segunda-feira, julho 20, 2015

segunda-feira só é dia de trabalho duro para quem não trabalhou no fim-de-semana


Está cada vez mais difícil fazer as pessoas interessantes ficarem no mercado 

publicitário. E isso no mundo inteiro. Temos de buscar talentos em lugares 

inesperados*, não nas fontes que sempre bebemos. Publicitário só anda com 

publicitário e não podemos ser assim. Há uma indústria de startup forte, 

muita gente quer ser empreendedor, e nós precisamos de um modelo nas 

agências que permita isso. Por outro lado, é difícil encontrar gente com

fome, porque tem moleque de 28 anos tirando ano sabático. Sabático do 

quê? Ainda nem machucou! O que garantiu o sucesso da Ogilvy nos últimos 

anos foi a criação de uma cultura maior que a empresa. Uma cultura 

sedimentada faz com que os profissionais respirem aquilo. Cultura é 

importante, assim como esse olhar mais aberto e diversificado.

(luiz fernando musa, ceo da ogilvy, em entrevista para o meio&mensagem)

* ora, ora, ora, diz misterwalk, se isto não é o pensamento que norteava os bons tempos da propaganda onde o recrutamento, pelo menos até meados dos 80, era feito com base na busca de mentes disruptivas  (ainda não se usava o jargão)  com formação diversa superior ou não - podia ser engenheiro, bioquímico, policial, sociólogo, filósofo, ou até mesmo " hippie" -  que eram inadaptados as suas profissões de origem mas com enorme potencial, talvez por isto mesmo, de ver e querer fazer o mundo de forma diferente, o que era canalizado criativamente para a atividade publicitária. assim era a publicidade, a grande, bela, divertida - e eficiente - praia dos outsiders que cuspiam no sabático de qualquer um pois o sabático era ser publicitário a cem por cento o ano inteiro, anos a fio(é claro que o humor - e os salários e a vontade de quebrar as regras tinham a ver com isto). depois vieram as faculdades de comunicação(argh!)(é claro que não foi só isso mas isso é o cerne) e a publicidade passou a ter uma mão de obra pseudamente especializada, mas de uma ignorância e falta de tesão para com o meio dantes nunca vistos. e como esta geração chegou aos píncaros(tanto do poder como da estupidez) perdeu-se também a capacidade de contratar gente pelos rabiscos, pelas ideias e ideais(que podiam estar num portfólio clean ou mal-ajambrado mesmo, contanto que não fosse pretensioso). é incrível como os diretores de criação perderam, entre outras, a capacidade de vislumbrar possibilidades nos " tontos" que apareciam na agência. por outro lado a indústria do portfólio é um fenômeno dos piores que já surgiu na prática, onde renomados nomes participaram de picaretagens do tipo " como aprender a montar seu portfólio" que passou a não ter a cara do dono e sim das " boas normas" da civilização do tédio e do vazio mas tudo muito very nice pra chuchu. mas este é assunto para outro post. o que eu duvido muito é que se volte a contratar gente sem diploma de publicitário(fulcral para acabar com a mediocridade reinante) e colocar por exemplo médicos como redatores e engenheiros como diretores de arte, pra você que é da geração ano sabático ver como funcionavam - e assombrosamente bem - as coisas e não só com aquela visão de que o sujeito para ser copy tem de ser " das letras" e pra direção de arte " das artísticas". aliás a direção de arte começou a ficar sabática no momento em que operador de computador passou a ser tratado como sênior. ora se o sujeito sai da faculdade e com um ano de estágio em vez de salário digno, ganha título de senioridade e outras " pomposidades" não seria de estranhar que aos 28 anos ele queira ter seu ano sabático, pois não ?  

p.s. neste link http://gracacraidy.blogspot.com.br/2011/07/artigo-era-dos-barbudos.html você encontra momentos do que era ser criativo nos bons tempos - portanto sua barba hipster tá mofada meu caro -  e saudosista é o meu caralho: por quê não faz você ser a propaganda de novo uma atividade que não seja este estropio que ai está ?  
indo mais a fundo, neste outro link mais análise e história(duvido que nesta nova geração falcatruada, haja gente com capacidade de produzir análise historiográfica como esta por exemplo - e sim, não é trabalho de scholar, antes de tudo é coisa de redator publicitário
http://gracacraidy.blogspot.com.br/2011/01/artigo-subversivos-no-liquidificador.html



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