nos idos de noventa e oito, acho, a revista briefing tinha uma secção chamada perfil. vi-me contido nela nela como o então mais novo director criativo da saatchi& saatchi lisboa. para além de um erro que apresentava a artplan como artaplan – que agora “todos “ os portugueses já devem ter ouvido falar, via roberto medina e seu rock in rio lisboa e até por outras iniciativas – eu cometi a idiotia de citar minha simpatia por um leti motiv de um publicitário norueguês que fiz meu, cujas declarações havia lido na própria briefing meses atrás, e que não lhe recordando já na época o nome, não me esqueci do que afirmou: “ todo publicitário deve, pelo menos um vez por ano, fazer alguma coisa para ser demitido “. pronto. para que o infeliz do celso muniz foi dizer isto? tranformou-mei -me aos olhos de alguns e na maledicênicia de outros tantos numa bomba humana com timing acionado. evidentemente, fazer alguma coisa para ser demitido, não era ir aos cornos do diretor financeiro, passar a mão no rabo da secretária ou jogar o computador no estúpido de merda do diretor de atendimento. O que nosso amigo norueguês queria dizer, romanticamente? – sendo ele norueguês ? e eu idem, ao “tomar-lhe a afirmação” é que, para a vitalidade da nossa atividade temos de jogar pedras ao charco pelo menos uma vez por ano, o que não significa perder o tino do negócio. significa compreender que a mesmice, a repetição, o inseguro pelo certo, o comum, o lugar-comum, as manobras defensicas pela salvação do negócio trazem a morte para as almas, os corações, as mentes e os cofres, os resultados que justamente estas faltas de atitudes tentam evitar.
mas opiniões, são como pedras, ou bomerangues, vão e voltam, nem sempre é verdade mas quando vão e voltal, também nem sempre compreendidas no sentido o contexto em que são afirmadas. opiniões, arrebatadas, conservadoras, polêmicas ou não, equivalem a cuspir para cima e não sair do lugar. O resultado é que além do cuspe na cara provavelmente você também terá caca de cães nos pés. pois na ânsia de livrar-se delas de súbito, olha demais para cima e nada para baixo.
diriam então meus parquísimos leitores, então, finalmente atingistes a maturidade e por acaso estarias nos indicando o caminho da moderação ou da omissão. claro que nao! é que ontem fiz justamente o que recomendou o nosso amigo norueguês. mas não conseguiu o que queria. quer dizer, em parte, tive de me demitir porque o lugar era de gente tão cobarde – para a vida e para a boa proganda – que faltou cuspe ao retorno das minhas palavras.
p.s. mas caca de cão não. sempre há, pois não, ou já melhoramos nas ruas de lisboa ?
É, existe esta tendência para a pior interpretação possível das palavras. Ou, como disse Veríssimo numa quase citação de Millôr: a irônia é a mais perigosa das figuras de estilo.
ResponderExcluirRespondendo a outra pergunta, se me virem andandoi cabisbaixo, não pensem que estou deprimido. É o hábito. Sim, as ruas de Lisboa continuam minadas. A produção de cacas, e incapacidade dos donos para juntar, são muito mais eficazes do que as lavagens diárias das ruas.
luso-brasuca-português. well, estou melhorando. agora quando me chamarem de fiho da puta devem saber que estão xingando aos três?
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