segunda-feira, outubro 13, 2008

antes fossem macacos, os publicitários


a experiência dolorosa vitima uma vez mais os macacos. desta vez, da espécie rhesus.

confinados sem comida, um grupo de macacos torturados individualmente tem uma corda que quando acionada lhes fornece uma porção ao custo de uma descarga elétrica noutro macaco que está na outra ponta da corda.

após os primeiros choques eles aprendem que ao comer desta forma torturam ainda mais os da espécie. 87% dos macacos não puxaram mais a cordinha. mesmo após até três semanas sem comer, ainda que o espécime que levaria o choque não pertencesse ao grupo e fosse completamente desconhecido. depreende-se que o índice não é maior pois um percentual de puxadas foi necessário para o aprendizado da trama escrôta perpetrada e abalisada cientificamente por nomes e publicação de igual teor.

se os macacos fossem publicitários, provavelmente o índice dos que não puxam o saco, não puxam o tapete dos outros, seria baixíssimo ou, para ser mais direto: o índice dos que puxariam a cordinha para se dar bem fudendo os outros chegaria ao teto, que é o que faz a moçadinha de agora, dando bananas, a quem lhes conflitua, como símbolo da “auto-preservação”.

o mercado hoje é retro-alimentado de maneira mais acirrada por uma espécie de publicitário que para garantir uma boquinha não dá a mínima para quem leva o choque na outra ponta da corda. e são estes pulhas que enchem as bochechas das vogais e consoantes referentes a responsabilidade social. se é a lei da selva, é a dos homens e não a dos macacos.

seu sentido de preservação grupal é autoesterelizante. preocupam-se em organizar listas, clubes de criação, festas à caráter, e tudo que maquie (e não macaqueie, por favor) a sua idiotia. mas nenhum movimento, por mínimo que seja, para marcar posição contra o sistema estúpido e cada vez mais destrutivo de trabalho escravo e exploração do trabalho infantil, que é o que acontece com a contratação em massa de estagiários e ditos profissionais – mesmo os da criação – que ganham menos que o vigilante(e olhe que o vigilante não está nada satisfeito, e está coberto de razão).

tem alguém ganhando 600? há dezenas e dezenas prontos para puxar a cordinha. detonem-se os próximos e que se exploda a consciência de classe. é o que fazem ao se prontificar em fazer pela metade. aliás agora tem gente que não só faz de graça como até paga para fazer e se acha o tal por isso. não passam de carne para canhão para agências que publicam página inteira falando de prêmios mas que estão ou estiveram sob auditoria por outros expedientes além das notas frias de funcionários-empresas para pagamento de coisas parecidas com salários. ainda assim - agências e publicitários - comportam-se como madonas. agem como se não fosse com eles, que seriam de uma outra espécie, ainda assim comportamento que não teria a aprovação dos macacos.

ao puxar a corda da maneira como fazem, ainda que alegando que o ato justifica tirar a sua do pescoço, mostram exatamente o que são: geração sem caráter, sem ética, sem princípios, sem respeito a profissão que mais e mais estão a desgraçar. é a geração banner – não passa disso - e que tenta se fazer reconhecer como geração i-pod,i-phone –.

a tal puxada não tira a corda. pelo contrário: aperta ainda mais o seu e o pescoço de todo mundo que vai ser moído no jogo de uma relação de comiseração que fatalmente vai empobrecer ainda mais uma profissão da qual ninguém mais pode ser orgulhar, e consequentemente respeitar.

resta pensar que algum de nós segue sem roer a corda(everybody´s got something to hide except me and my monkey) e mantém uma postura onde a única corda que puxamos é a da descarga. ainda que não tenhamos a ilusão de limpar o mercado só com isto. afinal, esta turma bóia que é uma beleza.

Now playing: The Answer - No Questions Asked via FoxyTunes

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