sábado, junho 18, 2005

o discurso — vai ver que é por isso que comercial de margarina tem sempre gente sorrindo.

talvez você não saiba, mas a margarina, quando foi lançada no mercado, era um produto destinado apenas para cozinhar, fazer bolo, essas coisas. usar no café da manhã, nem pensar. para isso existia um produto específico: a manteiga.

até que uma multinacional de alimentos resolveu ousar e lançar a margarina como substituta da manteiga.

tendo em vista a reponsabilidade da estratégia, que pretendia quebrar um hábito arraigado junto às donas de causa, além da grande campanha publicitária, ações promocionais, degustação, etc., foi organizada uma grande convenção de vendas em campos do jordão, reunindo todas as equipes das filiais do país.

era uma convenção de tamanha importância que até os diretores da matriz, que nunca antes haviam estado no brasil, vieram.

para agradar á grande platéia presente, um dos gringos de marketing quis fazer a abertura do evento em português. logo ele, que nem um “oi” conseguia pronunciar direito. mesmo diante dessas dificuldades, não havia jeito de colocar um intérprete nem tradução simultânea. ia ser do jeito que ele queria.

para contornar a situação, optou-se por escrever uma saudação curta e treinar a pronúncia. fazer com que ele repetisse quantas vezes fosse necessário. como estava todo mundo atrapalhado com os detalhes da convenção, passaram a tarefa para um assistente de promoções.

— escreve alguma coisa simples, sobre o conceito do produto, e treine com o homem até ele conseguir ler.

na hora da abertura do encontro, surge o gringo no pódio, que faz a mais fantástica saudação que eu já ouvi nos meus quase quarenta anos de atividade.

— seniorres. é com muito satisfaçon que saúdo os seniorres que van ter o privilégio de lançarr no brrasil o primeiro margarina parra seu usado no pau e no cuzinho.

bom de discurso o cara era mesmo. foi uma chuva de aplausos.

thomaz pedroso in nossos comerciais por favor: as histórias mais engraçadas da época mais engraçada da propaganda. matrix editora, 2000.

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