segunda-feira, abril 02, 2012

nem por enemas o conar ganha asas ou liberdade abre novamente as asas sobre nós

hoje, a piada que ja foi rebelde, é velha. mas já fez furor quando não cócegas de tanto riso à bandeira despregada. ainda mais contada por quem contada: piada sobre jesus, na versão de respeitável padre( ainda há alguns, apesar do seu ofício) de cabelos brancos a seminaristas e seus colegas, mesmo os anti-clericais como eu, nas peladas indizíveis no campo do seminário, que não vou aqui localizar googlemente.

- jesus caminhava com seus discípulos quando deparou-se com o mar. adentrou-o, e muito tranquilamente iniciou seus passos sobre a água, seguido por cada um dos discípulos, menos por tomé que muito desconfiado, não se atreveu. em dado momento, jesus, olhou para trás e viu tomé ainda à margem. conclamou-o a também fazer a caminhada. - tens certeza de que não vou afundar? tergiversou tomé, aquele que todos sabem só acredita vendo, mas pisando é outra coisa. - sim, tomé, vem que não há problema, não vês que todos nós estamos caminhando sobre as águas? retrucou jesus, em argumento pra lá de convicente. estava ali a vista. tomé tomou coragem e pôs os pés na água, relutante, mas não o seu afundamento que se deu rápido, até quase o pescoço,do qual se ouvia o senhor!, senhor!, desesperado. jesus então com um sorriso matreiro e benevolente , exclama: - ora pedro! deixe de sacanagem e ensine o caminho das pedras a tomé.

cai o pano rápido. ríamos muito todos, inclusive o padre, que em meio a tudo, ainda conseguia converter-se a ordem num - jesus que me perdôe - antecipando a risada final.

ninguém se sentia ofendido. não sou adepto, mas acho que jesus também não. quem tinha fé a mantinha, leve, solta. quem não tinha por um breve momento tinha jesus no seu coração, de maneira, repito leve, aproximada, como um homem que deveria ser como nós. talvez desta piada- através do padre - aprendi que coisas sérias não tem que ter sisudas. que a sisudice é o vestal dos canalhas, papais, pentecostais e o cacete a quatro a mais.

o conar perde-se novamente em denúncias, desta vez mais grave, porque pressupôe que os grupos religiosos tem o direito de impor ao mundo a sua crença sob o tacão da proibição, da perseguição, abrigados pelo clamor do respeito a fé e símbolos religiosos( o país é laico e o dinheiro traz deus nas notas, mas esta é outra história, também digna de nota). já vimos isto antes, seja na inquisição, seja nas cruzadas, seja nesta nova cruzada evangélica que é uma das piores coisas que se pode fazer contra o jesus que eles dizem tanto amar. afinal, transformam jesus em picareta que vende tudo, a começar da sua própria imagem e palavras, e tome uma calhamaço de babilaques, que vão de música, a livros, recuerdos, até programação de televisão fechada. eita ferro! ou seria eita jesus!, suas igrejas estão mais pra mercado chinês do que para locais de reflexão; os templos estão mais para mercado dos horrores( onde está o ministério público o conselho regional de medicina, para averiguar tantos milagres de gente que anda ao comando de pastores que se anunciam como homens que não peidam) do que para pousadas da paz.

a bola da vez foi um comercial de animação do red bull - nazaré - criada pelo escritório sul-africano da kastner & partners e adaptada para o mercado brasileiro pela loducca, responsável pelo atendimento ao cliente no país e que segue uma linha non sense, fraca por sinal, destacando-se apenas o traço leve da caricatura, que por sí baliza o índice de do humor da peça, que sem pestanejar, pode e deve ser considerada inofensiva, sobre o mesmo tema -  o caminho das pedras - sendo que a versão narrada pelo padre, com certeza, era muito melhor.

que jesus é este, que as pessoas tem na cabeça, que o conar tem na cabeça, que sente-se ameaçado por algo tão pueril? é a crucifixão da liberdade de expressão pela afagia de quem acaba tomando por clister o que não deveria.


se o mundo não quiser cair na escuridão outra vez( quer dizer, cair já caiu faz tempo) deve o quanto antes livrar-se do conar e dos seguidores(ou melhor, perseguidores) de jesus que não sabem dar risadas para descomprimir o peso da sua fé, fé, falsa fé que esmaga o homem, deixando-o em tal bagaço que milagre não há, nem de jesus nem de red bull, para dar-lhe asas outra vez. 

ensinar o caminho das pedras a quem retruca com pedradas é o dever e o devir do  humor. há que não se perder a fé no ofício. 

não foi este o ensinamento do homem que caminhava sobre as pedras ou sobre as águas que seja?

o conar é o judas da nossa atividade. entrega o jesus publicitário de bandeja mas aliena-se ou alia-se aos verdadeiros vendilhões do templo.

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