê quem tem vocação para ser grande e quem nasceu para ser pequeno. invista na grandeza da sua empresa. é inteligente, é esperto, custa pouco – e garante enormes ganhos.

publicado em 27/7/1990, com a seguinte assinatura: uma informação de interesse empresarial divulgada pela expressão brasileira de propaganda e esta revista.
comentários? junte os seus ao meus amanhã.

quarta-feira, junho 15, 2005

quarta à portuguesa: se não pode ser legal que seja legítimo.

“dado impressionante é o de que mesmo os brasileiros que estão em situação ilegal nos EUA, sem documentos, sentem que têm seus direitos de cidadão mais respeitados lá do que aqui. talvez por isso cada vez mais brasileiros estejam dispostos a tentar tudo para conseguir concretizar o sonho americano.”


a notícia vem de uma revista semanal brasileira, na semana que quase todas abordam o assunto na cola da novela américa, mais uma que breve vai estrear em portugal, confundindo ainda mais a cabeça dos portugueses sobre brasil e brasileiros, não fossse já pra lá de confusa a percepção parte a parte entre os povos.

já o sonho português naufragou pelas mentiras de parte à parte. não se pode confiar no governo brasileiro, se é que isso aqui tem governo. tampouco no português, que devem saber lá eles do seu desgoverno. os tratados de legalização entre pais irmãos são uma prova irrefutável da manipulação política de sentimentos históricos aos níveis mais calhordas já verificados. confirma-se a hipocrisia sanguínea que na base no nem sim nem não, vão incitando os brasileiros a comportamentos cada vez mais comprometedores para entrar em portugal, sem falar no sem-número de constrangimentos sofridos por cidadãos que simplementente se vestiram de turistas. melhor sorte tem os portugueses ao virem ao brasil. pois cá não existe o “tratamento portela” e tampouco serviço de estrangeiros tão polido e solícito como só quem precisou sabe como é.

é fato que cada país tem o sotaque da sua soberania engasgado nisto ou naquilo. mas é lamentável que a xenofobia econômica, determinada por uma inserção sem opção na comunidade européia, revista portugueses de um certo verniz piorado, o mesmo empregado em relação aos “ retornados”, que descamba para situações, assim ditas, justificadas pela imigração de prostitutas, sabe-se lá, talvez, profundas causadoras de abanos a economia e moral lusas.

certo é que cabrões existem em toda parte. e nem todos brasileiros que imigram para portugal, são recém formandos da júlio penteado, eca ou faap, em busca de não mais que dois anos no país para engordar portfólio e retornar ao brasil que para eles resume-se a são paulo e não mais que dez agências. a falta de perspectivas que também atribula a vida dos jovens formandos portugueses, que sentem o país invadido pela horda brasileira da publicidade, configura um terreno duplamente desfavorável mas ainda assim tentador, afinal portugal, apesar de alguns portugueses acharem e não fazerem por onde, é europa, com a quase a mesma língua no cotidiano e uma língua a aprender na publicidade, o que nem todos fazem, imprimindo “ brasileirismos” à sintaxe, que vai passando por conta deles perceberem mais de “brasileiro”, língua que não existe para nós, do que nós de português publicitário, língua que não existe para nós, sendo eufemista.

sobra então para os cidadãos menos abastados, e nem por isso menos honestos, que confundem as contas , já que sonham em ganhar em euros, para cambiá-los em moeda brasileira, sem se dar conta que os gastos também - por “mínimos que sejam “ - são em euros, e que serão admoestados por simplesmente fazer serviços, tais como serem empregados de mesa(garçons) que nem jovens estudantes portugueses querem fazer mais, tratados abaixo de cão como ladrões do emprego alheio, quando é justamente o contrário, uma vez que é negado aos africanos fazer este trabalho, pois não ?

mas como se diz, somos paises irmãos e só mesmo em família se vê tanta baixaria, sacanagem, discórdia, mentiras, calúnias , traições e indecências mil, acobertadas pelo incumprimento de um tratado de igualdade de direitos que nega tudo o que diz garantir.

fenômeno recente na vida brasileira – a imigração – ditada muito mais por uma violência sem tamanho, que já vai ficando do tamanho do brasil, do que por crise econômica, isto sempre tivemos, começamos já a algum tempo ser incômodo, menos pela qualidade e mais pela quantidade.

visto de entrada

acho que o escritor deve dizer a verdade. não a grande verdade. mas aquelas pequenas do dia-a-dia. graciliano ramos.

cóf,cóf,cóf

no dia mundial sem tabaco, ministro da saúde entrega pedido da população para agilizar controle do tabaco no país. esse é o primeiro tratado internacional de saúde pública da história. não imagino isto a acontecer em portugal. se um lugar onde a cobra - e as raparigas mais ainda - fuma, é lá. ps. para os ainda desavisados de plantão, rapariga é o feminino de rapaz. não tem correspondência de signficados. apenas significantes.

sentimento de igualdade

carcavelos teve seu arrastão semana que passou. nossas praias lusas e brasileiras agora quases iguais: poluidas, violentas, cheias de brasileiros e portugueses, bonitos e feios ao gosto. só a vossa água continua gelada contrapondo-se a nossa “ sopa”. mas não demora nada e vocês ou nós resolvemos isto rápidinho. lá como cá mija-se n´água como nunca.

visto de saída

gênio é o cara que consegue ser genial e viver toda uma vida sem aprender nada. acho que foi o millor que disse.

terça-feira, junho 14, 2005

meus títulos favoritos

mande-nos um dólar e curaremos suas hemorróidas, ou fique com seu dólar e suas hemorróidas. ogilvy. aproveitem então, redatores, que o câmbio está em baixa e vejam se fazem títulos que não as dêem.

das rêmoras

quando o peixe piloto que acompanha cada tubarão, afasta-se do companheiro, é devorado por outros tubarões. é mais ou menos assim quando você cai de uma grande agência.

drum bass

"Faço minhas as palavras de Caetano. Tomem vergonha na cara, honrem Johnny Rotten, urinem no túmulo de Jim Morrison e acordem para cuspir na careta desses VJs. Elvis Presley morreu gordo. Joao Gordo vai morrer magérrimo (.....) Fica todo mundo aplaudindo a premiaçao e o blablabá dos VJs de calças Armani rasgadinhas no joelho. Papo furado. O som está uma porcaria nao é de hoje, e foi preciso um cara, que já devia estar acoplado a um Vienatone básico, botar mais uma vez os cornos acima da manada e gritar aos moleques que o rei é que está surdo (.....) Lamento que tenha se passado tanto rock and roll para tao nada. Tantas guitarras quebradas pelo Pete Townsend, a solidao tamanha da Janis Joplin, o tiro esquentado na orelha do Kurt Cobain, a piraçao que nenhum choque cura do Brian Wilson. Tudo desperdício e, agora se vê, apenas material para anúncio do novo Volks no intervalo".
"Os jovens da MTV, e todo ano eu dou uma geral na festa para ver como eles andam, têm os corpos sarados e as idéias gordas. Papai e mamae deram permissao a todos os doces de sexo. Lambuzaram-se com a pimenta da contravençao comportamental nas últimas décadas. Saciados, cansados, aposentaram a rebeldia. Talvez só tirem o pijama se lhes for garantido que em troca vão ficar como o Marquinhos Mion (.....) O bronzeado e o terno branco matariam de inveja qualquer bicheiro de Las Vegas. Seus dentes, que agora brilham, odontologicamente corretos, eram a mensagem. O futuro lhe sorriu".

Joaquim Ferreira dos Santos, colunista de o globo, sintetizado pelo bluebus

réquiem

morrer é libertar-se da morte, artur da távola. pensando bem, o mundo anda muito libertino pro meu gosto

segunda-feira, junho 13, 2005

olho vivo

não deixa de ser curioso que os babilônios representassem saturno(nirscoh) envolto num anel. a olho nu é impossível ver os anéis de saturno

de lorotas,anedotas e verdades

velha piada dos antigos diz que cinquenta por cento da verba empregada em propaganda é um desperdício. só não se sabe quais cincoenta por cento(grafa-se cinquenta das duas maneiras). pois bem, para além das lorotas confundidas com publicidade ; e pasmem! boa ? - há uma verdade insofismável: qualquer marca comercial, quando adquire a liderança, dificilmente é derrubada: um levantamento de 25 marcas líderes, nos estados unidos, em 1923, provou isto: sessenta anos mais tarde, 20 destas marcas ainda estavam em primeiro lugar, quatro em segundo e uma em quinto.é no mínimo um bom argumento para que os anunciantes continuem desperdiçando cincoenta por cento, responsáveis sem dúvida por uma parte do pilar deste sucesso .agora imaginem se eles quisessem acertar, fazendo publicidade a cem por certo ?

todos repetem mais ninguém credencia o autor

quando se rouba de um autor, chama-se plágio;quando se rouba de muitos, chama-se pesquisa. wilson mizner, teatrólogo norte americano.1876-1933. é o que estou fazendo.

oração do publicitário desesperado

normalmente não curto estas gracinhas. mas para não dizerem que estou ficando? turrão. eis-me de boa fé, que ultimamente só a reservo para a boa propaganda. o resto, são equívocos.

Senhor:

Dê-me força para suportar a insistência dos novos clientes. Aqueles que acreditam que gosto e crase não se discute. E que rezam todas as noites sobraçando os manuais da faculdade como verdadeiros evangelhos anteriores à própria criação do universo e das agências de propaganda.
Abrande com seu sopro misericordioso a catinga ácida da pretensão e do mau hálito dos executivos que assassinam o idioma maltratando as palavras em campos de concentração tamanho A4 para depois acusar nossos textos enxutos de "fraquinhos".
Ajude-me a não vomitar quando eu fingir achar graça de uma piada medonha daquele gerente de marketing que usa esmalte incolor e deixa crescer a unha do mindinho.
Abençoe este seu filho com a clarividência necessária para decifrar os briefings dos atendimentos distraídos.
Aumente minha paciência a cada novo pedido para "crescer" o logo do cliente.
Livre-me da fofoca, do "nada para amanhã" e do "tudo para ontem". Dos atropelos do tráfego, do chefe bafejando no cangote, das surras de paus de arquivos e dos descontos no contra-cheque.
Acalme os ânimos dos ponteiros, sobretudo nas horas de aperto, nos minutos de pânico e nos segundos de desespero. O Senhor é justo, mas os nossos prazos...
Se puder me emprestar um pouquinho de sua onipresença para que eu possa assoviar e chupar cana ao mesmo tempo, também será bom.
Reserve-me a saúde possível antes que meu estômago sucumba a essa dieta diária de pizza de mussarela depois das nove e meia da noite.
E se acaso eu sentir o peso do mundo nos ombros, abra-me os olhos e o coração para mirar o céu cravejado de estrelas que a moça mais linda leva em suas costas repletas de pintas.
Ilumine as secretárias e os horários dos manda-chuvas das grandes agências, para que eu seja recebido ao menos uma, duas, quem sabe três vezes por semana para tomar um café e pedir um emprego em que se ganhe mais para se criar melhor.
Por favor, proteja meu portfólio da brisa gelada do ar-condicionado quando ele for obrigado a passar noites esquecido atrás da mesa dos diretores de criação, esperando por atenção e interesse.
E quando eu estiver ganhando bem e surgir um erro de proporções desastrosas, desses que envolvem o dinheiro do cliente, e a culpa cair sobre mim, faça-me acertar na loto no dia seguinte.
Assim na terra como em uma grande agência.
Amém.andre gomes e sua reza em sua coluna no acontecendo aqui, florianópolis

domingo, junho 12, 2005

pêlo não é cabelo II

Às folhas tantas

Do livro matemático

Um Quociente apaixonou-se Um dia

Doidamente

Por uma Incógnita.

Olhou-a com seu olhar inumerável

E viu-a, do Ápice à Base,

Uma Figura Ímpar;

Olhos rombóides, boca trapezóide,

Corpo octogonal, seios esferóides. Fez da sua

Uma vida

Paralela à dela

Até que se encontraram

No Infinito.

"Quem és tu?" indagou ele

Com ânsia radical.

"Sou a soma do quadrado dos catetos.

Mas pode me chamar de Hipotenusa."

E de falarem descobriram que eram

O que, em aritmética, corresponde A almas irmãs

Primos-entre-si.

E assim se amaram

Ao quadrado da velocidade da luz

Numa sexta potenciação Traçando

Ao sabor do momento

E da paixão

Retas, curvas, círculos e linhas sinoidais.

Escandalizaram os ortodoxos das fórmulas euclideanas

E os exegetas dc Universo Finito.

Romperam convenções newtonianas e pitagóricas.

E, enfim, resolveram se casar. Constituir um lar.

Mais que um lar,

Uma Perpendicular.



Convidaram para padrinhos

O Poliedro e a Bissetriz.

E fizeram planos, equações e diagramas para o futuro

Sonhando com uma felicidade

Integral

E diferencial.

E se casaram e tiveram uma secante e três cones

Muito engraçadinho E foram felizes

Até aquele dia

Em que tudo, afinal,

Vira monotonia.

Foi então que surgiu

O Máximo Divisor Comum

Freqüentador de Círculos Concêntricos.

Viciosos.

Ofereceu-lhe, a ela,

Uma Grandeza Absoluta,

E reduziu-a a um Denominador Comum.

Ele, Quociente, percebeu

Que com ela não formava mais Um Todo, Uma Unidade.

Era o Triângulo,

Tanto chamado amoroso.

Desse problema ela era a fração

Mais ordinária.

Mas foi então que Einstein descobriu a Relatividade

E tudo que era expúrio passou a ser

Moralidade como, aliás, em qualquer sociedade.

Poesia Matemática, Publicado n'O Pif-Paf/ O Cruzeiro, 1949
Um Clássico do Millôr, completo.

agora façam as contas . e releiam o com o texto abaixo. de tabela podem também ir ao tioolavo.blogspot.com e ler algumas das crônicas escritas por seu postador.

sábado, junho 11, 2005

pêlo não é cabelo

¨Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele
artigo se encontravam no elevador. Um substantivo
masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem
vividos pelas preposições da vida. E o artigo era bem
definido, feminino, singular: era ainda novinha, mas
com um maravilhoso predicado nominal. Era ingênua,
silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um
sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem,
fanático por leituras e filmes ortográficos. O
substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos,
num lugar sem ninguém ver e ouvir. E sem perder essa
oportunidade, começou a se insinuar, a perguntar, a
conversar. O artigo feminino deixou as reticências de
lado, e permitiu esse pequeno índice. De repente, o
elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou
o substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns
sinônimos. Pouco tempo depois, já estavam bem entre
parênteses, quando o elevador recomeça a se
movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára
justamente no andar do substantivo. Ele usou de toda a
sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em
silêncio, ouvindo uma fonética clássica, bem suave e
gostosa. Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um
hiato com gelo para ela. Ficaram conversando, sentados
num vocativo, quando ele começou outra vez a se
insinuar. Ela foi deixando, ele foi usando seu forte
adjunto adverbial, e rapidamente chegaram a um
imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam
terminar num transitivo direto.

Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário,
e ele sentindo seu ditongo crescente: se abraçaram,
numa pontuação tão minúscula, que nem um período
simples passaria entre os dois. Estavam nessa ênclise
quando ela confessou que ainda era vírgula ele não
perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu
apóstrofo. É claro que ela se deixou levar por essas
palavras, estava totalmente oxítona às vontades dele,
e foram para o comum de dois gêneros. Ela totalmente
voz passiva, ele voz ativa. Entre beijos, carícias,
parônimos e substantivos, ele foi avançando cada vez
mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com
todo o seu predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do
singular, ela era um perfeito agente da passiva, ele
todo paroxítono, sentindo o pronome do seu grande
travessão forçando aquele hífen ainda singular.

Nisso a porta abriu repentinamente. Era o verbo
auxiliar do edifício. Ele tinha percebido tudo, e
entrou dando conjunções e adjetivos nos dois, que se
encolheram gramaticalmente, cheios de preposições,
locuções e exclamativas. Mas ao ver aquele corpo
jovem, numa acentuação tônica, ou melhor, subtônica, o
verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o
seu particípio na história. Os dois se olharam, e
viram que isso era melhor do que uma metáfora por todo
o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou
o seu adjunto adnominal. Que loucura, minha gente.
Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo
absoluto. Foi se aproximando dos dois, com aquela
coisa maiúscula, com aquele predicativo do sujeito
apontado para seus objetos. Foi chegando cada vez mais
perto, comparando o ditongo do substantivo ao seu
tritongo, propondo claramente uma mesóclise-a-trois.
Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um
ditongo nasal, penetraria ao gerúndio do substantivo,
e culminaria com um complemento verbal no artigo
feminino. O substantivo, vendo que poderia se
transformar num artigo indefinido depois dessa,
pensando em seu infinitivo, resolveu colocar um ponto
final na história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu
conectivo, jogou-o pela janela e voltou ao seu trema,
cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo
feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."

olha que texto legal. a chamada foi lançada na lista do clube de criação de pernambuco por carla patrícia que diz o ter retirado de outra lista.

no intróito lê-se que " Esta é uma redação feita por uma aluna do curso de
Letras, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco -Recife) ou, quem sabe noutra instituição de renome por esse Brasil afora e que obteve vitória em um concurso
interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática Portuguesa.
leia-se o pêlo não é cabelo dois e retirem-se conclusões. idem ao ler algumas crônicas de edson athayde em tioolavo.blogspot.com
mas cuidado com as conclusões conclusas demais.

sexta-feira, junho 10, 2005

pág.184

a bacalhoa pôe dez mil ovos
enquanto a galinha um
mas veja, a galinha cacareja
enquanto a bacalhoa não faz ruído algum
por isso, esquecemos o esforço da peixinha
e louvamos a galinha por seu preguiçoso afã
conto isso pra mostrar que fazer publicidade
não é nunca coisa vã.

anônimo, citado em a publicidade segundo ogilvy

o senhor do castelo

estou relendo ogilvy, a publicidade segundo ogilvy, o cozinheiro cujas receitas o fizeram morrer num castelo(touffou) a edição é de 85, do original de 83,
que prazer ler e até mesmo discordar, nalgumas coisas, ele há de de perdoar a minha empáfia. o que mais chama-me a atenção é como seus pretensos seguidores, àqueles que mantém as bandeiras ogilvy no mundo, estão longe do legado que ogilvy deixou e do qual muito deviam se orgulhar.bem mais do que à sua lembrança em paíneis e fachadas e algumas tiradas em discursos de fim de ano.
para começar, ler ogilvy é descobrir, através de alguns anúncios efetivamente célebres, tais como para a rolls-royce,mercedes-benz,dove, sim dove meus camaradas, saab,marlboro,guiness,shell,campbells,rinso – minha mãe até hoje lembra – sears, scwhepps,araldite – seu pai lembra –puerto rico, sim descobri como os diretores de arte atuais são incompetentes - ogilvy, era redatorn, não sei se você sabe - em alguns quesitos básicos como diagramar um anúncio, potencializando o impacto da direção de arte.
os três últimos diretores de arte com quem trabalhaei começaram assim nosso diálogo: "o título está muito grande; não dá pra cortar o texto ? vai ficar muito feio". estes, bem mais do que eu, necessitam, ler e ver uma série de anúncios que o livro traz. ultrapassados ? bem, para mim ultrapassado é a archive. como bem disse mr. wilda , confundir selvageria visual com direção de arte é o resultado disso tudo que se vê aí. e não é a toa que a maioria dos anúncios não é lembrada pelo consumidor. não tem conceito, apenas gags visuais. nestas horas, dou-me graças por ser redator. um bom redator publicitário, apesar dos pesares, da velha escola, ainda que não vá ter um castelo. e vou continuar a ler ogilvy com suas " receitinhas" a começar do " eu detesto regras ".

mas que agências, as nossas ?

“Agências de Comunicação, não de Publicidade”.

“... as agências de publicidade precisam mudar. Têm de se tornar provedoras de serviços de comunicação e não apenas de publicidade, para sobreviver e crescer. As empresas precisam desses serviços e a agência ainda é uma instituição, dados sua longa história e o fato der já vir lidando com as emoções do consumidor, mais capaz de fornecê-los. Ela é a mais capaz de vir a ser parceira no plano estratégico de gerenciamento de marcas e não apenas na implementação da ferramenta publicidade. Ela é a mais capaz de oferecer a visão generalista.”

com princípios

querer ganhar é diferente de desejar a derrota alheia. artur da távola

quinta-feira, junho 09, 2005

em primeira instância

há duas insâncias realmente criativas no seu humano: o ócio e o cio. arthur da távola

no fundo do bundão

todas vao pra praia, por que ser mais criativo? a cerveja itaipava está no ar com um comercial que é mais 1 daqueles da série "pra que pensar em algo original e criativo, se dá pra fazer a mesma merda de sempre?". é o velho filme de cerveja passado na praia, com mulheres gostosas bebendo e pulando com um jingle bundao ao fundo. note bem - eu disse lá em cima I-ta-i-pai-va. o produto é da regiao serrana do rio e ao invés de explorar as belezas da serra e dizer que a cerveja é feita (certamente) com uma água mais pura e etc... não, não fazem isso. neguinho vai pra praia. novamente. do paulo peres no blue bus.
o que se pode dizer ? alguma sacada do planejamento ? algum complexo de mimesis por parte da criação ? o fato é que sem colarinho e com muita areia as campanhas de cerveja no brasil não vão além das bussundas. até as bundas boas estão em falta, que dizer das idéias? enquanto isto vai se tomando primus por falta de opção.

chocabunda

esta história de 'estudar o público alvo' só é utilizada na hora de vender a agência e a campanha, na prática, estudam o próprio umbigo. e não me venham com esse papo de 'aspiracional' porque se você perguntar pra qualquer cidadao do interior desse brasil você vai perceber que, para ele, nenhuma praia cheia de gostosas desconhecidas substitui uma churrasqueira rodeada de gostosas conhecidas. do contomeno? numa antiga do www.bluebus.com.br

droga

ou viciado em sexo, boa propaganda e rock `n` roll. não sei o que me pega mais na veia, para além do cinema e dos animais. em relação ao sexo, boa propaganda e rock ´n´roll, sou toxicômano dependente. químico, físico e mental. tenho me drogado vezes sem conta, e embora raramente com alguma maestria, há quem diga que dou minhas cacetadas de vez em quando. no sexo, devo ter andado com senhoras muito gentis ou mentirosamente adoráveis, para além dos orgasmos. na música, não desvendo partituras e nada de ouvido absoluto. não tenho a elegância de clapton, o sustain de santana, a voracidade de stevie ray vaughan, o trêmolo de b.b. king, e muito tampouco uma mão direita que vá além de pentatônicas que já soaram uisques vagabundos, para não falar de dois ou três hero guitars aos quais faço reverências não ligando as minhas velhas e boas fenders que desatinam por não sair da caixa(sim, há gibsons na mira e uma psr(paul red smith) que me fala ao pau. destarte, não vou esquecer jimi hendrix porque me é impossível falar-se em guitarras e não me virem os acordes iniciais de angel little wing
mas é na propaganda onde tudo se encontra. libido, intelecto e corpo. cinema, musica, pintura, artes plásticas, prosa e poesia, escultura, fotografia, desenho. não há nada que não seja arte que promova o encontro tão técnico de tudo e de todos para a única” arte” que existe na profissão: “a arte de vender” , onde é preciso muita paixão, sedução e portanto tesão para o fazer. é ao mesmo tempo insano e divino o insight que determine o portão de entrada no vastissimo repertório da improvisação em torno de um mesmo tema, ou seja: você tem de saber tocar a música em todos os tons, bemóis e sustenidos, dominando acordes com todas as suas inversões, com punch para desenvolver escalas a partir de qualquer ponto da estrutura sem atravessar. se você nao for viciado nisto, você não alcança o objetivo. é por isso que eu preciso de droga na veia, cada vez mais, se não não vou conseguir, fazer as minhas escalas sem dar notas fora. ontem, demiti-me de uma agência onde o diretor geral queria fazer misturas na droga da boa propaganda misturando paia. olhei alguns jovens viciados já sem o menor futuro e tomei a decisão. como um xuto. e cá estou de novo iniciando novamente a viagem. e com uma larica daquelas.

condessa

um azar nunca vem só. cuidado com o chefe. ananias.
agora imagine com dois. ou pior? quando você é o chefe. ou, ainda pior? quando você pensa que é o chefe e há outro. ou o pior do pior? quando o chefe diz que você é o chefe mas ele não quer que você o seja e, por cima de pau pedra, você continua acreditando que é.

quarta-feira, junho 08, 2005

quarta à portuguesa: opinião: não emita ou, emita e se autodemita ?

nos idos de noventa e oito, acho, a revista briefing tinha uma secção chamada perfil. vi-me contido nela nela como o então mais novo director criativo da saatchi& saatchi lisboa. para além de um erro que apresentava a artplan como artaplan – que agora “todos “ os portugueses já devem ter ouvido falar, via roberto medina e seu rock in rio lisboa e até por outras iniciativas – eu cometi a idiotia de citar minha simpatia por um leti motiv de um publicitário norueguês que fiz meu, cujas declarações havia lido na própria briefing meses atrás, e que não lhe recordando já na época o nome, não me esqueci do que afirmou: “ todo publicitário deve, pelo menos um vez por ano, fazer alguma coisa para ser demitido “. pronto. para que o infeliz do celso muniz foi dizer isto? tranformou-mei -me aos olhos de alguns e na maledicênicia de outros tantos numa bomba humana com timing acionado. evidentemente, fazer alguma coisa para ser demitido, não era ir aos cornos do diretor financeiro, passar a mão no rabo da secretária ou jogar o computador no estúpido de merda do diretor de atendimento. O que nosso amigo norueguês queria dizer, romanticamente? – sendo ele norueguês ? e eu idem, ao “tomar-lhe a afirmação” é que, para a vitalidade da nossa atividade temos de jogar pedras ao charco pelo menos uma vez por ano, o que não significa perder o tino do negócio. significa compreender que a mesmice, a repetição, o inseguro pelo certo, o comum, o lugar-comum, as manobras defensicas pela salvação do negócio trazem a morte para as almas, os corações, as mentes e os cofres, os resultados que justamente estas faltas de atitudes tentam evitar.
mas opiniões, são como pedras, ou bomerangues, vão e voltam, nem sempre é verdade mas quando vão e voltal, também nem sempre compreendidas no sentido o contexto em que são afirmadas. opiniões, arrebatadas, conservadoras, polêmicas ou não, equivalem a cuspir para cima e não sair do lugar. O resultado é que além do cuspe na cara provavelmente você também terá caca de cães nos pés. pois na ânsia de livrar-se delas de súbito, olha demais para cima e nada para baixo.
diriam então meus parquísimos leitores, então, finalmente atingistes a maturidade e por acaso estarias nos indicando o caminho da moderação ou da omissão. claro que nao! é que ontem fiz justamente o que recomendou o nosso amigo norueguês. mas não conseguiu o que queria. quer dizer, em parte, tive de me demitir porque o lugar era de gente tão cobarde – para a vida e para a boa proganda – que faltou cuspe ao retorno das minhas palavras.

p.s. mas caca de cão não. sempre há, pois não, ou já melhoramos nas ruas de lisboa ?

causaépoca

esta é a época de substitutos; em vez de linguagem, temos jargão; em vez de princípios, temos slogans; e, em vez de idéias genuínas, idéias brilhantes. eric bentley

visto de entrada

o brasil não é o país de antônio carlos jobin. é o pais de hermeto paschoal. é é por isso que os portugueses e os próprios brasileiros jamais entenderão o brasil para além do mau folclore, do exotismo e sub-desenvolvimento hiperbolizado em bundas, malandragem, violência e praias de areias quentes com palmeiras, que alguém tem de repetir infindávelmente que coqueiros não são palmeiras e que salvador, não é são salvador da baía.
como se poderia explicar que um albino de instalação trocada(caôlho) poderia levar a força da negritude tão longe de maneira tão universal a partir da aldeia de uma escaleta(porrinhola) tanto que foi roubado a ponto de ter músicas suas gravadas por miles davis mas atribuidas a miles ? porque hermeto estaria miles e miles longe ou à frente ?
hermeto é conhecido, também, como o bruxo. para quem não acredita nisto, após a morte de uma companheira de décadas, hermeto ama novamente e é amado por uma jovem deslumbrante que deslumbrantemente passou a tocar cada vez melhor por influência do homem que tira sons de porcos e galinhas,e presumo, maravilhosos de mulheres, senão ? não, o brasil não é o país de antônico carlos jobin. isto é coisa de carioca que perdeu o estado e consequentemente o status. a música brasileira hoje, ontem e amanhã, é hermeto. e, se a elite pernambucana não se armar em mais estúpida do que é, a música pernambucana seguirá seu rastro. outro dia destes vamos falar da música de portugal que minimamente brasileiros não conhecem. e portugueses idem. estão todos ainda? a ouvir bandas inglesas ou cópias portuguesas delas.

visto de saída

corro o sério risco, muitos de nós corremos, de acabar como o carlos paredes, além de falar para as paredes. a nossa desgraça é não ter feito nada de genial para além do gênio.

terça-feira, junho 07, 2005

e = c2

deveria ser obrigatório, apesar da malversação de tudo que é obrigatório - incluindo sexo e comida - na cabeça de todo briefing mesmo os sem cabeça: os problemas importantes que enfrentamos não podem ser solucionados pelo mesmo nível de pensamento que os criou. albert einstein. não é à toa que vemos tantas barbaridades em comunicação que não solucionam nada. é o tal nível de pensamento que os "solucionou" com base na teoria da relatividade.

bomba h na hora h, criação ?

deve-se tornar o problema o mais simples possível mas não mais simples que o possível. einstein

gelada

você já deve ter ouvido a tirada . geralmente para te espicaçar: " bom é o cara que faz anúncio até para vender geladeira para esquimó". pois bem: há os muito bons, os que fazem; e vendem. os esquimós compram geladeiras( sem o motor) para evitar que seus alimentos se congelem. no cultura de verniz, do roberto menna barreto, de 96. grande compra por apenas 16 reais ou o que fosse dinheiro da época.

ferroada

A razão central deste texto é enfatizar com exemplos atuais aquilo que Júlio Pimentel constatou quando começou a rever as crônicas escritas há décadas por Rodolfo Lima Martensen....O Desafio de Quatro Santos, publicado em 1983, que me impactou, para usar um jargão publicitário) algumas delas têm 50 anos. Estou falando de sua atualidade. O conteúdo delas e os problemas abordados têm muitíssimo a ver com a realidade de hoje da profissão e do negócio da Publicidade.

E uma dessas crônicas em especial bateu fundo em mim e me inspirou a escrever este texto que batizei de As Abeia Vão Existir Sempre. Na crônica original de Rodolfo Lima Martensen denominada “Quando as Abeia Gosta”, grafada assim mesmo, o autor aborda a velha/nova questão: o que é bom em propaganda ? qual é a propaganda que funciona? Mais do que isso, quem deve ser o juiz supremo da propaganda, trabalho profissional conduzido por especialistas? Lima Martensen encontra essa resposta na simplicidade de um criador de abelhas do interior de São Paulo. Reproduzimos a seguir o relato da história verídica contada pelo próprio Lima Martensen.

“ Quantas vezes temos um bom planejamento, um ótimo tema, um texto preciso, uma apresentação feliz... rejeitados pelo cliente. O que terá visto aquele juiz que os profissionais não viram? Estará ele certo ou errado?”.

Sem o querer, um criador de abelhas da região de Atibaia me elucidou o assunto. Notei que em toda a sua propriedade só havia um tipo de vegetação. Uma erva rasteira, muito dura e feia, com pequeninas flores brancas e chamada vassourinha.

Um dia perguntei-lhe meio intrigado: “O senhor deve gostar muito de vassourinha, não? Para meu espanto, ele respondeu: “Quar nada! Eu detesto essa praga. Mas as abeia gosta”

Não havia dúvida. Aquele homem simples das montanhas estava sendo mais objetivo do que muito industrial sofisticado das metrópoles. Sim, porque está aí toda a técnica do bom julgamento publicitário. Ele não pode conter nada da personalidade do juiz. Dos seus gostos, das suas idiossincrasias ou costumes”.

2005
Case 1: Casas Bahia.

Há três anos, quando estreou a publicidade com o garoto da Casas Bahia, um parente meu, que não tem qualquer vínculo com a publicidade, perguntou-me o que eu achava da nova propaganda. Eu, do alto da minha “sapiência” profissional, disse-lhe que aquilo não iria durar muito tempo, que achava o personagem um “chato” e que dentro de pouco tempo telespectador algum conseguiria tolerá-lo. Já o meu parente, uma “abeia”, adorava a propaganda.

Resultado, a propaganda com o “pentelho” continua no ar, eu continuo não gostando mas, certamente, “as abeia gosta”.

Case 2: Unibanco - Nem parece banco.
No mês de maio a classe publicitária, depois de grande expectativa, tomou contato com a nova linha criativa do Unibanco, agora sob uma nova direção publicitária. Todos nós ligados ao meio publicitário sabemos que o Unibanco mudou de agência de publicidade mas as “abeia” ignoram esse fato.

Os primeiros comentários que se ouvem no meio publicitário vão no sentido de estranheza ou espanto . Será que os caras (da nova agência) ensandeceram?

Agora já aprendi a lição de Rodolfo Lima Martensen: vamos ver se as “abeia gosta”....

Case 3: Cliente que muda de tema criativo sem consultar as “abeia”

Aqui não é preciso dar nomes. Todo profissional já passou por isso. A agência ou o cliente anunciante acha que a linha de comunicação que está no ar já saturou as “abeia”. E mudam de linha de comunicação sem consultá-las. O curioso é que, em geral, o cliente anunciante fica saturado precocemente da sua propaganda – as vezes muda exatamente quando as “abeia” estão começando a gostar...

Case 4: As Abeia já estão saturadas mas o Anunciante e a Agência não percebem que é preciso mudar

"Abeia" é "abeia", mas mesmo elas um dia acabam cansando da mesma alimentação.

Esta é a lição final.

Se assim não fosse, a Coca-Cola estaria usando até hoje o seu antológico slogan, lançado na década de 40 do século passado, A pausa que refresca. Na minha opinião, agora como “abeia”, ainda não inventaram outro melhor...

Francisco Socorro, Publicitário. no acontece aqui, lá em florianópolis.

segunda-feira, junho 06, 2005

auto-crítica

quando o cara diz que fala por experiência é porque ainda não adquiriu experiências bastante para calar a boca. hei de aprender um dia millor. que sua obra me baste.

e se o consumidor for descerebrado ?

O que acontece dentro do cérebro do consumidor? Na expectativa de saber o que acontece dentro do cérebro do consumidor, cientistas de varios países estão pesquisando como as pessoas reagem diante de produtos e como tomam suas decisoes de compra. É o neuromarketing. A expectativa é encontrar algum processo no cérebro humano capaz de funcionar como um informante real do comportamento das pessoas como consumidoras - e derivar estrategias de marketing a partir daí. Matéria da Wired detalha alguns esforços na area, incluindo um estudo que indica como o cerebro reage diante da perspectiva de ganhar um premio em dinheiro, por exemplo.
lí a notícia a semana passada no www.bluebus.com.br. estes métodos não lembram certas práticas ditas condenáveis ?

roberto carlos, de saias

Detalhes tão pequenos

No Brasil do jeitinho, pessoas que se preocupam com detalhes são consideradas neuróticas, exigentes, perfeccionistas, enfim, irritantes. E para não parecer chata, boa parte da população evita com todo cuidado a atenção nos detalhes: se o português for muito correto, pode parecer pedante; se o acabamento for primoroso, é porque o sujeito não tem mais o que fazer na vida; se cuida bem da roupa, só pode ser “mauricinho” ou “patricinha”.

Experimente, como eu, pedir para substituir o errado hífen “-“ entre expressões que separam idéias, pelo correto travessão “—“ em uma peça gráfica. A moral da senhora sua mãe vai virar alvo dos piores julgamentos e a sua saúde mental será levianamente questionada. Onde já se viu prestar tanta atenção em “tracinhos” que ninguém mais vê?

É impressionante como é comum pegar um cartão de visitas e ver aquele festival de hifens mal colocados. A desculpa mais comum é que isso não tem nada a ver com design gráfico. Ora, design gráfico é essencialmente uma ferramenta de comunicação, e para fazer isso direito, há que se respeitar as regras e convenções da língua. Para mim, um bom profissional deve buscar todas as informações necessárias para exercer bem o seu ofício, incluindo aí as coisas que ele não aprendeu na escola mas que deveria ter aprendido. Isso é cultura! É o que faz a diferença.

A relevância das informações é também freqüentemente ignorada. Ou que outra explicação haveria para alguém colocar as palavras óbvias como endereço e CEP em um espaço tão exíguo como um cartão de visitas? Ou será que o designer teme que alguém possa confundir o CEP com o número de celular?

Os erros de português, então, são um capítulo à parte. As pessoas erram, sabendo que estão errando, e ainda dizem que é bobagem se preocupar, afinal, todo mundo entendeu o que elas disseram. Penso que em qualquer área de atividade profissional um dicionário e uma gramática em cima da mesa de trabalho são ferramentas fundamentais. Afinal, a nossa língua é mesmo complicada, e a toda hora a gente tem dúvidas. Eu erro, todo mundo erra, é humano, mas por que não tentar reduzir esses eventos tão chatos? Dá o mesmo trabalho fazer uma coisa caprichada e outra malfeita, onde, no segundo caso, se perde mais tempo e dinheiro quando tem que fazer de novo.

Há pessoas que se jactam de não se preocupar com detalhes afirmando que só se preocupam com o que é mais importante. Mas o que é mais importante? Se um engenheiro eletrônico achasse que os componentes menores não têm importância, se um oftalmologista acreditasse que 0,5 grau é só um detalhezinho mínimo, se um piloto de avião desprezasse os indicadores menores, se um contador passasse a arredondar todos os centavos para não dar trabalho, se um costureiro considerasse que 1 cm em uma roupa não faz diferença, se um físico pensasse que os átomos são pequenos demais para merecer que alguém se ocupe deles, onde é que a gente estaria? E por que somente designers gráficos deveriam se dar ao luxo de ignorar detalhes? Será coincidência que os líderes de mercado e os profissionais mais respeitados sejam justamente aqueles que primam pela qualidade em todos os aspectos, inclusive naqueles que os concorrentes desprezam?

Alinhamentos precisos, espaçamentos estudados, cuidado na revisão, símbolos usados corretamente, nomes de arquivos coerentes e organizados em pastas com nomes elucidativos, documentação atualizada, backups periódicos, apresentação cuidadosa, respeito pelo tempo e dinheiro alheios, boa educação para tratar as pessoas — detalhes nem tão pequenos que, certamente, não tornam ninguém um neurótico obsessivo — mas certamente contribuem para uma atuação profissional muito melhor.

Em tempo: O hífen serve para unir palavras e números. Já o travessão, que tem o comprimento aproximado de dois hífens colados, serve para fazer justamente o contrário — separar e enfatizar conceitos e idéias. Ah, o número do CEP vem sempre antes do nome da cidade. Quer saber mais? Consulte o Manual de Redação da Presidência da República em: http://www.planalto.gov.br/ccivil/manual/
lígia fascioni demostrando a que ponto chega o pensamento equivocado da gestão da eficácia no design brasileiro. teria sido ela que afugentou carlson do país ?sim, fomos comunicados que david carlson não virá mais ao recife. pensando bem, foi até melhor. que se vá até o fiteiro e se faça um estudo. a variedade será proporcional a quantidade de alcóol ingerida.