o blog que dá crise renal em quem não tem crise de consciência. comunicação, marketing, publicidade, jornalismo, política. crítica de cultura e idéias. assuntos quentes tratados sem assopro. bem vindo, mas cuidado para não se queimar. em último caso, bom humor é sempre melhor do que pomada de cacau.
quarta-feira, maio 27, 2009
auto-sabotagem é aquilo e não isto
cometo sempre os mesmos erros para eles – e os outros - verem quem é que manda.
(sob influência de paulo leminsky, poeta, e publicitário nas horas vagas)
a revista vida simples traz este mês matéria de capa sobre o título que laca o post de hoje. um apanhado de lugares comuns sub-referendados por um psicologismo de segunda, rumo a aplicação do bom senso comportamental, que é sempre coisa de louco. ainda mais neste mundo insano onde vivemos de cocóras e "em terra de cegos onde quem tem olho é imbecil". estas tiaras de conselhos retiram da vida o sal de contrariar a possibilidade – rara – de ser feliz do jeito que se é. e de quem gostamos do jeito que é, por mais avesso que isso possa parecer. estão assim pra um max gehringher da auto-ajuda, eivado de conselhos sobre mudanças sobre o mesmo pano de fundo de há muito esgarçado, como por exemplo: se já foi infeliz namorando pessoas diferentes de você, insistir nisso é auto-sabotar-se. waal! um caça minas não faria melhor. sem falar no ferrolho doutrinário contra a insurgência, exemplificado pelo episódio da mufa do zidane.
claro que há outras nuances em formas de auto-sabotagem, para além da emocional, existencial. a profissional principalmente, que ganha contudências num mundo em constante crise de grana – e valores – num ciclo pré-fabricado de encolhas e esticas para além dos princípios humanistas que deveriam nos governar. pelo menos no espírito da teoria. já que hoje, nem isso, também na esfera profissional.
no marketing e na propaganda, sim, há realmente diversas maneira de dar tiro no pé. um dos balaços do momento parece ser o caso da faculdade maurício de nassau. que na ânsia de obter uma diferenciação entre a crosta da comunicação calcada em preços, veicula campanha de, vá lá, testemunhais. confirmando pela obra e graça dos testemunhos não ter, ou ter, critérios para lá de baixios nos parâmetros de suas referências e referenciação.
sob o mote, do sou nassau, posso tudo( nem ele, o próprio, pode. acabou enfiando o rabo entre as pernas – foi o primeiro gestor a ser colocado no gêlo por não cumprir metas) a campanha utiliza ex-formandos de sua prole, para mostrar a relevância da formação nassau no mercado – e a deles – como tenta demonstrar e comprovar com a exibição perfis de sucesso.
não vou a todos. mas um me chamou atenção. no item jornalismo, o exemplificado é o beto café, que aparece como jornalista e apresentador de televisão. café pequeno, pois não? até porque, numa cidade onde historicamente o jornalismo de peso foi talhado por jornalistas sem diploma (não sabe quais? pois é, não surpreende, se você for estudante destes cursos) utilizar como paradigma de realização um apresentador de programas de nível nenhum(baixísssmo seria ainda mais alto) e que atualmente serve de escada para o mata, pega e come de gogó(cardinot) em comercial de casa de eletromésticos, convenhamos, mesmo os desafetos, que isso é lá paradigma exemplar que se almeje na vida para um jornalista que não dê ou venda a pena? é muito pouco para quem diz que pode ser tudo. e muita sobra para demostrar como é rarefeito o ar do auto-elogio que, se embota a massa que cai no conto dos poderosos, para os espíritos críticos(ainda há alguns) é um ás da auto-sabotagem. já que demostra os critérios que norteiam hoje a chamada excelência da formação acadêmica. ainda mais quando descamba para os campos do jornalismo(e da publicidade), onde não só o ensino, como a própria existência do curso, é cada vez mais colocado em xeque, inclusive pelos novos suportes existentes(estuda-se para um mercado que não vai mais existir) como se já não houvesse a prática demonstrado que: para o verdadeiro jornalismo, o que é menos necessário é um canudo, fosse, como outrora já foi, a universidade uma formadora de massa crítica e alargadora de horizontes e não a caça-niquéis na pratica de mumificação de cabeças que hoje é.
poder tudo, numa formação humanista – e não utilitária-tecnicista - deveria significar, acima de tudo, que o poder não pode tudo em nome do poder. senão, isto sim, fode tudo. não fosse a ditadura dos boletos, nas faculdades particulares, e do ponto de cabide, nas federais, estaduais, muncipais, certamente não aconteceria no âmbito do pensamento acadêmico a auto-sabotagem que avança para seus potenciais alunos que um diploma pode tudo. e a que preço. inclusive com o cultivo da ignorância utilitarista geminada ao anafalbetismo funcional que andam de mãos dadas com a ausência deontológica sempre sublimada, o que a médio prazo revelará ainda mais do tombo de um ensino que nos leva ao horizonte estanque onde já chegamos. época onde tudo se empala em nome do falso aprendizado do saber e do poder . onde tudo pode, nas palavras dos que já não se escondem nas entrelinhas.
café com muito pouco maurício ou maurício demais até prum café ?
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